Oração:
Deus Pai de bondade, e Princípio de toda autoridade, concedei-nos, pela
intercessão de Vosso servo São Clemente I, a pronta obediência à Vossa vontade,
e o respeito humilde àqueles que em Vosso nome exercem o múnus de dirigir os
irmãos. Concedei também a estes o amor e a sabedoria, para agirem com justiça e
caridade nas suas funções, de tão alta responsabilidade. Por Nosso Senhor Jesus
Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.
Evangelho segundo São
Lucas 19,41-44.
Naquele tempo, quando Jesus Se
aproximou de Jerusalém, ao ver a cidade, chorou sobre ela e disse:
«Se ao menos hoje conhecesses o que te pode dar a paz! Mas não. Está escondido
a teus olhos.
Dias virão para ti, em que os teus inimigos te rodearão de trincheiras e te
apertarão de todos os lados.
Esmagar-te-ão, a ti e aos teus filhos, e não deixarão em ti pedra sobre pedra,
por não teres reconhecido o tempo em que foste visitada».(Tradução litúrgica
da Bíblia)
São João-Maria Vianney (1786-1859) - presbítero, Cura de Ars - Sermão para o 9.º Domingo após o Pentecostes - Jesus chorou sobre a cidade
A nossa
alma está destinada a passar a eternidade no seio do próprio Deus. Numa
palavra, meus irmãos: a nossa alma é uma coisa tão grande, tão preciosa, que só
Deus pode superá-la. [...] Só por isso, meus irmãos, pensai se será de espantar
que Deus, que tão bem conhece o seu valor, chore amargamente a perda de uma
alma; e pensai no cuidado que devemos ter para conservar toda a sua beleza.
[...] Há três coisas que podem fazer-nos chorar; mas apenas uma capaz de tornar
as nossas lágrimas meritórias: quando choramos pelos nossos pecados ou pelos
dos nossos irmãos: [...] chorar a morte espiritual da própria alma, o seu
afastamento de Deus, a sua perda do Céu. Ó lágrimas preciosas, como sois raras!
E porquê, meus irmãos, senão porque não sentis a dimensão da vossa desgraça, no
tempo e na eternidade? [...] Ai de mim! Meus irmãos, foi o medo desta perda que
despovoou o mundo e encheu os desertos e os mosteiros de cristãos: eles
compreenderam muito melhor do que nós que, se perdermos a nossa alma, tudo está
perdido, e que, por conseguinte, ela deve ser de grande valor, uma vez que o
próprio Deus lhe dá tanta importância. Sim, meus irmãos, os santos sofreram
muito para que a sua alma pudesse chegar ao Céu!
Clemente foi o quarto Papa da Igreja de Roma, ainda no primeiro século. Foi contemporâneo de São João Evangelista, São Felipe e São Paulo, e governou a Igreja entre os anos 88 e 97 ou 98. Restabeleceu o uso da Crisma, seguindo a tradição de São Pedro, e instituiu o uso da expressão "Amém" nos ritos religiosos. No seu pontificado, recomeçou a perseguição aos cristãos, primeiro pelo imperador Domiciano, e depois por Trajano. Sob este último, Clemente foi preso e condenado ao martírio, mas são desconhecidas a data, lugar e meio de execução. Uma tradição posterior diz, ao contrário, que ele teria sido deportado para a Criméia, nas costas do Mar Negro, condenado a trabalhos forçados; aí teria convertido muitos escravos e por isso lançado ao mar com uma âncora amarrada ao pescoço. Importantíssima foi a carta que este Papa escreveu aos cristãos da Igreja de Corinto, cujo bispo havia sido absurdamente expulso por seus presbíteros. Não apenas a paz foi reestabelecida, pelo conteúdo justo e persuasivo da carta, mas este primeiro documento papal é um marco na afirmação da autoridade do sucessor de Pedro sobre toda a Igreja: o bispo de Corinto levou, de forma natural, a questão a Clemente, não às outras Sés apostólicas, incluindo a do Apóstolo São João Evangelista, ainda vivo e chefe das igrejas vizinhas à Grécia. O Pontífice Romano se manifesta com a autoridade, reconhecida, da legítima e ininterrupta sucessão de Pedro e de Cristo.(Colaboração: Padre Evaldo César de Souza, CSsR - Revisão e acréscimos: José Duarte de Barros Filho)
Reflexão: O valor que Deus estabeleceu para a legítima
autoridade deve ser sempre reconhecida, pois a ela está vinculado o princípio
da ordem, sem a qual não se pode construir nada de bom para Ele. Cristo é o
primeiro a submeter-Se à ordem e autoridade do Pai, encarnando-Se para a nossa
redenção; e também reconhece a autoridade de Pilatos sobre Si mesmo (cf Jo
19,10-11). O desacato à legítima ordem, autoridade e hierarquia têm sua origem
no pecado de Adão e Eva… e na revolta de Lúcifer contra Deus, recusando-Se iniquamente
a obedecer ao seu Criador infinitamente bom e perfeito. É verdade que, neste
mundo defeituoso, há ocasiões de exceção, e até mesmo a própria Igreja não pode
obedecer cegamente a uma autoridade civil, por exemplo; mas mesmo nestes casos,
há uma hierarquia, definida claramente por São Pedro, após os Apóstolos terem
sido proibidos pelas autoridades judaicas de pregar o Evangelho: “É preciso
obedecer antes a Deus do que aos homens” (At 5,29).
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