Oração: Ó
Deus, que desde o princípio dispusestes para o ser humano a felicidade na vida
familiar, baseada no amor fiel e na geração e cuidado aos filhos; e que
quisestes Se encarnar numa família e ter, também Vós, uma Mãe, dai-nos na Vossa
infinita misericórdia e por intercessão de Santa Ângela de Mérici a conversão
das mentalidades, para que os povos responsavelmente sigam Vossa vontade quanto
ao Sacramento do matrimônio, os governos defendam as famílias no molde
católico, e as sociedades, principalmente as mulheres, zelem pelos bons
costumes e pelo amparo à maternidade. Pela Sagrada Família, Jesus, Maria e
José. Amém.
Evangelho (Mc 3,22-30):
Os escribas vindos
de Jerusalém diziam que ele estava possuído por Beelzebu e expulsava os
demônios pelo poder do chefe dos demônios. Jesus os chamou e falou-lhes em
parábolas: «Como pode Satanás expulsar Satanás? Se um reino se divide
internamente, ele não consegue manter-se. Se uma família se divide
internamente, ela não consegue manter-se. Assim também, se Satanás se levanta
contra si mesmo e se divide, ele não consegue manter-se, mas se acaba. Além
disso, ninguém pode entrar na casa de um homem forte para saquear seus bens,
sem antes amarrá-lo; só depois poderá saquear a sua casa. Em verdade, vos digo:
tudo será perdoado às pessoas, tanto os pecados como as blasfêmias que tiverem
proferido. Aquele, porém, que blasfemar contra o Espírito Santo nunca será
perdoado; será réu de um ‘pecado eterno’». Isso, porque diziam: «Ele tem um
espírito impuro».
«Aquele, porém, que blasfemar contra o Espírito Santo nunca será
perdoado» (Rev.
D. Vicenç GUINOT i Gómez(Sant Feliu de Llobregat, Espanha)
Hoje, ao ler o Evangelho
do dia, você não deixa o seu espanto – “alucina”, como se diz na linguagem da
rua —. «Os escribas vindos de Jerusalém» vêem a compaixão de Jesus pelas
pessoas e o seu poder que atua em favor dos oprimidos, e — apesar de tudo—dizem-lhe
que «estava possuído por Beelzebu» e «expulsava os demônios pelo poder do chefe
dos demônios» (Mc 3, 22). Realmente é uma surpresa ver até onde podem chegar a
cegueira e a malícia humanas, neste caso de uns letrados. Têm diante da bondade
em pessoa, Jesus, o humilde de coração, o único Inocente e não aprendem. Eles
deviam ser os entendidos, os que conhecem as coisas de Deus para ajudar o povo,
e afinal não só não o reconhecem como o acusam de diabólico.
Com este panorama era caso para dar meia volta e dizer: «Ficai aí!». Mas o
Senhor sofre com paciência esse juízo temerário sobre a sua pessoa. Como
afirmou são João Paulo II, Ele «é um testemunho insuperável de amor paciente de
humildade e mansidão». A sua condescendência sem limites leva-o, inclusive, a
tratar de remover os seus corações argumentando-lhes com parábolas e
considerações da razão. Até que, no final, adverte com a sua autoridade divina
que esse fechar de coração, que é rebeldia diante do Espírito Santo ficará sem
perdão (cf Mc 3,29). E não porque Deus não queira perdoar, mas porque para ser
perdoado, primeiro, cada um tem que reconhecer o seu pecado.
Como anunciou o Mestre, é longa a lista de discípulos que sofreram a
incompreensão, quando agiam com toda a boa intenção. Pensemos, por exemplo, em
Santa Teresa de Jesus quando tentava levar à mais alta perfeição as suas irmãs.
Não estranhemos, por tanto, se no nosso caminhar aparecerem essas contradições.
Serão indício de que vamos no bom caminho. Rezemos por essas pessoas e peçamos
ao Senhor que nos dê resistência.
Ângela nasceu em 1474 na cidade de Desenzano, Itália, numa família pobre de bens e riquíssima de espiritualidade. Desde a infância desejava a vida religiosa, gostando de ler sobre a vida dos padres do deserto e imitar, como podia, as suas duras penitências. Cedo ficou órfã de pai e mãe, e foi morar, junto com sua irmã menor, na casa de um tio. Porém estes dois faleceram também. Dedicou-se então, já na plena juventude, a desenvolver o projeto de educar as meninas e as jovens, particularmente às mais expostas aos perigos morais. Acompanhada de outras jovens, visitava as prisões e hospitais, e cuidava dos pobres e abandonados. Impressionada com a decadência dos costumes familiares, uma trágica consequência do espírito pagão da Renascença, focou seus esforços na educação das moças, das quais dependia largamente a saúde moral das famílias. Para isso criou a comunidade das Servas de Santa Úrsula – em homenagem a esta mártir que com suas companheiras morreu por defender sua religião e castidade. Queria assim formar as futuras mães de acordo com a doutrina da Igreja. A característica da instituição, inovadora para a época, era a forma maleável, adaptável às circunstâncias de tempo e lugar, com apenas um mínimo de vida comum. Para fortificar-se espiritualmente nesta missão, Ângela, no ínicio da sua obra, peregrinou à Terra Santa. Na viagem, adoeceu e perdeu a vista, de modo que nada pôde enxergar do lugar, a não ser pela fé. Na volta, o navio, providencialmente, perdeu o rumo e atracou na ilha de Cândia – Creta – onde havia próximo ao porto um santuário, e nele um crucifixo milagroso. Ângela foi até lá e rezou pedindo a Deus a cura, e foi imediatamente atendida. Em agradecimento, ela fez uma outra peregrinação, a Roma, no jubileu de 1525, onde o Papa Clemente VII a recebeu e abençoou sua obra. Em 27 de janeiro de 1540, aos 75 anos, Ângela faleceu, e no seu túmulo foram constatados muitos milagres. Sua obra continuou e, em 1903, as várias comunidades se reuniram numa federação, mantendo a proposta inicial de educar a juventude feminina, especialmente as futuras mães de família, conservar os bons costumes, e dar assistência aos pobres e enfermos.(Colaboração: José Duarte de Barros Filho)
Reflexão: Quão atual é a necessidade
da obra de Santa Ângela! Sem dúvida um dos pilares da sociedade bem estruturada
é a família, e nesta a posição e função da mulher como mãe é fundamental e
indispensável. A cultura atual contudo só promove a ideia de que a mulher não
tem mais nenhuma responsabilidade como mãe, ao contrário deve viver de forma
independente do marido e da família, ou nem sequer deve ter uma família
organizada, além de priorizar um pretenso direito à “liberdade sexual” – em
termos simples, mera e baixa promiscuidade – que inclui aberrações sexuais e a
“opção” de matar o próprio filho através do aborto. Nestas condições, não é
preciso grande esforço para perceber que nenhum projeto social pode ser bem
sucedido; uma casa construída sobre a areia será facilmente derrubada (Mt
7,26-27), e seus moradores perecerão. As graças evidentes que Deus proporcionou
à obra de Santa Ângela são um claro aviso de qual caminho é o certo.
TJL
– A12.COM – EVANGELI.NET – EVANGELHOQUOTIDIANO.ORG – VATICANNEWS.VA
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