Oração:
Deus Pai, que buscais a nossa
companhia com infinito amor, concedei-nos por São Pedro Damião o desejo sincero
de estar sempre Convosco, e a partir desta convivência não poupar esforços para
servir à Igreja, Vosso mesmo Corpo Místico, em tudo o que for necessário,
começando pelo empenho da busca da nossa própria santidade. Por Nosso Senhor
Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.
Evangelho (Lc 11,29-32):
E, ajuntando-se a multidão, começou a dizer:
«Maligna é esta geração; ela pede um sinal; e não lhe será dado outro sinal,
senão o sinal do profeta Jonas; Porquanto, assim como Jonas foi sinal para os
ninivitas, assim o Filho do homem o será também para esta geração. A rainha do
sul se levantará no juízo com os homens desta geração, e os condenará; pois até
dos confins da terra veio ouvir a sabedoria de Salomão; e eis aqui está quem é
maior do que Salomão. Os homens de Nínive se levantarão no juízo com esta
geração, e a condenarão; pois se converteram com a pregação de Jonas; e eis
aqui está quem é maior do que Jonas».
«Assim como Jonas foi sinal para os ninivitas, assim o Filho do homem o será também para esta geração» - Fr. Roger J. LANDRY(Hyannis, Massachusetts, Estados Unidos)
Hoje, Jesus
nos diz que o sinal que dará à “geração malvada”, de fato, assim como Jonas foi
um sinal para os ninivitas, assim também será o Filho do Homem para esta
geração (cf. Lc 11,30). Da mesma maneira que Jonas deixou que o lançasse pela
margem para acalmar a tempestade que ameaçava com afundá-los — e, assim, salvar
a vida da tripulação—, do mesmo modo que Jesus permitiu que o lançassem pela
margem para acalmar as tempestades do pecado que põem em perigo nossas vidas.
E, de igual forma que Jonas passou três dias no ventre da baleia antes que esta
o vomitara são e salvo a terra, assim Jesus passaria três dias no seio da terra
antes de abandonar a tumba (cf. Mt 12,40).
O sinal que Jesus dará aos “malvados” de cada geração é sua morte e
ressurreição. Sua morte, aceita livremente, é o sinal do incrível amor de Deus
por nós: Jesus deu sua vida para salvar a nossa. E sua ressurreição de entre os
mortos é o sinal de seu divino poder. Trata-se do sinal mais poderoso e
comovedor jamais dado.
Mas, Jesus é também a sinal de Jonas em outro sentido. Jonas foi um ícone e um
meio de conversação. Quando em sua prédicas «Jonas entrou na cidade e começou a
percorrê-la, caminhando um dia inteiro. Ele dizia: «Dentro de quarenta dias,
Nínive será destruída!» (Jon 3,4) adverte aos ninivitas pagãos, estes se
convertem, pois todos eles — desde o rei até as crianças e animais— se cobrem
com serapilheira e cinzas. No dia do julgamento, os homens da cidade de Nínive
ficarão de pé contra esta geração. Porque eles fizeram penitência quando
ouviram Jonas pregar. E aqui está quem é maior do que Jonas.” (cf. Lc 11,32)
predicando a conversão a todos nós: Ele o próprio Jesus. Portanto, nossa
conversão deveria ser igualmente exaustiva.
«Pois Jonas era um servente», escreve São João Crisóstomo na pessoa de Jesus
Cristo, «mas eu sou o Mestre; e ele foi jogado pela baleia, mas eu ressuscitei
dos mortos; e ele proclamava a destruição, mas vim a predicar a Boas Novas e o
Reino».
Na semana passada, na quarta-feira de Cinza, nos cobrimos com cinza, e cada um
escutou as palavras da primeira homilia de Jesus cristo, «O tempo já se
cumpriu, e o Reino de Deus está próximo. Convertam-se e acreditem na Boa
Notícia» (cf. Mc 1,15). A pergunta que devemos fazer-nos é: — Respondido já com
uma profunda conversão como a dos ninivitas e abraçado aquele Evangelho?
Pedro nasceu em Ravena, Itália, por volta de 1007, e era o último de sete filhos. Sofreu muito na infância, com a orfandade e maus tratos de alguns irmãos. Finalmente sob os cuidados do irmão primogênito, Damião, arcipreste em Ravena, recebeu cuidados e condições de estudar. Como agradecimento, Pedro acrescentou o nome do irmão ao seu. Aos 21 anos, entrou para a Congregação dos Camaldulenses, fundada por São Romualdo. Buscou a vida de contemplação e solidão no convento de Fonte Avellana, nos confins da Úmbria. Em breve tornou-se diretor espiritual daquele grupo de eremitas, e sua fama difundiu-se rapidamente, sendo convidado como docente de Teologia e Direito Canônico em outros mosteiros. Em 1043 foi nomeado prior de Fonte Avellana, cargo que ocupou até o fim da vida. Além do espírito contemplativo, Pedro também era muito rigoroso na ascese pessoal, e modificou para maior severidade a disciplina do clero e de mosteiros, muitos fundados por ele e seguindo com certas variações a reforma camaldulense. É um dos grandes reformadores da vida monástica do século XI, junto a São Nilo, São Romualdo, etc. Desejava devolver o sentido da consagração total a Deus na vida religiosa, pela austeridade na solidão e penitência. Mas a partir de 1046 a fama da sua santidade, sua cultura e prestígio na Itália e no Império chamaram a atenção de mais altas autoridades eclesiásticas, até que em 1057 foi feito Bispo e Cardeal de Óstia, próximo a Roma, e administrador da diocese de Gubio. O Papa Estêvão IX queria a sua ajuda para reformar o clero, pois na época a Igreja sofria com dois grandes males: a simonia, ou seja, a compra de cargos eclesiásticos com dinheiro ou favores temporais, um abuso imoral, que também colocava a hierarquia da Igreja sob o controle e arbítrio de pessoas sem qualquer vocação, espírito, competência, obediência ou escrúpulo religioso; e o nicolismo, quer dizer, a inobservância do celibato. Efetivamente, São Pedro Damião auxiliou sete Papas, de Gregório VI (1045-1046) a Gregório VII (1073-1085), atuando através de vários escritos, como Legado Papal em delicadas missões, e como Bispo e Cardeal. Em todo este período combateu a simonia e o nicolismo; bispos corruptos; dois antipapas (Bento X que se opôs ao Papa Nicolau II e Honório II que se opôs ao Papa Alexandre II); a prepotência do arcebispo local sobre os monges da famosa abadia beneditina de Cluny na França; impediu o divórcio do rei Henrique IV do Sacro Império Romano-Germânico da sua virtuosa esposa Berta; combateu as investiduras (nomeação de bispos e abades), ilegais, do imperador Henrique IV da Alemanha; e reconciliou a população excomungada de Ravena, por ter apoiado o antipapa Honório II. Além destes trabalhos, escreveu muitas obras, incluindo vários tratados (67 sobreviveram), cartas, sermões, preces, hinos e textos litúrgicos, pelo que foi proclamado Doutor da Igreja. Voltando da sua missão de reconciliação em Ravena, Pedro adoeceu perto de Faenza, e faleceu no mosteiro beneditino de Santa Maria em 21 de fevereiro de 1072.(Colaboração: José Duarte de Barros Filho)
Reflexão: A atividade de São Pedro Damião é impressionante, particularmente para
quem tinha um espírito contemplativo e buscava preferencialmente a solidão. Mas
uma parte da sua grandeza é justamente, por obediência, ter sabido abrir mão
das suas preferências pessoais para servir à necessária reforma de que a Igreja
carecia na época. Entre várias das suas missões, quando era possível, voltava
ao convento de Fonte Avellana, e sem dúvida, nestas ocasiões, podia alimentar a
alma com o silêncio e a meditação. Exemplo de que, por maiores e mais intensas
que sejam nossas obrigações, só as podemos realizar bem buscando sempre o tempo
necessário para estar na intimidade com Deus através da oração. Ação sem
contemplação leva ao ativismo raso, que breve sofre as consequências da falta
de direção a Deus, e tende necessariamente a se esvaziar de sentido e conteúdo,
desvirtuando-se e levando ao cansaço, frustração e confusão. Nos piores casos,
acaba afastando de Deus.
TJL – A12.COM -EVANGELI.NET – ACIDIGITAL.COM
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