domingo, 31 de março de 2024

BOM DIA EVANGELHO - 01 DE ABRIL DE 2024

 

Bom dia evangelho


01 de abril  de 2024 - Segunda-feira da oitava da Páscoa

Oração: Senhor Deus, que sempre estais disposto a dialogar conosco pela oração, concedei-nos por intercessão de São Hugo de Grenoble a graça de favorecer estes momentos de íntima e frequente comunhão Convosco, na humildade e sinceridade de coração, e sempre lembrar do apoio devido às Ordens contemplativas, colunas que sustentam este mundo obtendo Vossas benesses e impedindo maiores desgraças, por sua vida de entrega orante. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora, nossos maiores exemplos de como devemos rezar. Amém.

Evangelho (Mt 28,8-15)

 E saindo às pressas do túmulo, com sentimentos de temor e de grande alegria, correram para dar a notícia aos discípulos. Nisso, o próprio Jesus veio-lhes ao encontro e disse: «Alegrai-vos!». Elas se aproximaram e abraçaram seus pés, em adoração. Jesus lhes disse: «Não tenhais medo; ide anunciar a meus irmãos que vão para a Galileia. Lá me verão».
Quando foram embora, alguns da guarda entraram na cidade e comunicaram aos sumos sacerdotes o que tinha acontecido. Reunidos com os anciãos, deliberaram dar bastante dinheiro aos soldados; e instruíram-nos: «Contai o seguinte: ‘Durante a noite vieram os discípulos dele e o roubaram, enquanto estávamos dormindo’. E se isso chegar aos ouvidos do governador, nós o tranquilizaremos, para que não vos castigue». Eles aceitaram o dinheiro e fizeram como lhes fora instruído. E essa versão ficou divulgada entre os judeus, até o presente dia.

«E saindo às pressas do túmulo, com sentimentos de temor e de grande alegria, correram para dar a notícia aos discípulos» - Rev. D. Joan COSTA i Bou(Barcelona, Espanha)

Hoje, a alegria da ressurreição faz das mulheres que foram ao túmulo, mensageiras valentes de Cristo. «Uma grande alegria» sentem em seus corações pelo anuncio do anjo sobre a ressurreição do Mestre. E foram «correndo» do túmulo a anunciar aos Apóstolos. Não podem ficar inativas e seus corações explodiriam se não o comunicavam a todos os discípulos. Ressoam em nossas almas as palavras de Paulo: «O amor de Cristo nos impele» (2Cor 5,14).
Jesus faz se o «encontradiço»: o faz com Maria Madalena e a outra Maria —assim agradece e paga Cristo sua ousadia de buscá-lo muito cedo pela manhã— e também o faz com todos os homens e mulheres do mundo.
As reações das mulheres ante a presença do Senhor expressam as atitudes mais profundas do ser humano diante de Aquele que é o nosso Criador e Redentor: a submissão—«abraçaram seus pés» (Mt 28,9)— e a adoração. Que grande lição para apreender a estar diante de Cristo Eucaristia!
«Não tenhais medo» (Mt 28,10), diz Jesus às santas mulheres. Medo do Senhor? Nunca, se é o Amor dos amores! Temor de perdê-lo? Sim, porque conhecemos a própria debilidade. Por isso abracemo-nos bem forte aos seus pés. Como aos Apóstolos no mar embravecido e os discípulos de Emaús peçamo-lhe: Senhor, não nos deixes!
E o Mestre envia as mulheres a anunciar a boa nova aos discípulos. Essa é também tarefa nossa, e missão divina desde o dia do nosso batismo: anunciar a Cristo por todo o mundo, «para que todo o mundo possa encontrar a Cristo, para que Cristo possa percorrer com cada um o caminho da vida, com a potência da verdade (...) que contem o mistério da Encarnação e da Redenção, com a potência do amor que irradia dela» (João Paulo II).

São Hugo de Grenoble

Hugo, nascido em Châteauneuf-sur-Isère, no sudeste da França em 1053, era filho de um nobre, soldado da corte. Foi educado na Fé pela mãe, demonstrando, muito jovem, piedade e facilidade para assuntos teológicos. Ainda como leigo, foi feito cônego de Valence, e em seguida trabalhou como secretário do arcebispo de Lyon. Este o levou para o Concílio de Avignon em 1080, onde foi indicado para o bispado de Grenoble; quis recusar por humildade, mas, obedecendo, foi ordenado sacerdote pelo legado papal, e bispo pelo Papa Gregório VII, em Roma, aos 28 anos. A extensa e populosa sé de Grenoble, antiga, entre a Itália e a França, e possuidora de uma grande e importante biblioteca com muitos códigos e antigos manuscritos, estava muito mal ordenada, há tempos sem pastor. Havia problemas como a indisciplina do clero, incluindo sacerdotes que desrespeitavam o celibato, e simonia (cargos eclesiásticos obtidos por compra); leigos que se apoderavam de bens da Igreja, e outros patrimônios depredados; dívidas com empregados da diocese; e falta de catequese para o povo. Hugo trabalhou para estabelecer a reforma gregoriana (relativa a Gregório VII, medidas para restaurar a independência da Igreja frente às interferências laicas dos Estados e moralizar o clero), e de fato conseguiu resultados. Mas diante das fortes resistências, quis renunciar ao bispado entrando para o mosteiro beneditino de Cluny, por dois anos. Contudo o Papa o restituiu; Hugo apresentou sua renúncia cinco vezes, a cinco Papas, mas permaneceu no bispado de 1080 a 1132, 52 anos. Ao longo deste período, por meio de muito tempo em oração, e visitando todas as paróquias, obteve a reestruturação de toda a diocese. Seus sermões alcançaram várias conversões. Importantíssima foi a sua acolhida a São Bruno e seus seis companheiros, a quem cedeu um terreno (Chartreuse) em local isolado, alpino e rochoso, para fundar o primeiro mosteiro da Ordem dos Cartuxos. O bispo também fundou uma ordem independente, Monastère de Chalais (mas atualmente assumida por freiras dominicanas). Hugo deixou uma importante obra sobre a história da Igreja de Grenoble. Já idoso, pouco antes da sua morte, perdeu a memória, exceto a dos Salmos e do Pai Nosso: nos seus últimos dias ficou repetindo estas orações. Faleceu em 1º de abril de 1132, com 80 anos, em Grenoble.(Colaboração: José Duarte de Barros Filho)

Reflexão: O que nunca devemos esquecer, como São Hugo, é das orações… este é o caminho pelo qual, perseverantes, alcançamos o necessário para esta e para a vida infinita que virá (“Quanto mais importunas e perseverantes as nossas orações, mais agradáveis a Deus.” - São Jerônimo). Também como ele, devemos ter a “inteligência”, o “tino” (significados de “Hugo”), do zelo pela evangelização e vida ordenada, começando pelo exemplo pessoal.

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SEMANA SANTA - 2024

 


quarta-feira, 27 de março de 2024

bom dia evangelho - 29. março. 024

 

BOM DIA EVANGELHO


29 DE MARÇO DE 2024 - Sexta-Feira da Paixão do Senhor

✝️Minha Mãe dolorosa, não vos quero deixar sozinho a chorar, não; eu quero acompanhar-vos também com as minhas lágrimas. Esta graça vos peço hoje; alcançai-me uma contínua lembrança e uma devoção terna à paixão de Jesus e à vossa, a fim de que todos os dias que me restam de vida, me sirvam somente para chorar as vossas dores, e as do meu Redentor. Elas me alcançarão o perdão, a perseverança, o céu, onde espero depois recrear-me em vós e cantar as misericórdias infinitas de Jesus, por toda a eternidade. Amém.✝️🛐 (Frei Gilson)

Oração: Ó, Deus, que pelo bispo São Ruperto fizeste crescer a vossa Igreja com a pregação do Evangelho e com a fundação de mosteiros e escolas, concedei-nos, por sua intercessão, perseverar na fé e no amor, para que, seguindo seu exemplo, possamos servir-vos com fidelidade e generosidade. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.

Evangelho (Jo 18,1—19,42)

Dito isso, Jesus saiu com seus discípulos para o outro lado da torrente do Cedron. Lá havia um jardim, no qual ele entrou com os seus discípulos. Também Judas, o traidor, conhecia o lugar, porque Jesus muitas vezes ali se reunia com seus discípulos. Judas, pois, levou o batalhão romano e os guardas dos sumos sacerdotes e dos fariseus, com lanternas, tochas e armas, e chegou ali. Jesus, então, sabendo tudo o que ia acontecer com ele, saiu e disse: «A quem procurais?» — «A Jesus de Nazaré!», responderam. Ele disse: «Sou eu». Judas, o traidor, estava com eles. Quando Jesus disse «Sou eu», eles recuaram e caíram por terra. De novo perguntou-lhes: «A quem procurais?» Responderam: «A Jesus de Nazaré», Jesus retomou: «Já vos disse que sou eu. Se é a mim que procurais, deixai que estes aqui se retirem». Assim se cumpria a palavra que ele tinha dito: «Não perdi nenhum daqueles que me deste». Simão Pedro, que tinha uma espada, puxou-a e feriu o servo do sumo sacerdote, cortando-lhe a ponta da orelha direita. O nome do servo era Malco. Jesus disse a Pedro: «Guarda a tua espada na bainha. Será que não vou beber o cálice que o Pai me deu?».
O batalhão, o comandante e os guardas dos judeus prenderam Jesus e o amarraram. Primeiro, conduziram-no a Anás, sogro de Caifás, o sumo sacerdote daquele ano. Caifás é quem tinha aconselhado aos judeus: «É conveniente que um só homem morra pelo povo». Simão Pedro e um outro discípulo seguiam Jesus. Este discípulo era conhecido do sumo sacerdote. Ele entrou com Jesus no pátio do sumo sacerdote. Pedro ficou do lado de fora, perto da porta. O outro discípulo, que era conhecido do sumo sacerdote, saiu, conversou com a empregada da porta e levou Pedro para dentro. A criada da porta disse a Pedro: «Não pertences tu também aos discípulos desse homem?». Ele respondeu: «Não». Os servos e os guardas tinham feito um fogo, porque fazia frio; estavam se aquecendo, e Pedro estava com eles para se aquecer. O sumo sacerdote interrogou Jesus a respeito dos seus discípulos e do seu ensinamento. Jesus respondeu: «Eu falei abertamente ao mundo. Eu sempre ensinei nas sinagogas e no templo, onde os judeus se reúnem. Nada falei às escondidas. Por que me interrogas? Pergunta aos que ouviram o que eu falei; eles sabem o que eu disse». Quando assim falou, um dos guardas que ali estavam deu uma bofetada em Jesus, dizendo: «É assim que respondes ao sumo sacerdote?». Jesus replicou-lhe: «Se falei mal, mostra em que falei mal; e se falei certo, por que me bates?». Anás, então, mandou-o, amarrado, a Caifás. Simão Pedro continuava lá, aquecendo-se. Disseram-lhe: «Não és tu, também, um dos discípulos dele?». Pedro negou: «Não». Então um dos servos do sumo sacerdote, parente daquele a quem Pedro tinha cortado a orelha, disse: «Será que não te vi no jardim com ele?». Pedro negou de novo, e na mesma hora o galo cantou.
De Caifás, levaram Jesus ao palácio do governador. Era de madrugada. Eles mesmos não entraram no palácio, para não se contaminarem e poderem comer a páscoa. Pilatos saiu ao encontro deles e disse: «Que acusação apresentais contra este homem?». Eles responderam: «Se não fosse um malfeitor, não o teríamos entregue a ti!». Pilatos disse: «Tomai-o vós mesmos e julgai-o segundo vossa lei». Os judeus responderam: «Não nos é permitido matar ninguém». Assim se realizava o que Jesus tinha dito, indicando de que morte havia de morrer. Pilatos entrou, de volta, no palácio, chamou Jesus e perguntou-lhe: «Tu és o Rei dos Judeus?». Jesus respondeu: «Estás dizendo isto por ti mesmo, ou outros te disseram isso de mim?». Pilatos respondeu: «Acaso sou eu judeu? Teu povo e os sumos sacerdotes te entregaram a mim. Que fizeste?». Jesus respondeu: «O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus guardas lutariam para que eu não fosse entregue aos judeus. Mas, o meu reino não é daqui». Pilatos disse: «Então, tu és rei?». Jesus respondeu: «Tu dizes que eu sou rei. Eu nasci e vim ao mundo para isto: para dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade escuta a minha voz». Pilatos lhe disse: «Que é a verdade?». Dito isso, saiu ao encontro dos judeus e declarou: «Eu não encontro nele nenhum motivo de condenação. Mas existe entre vós um costume de que, por ocasião da Páscoa, eu vos solte um preso. Quereis que eu vos solte o Rei dos Judeus?». Eles, então, se puseram a gritar: «Este não, mas Barrabás!». Ora, Barrabás era um assaltante.
Pilatos, então, mandou açoitar Jesus. Os soldados trançaram uma coroa de espinhos, a puseram na cabeça de Jesus e o vestiram com um manto de púrpura. Aproximavam-se dele e diziam: «Viva o Rei dos Judeus!».; e batiam nele. Pilatos saiu outra vez e disse aos judeus: «Olhai! Eu o trago aqui fora, diante de vós, para que saibais que eu não encontro nele nenhum motivo de condenação».. Então, Jesus veio para fora, trazendo a coroa de espinhos e o manto de púrpura. Ele disse-lhes: «Eis o homem».! Quando o viram, os sumos sacerdotes e seus guardas começaram a gritar: «Crucifica-o! Crucifica-o!».Pilatos respondeu: «Levai-o, vós mesmos, para o crucificar, porque eu não encontro nele nenhum motivo de condenação».. Os judeus responderam-lhe: «Nós temos uma Lei, e segundo esta Lei ele deve morrer, porque se fez Filho de Deus». Quando Pilatos ouviu isso, ficou com mais medo ainda. Entrou no palácio outra vez e perguntou a Jesus: «De onde és tu?». Jesus ficou calado. Então Pilatos disse-lhe: «Não me respondes? Não sabes que tenho poder para te soltar e poder para te crucificar?». Jesus respondeu: «Tu não terias poder algum sobre mim, se não te fosse dado do alto. Por isso, quem me entregou a ti tem maior pecado». Por causa disso, Pilatos procurava soltar Jesus. Mas os judeus continuavam gritando: «Se soltas este homem, não és amigo de César. Todo aquele que se faz rei, declara-se contra César». Ouvindo estas palavras, Pilatos trouxe Jesus para fora e sentou-se no tribunal, no lugar conhecido como Pavimento ( em hebraico: Gábata). Era o dia da preparação da páscoa, por volta do meio-dia. Pilatos disse aos judeus: «Eis o vosso rei». Eles, porém, gritavam: «Fora! Fora! Crucifica-o!». Pilatos disse: «Vou crucificar o vosso rei?». Os sumos sacerdotes responderam: «Não temos rei senão César». Pilatos, então, lhes entregou Jesus para ser crucificado. Eles tomaram conta de Jesus.
Carregando a sua cruz, ele saiu para o lugar chamado Calvário (em hebraico: Gólgota). Lá, eles o crucificaram com outros dois, um de cada lado, ficando Jesus no meio. Pilatos tinha mandado escrever e afixar na cruz um letreiro; estava escrito assim: «Jesus de Nazaré, o Rei dos Judeus». Muitos judeus leram o letreiro, porque o lugar onde Jesus foi crucificado era perto da cidade; e estava escrito em hebraico, em latim e em grego. Os sumos sacerdotes disseram então a Pilatos: «Não escrevas: ‘O Rei dos Judeus’, e sim: ‘Ele disse: Eu sou o Rei dos Judeus’. Pilatos respondeu: «O que escrevi, escrevi». Depois que crucificaram Jesus, os soldados pegaram suas vestes e as dividiram em quatro partes, uma para cada soldado. A túnica era feita sem costura, uma peça só de cima em baixo. Eles combinaram: «Não vamos rasgar a túnica. Vamos tirar sorte para ver de quem será». Assim cumpriu-se a Escritura: «Repartiram entre as minhas vestes e tiraram a sorte sobre minha túnica». Foi isso que os soldados fizeram. Junto à cruz de Jesus estavam de pé sua mãe e a irmã de sua mãe, Maria de Cléofas, e Maria Madalena. Jesus, ao ver sua mãe e, ao lado dela, o discípulo que ele amava, disse à mãe: «Mulher, eis o teu filho!». Depois disse ao discípulo: «Eis a tua mãe!». A partir daquela hora, o discípulo a acolheu no que era seu.
Depois disso, sabendo Jesus que tudo estava consumado, e para que se cumprisse a Escritura até o fim, disse: «Tenho sed!». Havia ali uma jarra cheia de vinagre. Amarraram num ramo de hissopo uma esponja embebida de vinagre e a levaram à sua boca. Ele tomou o vinagre e disse: “Está consumado”. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito.
Era o dia de preparação do sábado, e este seria solene. Para que os corpos não ficassem na cruz no sábado, os judeus pediram a Pilatos que mandasse quebrar as pernas dos crucificados e os tirasse da cruz. Os soldados foram e quebraram as pernas, primeiro a um dos crucificados com ele e depois ao outro. Chegando a Jesus viram que já estava morto. Por isso, não lhe quebraram as pernas, mas um soldado golpeou-lhe o lado com uma lança, e imediatamente saiu sangue e água. (Aquele que viu dá testemunho, e o seu testemunho é verdadeiro; ele sabe que fala a verdade, para que vós, também, acrediteis.) Isto aconteceu para que se cumprisse a Escritura que diz: «Não quebrarão nenhum dos seus ossos». E um outro texto da Escritura diz: «Olharão para aquele que traspassaram».
Depois disso, José de Arimatéia pediu a Pilatos para retirar o corpo de Jesus; ele era discípulo de Jesus às escondidas, por medo dos judeus. Pilatos o permitiu. José veio e retirou o corpo. Veio também Nicodemos, aquele que anteriormente tinha ido a Jesus de noite; ele trouxe uns trinta quilos de perfume feito de mirra e de aloés. Eles pegaram o corpo de Jesus e o envolveram, com os perfumes, em faixas de linho, do modo como os judeus costumam sepultar. No lugar onde Jesus foi crucificado havia um jardim e, no jardim, um túmulo novo, onde ninguém tinha sido ainda sepultado. Por ser dia de preparação para os judeus, e como o túmulo estava perto, foi lá que eles colocaram Jesus.

«Ele tomou o vinagre e disse: “Está consumado”. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito» - Rev. D. Francesc CATARINEU i Vilageliu(Sabadell, Barcelona, Espanha)

Hoje celebramos o primeiro dia do Tríduo Pascal. Por tanto é o dia da Cruz vitoriosa, desde donde Jesus nos deixou o melhor de Ele mesmo: Maria como mãe, o perdão —também os verdugos— e a confiança total em Deus Pai.
Escutamos na leitura da Paixão que nos transmite o testemunho de São João, presente no Calvário com Maria, a Mãe do Senhor e as mulheres. É um relato rico em simbologia, onde cada pequeno detalhe tem sentido. Mas também o silêncio e a austeridade da Igreja, hoje nos ajudam a viver num clima de oração, atentos ao dom que celebramos.
Diante deste mistério tão grande, estamos chamados —mais que tudo— a ver. A fé cristã não é a relação reverencial a um Deus que está longe e abstrato que desconhecemos, senão a adesão a uma Pessoa, verdadeiro homem como nós e também verdadeiro Deus. O “Invisível” fez-se carne da nossa carne, e assumiu ser homem até a morte e morte de cruz. Foi uma morte aceitada como resgate por todos, morte redentora, morte que nos dá vida. Aqueles que estavam aí e o viram, nos transmitiram os fatos e ao mesmo tempo, nos descobrem o sentido daquela morte.
Ante isto, sentimo-nos agradecidos e admirados. Conhecemos o preço do amor: «Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida por seus amigos» (Jo 15,13). A oração cristã não é só pedir, senão— e principalmente— admirar agradecidos.
Para nós, Jesus é modelo que temos que imitar, quer dizer, reproduzir em nós as suas atitudes. Temos que ser pessoas que amam até darmo-nos e que confiamos no Pai em toda adversidade.
Isto contrasta com a atmosfera indiferente da nossa sociedade; por isso o nosso testemunho tem que ser mais valente do que nunca, já que o dom é para todos. Como diz Melitão de Sardes, «Ele nos fez passar da escravidão à liberdade, das trevas à luz, da morte à vida. Ele é a Páscoa da nossa salvação».

São Ruperto

São Ruperto, também conhecido como Ruprecht, foi um influente bispo do século VII fundador da diocese de Salzburgo, na atual Áustria. Nascido em uma família nobre da França, ele dedicou sua vida ao serviço religioso e à propagação da fé cristã na região dos Alpes. Sua obra missionária foi crucial para a disseminação do cristianismo entre os povos germânicos que habitavam aquela área. Como bispo, São Ruperto enfrentou numerosos desafios, incluindo a hostilidade de tribos pagãs locais e a oposição de líderes políticos. No entanto, sua determinação e fervor espiritual foram fundamentais para estabelecer uma base sólida para a fé cristã na região. Ele foi um exemplo de liderança e coragem, inspirando tanto os fiéis como seus contemporâneos. Além de suas atividades missionárias, São Ruperto é lembrado por sua contribuição para o desenvolvimento cultural e educacional da região. Ele fundou várias escolas e mosteiros, onde a educação e a espiritualidade eram cultivadas. Seu legado perdura até os dias de hoje, influenciando não apenas a vida religiosa, mas também a história e a cultura da Áustria e da Baviera. São Ruperto é venerado como um santo não apenas pela Igreja Católica, mas também por outras denominações cristãs. Sua festa é celebrada em 27 de março, o dia de sua morte, e ele é invocado como padroeiro de Salzburgo, dos padeiros e dos fazendeiros. Sua vida e obra continuam a inspirar milhões de pessoas em todo o mundo, lembrando-nos da importância da fé, da perseverança e do serviço aos outros.

Reflexão: Em uma reflexão sobre a vida de São Ruperto, podemos aprender valiosas lições sobre dedicação, humildade e confiança na providência divina. Seu exemplo nos lembra que, mesmo diante das adversidades, é possível fazer a diferença e deixar um legado significativo através do serviço desinteressado e do amor ao próximo.

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BOM DIA EVANGELHO - 28.MARÇO. 024

 

Bom dia, EVANGELHO,


28 DE MARÇO  DE 2024

Quinta-feira da Semana Santa (Missa vespertina da Ceia do Senhor)

Oração: Senhor, que dignificais a Humanidade com os dons da Vossa imagem e semelhança, concedei-nos pela intercessão de Santa Gisela e São Guntrano o casamento firme e sincero da vontade com o serviço à Vossa Igreja, de modo que a beleza das boas obras seja a regente das nossas ações, dignas dos herdeiros da Pátria Celeste. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.

Evangelho (Jo 13,1-15)

 Antes da festa da Páscoa, sabendo Jesus que tinha chegado a sua hora, hora de passar deste mundo para o Pai, tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim. Foi durante a ceia. O diabo já tinha seduzido Judas Iscariotes para entregar Jesus. Sabendo que o Pai tinha posto tudo em suas mãos e que de junto de Deus saíra e para Deus voltava, Jesus levantou-se da ceia, tirou o manto, pegou uma toalha e amarrou-a à cintura. Derramou água numa bacia, pôs-se a lavar os pés dos discípulos e enxugava-os com a toalha que trazia à cintura.
Chegou assim a Simão Pedro. Este disse: «Senhor, tu vais lavar-me os pés?». Jesus respondeu: «Agora não entendes o que estou fazendo; mais tarde compreenderás». Pedro disse: «Tu não me lavarás os pés nunca!». Mas Jesus respondeu: «Se eu não te lavar, não terás parte comigo». Simão Pedro disse: «Senhor, então lava-me não só os pés, mas também as mãos e a cabeça». Jesus respondeu: «Quem tomou banho não precisa lavar senão os pés, pois está inteiramente limpo. Vós também estais limpos, mas não todos». Ele já sabia quem o iria entregar. Por isso disse: «Não estais todos limpos».
Depois de lavar os pés dos discípulos, Jesus vestiu o manto e voltou ao seu lugar. Disse aos discípulos: «Entendeis o que eu vos fiz? Vós me chamais de Mestre e Senhor; e dizeis bem, porque sou. Se eu, o Senhor e Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns aos outros. Dei-vos o exemplo, para que façais assim como eu fiz para vós».

«Se eu, o Senhor e Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns aos outros» - Mons. José Ángel SAIZ Meneses, Arcebispo de Sevilha(Sevilla, Espanha)

Hoje lembramos aquela primeira Quinta-feira Santa da história, na qual Jesus Cristo se reúne com os seus discípulos para celebrar a Páscoa. Então inaugurou a nova Páscoa da nova Aliança, na que se oferece em sacrifício pela salvação de todos.
Na Santa Ceia, ao mesmo tempo que a Eucaristia, Cristo institui o sacerdócio ministerial. Mediante este, poderá se perpetuar o sacramento da Eucaristia. O prefácio da Missa Crismal revela-nos o sentido: «Ele escolhe alguns para fazê-los participes de seu ministério santo; para que renovem o sacrifício da redenção, alimentem a teu povo com a tua Palavra e o reconfortem com os teus sacramentos».
E aquela mesma Quinta-feira, Jesus nos dá o mandamento do amor: «Amai-vos uns aos outros. Como eu vos amei» (Jo 13,34). Antes, o amor fundamentava-se na recompensa esperada em troca, ou no cumprimento de uma norma imposta. Agora, o amor cristão fundamenta-se em Cristo. Ele nos ama até dar a vida: essa tem que ser a medida do amor do discípulo, e esse tem que ser o sinal, a característica do reconhecimento cristão.
Mas, o homem não tem a capacidade para amar assim. Não é simplesmente o fruto de um esforço, senão dom de Deus. Afortunadamente, Ele é amor e —ao mesmo tempo— fonte de amor que se nos dá no Pão Eucarístico.
Finalmente, hoje contemplamos o lavatório dos pés. Na atitude de servo, Jesus lava os pés dos Apóstolos, e lhes recomenda que o façam uns aos outros (cf. Jo 13,14).
Há algo mais que uma lição de humildade neste gesto do Mestre. É como uma antecipação, como um símbolo da Paixão, da humilhação total que sofrerá para salvar todos os homens.
O teólogo Romano Guardini diz que «a atitude do pequeno que se inclina ante o grande, ainda não é humildade. É, simplesmente, verdade. O grande que se humilha ante o pequeno, é o verdadeiro humilde». Por isto Jesus Cristo é autenticamente humilde. Ante este Cristo humilde, nossos moldes se quebram. Jesus Cristo inverte os valores humanos e convida-nos a seguí-lo para construir um mundo novo e diferente desde o serviço.

Santa Gisela

Gisela nasceu em 985 na Baviera, Germânia (atual Alemanha). Filha do duque bávaro Henrique e de Gisela de Borgonha. Era a irmã mais nova de Henrique II da Alemanha, de Bruno, bispo de Augsburgo, e de Brígida, futura abadessa de Mittelmuenster. Em 996 o rei Estevão da Hungria, por meio de emissários, a pediu em casamento. Gisela havia se consagrado a Deus no íntimo de seu coração, mas aceitou. Assim, em obediência e por providência divina, tornou-se a primeira rainha católica húngara. Através dela se converteu o rei, e com ele os seus súditos. Gisela ajudou na construção e reparos de muitas igrejas, inclusive a catedral de Vezprim, para a qual doou ricos feudos. Fez questão de importar os mais destacados artistas da época, incluindo escultores gregos, para embelezar as obras. Além da importância religiosa e cultural que seu reinado obteve, sua benéfica influência política, através do casamento e da conversão da Hungria, permitiu que as boas relações com a Alemanha atravessassem os séculos. Sofreu porém com a morte, primeiro de uma filha e logo depois de um outro filho. Suas outras duas filhas casaram e nunca mais as pôde ver, pois mudaram para lugares muito distantes. Em 15 de agosto de 1038, na festa da Assunção de Nossa Senhora, dia em que se consagrara anos atrás, seu esposo faleceu, sendo depois também canonizado. O filho Américo, que deveria sucedê-la no trono, igualmente morreu e foi canonizado. Depois de tantas perdas familiares, os húngaros pagãos da oposição assumiram o poder e neutralizaram a sua influência junto ao povo, mantendo-a presa por vários anos e impedindo seu contato com quaisquer parentes do exterior, e confiscaram seus bens. Finalmente, em 1042, após vários anos de prisão, e de muitas negociações com o rei Henrique III, Gisela pôde retornar à Alemanha, onde se recolheu no mosteiro beneditino de Niedernburg na Baviera. Esta cidade era uma abadia principesca, significando que a abadessa eleita era, automaticamente, a princesa do Império Alemão. Por seus dons e experiência, pouco depois de sua entrada, Gisela foi eleita abadessa-princesa, governando com sabedoria e prudência. Faleceu aos 80 anos, em 7 maio de 1065, e sepultada em Passau, na Baviera. Ficou conhecida como Santa Gisela da Baviera ou da Hungria, e seu culto, muito antigo, é ainda intenso no norte da Itália, na Hungria, Alemanha, França, por todo o Oriente, e nos países onde os beneditinos se instalaram.(Colaboração: José Duarte de Barros Filho)

Reflexão: Santa Gisela foi soberana na evangelização, iniciando pelo seu próprio lar, o que permitiu à Igreja ser coroada com outro grande santo, na pessoa de Estêvão. E por eles, todo um país pôde se beneficiar da Palavra de Deus e das suas naturais consequências, como a boa cultura cristã, que valoriza a Arte e assim contribui para embelezar os lugares, como os templos, tanto materiais quanto espirituais. Como é importante a mentalidade católica, nos cargos de direção! Mas a nobreza evangelizadora de Gisela não se manifesta somente nos bons e favoráveis momentos, pois seu exemplo de confiança na Providência, após grandes perdas humanas e de pertences, e também da liberdade física, é testemunho ainda maior. Como Jesus, ela inicialmente foi valorizada pelas belas obras, depois suprimida por inveja e cobiça, para então ser recompensada definitivamente com a realeza espiritual, como abadessa, princesa e santa. Nobre também foi São Guntrano, na sua conversão: franco por condição, também o foi na honestidade de alma. Reconhecendo que os casamentos por conveniência mundana não geram frutos, uniu-se convictamente à Igreja, o que o tornou pai de sacras obras.

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terça-feira, 26 de março de 2024

BOM DIA EVANGELHO - 27. MARÇO. 024

 

BOM DIA EVANGELHO


27 DE MARÇO DE 2024 - Quarta-feira DA SEMANA SANTA

 

Oração: Senhor, que por pura bondade distribuís para nós as Vossas riquezas infinitas, concedei-nos pela intercessão de Santa Lídia jamais comerciar com as graças que recebemos no nosso Batismo e ao longo da vida, mas nos tornemos ricos na humildade de sempre Vos receber na casa da nossa alma, e assim, Convosco, podermos tingir nossas vidas com a cor das boas obras, para recebermos do Vosso amor a púrpura da realeza celeste. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.

Livro de Isaías 50,4-9a.

O Senhor deu-me a graça de falar como um discípulo, para que eu saiba dizer uma palavra de alento aos que andam abatidos. Todas as manhãs Ele desperta os meus ouvidos, para eu escutar, como escutam os discípulos.
O Senhor Deus abriu-me os ouvidos, e eu não resisti nem recuei um passo.
Apresentei as costas àqueles que me batiam e a face aos que me arrancavam a barba; não desviei o meu rosto dos que me insultavam e cuspiam.
Mas o Senhor Deus veio em meu auxílio, e, por isso, não fiquei envergonhado; tornei o meu rosto duro como pedra, e sei que não ficarei desiludido.
O meu advogado está perto de mim. Pretende alguém instaurar-me um processo? Compareçamos juntos. Quem é o meu adversário? Que se apresente!
O Senhor Deus vem em meu auxílio. Quem ousará condenar-me?

Livro dos Salmos 69(68),8-10.21bcd-22.31.33-34.

Por Vós tenho suportado afrontas,
cobrindo-se meu rosto de confusão.
Tornei-me um estranho para os meus irmãos,
um desconhecido para a minha família.
Devorou-me o zelo pela vossa casa,
e recaíram sobre mim os insultos contra Vós.

O insulto despedaçou-me o coração
e eu desfaleço.
Esperei por compaixão e não apareceu,
nem encontrei quem me consolasse.
Misturaram-me fel na comida
e deram-me vinagre a beber.

Louvarei com cânticos o nome de Deus
e em ação de graças O glorificarei.
Vós, humildes, olhai e alegrai-vos,
buscai o Senhor e o vosso coração se reanimará.
O Senhor ouve os pobres
e não despreza os cativos.

Evangelho segundo São Mateus 26,14-25.

Naquele tempo, um dos Doze, chamado Judas Iscariotes, foi ter com os príncipes dos sacerdotes
e disse-lhes: «Que estais dispostos a dar-me para vos entregar Jesus?». Eles garantiram-lhe trinta moedas de prata.
E a partir de então, Judas procurava uma oportunidade para O entregar.
No primeiro dia dos Ázimos, os discípulos foram ter com Jesus e perguntaram-Lhe: «Onde queres que façamos os preparativos para comer a Páscoa?».
Ele respondeu: «Ide à cidade, a casa de tal pessoa, e dizei-lhe: "O Mestre manda dizer: o meu tempo está próximo. É em tua casa que Eu quero celebrar a Páscoa com os meus discípulos"».
Os discípulos fizeram como Jesus lhes tinha mandado e prepararam a Páscoa.
Ao cair da noite, sentou-Se à mesa com os Doze.
Enquanto comiam, declarou: «Em verdade vos digo: um de vós há de entregar-Me».
Profundamente entristecidos, começou cada um a perguntar-Lhe: «Serei eu, Senhor?».
Jesus respondeu: «Aquele que meteu comigo a mão no prato é que há de entregar-Me.
O Filho do homem vai partir, como está escrito acerca dele. Mas ai daquele por quem o Filho do homem vai ser entregue! Melhor seria para esse homem não ter nascido».
Judas, que O ia entregar, tomou a palavra e perguntou: «Serei eu, Mestre?». Respondeu Jesus: «Tu o disseste». ++ Tradução litúrgica da Bíblia

Santa Teresa de Calcutá (1910-1997) - fundadora das Irmãs Missionárias da Caridade «Jesus, a Palavra», cap. 8 - «Aquele que meteu comigo a mão no prato é que há de entregar-Me»

Vede que compaixão Cristo tem com Judas, o homem que recebeu tanto amor e que, contudo, traiu o próprio Mestre; esse Mestre que manteve o silêncio sagrado, não o atraiçoando perante os companheiros. Com efeito, Jesus poderia muito bem ter falado abertamente, revelando aos outros as intenções ocultas e os atos de Judas; mas não o fez. Preferiu ser misericordioso e compassivo: em vez de o condenar, chamou-lhe amigo (cf Mt 26,50). Se Judas tivesse olhado para Jesus de frente, como fez Pedro (cf Lc 22,61), teria sido amigo da misericórdia de Deus. Jesus foi sempre misericordioso.

Santa Lídia, comerciante de púrpura

O que se sabe sobre Santa Lídia está no livro dos Atos dos Apóstolos 16, 14-40. Morava em Filipos, a principal cidade da Macedônia, um porto no Mar Egeu e uma colônia romana. Mas nascera em Tiatira, uma cidade da região chamada Lídia, na parte ocidental da Grécia. Por isso, alguns crêem que Lídia não seria o seu nome, mas um apelido recebido dos filipenses – "a lídia" (como "a samaritana", por exemplo). Era prosélita, ou seja, pagã (não judaica) que tinha se convertido ao judaísmo. Isto indica que já buscava a Verdade, ao deixar as crenças gregas politeístas e abraçando o judaísmo monoteísta. E, ao ouvir a pregação de São Paulo, converteu-se ao Catolicismo. Tiatira era conhecida pela lucrativa indústria de tingimento e comércio de púrpura, no século I. A existência de fabricantes de corante tanto em Tiatira como em Filipos é comprovada por inscrições de descobertas arqueológicas. É possível que Lídia tivesse mudado para Filipos, onde conheceu Paulo, por causa do seu trabalho com púrpura. Pela descrição de São Lucas, que a conheceu pessoalmente, Lídia era uma mulher rica por ser comerciante de púrpura, dona do próprio comércio e chefe de família, algo incomum para as mulheres da época (aparentemente, ela dirigia a própria casa, e portanto possivelmente era viúva ou solteira. Sua família incluiria parentes e provavelmente escravos ou servos). Entende-se que Lídia era rica porque roupas na cor púrpura eram usadas somente por reis, rainhas e pessoas da nobreza. O corante é extraído de várias fontes, a mais cara sendo os moluscos marinhos do gênero Murex e abundantes no Mar Mediterrâneo. Segundo Marcial, poeta romano do século I, um manto da mais fina púrpura de Tiro, outro centro fabricante dessa substância, chegava a custar 10.000 sestércios, ou 2.500 denários, o equivalente ao salário de 2.500 dias de um trabalhador. Entre os anos 50 e 53, os apóstolos Paulo, Silas, Timóteo e Lucas foram a Filipos como missionários. Esperaram o sábado para irem à procura de judeus que provavelmente se reuniriam para ler a Escritura. Saíram da cidade, na qual provavelmente não havia muitas sinagogas, já que o imperador Cláudio estabelecera a política de expulsar os judeus. Encontraram Lídia com outras mulheres próximo a um rio, onde eles pensaram haver um lugar de oração (cf. At 16,13). Depois de batizada, junto com os da sua casa, Lídia pediu veementemente aos Apóstolos que se hospedassem com ela, durante a sua estadia na cidade. E, após serem presos, e milagrosamente libertos pela ação de um terremoto, Paulo e Silas voltaram ainda à sua residência. Depois de confortar os que ali estavam, ou seja, os que formariam a comunidade cristã de Filipos, para a qual São Paulo escreveria mais tarde a Carta aos Filipenses, os Apóstolos foram para a Tessalônica. Santa Lídia ajudou decisivamente São Paulo e seus companheiros na missão em Filipos. Foi a primeira mulher a se fazer cristã na Europa, e é uma das primeiras veneradas como santas desde o início do cristianismo. Parece que sua casa tornou-se a primeira Igreja da Europa, e que depois do contato com os Apóstolos abandonou as riquezas e recolheu-se a um lugar de oração. Seu nome aparece em inscrições nas catacumbas. É a padroeira dos tintureiros e comerciantes. (Colaboração: José Duarte de Barros Filho)

Reflexão: Santa Lídia priorizou a riqueza da alma sobre a da matéria, ao acolher prontamente e com alegria a Boa Nova e os seus missionários, como também nós devemos fazer em todos os tempos e lugares. Não era obrigatório que abandonasse seus bens, mas sim que sua vida, transformada pelo Batismo, ficasse mais recolhida em oração – assim como também nós devemos fazer em todos os tempos e lugares. Pois só assim poderemos hospedar Cristo na nossa alma, e efetivar nossos lares como as igrejas domésticas que eles devem ser. Como fez Santa Lídia, a seu tempo e no seu lugar.

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domingo, 24 de março de 2024

BOM DIA EVANGELHO - 26. MARÇO. 024

 

BOM DIA EVANGELHO


27 DE MARÇO DE 2024 - Terça-feira Santa

Oração: Deus de infinita sabedoria, que desejais que não somente cresça a nossa Fé, mas também a nossa Razão, a qual também nos destes para embasar corretamente o que cremos, concedei-nos por intercessão de São Bráulio saber valorizar a cultura, tanto pessoal quanto como nação, e mais ainda como Igreja; pois os indivíduos, países e fiéis mal formados são a presa fácil do demônio. E deste modo, alimentando-nos da Palavra e provendo este santo alimento aos irmãos, façamos como ele a nossa parte na consolidação da Igreja nesse tempo, de modo a podermos ser futuramente associados ao Rei dos Céus que sois Vós mesmo. Por Nosso Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora. Amém.

Evangelho (Jo 13,21-33.36-38):

 Depois de dizer isso, Jesus ficou interiormente perturbado e testemunhou: «Em verdade, em verdade, vos digo: um de vós me entregará». Desconcertados, os discípulos olhavam uns para os outros, pois não sabiam de quem estava falando. Bem ao lado de Jesus estava reclinado um dos seus discípulos, aquele que Jesus mais amava. Simão Pedro acenou para que perguntasse de quem ele estava falando. O discípulo, então, recostando-se sobre o peito de Jesus, perguntou: «Senhor, quem é?». Jesus respondeu: «É aquele a quem eu der um bocado passado no molho». Então, Jesus molhou um bocado e deu a Judas, filho de Simão Iscariotes. Depois do bocado, Satanás entrou em Judas. Jesus, então, lhe disse: «O que tens a fazer, faze logo». Mas nenhum dos presentes entendeu por que ele falou isso. Como Judas guardava a bolsa, alguns pensavam que Jesus estava dizendo: «Compra o que precisamos para a festa», ou que desse alguma coisa para os pobres. Então, depois de receber o bocado, Judas saiu imediatamente. Era noite.
Depois que Judas saiu, Jesus disse: «Agora foi glorificado o Filho do Homem, e Deus foi glorificado nele. Se Deus foi glorificado nele, Deus também o glorificará em si mesmo, e o glorificará logo. Filhinhos, por pouco tempo eu ainda estou convosco. Vós me procurareis, e agora vos digo, como eu disse também aos judeus: ‘Para onde eu vou, vós não podeis ir’. Simão Pedro perguntou: «Senhor, para onde vais?». Jesus respondeu-lhe: «Para onde eu vou, não podes seguir-me agora; mais tarde me seguirás». Pedro disse: «Senhor, por que não posso seguir-te agora? Eu darei minha vida por ti!». Jesus respondeu: «Darás tua vida por mim? Em verdade, em verdade, te digo: não cantará o galo antes que me tenhas negado três vezes».

«Era noite»Abbé Jean GOTTIGNY(Bruxelles, Blgica)

Hoje, Terça-feira Santa, a liturgia põe o acento sobre o drama que está a ponto de desencadear-se e que concluirá com a crucifixão da Sexta-feira Santa. «Então, depois de receber o bocado, Judas saiu imediatamente. Era noite» (Jo 13,30). Sempre é de noite quando nos distanciamos do que é «Luz de Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro» (Símbolo de Niceas-Constantinopla).
O pecador é o que dá as costas ao Senhor para gravitar ao redor das coisas criadas, sem referi-las a seu Criador. Santo Agostinho descreve o pecado como «um amor a si mesmo até o desprezo de Deus». Uma traição. Uma prevaricação fruto da «arrogância com a que queremos emancipar-nos de Deus e não ser nada mais que nós mesmos; a arrogância pela que cremos não ter necessidade do amor eterno, e sim que desejamos dominar nossa vida por nós mesmos» (Bento XVI). Podemos entender que Jesus, aquela noite, tenha-se sentido «turbado em seu interior» (Jo 13,21).
Afortunadamente, o pecado não é a última palavra. Esta é a misericórdia de Deus. Mas ela supõe uma “mudança” de nossa parte. Uma mudança da situação que consiste em despegar-se das criaturas para vincular-se a Deus e reencontrar assim a autêntica liberdade. No entanto, não vamos esperar estar aborrecidos das falsas liberdades que tomamos, para mudar a Deus. Segundo denunciou o padre jesuíta Bourdaloue, «quiséramos converter-nos quando estivéssemos cansados do mundo ou, melhor dito, quando o mundo estivesse cansado de nós». Sejamos mais espertos. Decidamo-nos agora. A Semana Santa é a ocasião propícia. Na Cruz, Cristo abre seus braços a todos. Ninguém está excluído Todo ladrão arrependido tem seu lugar no paraíso. Isso sim, a condição de mudar de vida e de reparar, como o do Evangelho: «Para nós, é justo sofrermos, pois estamos recebendo o que merecemos; mas ele não fez nada de mal» (Lc 23,41).

São Bráulio

São Bráulio nasceu na Hispânia (Espanha), por volta de 585-590, não se sabe ao certo se em Gerona, Sevilha, Toledo ou Saragoça. Seu pai Gregório e seu irmão mais velho, João, foram bispos; outro irmão, Frumiano, era religioso (na sua mesma abadia), sua irmã Pompônia abadessa, e somente sua irmã Basila foi casada, e depois viúva. Com 20 anos, entrou para a abadia de Santa Engrácia, onde seu irmão João o ajudou nos estudos elementares, de cultura clássica, religião e vida ascética. Dez anos depois, muda-se para Sevilha, o maior centro cultural da Espanha na época, para aprofundar-se nos estudos, e ali tornou-se grande amigo e aluno do maior sábio do seu tempo, Santo Isidoro de Sevilha. Este o chamava de "amadíssimo senhor meu e caríssimo filho". Bráulio muito estimulou Isidoro para que escrevesse sua obra enciclopédica, e acabou por receber dele o encargo de revisá-la e ampliá-la, em 637. Na verdade, São Bráulio foi o melhor escritor espanhol de seu tempo, depois de Santo Isidoro, embora tenha trabalhado mais como incentivador da cultura do que como escritor. Assim escreveu por exemplo a Vita (vida) de Santo Emiliano, mas sobretudo preocupou-se com a formação e enriquecimento de bibliotecas (muito da sua correspondência com Isidoro trata de manuscritos e aquisições para elas). Em 625 volta para Saragoça, onde o irmão João era arcediago (dignitário da Igreja que recebe do bispo certos poderes junto aos párocos, curas, abades etc. no âmbito diocesano, para a administração de afazeres eclesiásticos) e depois bispo, e o sucedeu em ambos os cargos, assumindo a diocese em 631. Este foi um período difícil, quando grassaram pestes, flagelos e carestias, exigindo muito do seu zelo. São Bráulio participou de três concílios em Toledo, do quarto ao sexto (respectivamente em 633, 636 e 638). Neste último, foi incumbido pelos demais participantes (que incluíam alguns Metropolitas, isto é, arcebispos, portanto de maior dignidade eclesiástica) de comunicar-se com o Papa Honório I para esclarecer a ele a posição dos bispos, que criticara por negligência nas suas funções. São Bráulio também aconselhou e foi confidente de vários reis visigodos. Recesvinto, filho de um deles (Quindasvinto), recomendou que Bráulio fosse coroado como "rei associado". Por tudo isso, Bráulio foi importantíssimo na consolidação da Igreja na região espanhola. Praticamente cego e esgotado em 650, São Bráulio faleceu em 651, sendo considerado padroeiro das missões do Evangelho.(Colaboração: José Duarte de Barros Filho)

Reflexão: Além das grandes obras de caridade no bispado, diretamente voltadas para este serviço, como o auxílio aos necessitados dos flagelos, temas de concílios e diplomacia eclesiástica, São Bráulio destacou-se ainda mais pela sua contribuição direta e indireta na cultura, com seus próprios escritos e incentivo a outros autores – notadamente ninguém menos que Santo Isidoro – e impulso para a criação e aumento das bibliotecas. Naturalmente, visava que se enriquecessem verdadeiramente, com apenas volumes de valor; a literatura pagã, esta considerava “vão palavreado, frivolidade que satisfaz a inquietação humana, fumo impalpável e vento de ostentação”. Por contraste, ao pedir uma cópia de “Etimologias” de Santo Isidoro, assim se expressa ao autor e amigo: “Pensa que não tens o direito a conservar escondidos os talentos, nem a fugir à distribuição dos alimentos que te foram confiados. Abre a mão, reparte os teus bens entre os necessitados, para que estes não pereçam de fome”. Vê-se aqui quão claramente São Bráulio entendia o valor do alimento espiritual; e realmente, o alimento mais necessário ao Homem, sem desfazer da sua necessidade física, é o pão Eucarístico. Uniu portanto perfeitamente a correta valorização da cultura sem confundi-la com a mera vaidade do saber, dando o exemplo de que a verdadeira sabedoria não é simples conhecimento, mas Caridade. Cego para as coisas mundanas, esgotou-se na erudição da alma com suas boas obras, das quais ensinar os ignorantes é uma das mais importantes.

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