BOM DIA EVANGELHO
04 DE ABRIL DE 2025 – SEXTA-FEIRA DA 4ª SEMANA DA QUARESMA
Oração: Deus Uno e Trino, Pai e Filho unidos pelo Espírito Santo, que nos quereis participantes integrais desta Divina Família, concedei-nos pela intercessão de Santo Isidoro, irmão consanguíneo de santos, a graça de vivermos de acordo com os conhecimentos que nos dais, de modo a formarmos desde já a verdadeira fraternidade no Vosso Sangue presente no vinho consagrado. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.
Evangelho (Jo 7, 1-2.10.14.25-30):
Depois disso,
Jesus percorria a Galileia; não queria andar pela Judeia, porque os judeus
procuravam matá-lo. Estava próxima a festa dos judeus, chamada das Tendas.
Depois que seus irmãos subiram para a festa, Jesus subiu também, não
publicamente, mas em segredo.
Lá pelo meio da festa, Jesus subiu ao templo e começou a ensinar. Alguns de
Jerusalém diziam: «Não é este a quem procuram matar? Olha, ele fala
publicamente e ninguém lhe diz nada. Será que os chefes reconheceram que
realmente ele é o Cristo? Mas este, nós sabemos de onde é. O Cristo, quando
vier, ninguém saberá de onde é». Enquanto, pois, ensinava no templo, Jesus
exclamou: «Sim, vós me conheceis, e sabeis de onde eu sou. Ora, eu não vim por
conta própria; aquele que me enviou é verdadeiro, mas vós não o conheceis. Eu o
conheço, porque venho dele e foi ele quem me enviou!». Eles procuravam, então,
prendê-lo, mas ninguém lhe pôs as mãos, porque ainda não tinha chegado a sua
hora.
«Ninguém
lhe deitou as mãos, porque ainda não era chegada a sua hora»
Fr.
Matthew J. ALBRIGHT(Andover, Ohio, Estados Unidos)
Hoje, o
Evangelho permite-nos contemplar a confusão que surgiu quanto à identidade e
missão de Jesus Cristo. Quando nos pomos cara a cara com Jesus, há
mal-entendidos e conjecturas acerca de quem Ele é, como se cumprem n’Ele, ou
não, as profecias do Antigo Testamento e sobre o que Ele fará. As suposições e
os preconceitos conduzem à frustração e à ira. Isto sempre foi assim: a
confusão à volta de Cristo e dos ensinamentos da Igreja desperta sempre
controvérsia e divisões religiosas. O rebanho dispersa-se se as ovelhas não
reconhecem o seu pastor!
As pessoas dizem: «Este nós sabemos de onde vem. Do Cristo, porém, quando vier,
ninguém saberá de onde seja» (Jo 7,27), e concluem que Jesus não pode ser o
Messias porque Ele não corresponde à imagem de “Messias” em que tinham sido
instruídos. Por outro lado, sabem que os Príncipes dos Sacerdotes O querem
matar, mas ao mesmo tempo vêem que Ele se movimenta livremente sem ser preso.
De modo que se perguntam se talvez as autoridades «terão reconhecido
verdadeiramente que este é o Cristo» (Jo 7,26).
Jesus atalha a confusão identificando-se a si próprio como o enviado por Ele
que é “verdadeiro” (cf. Jo 7,28). Cristo tem consciência da situação, tal como
João a retrata, e ninguém lhe deita a mão porque ainda não tinha chegado a hora
de revelar plenamente a sua identidade e missão. Jesus desafia as expectativas
ao mostrar-se, não como um líder conquistador para derrotar a opressão romana,
mas como o “Servo Sofredor” de Isaías.
O Papa Francisco escreveu: «A alegria do Evangelho enche o coração e a vida
inteira dos que se encontram com Jesus». É urgente que ajudemos os outros a
irem mais além das suposições e dos preconceitos sobre quem é Jesus e o que é a
Igreja, e ao mesmo tempo facilitar-lhes o encontro com Jesus. Quando uma pessoa
consegue saber quem é realmente Jesus, então abundam a alegria e a paz.
Santo do dia: Santo Isidoro de Sevilha
Isidoro nasceu em Sevilha, Espanha, no ano de 560, seus pais sendo católicos de origem nobre entre os godos de Cartagena. Quarto e último dos irmãos, todos santos (Santos Leandro e Fulgêncio e Santa Florentina); Leandro, arcebispo de Sevilha, cuidou dele após a morte prematura dos pais.
Nesta época a Espanha sofria ainda com as consequências das invasões ao final do antigo Império Romano, e tais hordas conquistadoras, crendo que Roma havia caído militarmente por causa da cultura, esforçavam-se para destruir os livros. São Leandro, responsável pela conversão do rei Recaredo, havia construído dois mosteiros, um masculino, onde foi abade, e outro feminino, onde Santa Florentina foi abadessa.
Nos mosteiros, além da formação na Fé, preservava-se da extinção a cultura greco-romana, e no mosteiro Isidoro aprendeu igualmente aritmética, gramática, geometria, música, retórica, dialética, astronomia, Latim, Grego, Hebraico. Contudo, inicialmente tinha imensas dificuldades para aprender; mas certo dia, evitando o colégio, sentou-se próximo a um poço de dura pedra, onde notou ranhuras profundas na borda, e descobriu que haviam sido feitas pelas cordas que, diariamente e por muito tempo, faziam subir os recipientes com água. Entendeu assim o valor da perseverança, e voltando às aulas, aplicou-se nos estudos, vindo a se tornar o maior Doutor da Igreja na Espanha: dizia-se dele ter a penetração de Platão, o conhecimento enciclopédico de Aristóteles, a erudição de Orígenes, a doutrina de Santo Agostinho, e a eloquência de Cícero.
Escreveu muito, fazendo principalmente um imenso trabalho de compilação e ordenação, sendo sua obra mais conhecida (e considerada a primeira enciclopédia da História) os 20 volumes das “Etimologias”, incluindo todos os ramos da ciência e conhecimento do seu tempo: I. Gramática; II. Retórica e Dialética; III. Matemática, Música e Astronomia; IV. Medicina; V. Direito e Cronologia; VI. Bíblia e outros livros; VII. Teologia; VIII. A Igreja e as seitas; IX. Línguas e Povos; X. Lexicologia; XI. Anatomia; XII. Zoologia; XIII. Geografia; XIV. Geografia; XV. Arquitetura e agrimensura; XVI. Mineralogia; XVII. Agricultura; XVIII. Guerra e torneios; XIX. Navios e casas; XX. Alimentos e ferramentas. Além de salvar desse modo a cultura antiga, escreveu também sobre Filosofia, História, controvérsias, exegese, comentários bíblicos, linguística, Direito Canônico; uma regra de vida monástica; Ofícios Divinos.
Isidoro, como o irmão Leandro, entrou para a vida monástica, e foi ordenado sacerdote em 589. Quando são Leandro deixou a abadia, proclamado Arcebispo de Sevilha e logo depois conselheiro do rei Recaredo, o jovem mas maduro Isidoro ficou no seu lugar. E grande foi o seu trabalho, pois a disciplina monacal estava abalada pelas falsas vocações (muitos tomavam os votos só pelo prestígio de religiosos), e por muitos que desleixavam a necessária convivência comunitária. Escreveu então a Regula Monachorum e, pelo exemplo de humildade, oração, trabalho, abnegação, iniciou a reforma de costumes para tornar o próprio mosteiro referência para a vida religiosa da Península Ibérica. Sua Regra, uma das primeiras que abolia castigos corporais, unia trabalho manual e intelectual, com incentivo à leitura e meditação, e cópias de obras clássicas para distribuição em outros mosteiros. Frisava que o estudo faz parte das obrigações do religioso. Instituiu normas de caridade entre os irmãos; prescreveu o hábito religioso pobre e modesto, mas não miserável, “para não produzir tristeza no coração, nem ser motivo de soberba”.
Como professor, destacou-se na célebre Escola de Sevilha que dirigia, onde se formaram São Bráulio (ao qual dedicou as “Etimologias”) e Santo Ildefonso, além de nobres, como os reis Sisenando e Sisebuto (ao qual dedicou o livro “De Natura Rerum”).
Ao falecer São Leandro, por volta de 600, Isidoro, com 43 anos, foi aclamado Arcebispo em seu lugar. Zelou então pela esmerada formação espiritual, intelectual e de comportamento do clero, fundando núcleos escolares nas casas religiosas, precursores dos seminários atuais. Igualmente ou mais, cuidou do esplendor da Liturgia, chegando a compor hinos para a música sacra que introduziu nos atos litúrgicos. Unificou as rubricas litúrgicas no reino e criou a Collectio Canonum Ecclesiæ Hispanæ, uma compilação completa de decretais e cânones conciliares, que regeu a Igreja espanhola até a reforma gregoriana. Suas pregações atraíam multidões de fiéis. Convocou e presidiu o II Concílio de Sevilha (619) e o IV Concílio de Toledo (633). Em nenhum momento Isidoro, apesar da sua gigantesca atividade, deixou em segundo plano a oração, as mortificações e penitências, e a caridade, de modo que em sua casa sempre compareciam pobres e necessitados. Continuou combatendo, como São Leandro, a heresia ariana.
Sisebuto, seu ex-aluno, foi coroado rei em 612 e muito ajudou Isidoro a consolidar os direitos da Igreja. Mas quando necessário, o santo não hesitava em chamar-lhe atenção, se se imiscuía nos assuntos eclesiásticos.
Seus esforços frutificaram, seu exemplo levou muitos à leitura e ao estudo, e à busca da santidade. Influenciou enormemente a cultura espanhola e europeia, como homem mais culto do século, ao longo de quase 40 anos de maravilhosa ortodoxia episcopal.
Faleceu em sua cela a 4 de abril de 636, aos 76 anos. Declarado Doutor da Igreja, é, junto com São Leandro, o último dos Padres da Igreja (expoentes da Patrística) latinos. Santo Isidoro e seus irmãos ficaram conhecidos como os Quatro Santos de Cartágena. Foi considerado por São João Paulo II um dos padroeiros da internet, em razão da sua prolífica obra de divulgação.
Colaboração: José Duarte de Barros Filho
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