Acolhimento e empatia: as experiências do coordenador
da Basílica de São Francisco
O brasileiro frei Rafael Normando, atual coordenador da
Basílica de São Francisco em Assis, na Itália, é um dos participantes do II
Encontro Internacional para Reitores de Santuários no Vaticano. Em entrevista
ao Vatican News, o frade franciscano enfatizou a importância do acolhimento empático
aos peregrinos e a responsabilidade de proporcionar a cada pessoa uma
experiência que pode marcar toda a sua trajetória de vida.
Bianca
Fraccalvieri e Thulio Fonseca - Vatican News
Frei Rafael Normando, brasileiro e atual coordenador da
Basílica de São Francisco de Assis, santuário mundialmente conhecido, é um dos
participantes do II Encontro Internacional para Reitores e Colaboradores de
Santuários, realizado de 9 a 11 de novembro na Sala Paulo VI, no Vaticano. O
frei, originário de Brasília-DF, compartilhou suas experiências e perspectivas
em uma entrevista ao Vatican News.
Oração: Ó Deus, concedei-nos, pelas preces de São Diogo de
Alcalá, a quem destes perseverar na imitação de Cristo pobre e humilde, seguir
a nossa vocação com fidelidade e chegar àquela perfeição que nos propusestes em
Vosso Filho. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito
Santo. Amém.
Evangelho (Lc 17,1-6)
Jesus disse
a seus discípulos: «É inevitável que surjam ocasiões de pecado, mas ai daquele
que as provoca! Seria melhor para ele ser atirado ao mar com uma pedra de
moinho amarrada ao pescoço, do que fazer cair um só desses pequenos. Cuidado,
portanto!
»Se teu irmão pecar, repreende-o. Se ele se arrepender, perdoa-lhe. Se pecar
contra ti sete vezes num só dia, e sete vezes vier a ti, dizendo: ‘Estou
arrependido’, perdoa-lhe».
Os apóstolos disseram ao Senhor: «Aumenta a nossa fé!» O Senhor respondeu: «Se
tivésseis fé, mesmo pequena como um grão de mostarda, poderíeis dizer a esta
amoreira: ‘Arranca-te daqui e planta-te no mar’, e ela vos obedeceria».
«Se pecar contra ti sete vezes num só dia, e sete vezes vier a ti (...) perdoa-lhe » - Rev. D. Pedro-José YNARAJA i Díaz(El Montanyà, Barcelona, Espanha)
Hoje, o
Evangelho nos fala de três temas importantes. Em primeiro lugar, da nossa
atitude perante as crianças. Se em outras ocasiões elogiaram a infância, nesta
somos advertidos do mal que podemos ocasionar-lhes.
Escandalizar não é alvoroçar ou estranhar, como às vezes se entende; a palavra
grega usada pelo evangelista foi “skandalon”, que significa objeto que faz
tropeçar ou escorregar, uma pedra no caminho ou uma casca de banana, para ficar
mais claro. Devemos respeitar as crianças e, «É inevitável que surjam ocasiões
de pecado, mas ai daquele que as provoca!» (cf. Lc 17,1). Jesus lhe anuncia um
castigo tremendo e o faz com uma imagem muito eloquente. Ainda se encontram na
Terra Santa pedras de moinhos antigas; é uma espécie de grandes diabolôs (são
parecidas também, em tamanho maior, aos colares que se colocam no pescoço aos
traumatizados). Introduzir a pedra no escandalizador e tira-la na água expressa
um terrível castigo. Jesus utiliza uma linguajem quase de humor negro. Pobres
de nós se danamos as crianças! Pobres de nós se os iniciamos no pecado! E há
muitas formas de prejudicá-los: mentir, ambicionar, triunfar injustamente, se
dedicar a necessidades que satisfarão sua vaidade...
Em segundo lugar, o perdão. Jesus nos pede que perdoemos tantas vezes como seja
necessário e, ainda no mesmo dia, se o outro está arrependido, apesar de que
nos magoe a alma: «Se teu irmão pecar, repreende-o. Se ele se arrepender,
perdoa-lhe» (Lc 17,3). O termômetro da caridade é a capacidade de perdoar.
Em terceiro lugar, a fé: Mais que uma riqueza do entendimento (no sentido
meramente humano), é um “estado de ânimo”, fruto da experiência de Deus, de
poder obrar contando com sua confiança. «A fé é o início da verdadeira vida»,
diz São Inácio de Antioquia. Quem age com fé consegue coisas assombrosas, assim
a expressa o Senhor ao dizer: «Se tivésseis fé, mesmo pequena como um grão de
mostarda, poderíeis dizer a esta amoreira: ‘Arranca-te daqui e planta-te no
mar’, e ela vos obedeceria» (Lc 17,6).
Diogo nasceu em Alcalá do Porto, em Sevilha, por volta do ano de 1400. Filho de pais muito pobres e simples, viveu como monge eremita, em penitência e oração. Alimentava-se somente com os produtos da pequena horta que cultivava e se vestia remendando os panos que o povo lhe dava em troca de pequenos trabalhos artesanais. Por ser muito considerado, atraiu muitos doadores, e, para manter melhor o recolhimento optou por fazer-se franciscano. Frei Diogo trabalhava como porteiro e cozinheiro no convento. Privava-se do seu próprio pão para dá-lo aos mendigos, e aconteceu de encontrar a cesta dos pães cheia de rosas; este milagroso carinho de Deus para com ele foi diversas vezes retratado em pinturas, incluindo várias de Murillo. Em 1441, Diogo foi enviado como missionário às Ilhas Canárias. Seu trabalho dedicado valeu-lhe o cargo de superior da ordem, embora fosse apenas irmão leigo. Mas sua atuação em prol dos indígenas não era bem vista pelos colonizadores, que os mantinham como escravos, e tornaram sua atuação difícil a ponto de ter que voltar para a Espanha, em 1449. No ano seguinte ficou retido em Roma por causa de uma grave epidemia, e neste período dedicou-se a cuidar dos doentes, com grande caridade e utilizando os dons carismáticos de cura que possuía. De volta à Espanha, recomeçou o trabalho de porteiro e cozinheiro em vários mosteiros, sendo o último deles o de Alcalá de Henares, onde faleceu em 12 de novembro de 1463.(Colaboração: Padre Evaldo César de Souza, CSsR- Revisão e acréscimos: José Duarte de Barros Filho)
Reflexão: São Diogo é um dos santos mais populares da Espanha e das Américas. De
fato, seu nome em Espanhol, Diego, deu origem à famosa cidade norte americana,
San Diego. Nele encontramos a humildade, simplicidade, caridade, desejo de
estar com Deus e de servir ao próximo, que formam a essência da vida cristã,
virtudes estas exercidas em quaisquer circunstâncias e local, desde superior a
porteiro, em grandes cidades civilizadas ou ilhas incultas com população
idólatra. Santos são os exemplos que a Igreja nos propõe: em casa, em viagem,
no trabalho, no lazer, na escola, pais, filhos, vizinhos, colegas, amigos,
desconhecidos, necessitados… somos chamados a viver as mesmas virtudes de San
Diego.
TJL – A12.COM – EVANGELI.NET – VATICANNEWS.
VA
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