quinta-feira, 10 de abril de 2025

  BOM DIA EVANGELHO

11 DE ABRIL DE 2025 – SEXTA-FEIRA DA 5ª SEMANA DA QUARESMA

OraçãoSenhor, que nos destes gratuitamente e por puro Amor a condição de Vossa Imagem e Semelhança, concedei-nos pelas orações e exemplo de Santa Gemma Galgani a preciosidade de Vos seguir no caminho concreto que nos indicais, para que sejamos como ela uma jóia (Gemma) de caridade associada à Coroa de Espinhos da Vossa Paixão, a fim de participarmos igualmente da realeza da Vossa Ressurreição. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.

Evangelho (Jo 10, 31-42): 

De novo, os judeus pegaram em pedras para apedrejar Jesus. E ele lhes disse: «Eu vos mostrei muitas obras boas da parte do Pai. Por qual delas me quereis apedrejar?». Os judeus responderam: «Não queremos te apedrejar por causa de uma obra boa, mas por causa da blasfêmia. Tu, sendo apenas um homem, pretendes ser Deus»! Jesus respondeu: «Acaso não está escrito na vossa Lei: ‘Eu disse: sois deuses’? Ora, ninguém pode anular a Escritura. Se a Lei chama deuses as pessoas às quais se dirigiu a palavra de Deus, por que, então, acusais de blasfêmia àquele que o Pai consagrou e enviou ao mundo, só porque disse: ‘Eu sou Filho de Deus’? Se não faço as obras do meu Pai, não acrediteis em mim. Mas, se eu as faço, mesmo que não queirais crer em mim, crede nas minhas obras, para que saibais e reconheçais que o Pai está em mim e eu no Pai».Mais uma vez, procuravam prendê-lo, mas ele escapou das suas mãos. Jesus se retirou de novo para o outro lado do Jordão, para o lugar onde, antes, João esteve batizando. Ele permaneceu lá, e muitos foram a ele. Diziam: «João não fez nenhum sinal, mas tudo o que ele falou a respeito deste homem é verdade». E muitos, ali, passaram a crer nele.

«Por qual delas me quereis apedrejar?»

Rev. D. Carles ELÍAS i Cao(Barcelona, Espanha)

Hoje sexta-feira, quando falta só uma semana para comemorar a morte do Senhor, o Evangelho nos apresenta os motivos de sua condena. Jesus tenta mostrar a verdade, mas os judeus o têm por blasfemo e réu de lapidação. Jesus fala das obras que realiza. Obras de Deus que o acreditam, de como pode dar-se a si mesmo o título de “Filho de Deus”... No entanto, fala desde umas categorias difíceis de entender para seus adversários: “estar com a verdade”, “escutar sua voz”...; fala-lhes desde o seguimento e o compromisso com sua pessoa que fazem com que Jesus seja conhecido e amado —«Jesus virou-se para trás, e vendo que o seguiam, perguntou: «O que é que vocês estão procurando?» Eles disseram: «Rabi (que quer dizer Mestre), onde moras?» (Jn 1,38)—. Mas tudo parece inútil: é tão grande o que Jesus tenta dizer que eles não podem entender, somente poderão compreender os pequenos e simples, porque o Reino está escondido aos sábios e entendidos.

Jesus luta por apresentar argumentos que possam ser aceitos, mas a tentativa é em vão. No fundo, morrerá por dizer a verdade sobre si mesmo, por ser fiel a si mesmo, à sua identidade e à sua missão. Como profeta, apresentará um chamado à conversão e será rejeitado, um novo rosto de Deus e será esculpido, uma nova fraternidade e será abandonado.

Novamente se levanta a Cruz do Senhor com toda sua força como estandarte verdadeiro, como única razão indiscutível: «Oh admirável virtude da santa cruz! Oh inefável gloria do Pai! Nela podemos considerar o tribunal do Senhor, o juízo do mundo e o poder do crucificado. Oh, sim, Senhor: atraíste a ti todas as coisas quando, A cada dia eu estendia a mão para um povo desobediente (cf. Is 65,2), o universo inteiro compreendeu que devia render homenagem a tua majestade!» (São Leão Magno). Jesus fugirá ao outro lado do Jordão e quem realmente acredita Nele o buscará ali dispostos a segui-lo e a escutá-lo.

Santo do dia: Santa Gemma Galgani

Gemma Maria Umberta Pia Galgani, primeira de cinco filhos, nasceu em 1878 numa família rica e profundamente religiosa, em Capannori, província de Lucca, região da Toscana na Itália. Foi batizada no dia seguinte ao nascimento, e um mês depois a família se mudou para Lucca. Demonstrou inteligência precoce, pois com cinco anos já sabia ler o breviário para o Ofício de Maria e o dos mortos.

Em 1886, já ouvia locuções interiores místicas, e sua mãe faleceu em setembro. O pai providenciou a retomada dos seus estudos no início de 1887, quando também fez a primeira Comunhão, preparada pelas Irmãs Oblatas do Espírito Santo. Era tão ligada a este Sacramento que lhe foi permitido recebê-lo três vezes por semana, algo incomum naquele tempo. Levava a sério a caridade, dividindo sua merenda com os pobres.

Em 1899 começou a frequentar o Instituto Oblato como estudante, onde teve por professora a própria fundadora do Instituto e futura beata Irmã Elena Guerra. Aconteceu de a família perder seus bens e mudar para uma casa pobre na Via del Biscione (depois Via Santa Gemma Galgani); Elena a dispensou das mensalidades. Gemma passou a sofrer de osteite nas vértebras lombares e abscesso frio nas virilhas, além de otite média aguda e mastoidite, de modo que não podia andar e sentia insuportáveis dores de cabeça. Esteve meses doente, na cama, e chegou a receber os últimos Sacramentos. Neste período teve muitas experiências místicas, com as aparições de São Gabriel (Posseti) de Nossa Senhora das Dores. Ficou milagrosamente curada após uma novena a Santa Maria Margarida Alacoque (então apenas beatificada). Depois disso, conheceu a idosa Cecilia Giannini, em cuja rica residência de Lucca foi em breve acolhida, após a morte do pai e a recusa da Ordem das Passionistas em recebê-la como religiosa.

Ainda assim, conseguiu fazer os votos de pobreza, obediência e castidade. Quando rezava, constantemente era vista rodeada de uma luz divina.

Neste mesmo ano de 1899, no dia 8 de junho, Oitava de Corpus Christi e véspera da Festa do Sagrado Coração de Jesus, a jovem recebeu os estigmas de Cristo, que reapareciam, periodicamente, da noite de quinta-feira até as 15 horas de sexta-feira. Gemma entrava em êxtase doloroso nestes períodos, com as mãos, os pés e o lado sangrando profusamente; depois as feridas se fechavam novamente, deixando pequenos sinais. Por certo período, os estigmas se manifestaram quase todos os dias.

Isto e as aparições de Jesus, Maria, o Anjo da Guarda e São Gabriel de Nossa Senhora das Dores estão na sua autobiografia, “O Livro dos Pecados”, escrita em 1901 por obediência ao seu confessor. Em 1902, tuberculosa, teve que mudar para uma casa vizinha à casa dos Giannini. Faleceu com 25 anos, em 11 de abril de 1903, Sábado Santo, enquanto os sinos anunciavam a Ressurreição de Cristo.

A devoção à “Virgem de Lucca” começou imediatamente, originando a Congregação Missionária das Irmãs de Santa Gemma, inserida na ordem Passionista. Declarada modelo para a juventude da Igreja, é também intercessora dos farmacêuticos. A sala onde Gemma nasceu, na Via Pesciatina em Capannori, foi transformada em capela, e a casa inteira num orfanato.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:  Não são muitos os canonizados a quem Deus agracia com a participação física de Suas chagas. Dentro das suas imensas limitações de saúde, Santa Gemma fez imensos esforços de caridade, sobretudo na oração e no simples aceitar da sua condição. E de fato é isto o que Deus mais valoriza em nós: que aceitemos a condição que Ele nos propõe para a nossa vida, a de Imagem e Semelhança Sua, seja na doença, na saúde, na riqueza, na pobreza… o grande pecado do Homem, aliás desde Adão e Eva, é o desejo iníquo de almejar ser o que não é, e por meios distorcidos procurar alcançar o que não é bom para si nem para o próximo. Isto não implica em que seja condenável o progresso, inclusive material, porém é o quanto e no que desejamos “progredir” que se coloca o problema: se nas aspirações mundanas ou se na santificação de espírito. Deus não mente e não fala em vão: “Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a Sua glória, e tudo o mais vos será dado por acréscimo” (Mt 6,33). Até que ponto vivemos sinceramente este preceito de Jesus? Por um lado, é sim louvável e correto procurar melhorar as condições de vida, e Cristo jamais ensinou que a miséria material era uma “bênção”, muito menos a condição essencial para se chegar ao Céu; mas ao contrário, chamou a atenção para a “pobreza de Espírito” (cf. Mt 5,3) que será recompensada, isto é, a virtude essencial da humildade. A busca da santidade, da primazia da vida espiritual, através da qual descobrimos a nossa vocação e deveres no diálogo e com as inspirações do Espírito Santo, é o cerne desta vida, pois é a partir daí que conheceremos o caminho certo a seguir. Se humildes, procuraremos verdadeiramente a Deus, e seguiremos, aceitaremos como Santa Gemma, seja o que for o que Ele nos pedir, individualmente. E só a santificação individual levará a uma vida em conjunto melhor, pois Deus só deseja o nosso Bem.

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quarta-feira, 9 de abril de 2025

  BOM DIA EVANGELHO


10 DE ABRIL DE 2025 – QUINTA-FEIRA DA 5ª SEMANA DA QUARESMA

OraçãoPai de santidade e misericórdia, que velais sempre pelo ensino das nossas almas, concedei-nos pela intercessão de Santa Madalena de Canossa bons pastores e o empenho santo na evangelização, na plena e serena confiança do Vosso contínuo auxílio, sem permitir, como ela orientava, que a tristeza e a melancolia diante dos desafios nos desanimem ou diminuam a alegria e entusiasmo das boas obras. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.

Evangelho (Jo 8, 51-59): 

«Em verdade, em verdade, vos digo: se alguém guardar a minha palavra, nunca verá a morte». Os judeus então disseram: «Agora estamos certos de que tens um demônio. Abraão morreu, e os profetas também, e tu dizes: ‘Se alguém guardar a minha palavra, jamais provará a morte’. Porventura és maior do que nosso pai Abraão, que morreu? E também os profetas morreram. Quem tens a pretensão de ser?». Jesus respondeu: «Se eu me glorificasse a mim mesmo, minha glória não valeria nada. Meu Pai é quem me glorifica, aquele que dizeis ser vosso Deus. No entanto, vós não o conheceis. Mas eu o conheço; e se dissesse que não o conheço, eu seria um mentiroso como vós. Mas eu o conheço e observo a sua palavra. Vosso pai Abraão exultou por ver o meu dia. Ele viu e se alegrou». Os judeus disseram-lhe então: «Ainda não tens cinquenta anos, e viste Abraão?». Jesus respondeu: «Em verdade, em verdade, vos digo: antes que Abraão existisse, Eu Sou». Então, pegaram pedras para o apedrejar; mas Jesus escondeu-se e saiu do templo.

«Vosso pai Abraão exultou por ver o meu dia. Ele viu e se alegrou»

Rev. D. Enric CASES i Martín(Barcelona, Espanha)

Hoje João situa-nos diante de uma manifestação de Jesus no Templo. O salvador revela um fato desconhecido para os judeus: que Abraão viu e se alegrou ao contemplar o dia de Jesus. Todos sabiam que Deus tinha feito uma aliança com Abraão, assegurando-lhe grandes promessas de salvação para a sua descendência. No entanto, desconheciam até que ponto chegava a luz de Deus. Cristo revela-lhes que Abraão viu o Messias no dia em de Yahvé, ao qual chama meu dia.

Nesta revelação Jesus mostra-se possuindo a visão eterna de Deus. Mas, sobretudo manifesta-se como alguém preexistente e presente no tempo de Abraão. Pouco depois, no calor da discussão, quando alegam que ainda nem tem cinquenta anos, diz-lhes: «Em verdade, em verdade, vos digo: antes que Abraão existisse, eu sou» (Jo 8,58) É uma declaração notória da sua divindade, podiam entendê-la perfeitamente, e também tinham podido crer se tivessem conhecido melhor o Pai. A expressão “Eu sou” é parte do tetragrama santo Yahvé, revelado no monte Sinai.

O cristianismo é mais que um conjunto de regras morais elevadas como podem ser o amor perfeito, ou, inclusive, o perdão. O cristianismo é a fé numa pessoa. Jesus é Deus e homem verdadeiro. «Perfeito Deus e perfeito Homem», diz o Símbolo Atanasiano. Santo Hilário de Poitiers escreve numa bela oração: «Dá-nos, pois, um modo de expressão adequado e digno, ilumina a nossa inteligência, faz também que as nossas palavras sejam expressão da nossa fé, quer dizer, que nós, que pelos profetas e os Apóstolos te conhecemos a ti, Deus Pai e ao único Senhor Jesus Cristo, possamos também celebrar-te a ti como Deus, em quem não há unicidade de pessoa, e confessar a teu Filho, em tudo igual a ti».

Santo do dia: Santa Madalena de Canossa



Madalena Gabriela Canossa nasceu em 1774 na cidade de Verona, região de Veneto, nordeste da Itália, a terceira de seis irmãos. Sua família era nobre e o pai muito rico, mas morreu quando ela tinha cinco anos. Dois anos depois, sua mãe casou em segundas núpcias e entregou a educação dos filhos a uma severa governanta francesa.

Aos 15 anos, Madalena ficou doente, com uma febre misteriosa, uma forma grave de varíola e dores isquiáticas, um quadro que lhe desenvolveu asma crônica e dolorosa contração dos braços, agravados com o passar do tempo.

Com 17 anos, desejando entrar para o Carmelo, por duas vezes fez fracassadas experiências conventuais. De volta à casa, assumiu de forma excelente o controle e administração dos bens familiares, com excepcional tino comercial. Mas, mantendo sua vocação religiosa, não se casou, e incrementou no seu palácio o auxílio aos pobres, aos quais lá já atendia antes das tentativas de clausura.

As consequências da Revolução Francesa e das guerras napoleônicas, e os domínios estrangeiros, tornou difícil a condição italiana nos anos 1800, aumentando a pobreza e o número de doentes e desabrigados. Neste período duas adolescentes foram procurar guarida no palácio, e Madalena as acolheu. Outras vieram; e logo grande parte do palácio se transformou num abrigo de meninas abandonadas. Isto gerou desagrado nos familiares, mas Madalena percebeu o que Deus desejava dela.

Em 1808, chegando a um acordo com os irmãos, deixou o palácio para viver no bairro mais pobre de Verona, dedicando-se à evangelização, cuidado e educação dos desvalidos. Fundou assim a Congregação das Filhas da Caridade, para a formação de religiosas educadoras, cujas Regras de Vida foram escritas por Madalena em 1812. Rapidamente, novas casas surgiram na Itália e na Europa, com aprovações diocesanas. A aprovação papal das Regras ocorreu em 1828. No Instituto de Bérgamo, Madalena funda o primeiro Centro para professoras camponesas e a Ordem Terceira das Filhas da Caridade, aberto também às mulheres casadas ou viúvas, que se dedicavam, sobretudo, à formação das enfermeiras e professoras. Em 1831 inaugurou-se em Veneza a primeira Casa, ou Oratório, do ramo masculino da Congregação dos Filhos da Caridade, destinado à formação e evangelização de jovens e adultos carentes.

Madalena desejava para os seus congregados a disposição de ir a qualquer lugar, mesmo os mais remotos, no empenho de evangelizar e educar. Aconselhava-lhes o sereno abandono à vontade de Deus, mais do que rigor excessivo, e a fuga da tristeza e melancolia. Seus objetivos específicos eram cinco: caridade para integral promoção das pessoas, catequese para absolutamente todos, mas especialmente para os mais carentes, assistência principalmente aos doentes, seminários residenciais para formação de professoras nas áreas rurais e auxílio pastoral aos párocos, e exercícios espirituais anuais para sensibilizar as mulheres (inicialmente da alta nobreza) em atividades caritativas.

Madalena teve uma profunda vida espiritual, na oração e na mística, que a sensibilizava sempre mais à dor e necessidades dos irmãos. Napoleão Bonaparte a chamava de “anjo da caridade”. Nos seus últimos anos, sofreu crises frequentes de asma e dores nos braços e pernas. Faleceu com 61 anos na sua cela em Verona, aos 10 de abril de 1835, uma Sexta-Feira da Paixão, rezando à Nossa Senhora.

 A Família Canossiana Filhos e Filhas da Caridade atua hoje nos cinco continentes, subdividida em 24 organismos.

Colaboração: Padre Evaldo César de Souza, CSsR

Reflexão:  Novamente a Providência nos oferece um santo dedicado ao ensino como tema para nossa reflexão e ação. Talvez porque os tempos atuais sejam extremamente carentes do bom ensino religioso, verdadeiramente católico, não apenas na esfera diretamente espiritual como também na cultura em geral. Chama a tenção que um dos focos principais das Congregações educativas fundadas por Santa Madalena de Canossa fosse a “catequese para absolutamente todos, mas especialmente para os mais carentes”: absolutamente a todos… especialmente aos mais carentes. Um questionamento se faz necessário para os dias atuais, quem são os mais carentes de catequese? Pois salta à vista que os católicos, em grande número – incluindo, infelizmente, representantes do próprio clero – não têm boa (ou sequer minimamente correta) formação, e que entre os religiosos há alarmantes sinais, por todo o mundo, de atitudes heréticas e de apostasia. Grande é, portanto, a obra de evangelização a ser feita, e que dirijamos súplicas e penitências, certamente necessárias, para a santificação de todos os membros da Igreja. E comecemos este serviço de amor ao próximo pela nossa própria conversão, nas orações e nas ações, particularmente aos que têm por encargo o ensino.

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terça-feira, 8 de abril de 2025

 BOM DIA EVANGELHO

09 DE ABRIL DE 2025 – QUARTA-FEIRA DA 5ª SEMANA DA QUARESMA

OraçãoSenhor Deus, que desejais para nós muito mais do que o pão material e a falsa liberdade mundana, dai-nos a graça de, pela intercessão de Santo Acácio, praticarmos a verdadeira e desinteressada caridade, levando ao próximo o amor pela Eucaristia e pela santa guerra contra o pecado, de modo a obtermos a paz nesta vida e a volta definitiva para a nossa Pátria Celeste. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.

Evangelho (Jo 8, 31-42): 

Jesus, então, disse aos judeus que acreditaram nele: «Se permanecerdes em minha palavra, sereis verdadeiramente meus discípulos, e conhecereis a verdade, e a verdade vos tornará livres». Eles responderam: «Nós somos descendentes de Abraão e nunca fomos escravos de ninguém. Como podes dizer: ‘Vós vos tornareis livres’?» Jesus respondeu: «Em verdade, em verdade, vos digo: todo aquele que comete o pecado é escravo do pecado. O escravo não permanece para sempre na casa, o filho nela permanece para sempre. Se, pois, o Filho vos libertar, sereis verdadeiramente livres. Bem sei que sois descendentes de Abraão. No entanto, procurais matar-me, porque minha palavra não encontra espaço em vós. Eu falo do que vi junto do Pai; e vós fazeis o que ouvistes do vosso pai».

Eles responderam: «Nosso pai é Abraão». Jesus, então, lhes disse: «Se fôsseis filhos de Abraão, praticaríeis as obras de Abraão! Agora, no entanto, procurais matar-me, porque vos falei a verdade que ouvi de Deus. Isto Abraão não fez. Vós fazeis as obras do vosso pai». Eles disseram então a Jesus: «Nós não nascemos da prostituição. Só temos um pai: Deus». Jesus respondeu: «Se Deus fosse vosso pai, certamente me amaríeis, pois é da parte de Deus que eu saí e vim. Eu não vim por conta própria; foi ele quem me enviou».

«Se Deus fosse vosso pai, certamente me amaríeis»

Pe. Givanildo dos SANTOS Ferreira(Brasilia, Brasil)

Hoje, o Senhor dirige duras palavras aos judeus. Não a quaisquer judeus, mas, precisamente, àqueles que abraçaram a fé: Jesus falou «aos judeus que acreditaram nele» (Jn 8,31). Sem dúvida, este diálogo de Jesus reflete o início daquelas dificuldades causadas pelos cristãos judaizantes na primeira hora da Igreja.

Como descendiam de Abraão segundo a carne, esses tais discípulos de Jesus consideravam-se acima não somente dos gentios que viviam longe da fé, mas também acima de qualquer discípulo não judeu partícipe da mesma fé. Diziam eles: «Nós somos descendentes de Abraão» (Jn 8,33); «nosso pai é Abraão» (v. 39); «só temos um pai, Deus» (v. 41). Apesar de serem discípulos de Jesus, temos a impressão de que Jesus nada representava para eles, nada acrescentava ao que já possuíam. Mas é aí mesmo que se encontra o grande erro de todos eles. Os verdadeiros filhos não são os descendentes segundo a carne, mas os herdeiros da promessa, isto é, aqueles que crêem (cf. Rom 9,6-8). Sem a fé em Jesus não é possível que alguém alcance a promessa de Abraão. Assim sendo, entre os discípulos, "não há judeu ou grego; não há escravo ou livre; não há homem ou mulher", porque todos são irmãos pelo batismo (cf. Gal 3,27-28).

Não nos deixemos seduzir pelo orgulho espiritual. Os judaizantes se consideravam superiores aos outros cristãos. Não é necessário falar, aqui, dos irmãos separados. Mas pensemos em nós mesmos. Quantas vezes alguns católicos se consideram melhores do que os outros católicos porque seguem este ou aquele movimento, porque observam esta ou aquela disciplina, porque obedecem a este ou àquele uso litúrgico. Uns, porque são ricos; outros, porque estudaram mais. Uns, porque ocupam cargos importantes; outros, porque vêm de famílias nobres. «Gostaria que cada um sentisse a alegria de ser cristão... Deus guia a sua Igreja, a apoia mesmo e sobretudo nos momentos difíceis» (Bento XVI).

Santo do dia: Santo Acácio

Santo Acácio viveu no século V, sendo bispo e confessor em Amida, cidade localizada na margem esquerda do rio Tigre, na Mesopotâmia, atual Diyarbakir na Turquia.

Teodósio II era o Imperador Romano do Oriente, em Constantinopla, que o enviou em 419 como embaixador em Gueartaxaro no Assuristão, pertencente ao reino persa, para convocar um concílio junto às igrejas desta região que haviam abraçado a heresia nestoriana, negadora da divindade de Jesus.

Estando Acácio na Pérsia, em 422, começa a guerra entre Teodósio e os persas. O exército romano fez 7.000 prisioneiros em algumas províncias para além do Rio Tigre, que ficaram em situação miserável e deixados para morrer de fome. Acácio, sabendo disto, vendeu cálices, pátenas e todos os objetos de ouro que pôde reunir, desejando obter dinheiro suficiente para dar de comer aos prisioneiros persas e pagar o preço do seu resgate.

Esse gesto de grande caridade converteu muitos dos cativos ao cristianismo, que, após o batismo, voltaram à Pérsia. O rei persa, então, parou a perseguição aos cristãos; e em 422 Acácio, em nova missão diplomática, conseguiu a paz.

 Faleceu por volta de 425, após contribuir para a superação de um cisma e para a unidade das igrejas na Pérsia, e o dia 9 de abril foi dedicado à sua celebração.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:  A caridade de Santo Acácio não teve contações políticas; e se evitou a fome e conseguiu a liberdade dos cativos, muito mais os alimentou com o Pão da Vida, no Batismo, e na libertação de uma vida no pecado. O auxílio necessário nas carências materiais deve ser reflexo do amor maior, que visa antes de tudo a felicidade infinita da alma. Os persas convertidos não o foram de modo forçado, nem por uma barganha, pois a Verdade se impõe por Si mesma, e Cristo é a Verdade, o Caminho e a Vida. Muitos, mesmo conhecendo Jesus e Suas obras, mesmo vendo por exemplo a ressurreição de Lázaro, não seguiram o Senhor… portanto, a caridade de Santo Acácio, longe de impor uma conversão, apenas despertou aos combatentes cativos o motivo certo pelo qual lutar, e é mérito de cada um deles ter se alistado espontaneamente no exército espiritual da igreja. De fato, “Acácio” significa “o que não tem malícia”, e foi por amor e não por cálculo ou interesse que este santo agiu para o bem material dos soldados. Que seja também esta a nossa motivação, sem desvirtuar a caridade em argumento ou viés político, algo que infelizmente é uma triste realidade dos nossos dias.

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segunda-feira, 7 de abril de 2025

  BOM DIA EVANGELHO

08 DE ABRIL DE 2025 – TERÇA-FEIRA DA 5ª SEMANA DA QUARESMA

OraçãoDeus Todo-Poderoso, que nunca nos deixais sem a orientação da Verdade, e continuamente nos alertais para as nossas responsabilidades nesta vida e para o que teremos por nossas obras no futuro infinito, concedei-nos pela intercessão e ensinamentos de Santa Júlia Billiart a graça de não ficarmos paralisados na mediocridade do que devemos aprender, na indiferença sobre os males que são ensinados, e na omissão sobre o que devemos instruir, para que, nos empenhando na cura da enfermidade de ignorância acerca de Vós e do que desejais, pratiquemos a maior das caridades, que é a Vos levar ao conhecimento dos irmãos. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém!

Evangelho (Jo 8, 21-30): 

De novo, Jesus lhes disse: «Eu me vou, e vós me procurareis; mas morrereis no vosso pecado. Para onde eu vou, vós não podeis ir». Os judeus, então, comentavam: «Acaso ele irá se matar? Pois ele diz: ‘Para onde eu vou, vós não podeis ir’». Ele continuou a falar: «Vós sois daqui de baixo; eu sou do alto. Vós sois deste mundo; eu não sou deste mundo. Eu vos disse que morrereis nos vossos pecados. De fato, se não acreditais que ‘eu sou’, morrereis nos vossos pecados».

Eles lhe perguntaram: «Quem és tu, então? Jesus respondeu: «De início, isto mesmo que vos estou falando». Tenho muitas coisas a dizer a vosso respeito, e a julgar também. Mas, aquele que me enviou é verdadeiro, e o que ouvi dele é o que eu falo ao mundo”. Eles, porém, não compreenderam que estava lhes falando do Pai. Por isso, Jesus continuou: «Quando tiverdes elevado o Filho do Homem, então sabereis que ‘eu sou’, e que nada faço por mim mesmo, mas falo apenas aquilo que o Pai me ensinou. Aquele que me enviou está comigo. Ele não me deixou sozinho, porque eu sempre faço o que é do seu agrado». Como falasse estas coisas, muitos passaram a crer nele.

«Quando tiverdes elevado o Filho do Homem, então sabereis que ‘Eu Sou’»

Rev. D. Josep Mª MANRESA Lamarca (Valldoreix, Barcelona, Espanha) 

Hoje, Terça-feira V da Quaresma, a uma semana da contemplação da Paixão do Senhor, Ele nos convida a olhar-lhe antecipadamente redimindo-nos desde a Cruz. «Jesus Cristo é nosso pontífice, seu corpo precioso é nosso sacrifício que Ele ofereceu na ara da Cruz para a salvação de todos os homens» (São João Fisher).

«Quando tiverdes elevado o Filho do Homem...» (Jo 8,28). Efetivamente, Cristo Crucificado —Cristo “levantado”!— é o grande e definitivo signo do amor do Pai à Humanidade caída. Seus braços abertos, estendidos entre o céu e a terra, traçam o signo indelével da sua amizade com nós os homens. Ao lhe ver assim, alçado ante o nosso olhar pecador, saberemos que Ele é (cf. Jo 8,28), e então, como aqueles judeus que o escutavam, também nós creremos Nele.

Só a amizade de quem está familiarizado com a Cruz pode proporcionar-nos o adequado para adentrar-nos no Coração do Redentor. Pretender um Evangelho sem Cruz, despojado do sentido cristão da mortificação, ou contagiado do ambiente pagão e naturalista que nos impede entender o valor redentor do sofrimento, colocaria-nos na terrível posibilidade de ouvir dos lábios de Cristo: «Depois de tudo, para que seguir falando-vos?».

Que o nosso olhar à Cruz, olhar sossegado e contemplativo, seja uma pergunta ao Crucificado, em que sem o ruído de palavras lhe digamos: «Quem és tu, então?(Jo 8,25).Ele nos responderá que é «Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida»(Jo 14,6), a Videira à qual sem estar unidos, nós, pobres ramos, não poderemos dar fruto, porque só Ele tem palavras de vida eterna. E assim, se não cremos que Ele é, morreremos pelos nossos pecados. Viveremos, no entanto, e viveremos já nesta terra vida de céu se aprendemos Dele a gozosa certeza de que o Pai está conosco, não nos deixa sozinhos. Assim imitaremos o Filho em fazer sempre o que agrada-lhe ao Pai.

Santo do dia: Santa Júlia de Billiart

Maria Rosa Júlia Billiart nasceu em Cuvilly, região da Picardida, norte da França, em 1751. Era uma dos nove filhos de camponeses pobres e muito religiosos, que a batizaram no mesmo dia do seu nascimento. Fez a Primeira Comunhão aos sete anos; a partir deste dia, milagrosamente, a Eucaristia passou a ser o seu único alimento.

Aos 13 anos, com sérios problemas de saúde, acabou paraplégica, uma situação que durou por 30 anos. Ao longo deste tempo, aprofundou-se na oração e na contemplação, vivendo experiências místicas: Jesus lhe revelou mistérios da Salvação, dos sofrimentos no Calvário, da luz divina que ilumina os católicos e da Glória Celeste. Mas também procurou sempre ajudar na catequese paroquial, preocupando-se com a educação dos pobres.

Cultivava a amizade com familiares, religiosos, irmãs carmelitas que lhe davam auxílio espiritual, e mesmo com damas da nobreza, que a ajudavam com donativos. Desenvolveu uma pedagogia própria, e aprendeu também com os acontecimentos da Revolução Francesa, as guerras de Napoleão e com as autoridades com quem conviveu. Em 1794, conheceu Maria Luísa Francisca Blin de Bourdon, Viscondessa de Gézaincourt, no castelo desta família em Amiens. Tornaram-se amigas e acabaram por fundar a Congregação das Irmãs de Nossa Senhora, futura Congregação das Irmãs de Notre Dame de Namür, dedicada à educação das crianças e à catequese, com a formação de bons e santos educadores.

Em fevereiro de 1804, Júlia, Maria e Catarina Duchâtel fizeram seus votos religiosos. Júia lutou para que a nova congregação obtivesse independência da esfera diocesana, e conseguiu, sendo então eleita superiora geral. Ingressas algumas candidatas, iniciaram-se aulas noturnas de catequese, e foi aberto um orfanato: Júlia estava atenta para o pequeno número de sacerdotes em contraste com o grande número de crianças sem formação, e com a sua fundação se dispunha a ajudá-los.

Em 1 de junho de 1804, após 30 anos de enfermidade e 22 anos de paralisia, Júlia foi milagrosamente curada durante uma novena ao Sagrado Coração de Jesus, de Quem era devota. Com saúde, expandiu a obra, inaugurando novos conventos em Namür, Gante e Tournai; abriu uma primeira escola gratuita em Amiens e outras mais pela França e Bélgica, além de pensionatos, diante da situação de miséria da época. O que era ganho com os pensionatos era utilizado para a fundação das escolas gratuitas. Júlia não aceitava doações que interferissem na independência da Congregação. Injustamente perseguida pelo bispo de Amiens, que chegou a afastá-la da Congregação, foi para Namür na Bélgica com as Irmãs, onde a Congregação se firmou.

 Faleceu ali em 8 de abril de 1816, enquanto recitava o Magnificat.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho


Reflexão:  Nas palavras de Santa Júlia de Billiart, “A educação é caminho da plenitude da vida”. Particularmente a educação religiosa e espiritual. Por isso, a começar pelo clero, todos os católicos que se dedicam a algum tipo de ensino, e na verdade todos os batizados, que têm a missão de ensinar por atos e palavras a verdeira Fé, devem se preparar com exemplar empenho no conhecimento da Doutrina da Igreja, e se destacarem pela competência nas suas áreas particulares de ensino. Não se trata de vaidade ou ambição, mas sim de coerência e fidelidade, pois se não ensinamos a Verdade, pecamos por ignorância culposa (sem dedicação correta ao que somos obrigados primeiro a conhecer bem para depois ensinar) ou omissão. E isto, atualmente, é tanto mais grave quanto maiores se tornam as mediocridades e falsidades espirituais, ideológicas, filosóficas, nos centros de ensino, na mídia, na cultura em geral. Só é possível amar e servir ao que se conhece; e Se Cristo e a cultura que Dele emana não é ensinada, ou é distorcida, quão imensa é a responsabilidade dos que o permitem, e qual o prejuízo, espiritual e material dos que são “ensinados”, ou antes, treinados no erro! Gravíssimas serão as consequências para todos, nesta e na vida infinita que teremos.

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domingo, 6 de abril de 2025

 BOM DIA EVANGELHO

07 DE ABRIL DE 2025 – SEGUNDA-FEIRA DA 5ª SEMANA DA QUARESMA

OraçãoSenhor Deus, supremo Mestre, que nos ensinais sempre os caminhos do Bem, concedei-nos pela intercessão de São João Batista de La Salle a graça de termos santos mestres, espirituais e em todas as outras áreas da vida, para que aprendamos e coloquemos em prática coerentemente os Vossos ensinamentos, que devem iluminar tudo, absolutamente tudo o que fazemos. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.

Evangelho (Jo 8, 12-20): 

Jesus falou ainda: «Eu sou a luz do mundo. Quem me segue não caminha nas trevas, mas terá a luz da vida». Os fariseus então disseram: «O teu testemunho não é verdadeiro, porque dás testemunho de ti mesmo». Jesus respondeu: «Embora eu dê testemunho de mim mesmo, o meu testemunho é verdadeiro, porque eu sei de onde venho e para onde vou. Mas vós não sabeis de onde venho, nem para onde eu vou. Vós julgais segundo a carne; eu não julgo ninguém, e se eu julgo, o meu julgamento é verdadeiro, porque eu não estou só, mas o Pai que me enviou está comigo. Na vossa Lei está escrito que o testemunho de duas pessoas é verdadeiro. Ora, eu dou testemunho de mim mesmo, e também o Pai, que me enviou, dá testemunho de mim».

Eles, então, perguntaram: «Onde está o teu Pai?» Jesus respondeu: «Vós não conheceis nem a mim, nem a meu Pai. Se me conhecêsseis, conheceríeis também o meu Pai». Ele falou essas coisas enquanto ensinava no templo, junto à sala do tesouro. Ninguém o prendeu, porque sua hora ainda não tinha chegado.

«Eu sou a luz do mundo»

Rev. D. Jordi PASCUAL i Bancells(Salt, Girona, Espanha)

Hoje, Jesus dá-nos a definição dele próprio, a qual enche de sentido a vida dos que, apesar das nossas deficiências, o queremos seguir: «Eu sou a luz do mundo» (Jo 8,12). A pessoa de Jesus, os seus ensinamentos, os seus exemplos de vida, são a luz que ilumina toda a nossa existência, tanto nas horas boas, como nas de sofrimento ou contradição.

O que é que isto quer dizer? Que em qualquer circunstância em que nos encontremos, seja por trabalho ou na relação com os outros, na nossa relação perante Deus, frente às alegrias ou às tristezas… podemos pensar: —Que fez Jesus numa circunstância semelhante?; podemos sempre procurar no Evangelho e responder: —Isto mesmo é o que eu farei! Precisamente, João Paulo II incorporou no Santo Rosário —o “compêndio do Evangelho”, como ele próprio nos recorda— os mistérios da vida pública de Jesus, e denominou-os “mistérios da luz”. Assim, diz-nos o Papa: «Ele é quem, declarado Filho predileto do Pai no Batismo do Jordão, anuncia a chegada do Reino, dando testemunho dele com as suas obras e proclamando as suas exigências».

Jesus é luz; quem o segue «não caminha nas trevas, mas terá a luz da vida» (Jo 8,12). Como discípulos seus, o Senhor convida-nos também a sermos luz para o mundo; a levar a luz da esperança no meio das violências, desconfianças e medos dos nossos irmãos; a levar a luz da fé no meio da obscuridade, das dúvidas e interrogações; a levar a luz do nosso amor no meio de tanta mentira, rancor e perturbação como vemos à nossa roda.

O Papa indica como pano de fundo de todos os mistérios de luz, as palavras de Maria nas bodas de Cana: «Fazei tudo o que Ele vos disser» (Jo 2,5): este é o caminho para que Jesus seja luz do mundo e para que nós iluminemos com essa mesma luz.

Santo do dia: São João Batista de La Salle

João Batista nasceu em 1651 na cidade de Reims, França, de uma nobre família de magistrados, profundamente cristã. Primogênito de 11 irmãos, dos quais quatro se tornaram religiosos, desde cedo sentiu inclinação para o sacerdócio, e na infância brincava de repetir as celebrações litúrgicas das quais participava com a mãe, num altarzinho montado por ele. Aos dez anos entrou para o colégio dos Bons Meninos.

Seu pai despertou nele o gosto pelas artes, especialmente a música, clássica e sacra. Entrou assim no Coral dos Cônegos da Catedral de Reims, atuando também como coroinha nas Missas. Aos 15 anos, foi nomeado cônego (ou seja, religioso que participa do colegiado de uma igreja e trabalha na administração da mesma) da catedral, posição muito avançada para um menino de sua idade. Sempre dedicado aos estudos, com 18 anos recebeu o título de Mestre das Artes Livres. Pouco tempo depois, ingressou na Universidade de Sorbonne.

Como universitário, morou no Seminário São Sulpício em Paris, e dedicava-se aos estudos, à oração, à caridade e ao trabalho de catequista – chegou a ensinar 4.000 crianças, descobrindo assim sua vocação de educador. Mas aos 21 anos, tendo falecido os pais, teve que assumir o cuidado dos irmãos. Só foi ordenado sacerdote aos 27 anos, em 1678, após terminar os cursos de Filosofia e Teologia. É encarregado da administração da própria universidade, e conhece Adriano Nyel, um leigo com a proposta de criação de escolas populares e gratuitas para os jovens pobres, com quem passa a trabalhar. Mas logo percebe que os professores não eram bem preparados, e pouco estimulados. Iniciou assim uma escola para a formação de mestres leigos, alugando uma casa onde foi morar com seus professores, de modo a instrui-los pessoalmente. Preocupava-se também com a sua formação moral, e não apenas cultural.

Suas modificações pedagógicas incluíam a introdução de aulas coletivas, e não mais individuais, dividindo as lições em classes no ensino fundamental. Pela primeira vez, as aulas de leitura deram prioridade à língua materna, o Francês, ao invés do Latim. Organizou cursos noturnos e dominicais para jovens trabalhadores. Ofereceu, ineditamente, cursos de formação técnica, comercial e profissional para jovens (bem como havia criado a formação normalista dos professores).

A primeira escola lassalista, gratuita, surgiu em 1679. Em 1681 João termina o doutorado, após o que fundou a Congregação dos Irmãos das Escolas Cristãs, com o carisma da formação humana e espiritual de crianças e adolescentes pobres. Esta nova Congregação era composta não só por sacerdotes mas também homens leigos consagrados (ideia seguida posteriormente pelos maristas), que renunciavam ao matrimônio para se dedicar totalmente aos alunos.

Rapidamente novas escolas foram sendo abertas, e em 1700 a Congregação abriu um Seminário, onde era ensinado pedagogia, gramática, leitura, matemática, física, catecismo da Igreja Católica e música litúrgica. João renunciou ao cargo de cônego e seus privilégios (em favor de um sacerdote muito pobre) e distribuiu os bens de família aos necessitados. Assim os Irmãos e as escolas passaram a viver confiando apenas na providência de Deus – multiplicaram-se logo por toda a França.

Como é normal no caso de santas obras, seu crescimento foi acompanhado de injustiças: os chamados "professores de rua" acusaram João de receber dinheiro dos alunos, gozar de privilégios reservados às associações profissionais e manter um grupo de professores sem a devida autorização. Ele foi atacado pelo alto Clero de Paris, por alguns párocos, por autoridades civis, a ponto de ser obrigado a transferir tudo para a cidadezinha de Saint-Yon, perto de Rouen. Reagiu retirando-se em oração, isolamento penitencial, meditação e estudo. Por fim, em 1702, após uma visita canônica, João foi deposto do cargo de superior. “Se o nosso Instituto for obra humana, vai desaparecer; mas, se for obra de Deus, todo esforço para destruí-lo será inútil”, foi sua resposta.

Na sexta-feira da Paixão, sete de abril de 1719, idoso, João, que sempre dedicara muitas horas diárias à oração e duras penitências, faleceu em Rouen. Sua Congregação contava então com 700 Irmãos, mais de 100 Casas e 20 mil alunos. Atualmente está espalhada por todo o mundo, incluindo o Brasil. São João Batista de la Salle é considerado o precursor do ensino popular generalizado, e declarado padroeiro principal e universal de todos os educadores.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho


Reflexão:  “Ora, se um cego guia outro cego, ambos cairão num buraco” (Mt 15,14). São João de la Salle “logo percebe que os professores não eram bem preparados, e pouco estimulados”, e “Preocupava-se também com a sua formação moral, e não apenas cultural.” Retrato discente no século XVII, época do rei Luís IV de França, com esplendor político e decadência moral; e no século XXI, época do reinado da mediocridade cultural no mundo, com destaque para a política distorcida e para a decadência moral e espiritual… a importância dos mestres, daqueles que formam os demais, é fundamental, e não por outro motivo Deus Se nos ofereceu a Si mesmo, na Encarnação de Cristo, como Mestre dos mestres, e os Apóstolos e seus sucessores como continuadores desta missão; rezemos muito pelo clero atual, especialmente o Papa e os bispos, para que sejam fiéis à sua obrigação; pois é a partir deles que se formam as outras lideranças na sociedade. Se tudo o que é humano, como a cultura, a política, os meios de comunicação, não estiverem impregnados do Evangelho, as ideologias mundanas, cujo inspirador é, em última análise, o diabo, transformam esta vida numa escravidão ao pecado, onde Deus é perseguido e os povos são tiranizados sob a mentira e a violência – espiritual, moral, intelectual, física.

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quinta-feira, 3 de abril de 2025

 BOM DIA EVANGELHO

04 DE ABRIL DE 2025 – SEXTA-FEIRA DA 4ª SEMANA DA QUARESMA

OraçãoDeus Uno e Trino, Pai e Filho unidos pelo Espírito Santo, que nos quereis participantes integrais desta Divina Família, concedei-nos pela intercessão de Santo Isidoro, irmão consanguíneo de santos, a graça de vivermos de acordo com os conhecimentos que nos dais, de modo a formarmos desde já a verdadeira fraternidade no Vosso Sangue presente no vinho consagrado. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.

Evangelho (Jo 7, 1-2.10.14.25-30): 

Depois disso, Jesus percorria a Galileia; não queria andar pela Judeia, porque os judeus procuravam matá-lo. Estava próxima a festa dos judeus, chamada das Tendas. Depois que seus irmãos subiram para a festa, Jesus subiu também, não publicamente, mas em segredo.

Lá pelo meio da festa, Jesus subiu ao templo e começou a ensinar. Alguns de Jerusalém diziam: «Não é este a quem procuram matar? Olha, ele fala publicamente e ninguém lhe diz nada. Será que os chefes reconheceram que realmente ele é o Cristo? Mas este, nós sabemos de onde é. O Cristo, quando vier, ninguém saberá de onde é». Enquanto, pois, ensinava no templo, Jesus exclamou: «Sim, vós me conheceis, e sabeis de onde eu sou. Ora, eu não vim por conta própria; aquele que me enviou é verdadeiro, mas vós não o conheceis. Eu o conheço, porque venho dele e foi ele quem me enviou!». Eles procuravam, então, prendê-lo, mas ninguém lhe pôs as mãos, porque ainda não tinha chegado a sua hora.

«Ninguém lhe deitou as mãos, porque ainda não era chegada a sua hora»

Fr. Matthew J. ALBRIGHT(Andover, Ohio, Estados Unidos)

Hoje, o Evangelho permite-nos contemplar a confusão que surgiu quanto à identidade e missão de Jesus Cristo. Quando nos pomos cara a cara com Jesus, há mal-entendidos e conjecturas acerca de quem Ele é, como se cumprem n’Ele, ou não, as profecias do Antigo Testamento e sobre o que Ele fará. As suposições e os preconceitos conduzem à frustração e à ira. Isto sempre foi assim: a confusão à volta de Cristo e dos ensinamentos da Igreja desperta sempre controvérsia e divisões religiosas. O rebanho dispersa-se se as ovelhas não reconhecem o seu pastor!

As pessoas dizem: «Este nós sabemos de onde vem. Do Cristo, porém, quando vier, ninguém saberá de onde seja» (Jo 7,27), e concluem que Jesus não pode ser o Messias porque Ele não corresponde à imagem de “Messias” em que tinham sido instruídos. Por outro lado, sabem que os Príncipes dos Sacerdotes O querem matar, mas ao mesmo tempo vêem que Ele se movimenta livremente sem ser preso. De modo que se perguntam se talvez as autoridades «terão reconhecido verdadeiramente que este é o Cristo» (Jo 7,26).

Jesus atalha a confusão identificando-se a si próprio como o enviado por Ele que é “verdadeiro” (cf. Jo 7,28). Cristo tem consciência da situação, tal como João a retrata, e ninguém lhe deita a mão porque ainda não tinha chegado a hora de revelar plenamente a sua identidade e missão. Jesus desafia as expectativas ao mostrar-se, não como um líder conquistador para derrotar a opressão romana, mas como o “Servo Sofredor” de Isaías.

O Papa Francisco escreveu: «A alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira dos que se encontram com Jesus». É urgente que ajudemos os outros a irem mais além das suposições e dos preconceitos sobre quem é Jesus e o que é a Igreja, e ao mesmo tempo facilitar-lhes o encontro com Jesus. Quando uma pessoa consegue saber quem é realmente Jesus, então abundam a alegria e a paz.

Santo do dia: Santo Isidoro de Sevilha

Isidoro nasceu em Sevilha, Espanha, no ano de 560, seus pais sendo católicos de origem nobre entre os godos de Cartagena. Quarto e último dos irmãos, todos santos (Santos Leandro e Fulgêncio e Santa Florentina); Leandro, arcebispo de Sevilha, cuidou dele após a morte prematura dos pais.

Nesta época a Espanha sofria ainda com as consequências das invasões ao final do antigo Império Romano, e tais hordas conquistadoras, crendo que Roma havia caído militarmente por causa da cultura, esforçavam-se para destruir os livros. São Leandro, responsável pela conversão do rei Recaredo, havia construído dois mosteiros, um masculino, onde foi abade, e outro feminino, onde Santa Florentina foi abadessa.

Nos mosteiros, além da formação na Fé, preservava-se da extinção a cultura greco-romana, e no mosteiro Isidoro aprendeu igualmente aritmética, gramática, geometria, música, retórica, dialética, astronomia, Latim, Grego, Hebraico. Contudo, inicialmente tinha imensas dificuldades para aprender; mas certo dia, evitando o colégio, sentou-se próximo a um poço de dura pedra, onde notou ranhuras profundas na borda, e descobriu que haviam sido feitas pelas cordas que, diariamente e por muito tempo, faziam subir os recipientes com água. Entendeu assim o valor da perseverança, e voltando às aulas, aplicou-se nos estudos, vindo a se tornar o maior Doutor da Igreja na Espanha: dizia-se dele ter a penetração de Platão, o conhecimento enciclopédico de Aristóteles, a erudição de Orígenes, a doutrina de Santo Agostinho, e a eloquência de Cícero.

Escreveu muito, fazendo principalmente um imenso trabalho de compilação e ordenação, sendo sua obra mais conhecida (e considerada a primeira enciclopédia da História) os 20 volumes das “Etimologias”, incluindo todos os ramos da ciência e conhecimento do seu tempo: I. Gramática; II. Retórica e Dialética; III. Matemática, Música e Astronomia; IV. Medicina; V. Direito e Cronologia; VI. Bíblia e outros livros; VII. Teologia; VIII. A Igreja e as seitas; IX. Línguas e Povos; X. Lexicologia; XI. Anatomia; XII. Zoologia; XIII. Geografia; XIV. Geografia; XV. Arquitetura e agrimensura; XVI. Mineralogia; XVII. Agricultura; XVIII. Guerra e torneios; XIX. Navios e casas; XX. Alimentos e ferramentas. Além de salvar desse modo a cultura antiga, escreveu também sobre Filosofia, História, controvérsias, exegese, comentários bíblicos, linguística, Direito Canônico; uma regra de vida monástica; Ofícios Divinos.

Isidoro, como o irmão Leandro, entrou para a vida monástica, e foi ordenado sacerdote em 589. Quando são Leandro deixou a abadia, proclamado Arcebispo de Sevilha e logo depois conselheiro do rei Recaredo, o jovem mas maduro Isidoro ficou no seu lugar. E grande foi o seu trabalho, pois a disciplina monacal estava abalada pelas falsas vocações (muitos tomavam os votos só pelo prestígio de religiosos), e por muitos que desleixavam a necessária convivência comunitária. Escreveu então a Regula Monachorum e, pelo exemplo de humildade, oração, trabalho, abnegação, iniciou a reforma de costumes para tornar o próprio mosteiro referência para a vida religiosa da Península Ibérica. Sua Regra, uma das primeiras que abolia castigos corporais, unia trabalho manual e intelectual, com incentivo à leitura e meditação, e cópias de obras clássicas para distribuição em outros mosteiros. Frisava que o estudo faz parte das obrigações do religioso. Instituiu normas de caridade entre os irmãos; prescreveu o hábito religioso pobre e modesto, mas não miserável, “para não produzir tristeza no coração, nem ser motivo de soberba”.

Como professor, destacou-se na célebre Escola de Sevilha que dirigia, onde se formaram São Bráulio (ao qual dedicou as “Etimologias”) e Santo Ildefonso, além de nobres, como os reis Sisenando e Sisebuto (ao qual dedicou o livro “De Natura Rerum”).

Ao falecer São Leandro, por volta de 600, Isidoro, com 43 anos, foi aclamado Arcebispo em seu lugar. Zelou então pela esmerada formação espiritual, intelectual e de comportamento do clero, fundando núcleos escolares nas casas religiosas, precursores dos seminários atuais. Igualmente ou mais, cuidou do esplendor da Liturgia, chegando a compor hinos para a música sacra que introduziu nos atos litúrgicos. Unificou as rubricas litúrgicas no reino e criou a Collectio Canonum Ecclesiæ Hispanæ, uma compilação completa de decretais e cânones conciliares, que regeu a Igreja espanhola até a reforma gregoriana. Suas pregações atraíam multidões de fiéis. Convocou e presidiu o II Concílio de Sevilha (619) e o IV Concílio de Toledo (633). Em nenhum momento Isidoro, apesar da sua gigantesca atividade, deixou em segundo plano a oração, as mortificações e penitências, e a caridade, de modo que em sua casa sempre compareciam pobres e necessitados. Continuou combatendo, como São Leandro, a heresia ariana.

Sisebuto, seu ex-aluno, foi coroado rei em 612 e muito ajudou Isidoro a consolidar os direitos da Igreja. Mas quando necessário, o santo não hesitava em chamar-lhe atenção, se se imiscuía nos assuntos eclesiásticos.

Seus esforços frutificaram, seu exemplo levou muitos à leitura e ao estudo, e à busca da santidade. Influenciou enormemente a cultura espanhola e europeia, como homem mais culto do século, ao longo de quase 40 anos de maravilhosa ortodoxia episcopal.

 Faleceu em sua cela a 4 de abril de 636, aos 76 anos. Declarado Doutor da Igreja, é, junto com São Leandro, o último dos Padres da Igreja (expoentes da Patrística) latinos. Santo Isidoro e seus irmãos ficaram conhecidos como os Quatro Santos de Cartágena. Foi considerado por São João Paulo II um dos padroeiros da internet, em razão da sua prolífica obra de divulgação.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:  A vida de Santo Isidoro se destaca não apenas pelo seu conhecimento enciclopédico, mas também pela sua sabedoria espiritual, muito mais importante, pela qual levou vida íntegra e caridosa. Por isso cuidou tão bem da educação e formação, especialmente do clero, através do qual deve ordinariamente chegar aos fiéis, pelo bom exemplo, a Fé, a Verdade, e suas manifestações práticas no amor ao próximo e na cultura dos povos. Assim destacou tanto o valor do esplendor litúrgico, belo mas sóbrio, tão maltratado na atualidade, como destacou a necessidade do estudo como obrigação para os que vão evangelizar, e igualmente deu atenção às vestimentas, nem escandalosas nem miseráveis e feias, que denigrem a natureza humana de imagem e semelhança de Deus nos modismos modernos. Sua regra monástica previa (como a de São Bento) o equilíbrio entre trabalho intelectual e manual, o que podemos traduzir no nosso dia a dia como oração e ação (o Ora et Labora beneditino); leituras religiosas seguidas de meditação, para concretizar praticamente o amor ao próximo em qualquer atividade. Mas talvez o maior legado que Santo Isidoro nos tenha deixado é a de entender que, pela perseverança no conhecimento – de Deus – somos capazes de marcar, na dura pedra das nossas almas, os canais pelos quais a santidade da nossa particular água batismal deve transbordar, do fundo poço de Vida Eterna que Cristo nos oferece pela Sua Paixão.

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quarta-feira, 2 de abril de 2025

  BOM DIA EVANGELHO

03 DE ABRIL DE 2025 – QUINTA-FEIRA DA 4ª SEMANA DA QUARESMA

OraçãoSenhor Deus, que concedestes às Santas Irene, Ágape e Quiônia a plena fraternidade com Vosso Filho, na vivência coerente com o significado dos seus nomes, dai-nos pelo intermédio delas a mesma coragem de antes morrer que adorarmos as coisas mundanas, de modo a preservarmos o registro dos nossos nomes que, em Vossa infinita bondade, desde sempre escrevestes no Livro da Vida, o Paraíso Celeste. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.

Evangelho (Jo 5, 31-47): 

«Se eu dou testemunho de mim mesmo, o meu testemunho não é verdadeiro. Um outro é quem dá testemunho de mim, e eu sei que o testemunho que ele dá de mim é verdadeiro. Vós mandastes perguntar a João, e ele deu testemunho da verdade. Ora, eu não recebo testemunho da parte de um ser humano, mas digo isso para a vossa salvação. João era a lâmpada que iluminava com sua chama ardente, e vós gostastes, por um tempo, de alegrar-vos com a sua luz. Mas eu tenho um testemunho maior que o de João: as obras que o Pai me concedeu realizar. As obras que eu faço dão testemunho de mim, pois mostram que o Pai me enviou. Sim, o Pai que me enviou dá testemunho a meu favor. Mas vós nunca ouvistes a sua voz, nem vistes a sua face, e não tendes a sua palavra morando em vós, pois não acreditais naquele que ele enviou.

»Examinais as Escrituras, pensando ter nelas a vida eterna, e são elas que dão testemunho de mim. Vós, porém, não quereis vir a mim para terdes a vida! Eu não recebo glória que venha dos homens. Pelo contrário, eu vos conheço: não tendes em vós o amor de Deus.

»Eu vim em nome do meu Pai, e vós não me recebeis. Mas, se um outro viesse em seu próprio nome, a esse receberíeis. Como podereis acreditar, vós que recebeis glória uns dos outros e não buscais a glória que vem do Deus único? Não penseis que eu vos acusarei diante do Pai. Há alguém que vos acusa: Moisés, no qual colocais a vossa esperança. Se acreditásseis em Moisés, também acreditaríeis em mim, pois foi a meu respeito que ele escreveu. Mas, se não acreditais nos seus escritos, como podereis crer nas minhas palavras?».

«Se eu dou testemunho de mim mesmo, o meu testemunho não é verdadeiro»

Rev. D. Miquel MASATS i Roca(Girona, Espanha)

Hoje, o Evangelho ensina-nos como Jesus enfrenta a seguinte objeção: segundo a lei em Dt 19,15, para que um testemunho tivesse valor, era necessário que fosse corroborado por duas ou três testemunhas. Jesus alega a seu favor o testemunho de São João Batista, o testemunho do Pai —que se manifesta nos milagres operados por Ele— e, finalmente, o testemunho das Escrituras.

Jesus Cristo repreende os que O escutam, denunciando três impedimentos ao Seu reconhecimento como o Messias Filho de Deus: a falta de amor a Deus; a ausência de reta intenção —buscam só a gloria humana— e a interpretação interesseira das Escrituras.

O Santo Padre João Paulo II escreveu-nos: «À contemplação do rosto de Cristo, só se pode chegar escutando no Espírito a voz do Pai, ninguém conhece o Filho, senão o Pai, e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar. (cf. Mt 11,27). Assim, portanto, é necessária a revelação do Altíssimo. Mas, para acolhê-la, é indispensável colocar-se em atitude de escuta».

Portanto há que ter em conta que, para confessar Jesus Cristo como verdadeiro Filho de Deus, não bastam as provas externas que nos sejam propostas; é muito importante a retidão da vontade, ou seja, as boas disposições.

Neste tempo de Quaresma, intensificando as obras de penitência que facilitam a renovação interior, melhoremos as nossas disposições para contemplar o verdadeiro rosto de Cristo. Por isso, São Josemaria diz-nos: «Esse Cristo, que tu vês, não é Jesus. —Será, contudo, a triste imagem que os teus olhos turvos podem formar...—Purifica-te. Torna claro o teu olhar, com a humildade e com a penitência. Então... não te faltarão as luzes limpas do Amor. E terás uma visão perfeita. A tua imagem será então, realmente, a Sua: Ele!»

Santo do dia: Santas Irene, Quiônia e Ágape


Irene, Quiônia e Ágape, irmãs, nasceram no final do século III, aparentemente em Tessalônica da Grécia, mas residiam próximo a Aquiléia, cidade do norte da Itália. De família pagã, haviam se convertido ao Cristianismo; órfãs muito cedo, permaneceram juntas, dedicando-se, sem se casarem, a uma vida piedosa. Mantinham em casa vários livros da Sagrada Escritura, e pregavam o Evangelho.

 Nesta época, o imperador romano Dioclesiano, feroz perseguidor da Igreja, proibiu, além da pregação, a guarda de escritos cristãos. Estes deveriam ser entregues às autoridades para serem queimados, e seus donos teriam que sacrificar aos deuses pagãos ou morrer, em geral queimados junto com os escritos. Tendo sido denunciadas, as três irmãs foram perseguidas, Ágape e Quiônia sendo capturadas primeiro. Interrogadas, testemunharam sua Fé, afirmando que na literatura cristã haviam encontrado o caminho para a vida eterna; recusando as riquezas oferecidas para incensarem os falsos deuses, foram condenadas e queimadas vivas.

Irene conseguira fugir para as montanhas, mas, presa no dia do martírio das irmãs, foi interrogada pelo governador da Macedônia, Dulcério. Inicialmente, ele a condenou à humilhação de ser desnuda e levada para ser violada num prostíbulo, mas milagrosamente ninguém ousou tocá-la. De novo interrogada, desta vez pelo imperador, Irene não abjurou sua Fé e foi também queimada viva. As três irmãs sofreram o martírio por volta do ano 304, tendo sido registrado que não temeram as torturas ou a morte. Santa Ágape é padroeira da cidade de Milão, na Itália. 

Colaboração: José Duarte de Barros Filho


Reflexão:  É melhor ter a alma ardendo no fogo eterno do Espírito do que queimar a oportunidade que Deus nos dá, com a nossa vida, de evitarmos as chamas do inferno, mesmo que ao custo de transformamos em cinzas os desejos de bem-estar, refrigério, da carne. Estas três santas irmãs são prova cabal desta livre e sensata escolha, traduzida, providencial e não coincidentemente, nos seus nomes de origem grega: Irene significa “paz”, que só pode ser obtida na obediência e fidelidade à Fé; Ágape é o amor puro, desinteressado e genuíno, típico e exclusivo de Deus e dos Seus filhos (daí o nome ser usado também, na igreja primitiva, para mencionar o rito eucarístico. O termo indica algo mais do que o amor “Philia”, amizade profunda, e amor “Eros”, relativo somente ao aspecto de carinhos físicos); Quiônia, de Koinonia, é “comunhão”, no catolicismo uma referência evidente do amor verdadeiro que une Deus com os Homens e estes entre si, particularmente na Eucaristia. As três irmãs preservaram as almas e “a literatura cristã [onde] haviam encontrado o caminho para a vida eterna”: atualíssimo alerta de como o que buscamos na cultura, incluindo o lazer, pode ser uma via para a salvação, ou uma forma de idolatria aos deuses deste mundo, promovedores da morte. O que nós, católicos, buscamos para ler, ver e ouvir, nossas preferências e curiosidades de leituras, filmes, séries, músicas, vídeos…?

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terça-feira, 1 de abril de 2025

   BOM DIA EVANGELHO



02 DE ABRIL DE 2025 – QUARTA-FEIRA DA 4ª SEMANA DA QUARESMA

OraçãoPai Santo e eterno, que nos amais e desejais infinitamente na Vossa alegria, concedei-nos por intercessão de São Francisco de Paula viver a humildade que convence os maus do Bem, e não nos permite abusar do que é santo e sagrado – ocasiões, objetos, Vossa presença, também na Eucaristia e nos irmãos – de modo a não Vos ofender e a edificar as almas. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.

Evangelho (Jo 5, 17-30): 

Jesus, porém, deu-lhes esta resposta: «Meu Pai trabalha sempre, e eu também trabalho». Por isso, os judeus ainda mais procuravam matá-lo, pois, além de violar o sábado, chamava a Deus de Pai, fazendo-se assim igual a Deus.

Jesus então deu-lhes esta resposta: «Em verdade, em verdade, vos digo: o Filho não pode fazer nada por si mesmo; ele faz apenas o que vê o Pai fazer. O que o Pai faz, o Filho o faz igualmente. O Pai ama o Filho e lhe mostra tudo o que ele mesmo faz. E lhe mostrará obras maiores ainda, de modo que ficareis admirados. Assim como o Pai ressuscita os mortos e lhes dá a vida, o Filho também dá a vida a quem ele quer. Na verdade, o Pai não julga ninguém, mas deu ao Filho o poder de julgar, para que todos honrem o Filho assim como honram o Pai. Quem não honra o Filho, também não honra o Pai que o enviou. Em verdade, em verdade, vos digo: quem escuta a minha palavra e crê naquele que me enviou possui a vida eterna e não vai a julgamento, mas passou da morte para a vida.

»Em verdade, em verdade, vos digo: vem a hora, e é agora, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus e os que a ouvirem viverão. Pois assim como o Pai possui a vida em si mesmo, do mesmo modo concedeu ao Filho possuir a vida em si mesmo. Além disso, deu-lhe o poder de julgar, pois ele é o Filho do Homem. Não fiqueis admirados com isso, pois vem a hora em que todos os que estão nos túmulos ouvirão sua voz, e sairão. Aqueles que fizeram o bem ressuscitarão para a vida; e aqueles que praticaram o mal, para a condenação. Eu não posso fazer nada por mim mesmo. Julgo segundo o que eu escuto, e o meu julgamento é justo, porque procuro fazer não a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou».

«Em verdade, em verdade, vos digo: quem escuta a minha palavra e crê naquele que me enviou possui a vida eterna »

Rev. D. Francesc PERARNAU i Cañellas(Girona, Espanha)

Hoje, o Evangelho fala-nos da resposta de Jesus aos que viam mal que Ele tivesse curado um paralítico num Sábado. Jesus Cristo aproveita essas críticas para manifestar a Sua condição de Filho de Deus e, como tal, Senhor do Sábado. Essas palavras serão motivo de condenação, no dia do julgamento em casa de Caifás. Com efeito, quando Jesus se reconheceu como Filho de Deus, o grande sacerdote exclamou: «Blasfemou! Que necessidade temos, ainda, de testemunhas? Acabais de ouvir a blasfémia. Que vos parece?» (Mt 26,65).

Por muitas vezes, Jesus tinha feito referências ao Pai, mas sempre marcando uma distinção: a Paternidade de Deus é diferente, caso falemos de Cristo ou dos homens. E os judeus que o escutavam entendiam-no muito bem: não é Filho de Deus como os outros, mas a filiação que reclama para Si mesmo é uma filiação natural. Jesus afirma que a sua natureza e a natureza do Pai são iguais, apesar de serem pessoas distintas. Manifesta assim, dessa maneira, a sua divindade. Esse fragmento do Evangelho é muito interessante para a revelação do mistério da Santíssima Trindade.

Entre as coisas que hoje diz o Senhor, há algumas que fazem especial referência a todos aqueles que, ao longo da história, acreditaram Nele: escutar e crer em Jesus é ter já a vida eterna (cf. Jo 5,24). Certamente, não é ainda a vida definitiva, mas é já participar da sua promessa. Convém que o tenhamos bem presente, e que façamos o esforço de escutar a palavra de Jesus, como o que ela realmente é: a Palavra de Deus que salva. A leitura e a meditação do Evangelho devem fazer parte das nossas práticas religiosas habituais. Nas páginas reveladas, ouviremos as palavras de Jesus, palavras imortais que nos abrem as portas da vida eterna. Com efeito, como ensinava Santo Efrém, a Palavra de Deus é uma fonte inesgotável de vida.

Santo do dia: São Francisco de Paula

Francisco nasceu no ano de 1416 em Paola (Paula), hoje província de Cosenza, na Calábria, reino de Nápoles, Itália. Seus pais, simples e muito religiosos, haviam pedido a intercessão de São Francisco de Assis – ou para ter um filho, ou para a cura de um abscesso no olho, dependendo da fonte – e prometendo-o à Igreja (permanentemente ou não, dependendo da fonte); daí o seu nome. Desde pequeno, estimulado pelo cuidado dos pais, demonstrou amor pela oração, retiro e mortificação.

Entre os 11 e 15 anos, Francisco passou um ano no convento franciscano de São Marcos Argentano, em Cosenza. Mesmo não tendo feito profissão, seguia exemplarmente a regra de São Francisco, aumentando inclusive o seu rigor, tornando-se modelo para os frades. Depois deste tempo, pediu aos pais que o acompanhassem em várias peregrinações: Assis, Montecassino, Roma, Loreto e Monte Luco. Voltando a Paola, fez uma experiência eremítica numa gruta das montanhas próximas, e por cinco anos só se alimentou de frutas, ervas silvestres e água, dormindo no chão e usando uma pedra como travesseiro.

Com o tempo, foi sendo procurado para conselhos, e outros mais o seguiram no exemplo de vida, buscando abrigo nas proximidades. Assim, aos 19 anos, havia ao seu redor um grupo que seria o núcleo da futura Congregação dos Mínimos de São Francisco de Paula (Ordem dos Eremitas de São Francisco de Paula). Por volta de 1453, com a devida permissão episcopal, e com a ajuda de muitas pessoas (incluindo nobres que se voluntariavam como operários), construiu um mosteiro e uma igreja.

Consta que neste período fez muitos milagres, como a recuperação da saúde num caso de doença incurável. No mosteiro, estabeleceu uma normatização para os discípulos, mas para si mesmo não diminuiu as austeridades (só aceitou dormir numa esteira quando idoso; dormia o mínimo necessário, fazia apenas uma refeição por dia, geralmente pão e água, e especialmente nas vésperas das grandes festas litúrgicas, ficava dois dias sem comer). Em 1474, o Papa Sisto IV oficializou a nova Ordem, a Congregação Paulina dos Eremitas de São Francisco de Assis (o reconhecimento da Regra, com o nome atual da Ordem dos Mínimos, é de Alexandre VI, 1492-1503), fazendo de Francisco o superior geral, chamado de corregedor, e com a obrigação de se lembrar de servir a todos.

O lema era Charitas (Caridade), associada à austeridade pessoal e ao apostolado; na prática, devia-se viver a "Quaresma perpétua", ou seja, durante o ano todo, o mesmo rigor da penitência, jejum e oração do período quaresmal, mais a caridade para com todos. Francisco inclusive fez deste ponto, em relação ao jejum, um quarto voto, como reparação dos excessos dos católicos durante a Quaresma, e como exemplo catequético. Fundou ainda quatro novas casas, em Paterno, Spezza, na Sicília e em Corogliano.

Embora o religioso fosse amado e respeitado também pela nobreza em geral, Frederico, terceiro filho do rei de Nápoles e príncipe de Taranto, alegou que Francisco construíra mosteiros em seu território, sem consentimento – uma desculpa para perseguir o santo por conselhos que dera ao seu pai e irmãos. Enviou um capitão para prendê-lo em Paterno, mas o oficial, diante da humildade do frade, não teve coragem, e voltando ao príncipe convenceu-o a deixar Francisco livre.

A humildade de Francisco era notória, e também seus milagres e o dom da profecia, e por isso o Papa Paulo II enviou um emissário para verificar esta fama em 1467, que não só a confirmou como aderiu à comunidade. Tendo adoecido, o rei da França, Luís XI, pediu ao Papa que lhe enviasse Francisco; o rei se converteu e o nomeou diretor espiritual do filho, futuro rei Carlos VIII. Na França, Francisco fundou novos mosteiros. Em 1506, como a Congregação havia já se tornado cenobítica e não mais eremítica, foram fundadas a Ordem Terceira Secular e o ramo feminino, com as respectivas regras.

 Avisado milagrosamente da sua morte, preparou-se para ela passando três meses na cela, sem qualquer comunicação externa. Faleceu por causa de uma febre, com cerca de 90 anos, entre 1505 e 1508, em Tours, França. Seu corpo, ainda incorrupto em 1562, foi queimado por calvinistas. É o padroeiro da região da Calábria, na Itália, e da cidade de Pelotas, no Brasil.


Colaboração: José Duarte de Barros Filho


Reflexão:
 
Se a maioria de nós, católicos, não tem a vocação conventual de Quaresma Perpétua de São Francisco de Paula, devemos imitá-la ao menos em espírito, fugindo da índole mundana para o qual este santo foi uma resposta na época renascentista, e que atormenta igualmente os dias atuais. Imitemo-lo também nas suas devoções, que resumem os pontos principais e imutáveis da nossa Fé, sendo fontes necessárias para quem de fato quer progredir na vida católica: o Mistério da Santíssima Trindade, a Anunciação à Virgem (e consequente Encarnação do Verbo), a Paixão de Nosso Senhor, e os Santíssimos Nomes de Jesus e Maria. A meditação destas verdades nos leva ao sentido correto da vida e indica o que devemos nela fazer, em função do nosso fim último.


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