O Papa chega à Sala Paulo VI / Foto: Daniel Ibáñez, ACI Prensa Vaticano, 06 out. 21 / 08:43 am (ACI).- O papa Francisco exortou os cristãos a permanecerem na liberdade que Cristo concedeu através de sua morte e ressurreição. “A liberdade é um tesouro que só é verdadeiramente apreciado quando o perdemos”, disse ele na catequese da quarta-feira, 6 de outubro, durante a Audiência Geral na Aula Paulo VI do Vaticano. “Para muitos de nós, habituados a viver em liberdade, muitas vezes parece mais um direito adquirido do que um dom e uma herança a ser preservada”, disse Francisco. “Quantos desentendimentos em torno do tema da liberdade, e quantas visões diferentes se confrontaram ao longo dos séculos!". O papa comentava a Carta de São Paulo aos Gálatas, em que, segundo ele, se diz que “o apóstolo não podia suportar que esses cristãos, depois de terem conhecido e aceitado a verdade de Cristo, se deixassem atrair por propostas enganosas, passando da liberdade à escravidão: da presença libertadora de Jesus à escravidão do pecado, do legalismo”. Nesse sentido, advertiu que “ainda hoje o legalismo é um nosso problema, o problema de muitos cristãos que se refugiam no legalismo”. Em vez disso, “o cristão é livre, deve ser livre e é chamado a não voltar a ser escravo de preceitos, de coisas estranhas”. Portanto, Paulo “convida os cristãos a permanecerem firmes na liberdade que receberam através do batismo, sem se deixarem colocar de novo sob o ‘jugo da escravidão’. Ele é justamente ciumento da liberdade”. Para Francisco, uma “pregação que impede a liberdade em Cristo nunca seria evangélica. Nunca se pode forçar em nome de Jesus, não se pode fazer de ninguém um escravo em nome de Jesus que nos liberta”. “Mas o ensinamento de São Paulo sobre a liberdade é sobretudo positivo”, disse o papa. O apelo de Paulo é, antes de tudo, “permanecer em Jesus, fonte da verdade que nos liberta. Portanto, a liberdade cristã baseia-se em dois pilares fundamentais: primeiro, a graça do Senhor Jesus; segundo, a verdade que Cristo nos revela e que é Ele próprio”. A liberdade, em primeiro lugar, “é o dom do Senhor. A liberdade que os Gálatas receberam – e nós como eles através do batismo – é o fruto da morte e ressurreição de Jesus”. “Precisamente nela, onde Jesus se deixou pregar, onde se fez escravo, Deus colocou a fonte da libertação do homem. Isto nunca deixa de nos surpreender: que o lugar onde somos despojados de toda a liberdade, nomeadamente a morte, pode tornar-se a fonte da liberdade. Mas este é o mistério do amor de Deus”. “Jesus realiza a sua plena liberdade ao entregar-se à morte; ele sabe que só desta forma pode obter vida para todos”. O segundo pilar da liberdade é a verdade. “Também neste caso é necessário recordar que a verdade da fé não é uma teoria abstrata, mas a realidade do Cristo vivo, que toca diretamente o significado quotidiano e global da vida pessoal”. O papa Francisco destacou “quantas pessoas que não estudaram, nem sequer sabem ler nem escrever, mas compreenderam bem a mensagem de Cristo, têm esta sabedoria que as liberta. É a sabedoria de Cristo que entrou através do Espírito Santo no batismo. Quantos humildes, quantas pessoas encontramos que vivem a vida de Cristo mais do que os grandes teólogos, por exemplo, oferecendo um testemunho precioso da liberdade do Evangelho”. Porque “a liberdade torna-nos livres na medida em que transforma a vida de uma pessoa e a encaminha para o bem”. Por último, o papa convidou-nos a deixar-nos criar inquietação pelo Espírito. Ele garantiu que a inquietação é uma palavra muito cristã porque “é o sinal de que o Espírito Santo age dentro de nós, e a liberdade é ativa, suscitada pela graça do Espírito Santo”. “A liberdade deve inquietar-nos, deve continuamente fazer-nos perguntas, para que possamos ir cada vez mais a fundo no que realmente somos. Desta forma, descobrimos que o caminho para a verdade e a liberdade é cansativo e dura a vida inteira”. “É um caminho no qual somos guiados e apoiados pelo Amor que vem da Cruz: o Amor que nos revela a verdade e nos dá liberdade. E este é o caminho para a felicidade. A liberdade torna-nos livres, torna-nos alegres, torna-nos felizes”, concluiu o Francisco.
Evangelho (Lc 11,15-26):
Naquele
tempo, depois de que Jesus expulsou um demônio, alguns disseram: É pelo poder
de Beelzebu, o chefe dos demônios, que ele expulsa os demônios. Outros, para
tentar Jesus, pediam-lhe um sinal do céu.
Mas, conhecendo seus pensamentos, ele disse-lhes: Todo reino dividido
internamente será destruído; cairá uma casa sobre a outra. Ora, se até Satanás
está dividido internamente, como poderá manter-se o seu reino? Pois dizeis que
é pelo poder de Beelzebu que eu expulso os demônios. Se é pelo poder de
Beelzebu que eu expulso os demônios, pelo poder de quem então vossos discípulos
os expulsam? Por isso, eles mesmos serão vossos juízes. Mas, se é pelo dedo de
Deus que eu expulso os demônios, é porque o Reino de Deus já chegou até vós.
Quando um homem forte e bem armado guarda o próprio terreno, seus bens estão
seguros. Mas, quando chega um mais forte do que ele e o vence, arranca-lhe a
armadura em que confiava e distribui os despojos. Quem não está comigo é contra
mim; e quem não recolhe comigo, espalha. Quando o espírito impuro sai de
alguém, fica vagando por lugares áridos, à procura de repouso. Não o
encontrando, diz: Vou voltar para minha casa de onde saí. Chegando aí, encontra
a casa varrida e arrumada. Então ele vai e traz outros sete espíritos piores do
que ele, que entram e se instalam aí. No fim, o estado dessa pessoa fica pior
do que antes.
«Alguns disseram: É pelo poder de Beelzebu, o chefe dos demônios, que ele expulsa os demônios» - Rev. D. Josep PAUSAS i Mas(Sant Feliu de Llobregat, Espanha)
Hoje, contemplamos
comovidos como Jesus é ridiculamente culpado de expulsar demônios: É pelo poder
de Beelzebul, o chefe dos demônios, que ele expulsa os demônios (Lc 11,15). É
difícil imaginar um bem maior, expulsar, afastar das almas ao diabo, o
instigador do mal e, ao mesmo tempo, escutar a acusação mais grave fazê-lo,
precisamente, pelo poder do próprio diabo. É realmente uma incriminação
gratuita, que manifesta muita cegueira e inveja por parte dos acusadores do
Senhor. Hoje em dia, também, sem perceber, eliminamos de raiz o direito que os
outros têm a discrepar, a serem diferentes e, a terem suas próprias posições
contrárias e, incluso, opostas às nossas.
Quem o vive fechado em um dogmatismo político, cultural ou ideológico,
facilmente menospreza ao que discrepa, desqualificando todo seu projeto e
negando-lhe competência e, inclusive honestidade. Em tal caso, o adversário
político ou ideológico transforma-se no inimigo pessoal. O confronto degenera
em insulto e agressividade. O clima de intolerância e mútua exclusão violenta
pode, então, nos conduzir à tentação de eliminar de alguma maneira a quem se
nos apresenta como inimigo.
Nesse clima é fácil justificar qualquer atentado contra pessoas, inclusive, os
assassinatos, se o morto não é dos nossos. Quantas pessoas sofrem hoje com esse
ambiente de intolerância e rechaço mútuo que freqüentemente se respira nas
instituições públicas, nos locais de trabalho, nas assembléias e confrontos
políticos!
Entre todos devemos criar as condições e um clima de tolerância, respeito mútuo
e confronto leal no qual seja possível ir achando caminhos de diálogo. Os
cristãos, longe de endurecer e sacralizar falsamente nossas posições
manipulando a Deus e identificando-o com nossas próprias posturas, devemos
seguir a este Jesus que quando seus discípulos pretendiam que impedisse que
outros expulsaram demônios em nome dele, os corrigiu dizendo-lhes: Não o
proibais, pois quem não é contra vós, está a vosso favor(Lc 9,50). Todo o
inumerável coro de pastores reduz-se ao Corpo de um só Pastor (Santo
Agostinho).
Pelágia era uma bailarina belíssima,
escandalosa, muito divertida, festiva e pagã. Costumava encantar e seduzir os
homens com sua dança, alegria, roupas, jóias e outros ornamentos luxuosos.
Tornou-se uma das figuras mais conhecidas da vida mundana e social de Antioquia
e adquiriu grande riqueza.
De acordo com a estória, durante uma procissão, o Bispo Nono percebeu a
presença de Pelágia entre o povo, numa atitude desinteressada e debochada.
Iluminado por Deus o sábio bispo disse a multidão que se uma simples mulher era
capaz de enfeitar-se tanto para os homens, quanto mais deveríamos nós
enfeitarmos nosso interior para o encontro com Deus. Aquela observação tocou o
coração da bailarina pagã.
Ela foi para casa refletindo sobre as palavras do sermão e ali chorou de
arrependimento a noite toda. No dia seguinte procurou o Bispo, que a enviou à
uma senhora cristã, para ser preparada para o Batismo. Trocou as roupas e
adereços de seda e ouro por uma túnica branca para ser batizada. Depois disso
retirou-se para Jerusalém, viver como eremita, numa gruta, no Monte das
Oliveiras.
Viveu afastada de todos e conservou sua identidade sob segredo, vivendo o resto
da vida disfarçada de homem. Somente quando morreu, os ermitãos descobriram que
era uma mulher. Foi então que reconheceram tratar-se da bailariana da
Antioquia, agora uma simples penitente arrependida, que se anulara do mundo, no
seguimento do Cristo.(Colaboração: Padre Evaldo César de Souza, CSsR)
Reflexão: Figuras cristãs como Santa Pelágia,
recordam profeticamente a Igreja da verdadeira ordem dos valores obscurecidos
frequentemente pelos crescentes compromissos temporais. Ainda hoje necessitamos
pedir ao bom Deus que envie pessoas animadas e corajosas para a condução
de sua Igreja.
TJL-
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