sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Que a Mãe Aparecida olhe com carinho para o povo brasileiro. Que ela inspire os governantes a promoverem a paz e a justiça social. Ajude os pais a educarem seus filhos nos valores do Evangelho. Ilumine a Igreja a promover ações de solidariedade e a se transformar em “casa e lugar de comunhão”. E que, acima de tudo, a Mãe de Aparecida ampare as crianças do Brasil, para que elas possam “crescer em tamanho, sabedoria e graça diante de Deus e dos homens”, a exemplo do Seu Filho, Jesus de Nazaré.(Dom Canísio Klaus-Bispo Diocesano de Santa Cruz do Sul).

BOM DIA EVANGELHO
Sexta-feira, 14 de outubro de 2011
XXVIII Semana do Tempo Comum, Ano C (impar), 4ª do Saltério (Livro III), cor Litúrgica VERDE

Santos: São Calisto I, Papa e Mártir (Memória Facultativa); Dia Nacional da Pecuária, Angadreme de Beauvais (abadessa), Bernardo de Arpino (peregrino, mártir), Bocardo de Würzburg (monge, bispo), Carpônio, Evaristo e Prisciano (mártires de Cesaréia da Palestina), Domingos Lauricatus (eremita), Donaciano de Rheims (bispo), Fortunata de Cesaréia (virgem, mártir), Fortunato de Todi (bispo), Gaudêncio de Rimini (bispo, mártir), Justo de Lião (bispo), Manaco de Wales (abade), Rústico de Trèves (bispo), Saturnino e Lupo (mártires).

Oração
Ó Deus, sempre nos preceda e acompanhe a vossa graça, para que estejamos sempre atentos ao bem que devemos fazer. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Salmo: 31(32), 1-2.5.11 (R/.cf.7)
Vós sois para mim proteção e refúgio, eu
canto bem alto a vossa salvação
Feliz o homem que foi perdoado e cuja falta já foi encoberta! Feliz o homem a quem o Senhor não olha mais como sendo culpado, e em cuja alma não há falsidade!
Eu confessei, afinal, meu pecado, e minha falta vos fiz conhecer. Disse: "Eu irei confessar meu pecado!" E perdoastes, Senhor, minha falta.
Regozijai-vos, ó justos, em Deus, e no Senhor exultai de alegria! Corações retos, cantai jubilosos!

Nosso Pai não leva todos pelo mesmo caminho. Os menos favorecidos podem ser os maiores aos olhos de Deus. (Santa Teresa d´Ávila)

Evangelho: Lucas (Lc 12, 1-7)
Temer somente a Deus
Naquele tempo, 1milhares de pessoas se reuniram, a ponto de uns pisarem os outros. Jesus começou a falar, primeiro a seus discípulos: "Tomai cuidado com o fermento dos fariseus, que é a hipocrisia. 2Não há nada de escondido, que não venha a ser revelado, e não há nada de oculto que não venha a ser conhecido. 3Portanto, tudo o que tiverdes dito na escuridão, será ouvido à luz do dia; e o que tiverdes pronunciado ao pé do ouvido, no quarto, será proclamado sobre os telhados. 4Pois bem, meus amigos, eu vos digo: não tenhais medo daqueles que matam o corpo, não podendo fazer mais do que isto. 5Vou mostrar-vos a quem deveis temer: temei aquele que, depois de tirar a vida, tem o poder de lançar-vos no inferno. Sim, eu vos digo, a este temei. 6Não se vendem cinco pardais por uma pequena quantia? No entanto, nenhum deles é esquecido por Deus. 7Até mesmo os cabelos de vossa cabeça estão todos contados. Não tenhais medo! Vós valeis mais do que muitos pardais".

Palavra da Salvação!
Leituras paralelas: Mc 8, 15; Mt 10, 26-27, Lc 8, 17.


Comentário o Evangelho
Liberdade corajosa
Os discípulos corriam um duplo risco: deixar-se fascinar pela atitude hipócrita dos fariseus, e assumi-la como projeto de vida, bem como ter medo de fazer-lhes frente, como fez Jesus, agüentando as conseqüências.
Foi necessário que o Mestre os alertasse a ter uma corajosa liberdade diante de seus adversários. Mesmo diante da perspectiva de morte, não deviam recuar. O que tinham ouvido de Jesus, estando à sós, deveriam proclamar aos quatro ventos. O que escutaram ao pé do ouvido, teriam a tarefa de levar ao conhecimento de todos.
Nada de se intimidar com a perspectiva de morte. Os adversários só têm o poder de matar o corpo, e nada mais. Temor só se deve a Deus, que é Senhor da sorte eterna do ser humano. A ele, sim, deve-se temer, não aos hipócritas fariseus.
Em última análise, os discípulos tinham diante de si uma dupla possibilidade: seguir as insinuações dos fariseus, ou deixar-se guiar por Jesus, por meio do qual se chega a Deus. Quem escolhe colocar-se do lado dele pode estar seguro de ser objeto de contínua proteção. Seu amor e interesse pelos que optaram pelo Reino supera todo limite. Jesus ilustra esta atitude divina, afirmando que "até os cabelos da cabeça (dos discípulos do Reino) estão todos contados". Por conseguinte, não se justifica o medo diante da perspectiva sombria de perseguição e morte, por causa do Reino. [O EVANGELHO DO DIA. Jaldemir Vitório. ©Paulinas, 1998]

Para sua reflexão:

Hipocrisia pretende ser síntese das atitudes denunciadas; é dissimular o interior com o exterior, é inverter a escada de valores, é confundir ao invés de esclarecer. Mais que um delito específico é o arbítrio, um fermento que penetra e corrompe toda a massa. Diante da simulação e da hipocrisia, recomenda-se a sinceridade, tendo em conta o resultado. É convite e advertência. Convite a partilhar o bem aprendido; advertência de que um dia serão arrancadas máscaras e disfarce. A frase clássica de encorajamento “não temais” tem aqui uma explicação. O fogo aniquila o que a morte deixa; mata-se e depois se queima totalmente: “mataram a fera, esquartejaram-na e a atiraram no fogo” (Is 66, 24; Dn 7, 11). Correlativo de não temer e confiar. Curioso é que seja a mesma personagem a que pode ditar sentença de condenação e a que cuida dos desvalidos como de pássaros indefesos. Do paradoxo segue-se que o que se deve realmente temer é fazer-se merecedor da condenação; em outras palavras, a pessoa teme a si mesma, não os outros, cujo poder alcança só esta vida, não a “segunda morte” (Ap 21,8). (Bíblia do Peregrino)

São Calixto I

"Todo pecado pode ser perdoado pela Igreja, cumpridas as devidas penitências". A frase conclusiva é do Papa Calisto I, ao se posicionar no combate às ideias heréticas, surgidas dentro do clero, que iam contra a Igreja. Calisto entendia muito bem de penitência. Na Roma do século II, ele nasceu num bairro pobre e foi escravo. Depois, liberto, sua sina de sofrimento, continuou. Trabalhando para um comerciante, fracassou nos negócios e foi obrigado a indenizar o patrão, mas decidiu fugir, indo se refugiar em Portugal. Encontrado, foi deportado para a ilha da Sardenha e punido com trabalhos forçados. Porém, foi nesta prisão que sua vida se iluminou.
Nas minas da Sardenha, ele tinha contato direto com os cristãos que também cumpriam penas por causa da sua religião. Ao vê-los heroicamente suportando o desterro, a humilhação e as torturas sem nunca perder a fé e a esperança, em Cristo, Calisto se converteu. Depois de alguns anos, os cristãos foram indultados e Calisto retornou à vida livre, indo se estabelecer na cidade de Anzio. Alí adquiriu reconhecimento dos cristãos, como diácono. Quando o Papa Zeferino, assumiu o governo chamou o diácono para trabalhar com ele. Deu à Calisto várias missões executadas com sucesso. Depois o nomeou responsável pelos cemitérios da Igreja.
Chamados de catacumbas, estes cemitérios subterrâneos da Via Ápia, em Roma, tiveram importância vital para os cristãos. Além de ali enterrarem seus mortos, as catacumbas serviam também para cerimônias e cultos, principalmente durante os períodos de perseguição. Calisto começou suas escavações, as organizou e valorizou. Nelas mandou construir uma capela, chamada Cripta dos Papas, onde estão enterrados quarenta e seis pontífices e cerca de duzentos mil mártires das perseguições contra os cristãos.
Com a morte do Papa Zeferino morreu, o clero e o povo elegeram Calisto para substituí-lo, mas ele sofreu muita oposição por causa de sua origem humilde de escravo. Hipólito, um dos grandes teólogos do catolicismo e pensadores da época, era o principal deles. Hipólito tinha um entendimento diferente sobre a Santíssima Trindade e desejava que determinados pecados não fossem perdoados. Entretanto o Papa Calisto I se manteve firme na defesa da Igreja, causando o rompimento de Hipólito e seus seguidores, respondendo a questão com aquela frase conclusiva. Anos depois, Hipólito se reconciliaria com a Igreja, tornado-se mártir da Igreja, por não negar sua fé em Cristo.
O Papa Calisto I governou por seis anos. Neste período concluiu o trabalho nas catacumbas romanas, conhecidas hoje como as catacumbas de São Calisto. Em 222 ele se tornou vítima da perseguição, foi espancado, e quase morto, jogado em um poço. Neste local agora se acha a Igreja de Santa Maria, em Transtévere, que guarda o seu corpo, em Roma. [www.paulinas.org.br]

Muros que dividem
Dom Demétrio Valentini, Bispo de Jales - SP
Na semana passada, Tijuana, no México, foi sede do Congresso Eucarístico Nacional. Cidade situada no extremo noroeste do México, na divisa com os Estados Unidos, de fronte à cidade americana de San Diego, Tijuana tem diversos motivos para merecer um destaque especial.
A partir de agora, com certeza, pode acrescentar mais um, muito positivo, pela exímia organização deste Congresso, realizado com esmero, e agraciado por dias de clima agradável, que tornaram Tijuana ainda mais acolhedora e hospitaleira, além de mostrar a consistência da religiosidade do seu povo, que se revelou de maneira esplêndida no Congresso Eucarístico.
Mas o fato de estar às portas dos Estados Unidos, faz com que a idade se veja às voltas com a complexa problemática da migração, que nos últimos anos se agravou, aumentando o número de vítimas, muitas delas perdendo sua vida na tentativa justamente de buscar sua sobrevivência além fronteiras.
Se já para o país inteiro do México é um desafio conviver com a proximidade dos Estados Unidos, precisando ao mesmo tempo resguardar sua identidade nacional, e manter um relacionamento adequado com a potência americana, muito mais esta tensão é vivida por uma cidade, como Tijuana, que se defronta abertamente com a realidade do outro país, que se escancara do outro lado da fronteira, tão próxima, e ao mesmo tempo tão inacessível.
Desta maneira, acontece que a cidade acaba vivenciando uma problemática que não é só dela, mas de todo o país. E mais. Uma cidade como Tijuana acaba, na verdade, carregando o encargo de explicitar problemas que são de todos os países, que fazem parte do desequilíbrio existente entre situações tão contrastantes, que se traduzem em desigualdades gritantes, que se mostram à vista em regiões fronteiriças.
Já ao sair do aeroporto de Tijuana, quem chega recebe logo um baque, mais violento do que um soco no rosto. Pois em frente ao aeroporto já começa a fronteira que separa os dois países. O muro parece ameaçar quem dele se aproxima. Como se não bastasse o muro antigo, já enferrujado, foi construído outro atrás dele, mais alto, mais resistente, encimado de espesso arame farpado. A mensagem é clara e contundente. E´ proibido passar, é perigoso se aproximar.
Com certeza, este muro não vai cair tão facilmente. Porque suas causas vão durar muito tempo. Elas não se encontram aí na fronteira. Estão inseridas na dinâmica interna da economia mundial, que produziu desigualdades tão gritantes, que se mostram à vista em alguns pontos críticos, onde as diferenças se traduzem em tensões que precisam ser contidas com firmeza, que facilmente descamba em violência.
Esta problemática difícil levou a Igreja do México a escolher Tijuana como sede do Congresso Eucarístico. No meio desta problemática complicada e difícil, de separação e exclusão, era importante colocar, com serenidade e coragem, a mensagem de reconciliação e de paz que o sacramento da Eucaristia continua testemunhando, independente das situações em que nos encontramos. O lema do Congresso Eucarístico não deixava dúvidas: “Eucaristia, mesa fraterna para a reconciliação e a paz”.
Diante do muro, com sua prepotência de imposição e de fatalidade, era necessário abrir o horizonte da esperança, fundada na força diferente do Evangelho. As palavras de São Paulo aos Efésios pareciam endereçadas de propósito para o contexto vivido por este Congresso Eucarístico: “Cristo é a nossa paz. De ambos os povos, fez um só, tendo derrubado o muro de separação e suprimido em sua carne a inimizade.” (Ef. 2,14)
Como conciliar a utopia cristã com a dura realidade dos muros que ainda permanecem de pé, é um desafio que Tijuana enfrentou neste Congresso, e que certamente merece oportunamente outras reflexões. [CNBB]


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