quinta-feira, 3 de abril de 2025

 BOM DIA EVANGELHO

04 DE ABRIL DE 2025 – SEXTA-FEIRA DA 4ª SEMANA DA QUARESMA

OraçãoDeus Uno e Trino, Pai e Filho unidos pelo Espírito Santo, que nos quereis participantes integrais desta Divina Família, concedei-nos pela intercessão de Santo Isidoro, irmão consanguíneo de santos, a graça de vivermos de acordo com os conhecimentos que nos dais, de modo a formarmos desde já a verdadeira fraternidade no Vosso Sangue presente no vinho consagrado. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.

Evangelho (Jo 7, 1-2.10.14.25-30): 

Depois disso, Jesus percorria a Galileia; não queria andar pela Judeia, porque os judeus procuravam matá-lo. Estava próxima a festa dos judeus, chamada das Tendas. Depois que seus irmãos subiram para a festa, Jesus subiu também, não publicamente, mas em segredo.

Lá pelo meio da festa, Jesus subiu ao templo e começou a ensinar. Alguns de Jerusalém diziam: «Não é este a quem procuram matar? Olha, ele fala publicamente e ninguém lhe diz nada. Será que os chefes reconheceram que realmente ele é o Cristo? Mas este, nós sabemos de onde é. O Cristo, quando vier, ninguém saberá de onde é». Enquanto, pois, ensinava no templo, Jesus exclamou: «Sim, vós me conheceis, e sabeis de onde eu sou. Ora, eu não vim por conta própria; aquele que me enviou é verdadeiro, mas vós não o conheceis. Eu o conheço, porque venho dele e foi ele quem me enviou!». Eles procuravam, então, prendê-lo, mas ninguém lhe pôs as mãos, porque ainda não tinha chegado a sua hora.

«Ninguém lhe deitou as mãos, porque ainda não era chegada a sua hora»

Fr. Matthew J. ALBRIGHT(Andover, Ohio, Estados Unidos)

Hoje, o Evangelho permite-nos contemplar a confusão que surgiu quanto à identidade e missão de Jesus Cristo. Quando nos pomos cara a cara com Jesus, há mal-entendidos e conjecturas acerca de quem Ele é, como se cumprem n’Ele, ou não, as profecias do Antigo Testamento e sobre o que Ele fará. As suposições e os preconceitos conduzem à frustração e à ira. Isto sempre foi assim: a confusão à volta de Cristo e dos ensinamentos da Igreja desperta sempre controvérsia e divisões religiosas. O rebanho dispersa-se se as ovelhas não reconhecem o seu pastor!

As pessoas dizem: «Este nós sabemos de onde vem. Do Cristo, porém, quando vier, ninguém saberá de onde seja» (Jo 7,27), e concluem que Jesus não pode ser o Messias porque Ele não corresponde à imagem de “Messias” em que tinham sido instruídos. Por outro lado, sabem que os Príncipes dos Sacerdotes O querem matar, mas ao mesmo tempo vêem que Ele se movimenta livremente sem ser preso. De modo que se perguntam se talvez as autoridades «terão reconhecido verdadeiramente que este é o Cristo» (Jo 7,26).

Jesus atalha a confusão identificando-se a si próprio como o enviado por Ele que é “verdadeiro” (cf. Jo 7,28). Cristo tem consciência da situação, tal como João a retrata, e ninguém lhe deita a mão porque ainda não tinha chegado a hora de revelar plenamente a sua identidade e missão. Jesus desafia as expectativas ao mostrar-se, não como um líder conquistador para derrotar a opressão romana, mas como o “Servo Sofredor” de Isaías.

O Papa Francisco escreveu: «A alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira dos que se encontram com Jesus». É urgente que ajudemos os outros a irem mais além das suposições e dos preconceitos sobre quem é Jesus e o que é a Igreja, e ao mesmo tempo facilitar-lhes o encontro com Jesus. Quando uma pessoa consegue saber quem é realmente Jesus, então abundam a alegria e a paz.

Santo do dia: Santo Isidoro de Sevilha

Isidoro nasceu em Sevilha, Espanha, no ano de 560, seus pais sendo católicos de origem nobre entre os godos de Cartagena. Quarto e último dos irmãos, todos santos (Santos Leandro e Fulgêncio e Santa Florentina); Leandro, arcebispo de Sevilha, cuidou dele após a morte prematura dos pais.

Nesta época a Espanha sofria ainda com as consequências das invasões ao final do antigo Império Romano, e tais hordas conquistadoras, crendo que Roma havia caído militarmente por causa da cultura, esforçavam-se para destruir os livros. São Leandro, responsável pela conversão do rei Recaredo, havia construído dois mosteiros, um masculino, onde foi abade, e outro feminino, onde Santa Florentina foi abadessa.

Nos mosteiros, além da formação na Fé, preservava-se da extinção a cultura greco-romana, e no mosteiro Isidoro aprendeu igualmente aritmética, gramática, geometria, música, retórica, dialética, astronomia, Latim, Grego, Hebraico. Contudo, inicialmente tinha imensas dificuldades para aprender; mas certo dia, evitando o colégio, sentou-se próximo a um poço de dura pedra, onde notou ranhuras profundas na borda, e descobriu que haviam sido feitas pelas cordas que, diariamente e por muito tempo, faziam subir os recipientes com água. Entendeu assim o valor da perseverança, e voltando às aulas, aplicou-se nos estudos, vindo a se tornar o maior Doutor da Igreja na Espanha: dizia-se dele ter a penetração de Platão, o conhecimento enciclopédico de Aristóteles, a erudição de Orígenes, a doutrina de Santo Agostinho, e a eloquência de Cícero.

Escreveu muito, fazendo principalmente um imenso trabalho de compilação e ordenação, sendo sua obra mais conhecida (e considerada a primeira enciclopédia da História) os 20 volumes das “Etimologias”, incluindo todos os ramos da ciência e conhecimento do seu tempo: I. Gramática; II. Retórica e Dialética; III. Matemática, Música e Astronomia; IV. Medicina; V. Direito e Cronologia; VI. Bíblia e outros livros; VII. Teologia; VIII. A Igreja e as seitas; IX. Línguas e Povos; X. Lexicologia; XI. Anatomia; XII. Zoologia; XIII. Geografia; XIV. Geografia; XV. Arquitetura e agrimensura; XVI. Mineralogia; XVII. Agricultura; XVIII. Guerra e torneios; XIX. Navios e casas; XX. Alimentos e ferramentas. Além de salvar desse modo a cultura antiga, escreveu também sobre Filosofia, História, controvérsias, exegese, comentários bíblicos, linguística, Direito Canônico; uma regra de vida monástica; Ofícios Divinos.

Isidoro, como o irmão Leandro, entrou para a vida monástica, e foi ordenado sacerdote em 589. Quando são Leandro deixou a abadia, proclamado Arcebispo de Sevilha e logo depois conselheiro do rei Recaredo, o jovem mas maduro Isidoro ficou no seu lugar. E grande foi o seu trabalho, pois a disciplina monacal estava abalada pelas falsas vocações (muitos tomavam os votos só pelo prestígio de religiosos), e por muitos que desleixavam a necessária convivência comunitária. Escreveu então a Regula Monachorum e, pelo exemplo de humildade, oração, trabalho, abnegação, iniciou a reforma de costumes para tornar o próprio mosteiro referência para a vida religiosa da Península Ibérica. Sua Regra, uma das primeiras que abolia castigos corporais, unia trabalho manual e intelectual, com incentivo à leitura e meditação, e cópias de obras clássicas para distribuição em outros mosteiros. Frisava que o estudo faz parte das obrigações do religioso. Instituiu normas de caridade entre os irmãos; prescreveu o hábito religioso pobre e modesto, mas não miserável, “para não produzir tristeza no coração, nem ser motivo de soberba”.

Como professor, destacou-se na célebre Escola de Sevilha que dirigia, onde se formaram São Bráulio (ao qual dedicou as “Etimologias”) e Santo Ildefonso, além de nobres, como os reis Sisenando e Sisebuto (ao qual dedicou o livro “De Natura Rerum”).

Ao falecer São Leandro, por volta de 600, Isidoro, com 43 anos, foi aclamado Arcebispo em seu lugar. Zelou então pela esmerada formação espiritual, intelectual e de comportamento do clero, fundando núcleos escolares nas casas religiosas, precursores dos seminários atuais. Igualmente ou mais, cuidou do esplendor da Liturgia, chegando a compor hinos para a música sacra que introduziu nos atos litúrgicos. Unificou as rubricas litúrgicas no reino e criou a Collectio Canonum Ecclesiæ Hispanæ, uma compilação completa de decretais e cânones conciliares, que regeu a Igreja espanhola até a reforma gregoriana. Suas pregações atraíam multidões de fiéis. Convocou e presidiu o II Concílio de Sevilha (619) e o IV Concílio de Toledo (633). Em nenhum momento Isidoro, apesar da sua gigantesca atividade, deixou em segundo plano a oração, as mortificações e penitências, e a caridade, de modo que em sua casa sempre compareciam pobres e necessitados. Continuou combatendo, como São Leandro, a heresia ariana.

Sisebuto, seu ex-aluno, foi coroado rei em 612 e muito ajudou Isidoro a consolidar os direitos da Igreja. Mas quando necessário, o santo não hesitava em chamar-lhe atenção, se se imiscuía nos assuntos eclesiásticos.

Seus esforços frutificaram, seu exemplo levou muitos à leitura e ao estudo, e à busca da santidade. Influenciou enormemente a cultura espanhola e europeia, como homem mais culto do século, ao longo de quase 40 anos de maravilhosa ortodoxia episcopal.

 Faleceu em sua cela a 4 de abril de 636, aos 76 anos. Declarado Doutor da Igreja, é, junto com São Leandro, o último dos Padres da Igreja (expoentes da Patrística) latinos. Santo Isidoro e seus irmãos ficaram conhecidos como os Quatro Santos de Cartágena. Foi considerado por São João Paulo II um dos padroeiros da internet, em razão da sua prolífica obra de divulgação.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:  A vida de Santo Isidoro se destaca não apenas pelo seu conhecimento enciclopédico, mas também pela sua sabedoria espiritual, muito mais importante, pela qual levou vida íntegra e caridosa. Por isso cuidou tão bem da educação e formação, especialmente do clero, através do qual deve ordinariamente chegar aos fiéis, pelo bom exemplo, a Fé, a Verdade, e suas manifestações práticas no amor ao próximo e na cultura dos povos. Assim destacou tanto o valor do esplendor litúrgico, belo mas sóbrio, tão maltratado na atualidade, como destacou a necessidade do estudo como obrigação para os que vão evangelizar, e igualmente deu atenção às vestimentas, nem escandalosas nem miseráveis e feias, que denigrem a natureza humana de imagem e semelhança de Deus nos modismos modernos. Sua regra monástica previa (como a de São Bento) o equilíbrio entre trabalho intelectual e manual, o que podemos traduzir no nosso dia a dia como oração e ação (o Ora et Labora beneditino); leituras religiosas seguidas de meditação, para concretizar praticamente o amor ao próximo em qualquer atividade. Mas talvez o maior legado que Santo Isidoro nos tenha deixado é a de entender que, pela perseverança no conhecimento – de Deus – somos capazes de marcar, na dura pedra das nossas almas, os canais pelos quais a santidade da nossa particular água batismal deve transbordar, do fundo poço de Vida Eterna que Cristo nos oferece pela Sua Paixão.

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quarta-feira, 2 de abril de 2025

  BOM DIA EVANGELHO

03 DE ABRIL DE 2025 – QUINTA-FEIRA DA 4ª SEMANA DA QUARESMA

OraçãoSenhor Deus, que concedestes às Santas Irene, Ágape e Quiônia a plena fraternidade com Vosso Filho, na vivência coerente com o significado dos seus nomes, dai-nos pelo intermédio delas a mesma coragem de antes morrer que adorarmos as coisas mundanas, de modo a preservarmos o registro dos nossos nomes que, em Vossa infinita bondade, desde sempre escrevestes no Livro da Vida, o Paraíso Celeste. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.

Evangelho (Jo 5, 31-47): 

«Se eu dou testemunho de mim mesmo, o meu testemunho não é verdadeiro. Um outro é quem dá testemunho de mim, e eu sei que o testemunho que ele dá de mim é verdadeiro. Vós mandastes perguntar a João, e ele deu testemunho da verdade. Ora, eu não recebo testemunho da parte de um ser humano, mas digo isso para a vossa salvação. João era a lâmpada que iluminava com sua chama ardente, e vós gostastes, por um tempo, de alegrar-vos com a sua luz. Mas eu tenho um testemunho maior que o de João: as obras que o Pai me concedeu realizar. As obras que eu faço dão testemunho de mim, pois mostram que o Pai me enviou. Sim, o Pai que me enviou dá testemunho a meu favor. Mas vós nunca ouvistes a sua voz, nem vistes a sua face, e não tendes a sua palavra morando em vós, pois não acreditais naquele que ele enviou.

»Examinais as Escrituras, pensando ter nelas a vida eterna, e são elas que dão testemunho de mim. Vós, porém, não quereis vir a mim para terdes a vida! Eu não recebo glória que venha dos homens. Pelo contrário, eu vos conheço: não tendes em vós o amor de Deus.

»Eu vim em nome do meu Pai, e vós não me recebeis. Mas, se um outro viesse em seu próprio nome, a esse receberíeis. Como podereis acreditar, vós que recebeis glória uns dos outros e não buscais a glória que vem do Deus único? Não penseis que eu vos acusarei diante do Pai. Há alguém que vos acusa: Moisés, no qual colocais a vossa esperança. Se acreditásseis em Moisés, também acreditaríeis em mim, pois foi a meu respeito que ele escreveu. Mas, se não acreditais nos seus escritos, como podereis crer nas minhas palavras?».

«Se eu dou testemunho de mim mesmo, o meu testemunho não é verdadeiro»

Rev. D. Miquel MASATS i Roca(Girona, Espanha)

Hoje, o Evangelho ensina-nos como Jesus enfrenta a seguinte objeção: segundo a lei em Dt 19,15, para que um testemunho tivesse valor, era necessário que fosse corroborado por duas ou três testemunhas. Jesus alega a seu favor o testemunho de São João Batista, o testemunho do Pai —que se manifesta nos milagres operados por Ele— e, finalmente, o testemunho das Escrituras.

Jesus Cristo repreende os que O escutam, denunciando três impedimentos ao Seu reconhecimento como o Messias Filho de Deus: a falta de amor a Deus; a ausência de reta intenção —buscam só a gloria humana— e a interpretação interesseira das Escrituras.

O Santo Padre João Paulo II escreveu-nos: «À contemplação do rosto de Cristo, só se pode chegar escutando no Espírito a voz do Pai, ninguém conhece o Filho, senão o Pai, e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar. (cf. Mt 11,27). Assim, portanto, é necessária a revelação do Altíssimo. Mas, para acolhê-la, é indispensável colocar-se em atitude de escuta».

Portanto há que ter em conta que, para confessar Jesus Cristo como verdadeiro Filho de Deus, não bastam as provas externas que nos sejam propostas; é muito importante a retidão da vontade, ou seja, as boas disposições.

Neste tempo de Quaresma, intensificando as obras de penitência que facilitam a renovação interior, melhoremos as nossas disposições para contemplar o verdadeiro rosto de Cristo. Por isso, São Josemaria diz-nos: «Esse Cristo, que tu vês, não é Jesus. —Será, contudo, a triste imagem que os teus olhos turvos podem formar...—Purifica-te. Torna claro o teu olhar, com a humildade e com a penitência. Então... não te faltarão as luzes limpas do Amor. E terás uma visão perfeita. A tua imagem será então, realmente, a Sua: Ele!»

Santo do dia: Santas Irene, Quiônia e Ágape


Irene, Quiônia e Ágape, irmãs, nasceram no final do século III, aparentemente em Tessalônica da Grécia, mas residiam próximo a Aquiléia, cidade do norte da Itália. De família pagã, haviam se convertido ao Cristianismo; órfãs muito cedo, permaneceram juntas, dedicando-se, sem se casarem, a uma vida piedosa. Mantinham em casa vários livros da Sagrada Escritura, e pregavam o Evangelho.

 Nesta época, o imperador romano Dioclesiano, feroz perseguidor da Igreja, proibiu, além da pregação, a guarda de escritos cristãos. Estes deveriam ser entregues às autoridades para serem queimados, e seus donos teriam que sacrificar aos deuses pagãos ou morrer, em geral queimados junto com os escritos. Tendo sido denunciadas, as três irmãs foram perseguidas, Ágape e Quiônia sendo capturadas primeiro. Interrogadas, testemunharam sua Fé, afirmando que na literatura cristã haviam encontrado o caminho para a vida eterna; recusando as riquezas oferecidas para incensarem os falsos deuses, foram condenadas e queimadas vivas.

Irene conseguira fugir para as montanhas, mas, presa no dia do martírio das irmãs, foi interrogada pelo governador da Macedônia, Dulcério. Inicialmente, ele a condenou à humilhação de ser desnuda e levada para ser violada num prostíbulo, mas milagrosamente ninguém ousou tocá-la. De novo interrogada, desta vez pelo imperador, Irene não abjurou sua Fé e foi também queimada viva. As três irmãs sofreram o martírio por volta do ano 304, tendo sido registrado que não temeram as torturas ou a morte. Santa Ágape é padroeira da cidade de Milão, na Itália. 

Colaboração: José Duarte de Barros Filho


Reflexão:  É melhor ter a alma ardendo no fogo eterno do Espírito do que queimar a oportunidade que Deus nos dá, com a nossa vida, de evitarmos as chamas do inferno, mesmo que ao custo de transformamos em cinzas os desejos de bem-estar, refrigério, da carne. Estas três santas irmãs são prova cabal desta livre e sensata escolha, traduzida, providencial e não coincidentemente, nos seus nomes de origem grega: Irene significa “paz”, que só pode ser obtida na obediência e fidelidade à Fé; Ágape é o amor puro, desinteressado e genuíno, típico e exclusivo de Deus e dos Seus filhos (daí o nome ser usado também, na igreja primitiva, para mencionar o rito eucarístico. O termo indica algo mais do que o amor “Philia”, amizade profunda, e amor “Eros”, relativo somente ao aspecto de carinhos físicos); Quiônia, de Koinonia, é “comunhão”, no catolicismo uma referência evidente do amor verdadeiro que une Deus com os Homens e estes entre si, particularmente na Eucaristia. As três irmãs preservaram as almas e “a literatura cristã [onde] haviam encontrado o caminho para a vida eterna”: atualíssimo alerta de como o que buscamos na cultura, incluindo o lazer, pode ser uma via para a salvação, ou uma forma de idolatria aos deuses deste mundo, promovedores da morte. O que nós, católicos, buscamos para ler, ver e ouvir, nossas preferências e curiosidades de leituras, filmes, séries, músicas, vídeos…?

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terça-feira, 1 de abril de 2025

   BOM DIA EVANGELHO



02 DE ABRIL DE 2025 – QUARTA-FEIRA DA 4ª SEMANA DA QUARESMA

OraçãoPai Santo e eterno, que nos amais e desejais infinitamente na Vossa alegria, concedei-nos por intercessão de São Francisco de Paula viver a humildade que convence os maus do Bem, e não nos permite abusar do que é santo e sagrado – ocasiões, objetos, Vossa presença, também na Eucaristia e nos irmãos – de modo a não Vos ofender e a edificar as almas. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.

Evangelho (Jo 5, 17-30): 

Jesus, porém, deu-lhes esta resposta: «Meu Pai trabalha sempre, e eu também trabalho». Por isso, os judeus ainda mais procuravam matá-lo, pois, além de violar o sábado, chamava a Deus de Pai, fazendo-se assim igual a Deus.

Jesus então deu-lhes esta resposta: «Em verdade, em verdade, vos digo: o Filho não pode fazer nada por si mesmo; ele faz apenas o que vê o Pai fazer. O que o Pai faz, o Filho o faz igualmente. O Pai ama o Filho e lhe mostra tudo o que ele mesmo faz. E lhe mostrará obras maiores ainda, de modo que ficareis admirados. Assim como o Pai ressuscita os mortos e lhes dá a vida, o Filho também dá a vida a quem ele quer. Na verdade, o Pai não julga ninguém, mas deu ao Filho o poder de julgar, para que todos honrem o Filho assim como honram o Pai. Quem não honra o Filho, também não honra o Pai que o enviou. Em verdade, em verdade, vos digo: quem escuta a minha palavra e crê naquele que me enviou possui a vida eterna e não vai a julgamento, mas passou da morte para a vida.

»Em verdade, em verdade, vos digo: vem a hora, e é agora, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus e os que a ouvirem viverão. Pois assim como o Pai possui a vida em si mesmo, do mesmo modo concedeu ao Filho possuir a vida em si mesmo. Além disso, deu-lhe o poder de julgar, pois ele é o Filho do Homem. Não fiqueis admirados com isso, pois vem a hora em que todos os que estão nos túmulos ouvirão sua voz, e sairão. Aqueles que fizeram o bem ressuscitarão para a vida; e aqueles que praticaram o mal, para a condenação. Eu não posso fazer nada por mim mesmo. Julgo segundo o que eu escuto, e o meu julgamento é justo, porque procuro fazer não a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou».

«Em verdade, em verdade, vos digo: quem escuta a minha palavra e crê naquele que me enviou possui a vida eterna »

Rev. D. Francesc PERARNAU i Cañellas(Girona, Espanha)

Hoje, o Evangelho fala-nos da resposta de Jesus aos que viam mal que Ele tivesse curado um paralítico num Sábado. Jesus Cristo aproveita essas críticas para manifestar a Sua condição de Filho de Deus e, como tal, Senhor do Sábado. Essas palavras serão motivo de condenação, no dia do julgamento em casa de Caifás. Com efeito, quando Jesus se reconheceu como Filho de Deus, o grande sacerdote exclamou: «Blasfemou! Que necessidade temos, ainda, de testemunhas? Acabais de ouvir a blasfémia. Que vos parece?» (Mt 26,65).

Por muitas vezes, Jesus tinha feito referências ao Pai, mas sempre marcando uma distinção: a Paternidade de Deus é diferente, caso falemos de Cristo ou dos homens. E os judeus que o escutavam entendiam-no muito bem: não é Filho de Deus como os outros, mas a filiação que reclama para Si mesmo é uma filiação natural. Jesus afirma que a sua natureza e a natureza do Pai são iguais, apesar de serem pessoas distintas. Manifesta assim, dessa maneira, a sua divindade. Esse fragmento do Evangelho é muito interessante para a revelação do mistério da Santíssima Trindade.

Entre as coisas que hoje diz o Senhor, há algumas que fazem especial referência a todos aqueles que, ao longo da história, acreditaram Nele: escutar e crer em Jesus é ter já a vida eterna (cf. Jo 5,24). Certamente, não é ainda a vida definitiva, mas é já participar da sua promessa. Convém que o tenhamos bem presente, e que façamos o esforço de escutar a palavra de Jesus, como o que ela realmente é: a Palavra de Deus que salva. A leitura e a meditação do Evangelho devem fazer parte das nossas práticas religiosas habituais. Nas páginas reveladas, ouviremos as palavras de Jesus, palavras imortais que nos abrem as portas da vida eterna. Com efeito, como ensinava Santo Efrém, a Palavra de Deus é uma fonte inesgotável de vida.

Santo do dia: São Francisco de Paula

Francisco nasceu no ano de 1416 em Paola (Paula), hoje província de Cosenza, na Calábria, reino de Nápoles, Itália. Seus pais, simples e muito religiosos, haviam pedido a intercessão de São Francisco de Assis – ou para ter um filho, ou para a cura de um abscesso no olho, dependendo da fonte – e prometendo-o à Igreja (permanentemente ou não, dependendo da fonte); daí o seu nome. Desde pequeno, estimulado pelo cuidado dos pais, demonstrou amor pela oração, retiro e mortificação.

Entre os 11 e 15 anos, Francisco passou um ano no convento franciscano de São Marcos Argentano, em Cosenza. Mesmo não tendo feito profissão, seguia exemplarmente a regra de São Francisco, aumentando inclusive o seu rigor, tornando-se modelo para os frades. Depois deste tempo, pediu aos pais que o acompanhassem em várias peregrinações: Assis, Montecassino, Roma, Loreto e Monte Luco. Voltando a Paola, fez uma experiência eremítica numa gruta das montanhas próximas, e por cinco anos só se alimentou de frutas, ervas silvestres e água, dormindo no chão e usando uma pedra como travesseiro.

Com o tempo, foi sendo procurado para conselhos, e outros mais o seguiram no exemplo de vida, buscando abrigo nas proximidades. Assim, aos 19 anos, havia ao seu redor um grupo que seria o núcleo da futura Congregação dos Mínimos de São Francisco de Paula (Ordem dos Eremitas de São Francisco de Paula). Por volta de 1453, com a devida permissão episcopal, e com a ajuda de muitas pessoas (incluindo nobres que se voluntariavam como operários), construiu um mosteiro e uma igreja.

Consta que neste período fez muitos milagres, como a recuperação da saúde num caso de doença incurável. No mosteiro, estabeleceu uma normatização para os discípulos, mas para si mesmo não diminuiu as austeridades (só aceitou dormir numa esteira quando idoso; dormia o mínimo necessário, fazia apenas uma refeição por dia, geralmente pão e água, e especialmente nas vésperas das grandes festas litúrgicas, ficava dois dias sem comer). Em 1474, o Papa Sisto IV oficializou a nova Ordem, a Congregação Paulina dos Eremitas de São Francisco de Assis (o reconhecimento da Regra, com o nome atual da Ordem dos Mínimos, é de Alexandre VI, 1492-1503), fazendo de Francisco o superior geral, chamado de corregedor, e com a obrigação de se lembrar de servir a todos.

O lema era Charitas (Caridade), associada à austeridade pessoal e ao apostolado; na prática, devia-se viver a "Quaresma perpétua", ou seja, durante o ano todo, o mesmo rigor da penitência, jejum e oração do período quaresmal, mais a caridade para com todos. Francisco inclusive fez deste ponto, em relação ao jejum, um quarto voto, como reparação dos excessos dos católicos durante a Quaresma, e como exemplo catequético. Fundou ainda quatro novas casas, em Paterno, Spezza, na Sicília e em Corogliano.

Embora o religioso fosse amado e respeitado também pela nobreza em geral, Frederico, terceiro filho do rei de Nápoles e príncipe de Taranto, alegou que Francisco construíra mosteiros em seu território, sem consentimento – uma desculpa para perseguir o santo por conselhos que dera ao seu pai e irmãos. Enviou um capitão para prendê-lo em Paterno, mas o oficial, diante da humildade do frade, não teve coragem, e voltando ao príncipe convenceu-o a deixar Francisco livre.

A humildade de Francisco era notória, e também seus milagres e o dom da profecia, e por isso o Papa Paulo II enviou um emissário para verificar esta fama em 1467, que não só a confirmou como aderiu à comunidade. Tendo adoecido, o rei da França, Luís XI, pediu ao Papa que lhe enviasse Francisco; o rei se converteu e o nomeou diretor espiritual do filho, futuro rei Carlos VIII. Na França, Francisco fundou novos mosteiros. Em 1506, como a Congregação havia já se tornado cenobítica e não mais eremítica, foram fundadas a Ordem Terceira Secular e o ramo feminino, com as respectivas regras.

 Avisado milagrosamente da sua morte, preparou-se para ela passando três meses na cela, sem qualquer comunicação externa. Faleceu por causa de uma febre, com cerca de 90 anos, entre 1505 e 1508, em Tours, França. Seu corpo, ainda incorrupto em 1562, foi queimado por calvinistas. É o padroeiro da região da Calábria, na Itália, e da cidade de Pelotas, no Brasil.


Colaboração: José Duarte de Barros Filho


Reflexão:
 
Se a maioria de nós, católicos, não tem a vocação conventual de Quaresma Perpétua de São Francisco de Paula, devemos imitá-la ao menos em espírito, fugindo da índole mundana para o qual este santo foi uma resposta na época renascentista, e que atormenta igualmente os dias atuais. Imitemo-lo também nas suas devoções, que resumem os pontos principais e imutáveis da nossa Fé, sendo fontes necessárias para quem de fato quer progredir na vida católica: o Mistério da Santíssima Trindade, a Anunciação à Virgem (e consequente Encarnação do Verbo), a Paixão de Nosso Senhor, e os Santíssimos Nomes de Jesus e Maria. A meditação destas verdades nos leva ao sentido correto da vida e indica o que devemos nela fazer, em função do nosso fim último.


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  BOM DIA EVANGELHO


01 DE ABRIL DE 2025 – TERÇA-FEIRA DA 4ª SEMANA DA QUARESMA

OraçãoSenhor Deus, que sempre estais disposto a dialogar conosco pela oração, concedei-nos por intercessão de São Hugo de Grenoble a graça de favorecer estes momentos de íntima e frequente comunhão Convosco, na humildade e sinceridade de coração, e sempre lembrar do apoio devido às Ordens contemplativas, colunas que sustentam este mundo obtendo Vossas benesses e impedindo maiores desgraças, por sua vida de entrega orante. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora, nossos maiores exemplos de como devemos rezar. Amém.

Evangelho (Jo 5, 1-3.5-16): 

Depois disso, houve uma festa dos judeus, e Jesus subiu a Jerusalém. Ora, existe em Jerusalém, perto da Porta das Ovelhas, uma piscina com cinco pórticos, chamada Bezata em hebraico. Muitos doentes, cegos, coxos e paralíticos ficavam ali deitados. Encontrava-se ali um homem enfermo havia trinta e oito anos. Jesus o viu ali deitado e, sabendo que estava assim desde muito tempo, perguntou-lhe: «Queres ficar curado?» O enfermo respondeu: «Senhor, não tenho ninguém que me leve à piscina, quando a água se movimenta. Quando estou chegando, outro entra na minha frente». Jesus lhe disse: «Levanta-te, pega a tua maca e anda».

No mesmo instante, o homem ficou curado, pegou sua maca e começou a andar. Aquele dia, porém, era um sábado. Por isso, os judeus disseram ao homem que tinha sido curado: «É sábado. Não te é permitido carregar a tua maca”. Ele respondeu: “Aquele que me curou disse: ‘Pega tua maca e anda!’» Então lhe perguntaram: «Quem é que te disse: ‘Pega a tua maca e anda’?» O homem que tinha sido curado não sabia quem era, pois Jesus se afastara da multidão que se tinha ajuntado ali. Mais tarde, Jesus encontrou o homem no templo e lhe disse: «Olha, estás curado. Não peques mais, para que não te aconteça coisa pior». O homem saiu e contou aos judeus que tinha sido Jesus quem o havia curado. Por isso, os judeus começaram a perseguir Jesus, porque fazia tais coisas em dia de sábado.

«Jesus o viu e, perguntou-lhe: Queres ficar curado?»

Rev. D. Àngel CALDAS i Bosch(Salt, Girona, Espanha)

Hoje, São João nos fala da cena da piscina de Betsaida. Parecia, mais uma sala de espera de um hospital: «Muitos doentes ficavam aí deitados: eram cegos, coxos e paralíticos, esperando que a água se movesse» (Jo 5,3). Jesus se deixou cair por ali.

É curioso! Jesus sempre está no meio dos problemas. Ali onde há algo para “libertar”, para fazer feliz às pessoas, ali está Ele. Os fariseus, ao contrário, só pensavam em se era sábado. Sua má fé matava o espírito. A má baba do pecado gotejava de seus olhos. No há pior surdo que o que aquele não quer entender.

O protagonista do milagre levava trinta e oito anos de invalidez. «Jesus viu o homem deitado e ficou sabendo que estava doente havia muito tempo. Então lhe perguntou: «Você quer ficar curado?» (Jo 5,6), disse-lhe Jesus. Fazia tempo que lutava em vão porque não havia encontrado a Jesus. Finalmente, havia encontrado ao Homem. Os cinco pórticos da piscina de Betsaida retumbaram quando se ouviu a voz do Mestre: «Jesus disse: ‘Levante-se, pegue sua cama e ande’» (Jo 5,8). Foi questão de um instante.

A voz de Cristo é a voz de Deus. Tudo era novo naquele velho paralítico, gastado pelo desânimo. Mais tarde, São João Crisóstomo dirá que na piscina de Betsaida se curavam os enfermos do corpo, e no Batismo se restabeleciam os da alma; lá, era de quando em quando e para um só enfermo. No Batismo é sempre e para todos. Em ambos os casos se manifesta o poder de Deus através da água.

O paralítico impotente na beira da água, não te faz pensar na experiência da própria impotência para fazer o bem? Como pretendemos resolver, sozinhos, aquilo que tem um alcance sobrenatural? Não vês cada dia, ao teu redor, uma constelação de paralíticos que se “movem” muito, mas que são incapazes de separar-se de sua falta de liberdade? O pecado paralisa, envelhece, mata. Devemos pôr os olhos em Jesus. É necessário que Ele —sua graça— nos submerja nas águas da oração, da confissão, da abertura de espírito. Eu e você podemos ser paralíticos eternos, ou portadores e instrumentos de luz.

Santo do dia: São Hugo de Grenoble

Hugo, nascido em Châteauneuf-sur-Isère, no sudeste da França em 1053, era filho de um nobre, soldado da corte. Foi educado na Fé pela mãe, demonstrando, muito jovem, piedade e facilidade para assuntos teológicos.

Ainda como leigo, foi feito cônego de Valence, e em seguida trabalhou como secretário do arcebispo de Lyon. Este o levou para o Concílio de Avignon em 1080, onde foi indicado para o bispado de Grenoble; quis recusar por humildade, mas, obedecendo, foi ordenado sacerdote pelo legado papal, e bispo pelo Papa Gregório VII, em Roma, aos 28 anos.

A extensa e populosa sé de Grenoble, antiga, entre a Itália e a França, e possuidora de uma grande e importante biblioteca com muitos códigos e antigos manuscritos, estava muito mal ordenada, há tempos sem pastor. Havia problemas como a indisciplina do clero, incluindo sacerdotes que desrespeitavam o celibato, e simonia (cargos eclesiásticos obtidos por compra); leigos que se apoderavam de bens da Igreja, e outros patrimônios depredados; dívidas com empregados da diocese; e falta de catequese para o povo.

Hugo trabalhou para estabelecer a reforma gregoriana (relativa a Gregório VII, medidas para restaurar a independência da Igreja frente às interferências laicas dos Estados e moralizar o clero), e de fato conseguiu resultados. Mas diante das fortes resistências, quis renunciar ao bispado entrando para o mosteiro beneditino de Cluny, por dois anos. Contudo o Papa o restituiu; Hugo apresentou sua renúncia cinco vezes, a cinco Papas, mas permaneceu no bispado de 1080 a 1132, 52 anos. Ao longo deste período, por meio de muito tempo em oração, e visitando todas as paróquias, obteve a reestruturação de toda a diocese. Seus sermões alcançaram várias conversões.

Importantíssima foi a sua acolhida a São Bruno e seus seis companheiros, a quem cedeu um terreno (Chartreuse) em local isolado, alpino e rochoso, para fundar o primeiro mosteiro da Ordem dos Cartuxos. O bispo também fundou uma ordem independente, Monastère de Chalais (mas atualmente assumida por freiras dominicanas).

Hugo deixou uma importante obra sobre a história da Igreja de Grenoble. Já idoso, pouco antes da sua morte, perdeu a memória, exceto a dos Salmos e do Pai Nosso: nos seus últimos dias ficou repetindo estas orações. Faleceu em 1º de abril de 1132, com 80 anos, em Grenoble.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho     

Reflexão: O que nunca devemos esquecer, como São Hugo, é das orações… este é o caminho pelo qual, perseverantes, alcançamos o necessário para esta e para a vida infinita que virá (“Quanto mais importunas e perseverantes as nossas orações, mais agradáveis a Deus.” - São Jerônimo). Também como ele, devemos ter a “inteligência”, o “tino” (significados de “Hugo”), do zelo pela evangelização e vida ordenada, começando pelo exemplo pessoal.


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