Oração: Ó Pai de misericórdia, que
conheceis as nossas limitações e desejais o nosso bem, concedei-nos, por
intercessão de São João da Cruz, a coragem e perseverança de alegremente
aceitar as dificuldades que nos permitis viver, como caminho certo de salvação.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Santa Maria, Vossa e nossa Mãe.
Amém.
Evangelho
segundo São Mateus 11,11-15.
Naquele tempo, disse Jesus à multidão: «Em verdade
vos digo que, entre os nascidos de mulher, não apareceu ninguém maior do que
João Batista. Mas o mais pequeno no Reino dos Céus é maior do que ele.
Desde os dias de João Batista até agora, o Reino dos Céus sofre violência e são
os violentos que se apoderam dele.
Porque todos os profetas e a Lei profetizaram até João.
É ele, se quiserdes compreender, o Elias que estava para vir.
Quem tem ouvidos, oiça». - Tradução litúrgica da
Bíblia
Homilia
atribuída a São Macário (?-390) - monge do Egipto
Fazer violência a si próprio
para se tornar morada do Senhor
Quem quiser aproximar-se do
Senhor, ser digno da vida eterna, tornar-se morada de Cristo, ser cheio do
Espírito Santo para dar os frutos desse Espírito [...] deve acreditar
firmemente no Senhor e entregar-se sem reservas aos seus mandamentos. [...]
Deve obrigar-se a ser humilde perante os homens [...], como o Senhor recomenda:
«Aprendei de Mim, que sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso
para as vossas almas» (Mt 11,29). Do mesmo modo, deve esforçar-se por ser
habitualmente misericordioso, suave, compassivo e bondoso, como o Senhor também
ordena: «Sede misericordiosos tal como o vosso Pai celeste é misericordioso»
(Lc 6,36; Mt 5,48); e ainda: «se me amardes, guardareis os meus mandamentos»
(Jo 14,15); «o Reino dos Céus sofre de violência, e os violentos apoderam-se
dele»; e «esforçai-vos por entrar pela porta estreita» (Lc 13,24). Em tudo,
deve inspirar-se na humildade, no comportamento, na mansidão e no modo de viver
do Senhor. [...]
PRESBÍTERO, REFORMADOR, DOUTOR DA IGREJA, +1591
Juan de Yepes nasceu em Ávila, Espanha, em 1542. Com a morte do pai, a mãe mudou para Medina, onde Juan trabalhava num hospital de dia e estudava gramática a noite. Aos 21 anos entrou na Ordem Carmelita, adotando o nome de João da Cruz, e logo demonstrou vocação para vida austera e penitencial. Foi estudar teologia na Universidade de Salamanca, e nos tempos livres visitava doentes nos hospitais, servindo-os como enfermeiro. Sacerdote aos 25 anos, e insatisfeito com a (in)disciplina nos mosteiros carmelitas, cogitou fazer-se trapista. Conheceu então Santa Teresa de Ávila, que o convenceu a, com ela, reformar o Carmelo. Esta reforma implicava na oposição dos muitos que se sentiam desconfortáveis com uma vida mais fiel ao espírito original da Ordem, e por isso ele sofreu perseguições e calúnias, chegando a ficar encarcerado nove meses na prisão de um dos conventos que se opunham à reforma. Conseguiu fugir e continuar a sua obra. Pedia insistentemente a Deus três coisas: primeiro, dar-lhe forças para trabalhar e sofrer muito; segundo, não deixá-lo sair deste mundo como superior de uma Ordem ou comunidade; e terceiro, que o deixasse morrer desprezado e humilhado pelos homens, e em tudo foi atendido. Através das penitências e sofrimentos, João chegou a um altíssimo grau de santidade, que incluiu êxtases e visões. Profundamente contemplativo, deixou obras essenciais de temas ascéticos e místicos, de valor perene e que lhe conferiram o título de Doutor da Igreja. Mas sua poesia lírica é também uma das mais expressivas da literatura espanhola. Faleceu após penosa doença, em 14 de dezembro de 1591, com apenas 49 anos de idade, na Espanha, após novas incompreensões e calúnias – foi exonerado de todos os cargos na comunidade, passando os seus últimos meses no abandono e na solidão. = Colaboração: José Duarte de Barros Filho
Reflexão: São João da Cruz é uma daquelas raras vocações que, pela via
voluntária de enormes sofrimentos, procura identificar-se com Cristo na Sua
dolorosa Paixão, e por consequência atinge igualmente raros níveis de
santidade. Para a maior parte dos fiéis, Deus pede apenas a boa vontade de
aceitar os sofrimentos mais correntes desta vida, que sim incluem também
doenças, injustiças, dificuldades, mas em graus muito mais brandos. E, na
verdade, mesmo isso já nos é muito difícil. Sejamos humildes na compreensão da nossa
pequenez, para não ofendermos a Deus pretendendo ser mais do que somos, e ao
mesmo tempo agradeçamos pela Sua proteção e Providência, que nunca permitem
sejamos expostos ao que não podemos suportar; e esta humildade, se pura e
sincera, nos alcançará santidade tão grande como a dos maiores canonizados,
pois não é propriamente no peso específico da nossa cruz que está o valor para
Deus, mas sim no amor com que o carregamos.
TJL – EVANGELHOQUOTIDIANO.ORG
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