Oração Eucarística: Dar graças.. doar a vida... eis nossa
vocação e nossa salvação!
Maria de Lourdes Zavarez
Esta é a resposta que damos, em diálogo com quem preside,
no início da Oração Eucarística. É o anúncio de tudo o que faremos a seguir,
começando com o prefácio. Na fé do Ressuscitado, presente no meio de nós, com
nosso coração orientado para o alto, damos graças ao Senhor nosso Deus!
O convite é dirigido a cada pessoa presente para unir-se de coração à ação de
graças que a comunidade, corpo do Senhor, animada pelo Espírito vai fazer
carinhosa e publicamente a Deus Pai, com Jesus.
É nossa vocação
fundamental dar graças, reconhecendo que toda nossa vida é DOM, é GRAÇA, é
presente gratuito de Deus, sempre fiel à aliança e, reconhecendo ao mesmo tempo,
nossa constante infidelidade.
É nossa salvação fazer desta vida um dom,
uma doação generosa aos irmãos, amando até o fim como fez Jesus.
Dar
graças, entregando a vida com Cristo ao Pai. É o que realizamos na grande e
solene prece de aliança que é a Oração Eucarística, enraizada nas bênçãos
judaicas, particularmente nas bênçãos de alimentos.
Toda refeição
judaica e, em particular a ceia pascal, começa sempre por uma ação de graças,
uma bênção (bendição), seguida de súplica para que Deus continue sendo pródigo
com seu povo.
Dar graças e bendizer são dois verbos sinônimos que
guardam o mesmo significado e indicam o que os judeus chamam (no hebraico) a
berâkâh e que o Novo Testamento chama de Eucaristia: no grego: eucharistein (eu
= bom, bem; charis = graça, dom, favor) quer dizer “quanto é belo, quanto é bom
o presente que ofereces!”.
Em que consiste esta ação de graças que é toda
a Oração Eucarística?
Consiste em, juntos lembrar, agradecer, adorando
ao Pai pelas maravilhas que fez por nós na pessoa de Jesus, seu Filho amado,
principalmente pelo mistério de sua morte e ressurreição. Confiados nesta ação
maravilhosa do Senhor, suplicamos que o Pai envie seu Espírito para
transubstanciar o pão e o vinho no corpo sacramental de Jesus e transformar a
nós, comungantes, no corpo eclesial do Ressuscitado.
Jesus na última
Ceia tomou em suas mãos o pão e o vinho e deu graças primeiro. Depois
entregou-os para serem comidos e bebidoe. Esta seqüência nos apresenta um dado
importante da espiritualidade judaica, calcada na Aliança, que foi assumida por
Jesus e pelas comunidades cristãs. Bendizer e depois comer. Agradecemos e depois
comungamos. O pão que comemos e o vinho que bebemos é o pão e o cálice da
Bênção, da ação de graças. (cf. 1Cor 10,16-18).
Por ser pouco
compreendida, a Oração Eucarística é feita, muitas vezes, com pressa, sem
convicção, sem alegria, não suscita gratidão... Por isso, ainda é comum,
pessoas acharem que o momento mais apropriado de agradecer a Deus na Missa é só
após a comunhão.
A Oração Eucarística mais que oração é uma grande AÇÃO
litúrgica.
Ela tem uma estrutura com os seguintes elementos: o diálogo
inicial entre quem preside e a assembléia: O Senhor esteja convosco...Corações
ao alto... Demos graças ao Senhor nosso Deus. O prefácio, apresentando os
motivos da ação de graças, terminando com o canto do “Santo...”A epíclese
(invocação do Espírito Santo) sobre o pão e o vinho). Narrativa da instituição.
Anamnese (memorial) e ablação(oferta)A epíclese ( invocação do Espírito Santo )
sobre a comunidade. As intercessões a Doxologia e o Amém final.
A
Oração eucarística deve ser entendida e vivida espiritualmente como um todo. Seu
núcleo central é a ação de graças dirigida em adoração ao Pai e não a presença
real de Cristo na Eucaristia.
O ponto alto, síntese desta ação de
graças, é o momento da elevação do pão e do vinho, no final da oração
eucarística, durante a doxologia (palavra de louvor) final: Por Cristo, com
Cristo, em Cristo, a vós, Deus Pai todo-poderoso, na unidade do Espírito Santo,
toda honra e toda glória, agora e para sempre. Amém!
A ação de graças,
que é toda a Oração Eucarística, é proclamada pelo presidente da mesa, que fala
em nome de todos como acontece em nossas festas quando queremos homenagear
alguém: um faz o discurso em nome de todos. A assembléia participa atentamente e
intervém com as aclamações: o “Santo...”, o “ Eis o mistério da fé...”, as
outras aclamações e o Amém final, que merece ser feito ou cantado com exultação.
Este Amém é o “sim “da aliança, a assinatura do povo sacerdotal à prece de
louvor e à oferenda pascal que se concluí.
Vale lembrar que temos no
Brasil, quatorze textos diferentes de Orações eucarísticas, disponíveis para a
escolha das comunidades.
“É claro que só temos a ganhar com as orações
eucarísticas e aclamações cantadas, em linguagem poética e musical própria da
cultura da comunidade celebrante. Orações eucarísticas resmungadas ou recitadas
às pressas jamais conseguirão expressar ou suscitar a nossa gratidão para com o
Pai. Que sejam pelo menos proclamadas com convicção e alegria.” (Ione
Buyst)
Ser eucarísticos, dar graças, fazer de nossa vida um dom a Deus e
aos irmãos é nossa vocação... nosso dever... nosso prazer... é nossa salvação,
passamos da morte para a vida!
Perguntas para reflexão pessoal e em
grupos: 1-Em que consiste a Oração Eucarística dentro do rito
eucarístico?
2-Quando se dá o verdadeiro ofertório na missa?
3-Qual é a
participação da assembléia na Oração eucarística?
4- Fazer um estudo das
partes da Oração Eucarística, pegando como referência a Oração Eucarística 5,
cujo texto foi elaborado no Brasil.
5-O que fazer para que a Oração
Eucarística seja compreendida e vivida por toda a assembléia, como parte central
do rito eucarístico?
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