Oração: Deus, nosso Pai, vós concedestes ao bispo
Santo Irineu firmar a verdadeira doutrina e a paz da Igreja; pela intercessão
de vosso servo, renovai em nós a fé e a caridade, para que nos apliquemos
constantemente em alimentar a união e a concórdia. Por Cristo Nosso Senhor.
Amém!
Evangelho segundo São Mateus 8,1-4.
Ao descer Jesus do monte, seguia-O uma grande multidão.
Veio então prostrar-se diante dele um leproso, que Lhe disse: «Senhor, se
quiseres, podes curar-me».
Jesus estendeu a mão e tocou-o, dizendo: «Eu quero: fica curado». E
imediatamente ficou curado da lepra.
Disse-lhe Jesus: «Não digas nada a ninguém; mas vai mostrar-te ao sacerdote e
apresenta a oferta que Moisés ordenou, para que lhes sirva de testemunho». + Tradução
litúrgica da Bíblia
São João Crisóstomo (c. 345-407) - presbítero de Antioquia, bispo de Constantinopla, doutor da Igreja - Homilia sobre São Mateus
«Jesus estendeu a mão e tocou-o, dizendo: "Eu
quero: fica curado"».
Jesus não disse simplesmente: «Eu quero, fica
curado». Fez outra coisa: «Estendeu a mão e tocou-o». Ora, podemos perguntar:
uma vez que o curava por um ato da sua vontade e por uma palavra, por que razão
o tocou com a mão? Parece-me que não é senão para mostrar que Ele não é
inferior, mas superior à Lei e que, doravante, nada é impuro para quem é puro.
A mão de Jesus não ficou impura ao tocar no leproso; pelo contrário, o corpo do
leproso é que foi purificado pela santidade daquela mão. É que Cristo não veio
só para curar os corpos, mas para elevar as nossas almas até à santidade; aqui,
Ele ensina-nos a cuidar da nossa alma, a purificá-la, sem nos preocuparmos com
as abluções exteriores. A única lepra que temos a recear é a da alma, isto é, o
pecado. [...] Quanto a nós, prestemos a Deus contínuas ações de graças.
Agradeçamos-lhe não só os bens que Ele nos deu, mas também os que concedeu aos
outros; deste modo, destruiremos a inveja, alimentando e fazendo crescer o
nosso amor ao próximo.
Padre da Igreja, grego de nascimento, filho de pais cristãos, nasceu na ilha de Esmirna no ano 130. Foi discípulo de São Policarpo, que tinha sido discípulo de João Evangelista, o que torna muito importante os seus testemunhos doutrinais. Muito culto e letrado em várias línguas, Irineu foi ordenado por Policarpo, que o enviou para Lyon na França, onde havia uma grande população de fiéis cristãos procedentes do Oriente. Santo Irineu também era conhecido como homem da paz. Em uma de suas missões, ele interveio na questão na celebração da Páscoa, porque enquanto algumas igrejas a celebravam em unidade com a Páscoa dos judeus, outras, sobretudo Roma, a celebravam no domingo seguinte. A atuação de Santo Irineu foi muito importante para resolver a controvérsia pascal e para o restabelecimento da paz entre as igrejas da Ásia Menor com Roma. Santo Irineu escreveu muitas obras. A primeira delas foi Adversus haereses, “Contra as Heresias”, ele desmascarou o sistema gnóstico através da doutrina evangélica e apostólica que vinha dos sucessores dos apóstolos, dos apóstolos e de Jesus Cristo. Outra obra importante foi: Demonstração da pregação apostólica que colocou a regra da fé, como ponto importante na vida eclesial e dos seguidores do Senhor. Santo Irineu tratou do mistério de Deus Uno e Trino, da criação, da caída do ser humano, da encarnação e da redenção. Ele tinha presente nesta obra às profecias até Jesus Cristo, o Filho de Davi e o Messias. Uma perseguição decretada pelo imperador Marco Aurélio atingiu a cidade de Lyon, ocasionando o grande massacre dos cristãos, todos mortos pelo testemunho da fé. Irineu morreu como mártir, no dia 28 de junho de 202. Santo Irineu foi declarado Doutor da Igreja pelo papa Francisco em 21 de janeiro de 2022 com o título de Doctor unitatis. - Colaboração: Padre Evaldo César de Souza, CSsR
Reflexão: Santo Irineu, cujo nome significa
"paz", lutou para a preservação da paz e da unidade da Igreja. Era um
homem equilibrado e cheio de ponderação. Foi o primeiro a procurar fazer uma
síntese do pensamento cristão, cuja influência se faz notar até nossos dias.
Sobre o conhecimento de Deus, ele dizia: "A ciência infla, mas a caridade
edifica. Com efeito, não há orgulho maior do que se julgar melhor e mais
perfeito que o próprio criador, modelador, doador do hálito de vida e do
próprio ser. É que alguém não saiba absolutamente nada, sequer um motivo, do
porque foram criadas as coisas, e acreditar em Deus, e perseverar no seu amor,
do que encher-se de orgulho por motivo desta pretensa ciência e afastar-se
deste amor que vivifica o homem”.
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