Padre José de Anchieta, o Apóstolo do Brasil
Em terras brasileiras, Anchieta não só trabalhou como catequista, mas também tornou-se dramaturgo, poeta, gramático e linguista. Vale ressaltar que o jesuíta foi o autor da primeira gramática brasileira, A Arte da Gramática da Língua Mais Usada na Costa do Brasil. Nessa obra, o religioso descreveu e sistematizou o tupi, língua que ele passou a dominar em menos de um ano vivendo no país.
A pé ou de barco, o jesuíta viajou pelo país, inaugurando missões, com aulas de catequese, gramática e conhecimentos gerais. Em janeiro de 1554, participou da missa de inauguração do Colégio de São Paulo de Piratininga, hoje o Pateo do Collegio, local que deu origem à cidade de São Paulo.
Entre as características marcantes da atuação de Anchieta estão a disseminação dos preceitos cristãos utilizando particularidades locais, como missas ao ritmo de tambores e aulas ao ar livre, e, assim como os demais jesuítas, a oposição ferrenha aos abusos cometidos pelos colonizadores portugueses contra os indígenas.
Em 1563, com o apoio dos francesses, a tribo dos Tamoios rebelou-se contra a colonização portuguesa. Anchieta e Pe. Manuel da Nóbrega, chefe da primeira missão jesuíta no Brasil, viajaram à aldeia de Iperoig (atual cidade de Ubatuba, litoral norte de São Paulo) visando conter a revolta. Anchieta ofereceu-se como refém, enquanto Manuel da Nóbrega partiu para negociar a paz. Durante o cativeiro, o jesuíta sofreu a tentação da quebra da castidade, uma vez que era costume entre os índios oferecer mulheres aos prisioneiros antes de sua morte. Anchieta fez, então, uma promessa a Nossa Senhora: dedicaria o mais belo poema em sua homenagem se conseguisse sair casto do cativeiro, que durou cinco meses. Com versos escritos na areia, ele deu vida ao ‘Poema à Virgem’.
Em 1566, aos 32 anos de idade, Anchieta foi ordenado sacerdote. Três anos depois, fundou o povoado de Reritiba, atual Anchieta, no Espírito Santo. E, em 1577, foi nomeado Provincial da Companhia de Jesus no Brasil, função que exerceu até 1585, sendo substituído a seu pedido. Em 1595, Anchieta retirou-se para Reritiba, onde permaneceu até seu falecimento, aos 63 anos de idade, em 9 de junho de 1597.
A canonização de Anchieta ocorrerá 417 anos depois de sua morte. No relatório final dos postuladores sobre a vida do jesuíta, um documento de 488 páginas, há o registro de 5.350 histórias de pessoas que alcançaram graças rezando a Anchieta.
Nenhum comentário:
Postar um comentário