Oração: Senhor Deus, perfeito e imutável, concedei-nos por intercessão de São
Leandro a coragem e estabilidade na Fé, para lutar contra as heresias do nosso
tempo, isto é, todas as ideias mundanizantes na área religiosa, cultural,
ideológica, política, econômica, morrendo para o pecado e os respeitos humanos,
incluindo, se for o caso, os familiares, para sermos fiéis ao nosso Credo e
imitarmos Jesus na Sua humanidade, e assim Dele recebermos também a comunhão
com a Divindade. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora.
Amém.
Evangelho (Mt 23,1-12):
Depois,
Jesus falou às multidões e aos discípulos: «Os escribas e os fariseus
sentaram-se no lugar de Moisés para ensinar. Portanto, tudo o que eles vos
disserem, fazei e observai, mas não imiteis suas ações! Pois eles falam e não
praticam. Amarram fardos pesados e insuportáveis e os põem nos ombros dos
outros, mas eles mesmos não querem movê-los, nem sequer com um dedo. Fazem
todas as suas ações só para serem vistos pelos outros, usam faixas bem largas
com trechos da Lei e põem no manto franjas bem longas. Gostam do lugar de honra
nos banquetes e dos primeiros assentos nas sinagogas, de serem cumprimentados
nas praças públicas e de serem chamados de ‘Rabi’.
»Quanto a vós, não vos façais chamar de ‘Rabi’, pois um só é vosso Mestre e
todos vós sóis irmãos. Não chameis a ninguém na terra de ‘pai’, pois um só é
vosso Pai, aquele que está nos céus. Não deixeis que vos chamem de ‘guia’, pois
um só é o vosso Guia, o Cristo. Pelo contrário, o maior dentre vós deve ser
aquele que vos serve. Quem se exaltar será humilhado, e quem se humilhar será
exaltado».
«Um só é vosso Mestre; um só é vosso Pai; um só é o vosso Guia» - Pbro. Gerardo GÓMEZ(Merlo, Buenos Aires, Argentina)
Hoje, mais
do que nunca, devemos trabalhar pela nossa salvação pessoal e comunitária, como
diz São Paulo, com respeito e seriedade, já que «É agora o momento favorável, é
agora o dia da salvação» (2Cor 6,2). O tempo quaresmal é uma oportunidade
sagrada dada pelo nosso Pai para que, numa atitude de profunda conversão,
revitalizemos nossos valores pessoais, reconheçamos nossos erros e nos
arrependamos de nossos pecados, de maneira que nossa vida se transforme —pela
ação do Espírito Santo— numa vida mais plena e madura.
Para adequar nossa conduta à do Senhor Jesus é fundamental um gesto de
humildade, como diz o Papa Bento XVI: «Reconheço-me por aquilo que sou, uma
criatura frágil, feita de terra e destinada à terra, mas também feita à imagem
de Deus e destinada a Ele».
Na época de Jesus, havia muitos “modelos" que oravam e agiam para serem
vistos, para serem reverenciados: pura fantasia, personagens de papelão, que
não podiam estimular o crescimento e a madurez dos seus vizinhos. Suas atitudes
e condutas não mostravam o caminho que conduz a Deus; «Portanto, tudo o que
eles vos disserem, fazei e observai, mas não imiteis suas ações! Pois eles
falam e não praticam» (Mt 23,3).
A sociedade atual também nos apresenta uma infinidade de modelos de conduta que
abocam a uma existência vertiginosa, aloucada, debilitando o sentido de
transcendência. Não deixemos que esses falsos referentes nos façam perder de
vista o verdadeiro Mestre: «Um só é vosso Mestre; (...) um só é vosso Pai;
(...) um só é o vosso Guia: Cristo» (Mt 23,8.9.10).
Aproveitemos a quaresma para fortalecer nossas convicções como discípulo de
Jesus Cristo. Procuremos ter momentos sagrados de “deserto”, onde nos reencontremos
com nós mesmos e, com o verdadeiro modelo e mestre. E diante às situações
concretas nas que muitas vezes não sabemos como reagir poderíamos nos
perguntar: Que diria Jesus? Como agiria Jesus?
Leandro, irmão dos santos Fulgêncio e Isidoro, bispos, e Florentina, abadessa, nasceu em Cartagena, Espanha, por volta de 520. A sua família, distinta na posição social e na espiritualidade, o formou no Catolicismo, e jovem fez-se monge no primeiro mosteiro beneditino da Espanha. Nos séculos V e VI o país, por 170 anos, foi dominado pelo arianismo. Esta heresia, que não reconhecia a divindade de Cristo, veio com os bárbaros que venceram o Império Romano do Ocidente, e que não eram mais pagãos, pois um bispo ariano chamado Ulfilas havia pregado este erro entre várias tribos germânicas, incluindo os visigodos que chegaram à Espanha (e outros povos fizeram o mesmo nos diversos países europeus, de modo que o arianismo afetou toda a Europa, e também o Oriente). Em Sevilha reinava o rei ariano Leovigildo, que se opôs ao apostolado de Leandro, feito bispo provavelmente em 579. Leandro havia criado uma escola na qual se ensinavam as artes conhecidas daquele tempo, mas também a catequese, e entre os alunos estavam Hermenegildo e Recaredo, filhos do rei. Muitos pagãos e arianos, incluindo Hermenegildo, se converteram ao Catolicismo; por isso o rei, em 584, iniciou uma guerra civil contra este seu filho mais velho e natural sucessor, acabando por condená-lo à morte. Hermenegildo não renegou a fé e tornou-se mártir. São Leandro foi forçado ao exílio pela perseguição do rei, indo a Constantinopla pedir auxílio ao imperador; lá ficou amigo do futuro Papa São Gregório Magno. Ali escreveu livros contra o arianismo, defendendo a ortodoxia católica. O desterro terminou em 586. Voltando à Sevilha, continuou no seu zelo missionário, e afinal o rei, arrependido, e reconhecendo que é necessária a coerência entre a Fé e a vida prática, antes de morrer pediu ao santo a educação católica dos filhos. O seu filho Recaredo, convertido e novo rei, atraiu muitos súditos para a Igreja, e aconselhado por Leandro convocou o Concílio III de Toledo; este e o Concílio de Sevilha, também com a influência de Leandro, finalmente levaram a Espanha visigótica a abjurar do arianismo, em todas as suas formas (pois foram várias as sutilezas que esta heresia assumiu). Outras muitas atividades de São Leandro foram a regra monástica que escreveu para a irmã, o impulso para a fundação de mosteiros, o estabelecimento de paróquias, junto com uma vida de oração, penitência e jejum. Acrescentou o Credo Niceno-Constantinopolitano à Liturgia espanhola, onde fica clara a negação ao arianismo, na afirmação da verdadeira divindade e humanidade de Cristo. Já idoso, Leandro sofreu muitas enfermidades, principalmente a gota. Faleceu por volta do ano 600 aos 80 anos, sucedido no bispado pelo irmão Santo Isidoro. Ficou conhecido como o “Apóstolo dos Godos”.(Colaboração: José Duarte de Barros Filho)
Reflexão:
O nome Leandro significa “força
do Leão”, e, de acordo com isto, este santo batalhou com a força do Leão da
tribo de Judá, isto é, o Cristo. Isto implica em dizer que ele em tudo se
empenhou pela causa da Igreja, porém consciente de que é necessário para isto a
ajuda sobrenatural de Deus, conseguida pela mediação de Maria – nenhum ser
humano consegue sucesso apostólico apenas com seus próprios esforços. E o
apostolado, tanto a nível pessoal quanto social, é indispensável para que se
possa viver com menos erros e mais paz, uma condição essencial para que Cristo
reine na Terra, a partir dos corações. O primeiro campo de apostolado é o
próprio coração: a partir desta conversão, pode-se ter verdadeiramente a
conversão das comunidades. Uma situação prática disto é justamente o legado de
São Leandro, pois quando Recaredo, por ele convertido, assumiu o trono,
auxiliou na obra do santo bispo, com proveito para toda a nação espanhola, um
admirável exemplo de colaboração entre a Igreja e o Estado. Para estas condições
devemos igualmente trabalhar também nós, os católicos de hoje, de modo que,
levando uma coerente vida de Fé no dia-a-dia, emprego, família, lazer,
dificuldades e sucessos, contribuamos para a santidade das nossas almas e
consequentemente da sociedade.
TJL – A12.COM -EVANGELI.NET –
ACIDIGITAL.COM
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