Oração:
Senhor, Uno e Trino, que
tudo criastes por Vós mesmo, concedei-nos pela intercessão de São José da Cruz
a iniciativa de, mesmo que sozinhos dos demais, porém sempre Convosco,
construir os alicerces das Vossas obras, para que sejam abrigo dos nossos irmãos.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.
Evangelho (Mt 18,21-35):
Pedro dirigiu-se a Jesus perguntando:
«Senhor, quantas vezes devo perdoar, se meu irmão pecar contra mim? Até sete
vezes?» Jesus respondeu: «Digo-te, não até sete vezes, mas até setenta vezes
sete vezes.
»O Reino dos Céus é, portanto, como um rei que resolveu ajustar contas com seus
servos. Quando começou o ajuste, trouxeram-lhe um que lhe devia uma fortuna
inimaginável. Como o servo não tivesse com que pagar, o senhor mandou que fosse
vendido como escravo, junto com a mulher, os filhos e tudo o que possuía, para
pagar a dívida. O servo, porém, prostrou-se diante dele pedindo: ‘Tem paciência
comigo, e eu te pagarei tudo’. Diante disso, o senhor teve compaixão, soltou o
servo e perdoou-lhe a dívida.
»Ao sair dali, aquele servo encontrou um dos seus companheiros que lhe devia
uma quantia irrisória. Ele o agarrou e começou a sufocá-lo, dizendo: ‘Paga o
que me deves’. O companheiro, caindo aos pés dele, suplicava: ‘Tem paciência
comigo, e eu te pagarei'. Mas o servo não quis saber. Saiu e mandou jogá-lo na
prisão, até que pagasse o que estava devendo. Quando viram o que havia
acontecido, os outros servos ficaram muito sentidos, procuraram o senhor e lhe
contaram tudo. Então o senhor mandou chamar aquele servo e lhe disse: ‘Servo
malvado, eu te perdoei toda a tua dívida, porque me suplicaste. Não devias tu
também ter compaixão do teu companheiro, como eu tive compaixão de ti? O senhor
se irritou e mandou entregar aquele servo aos carrascos, até que pagasse toda a
sua dívida. É assim que o meu Pai que está nos céus fará convosco, se cada um
não perdoar de coração ao seu irmão».
«O senhor teve compaixão, (…) perdoou-lhe a dívida» - Rev. D. Enric PRAT i Jordana(Sort, Lleida, Espanha)
Hoje, o Evangelho de Mateus convida-nos a uma
reflexão sobre o mistério do perdão, propondo um paralelismo entre o estilo de
Deus e o nosso na hora de perdoar.
O homem atreve-se a medir e a levar em conta a sua magnanimidade perdoadora:
«Senhor, quantas vezes devo perdoar, se meu irmão pecar contra mim? Até sete
vezes?» (Mt 18,21). A Pedro parece-lhe que sete vezes já é muito e que é,
talvez, o máximo que podemos suportar. Bem visto, Pedro continua esplêndido, se
o compararmos com o homem da parábola que, quando encontrou um companheiro seu
que lhe devia cem denários, «Ele o agarrou e começou a sufocá-lo, dizendo:
‘Paga o que me deves’» (Mt 18,28), negando-se a escutar a sua súplica e a
promessa de pagamento.
Fechadas as contas, o homem, ou se nega a perdoar, ou mede estritamente a
medida do seu perdão. Verdadeiramente ninguém diria que receberíamos da parte
de Deus um perdão infinitamente reiterado e sem limites. A parábola diz: «o
senhor teve compaixão, soltou o servo e perdoou-lhe a dívida» (Mt 18,27). E a
divida era muito grande.
Mas a parábola que comentamos põe acento no estilo de Deus na hora de outorgar
o perdão. Depois de chamar à ordem o seu devedor em atraso e de o fazer ver a
gravidade da situação, deixou-se enternecer repentinamente pelo seu pedido
contrito e humilde: «‘Tem paciência comigo, e eu te pagarei tudo’. Diante
disso, o senhor teve compaixão…» (Mt 18, 26-27). Este episódio põe à vista
aquilo que cada um de nós conhece por experiência própria e com profundo
agradecimento: que Deus perdoa sem limites ao arrependido e convertido. O final
negativo e triste da parábola, contudo, faz honras de justiça e manifesta a
veracidade daquela outra sentença de Jesus em Lc 6,38: «Com a medida com que
medirdes sereis medidos».
Carlos Caetano Calosirto, filho de pais nobres e ricos, nasceu em1654 na cidade de Ponte, ilha de Ischia, Itália. Já na infância recolhia-se a maior parte do tempo num quarto mais retirado da casa, onde colocou um pequeno altar em honra da Santíssima Virgem. Desejando para ele uma melhor formação religiosa, os pais o enviaram para estudar com aos agostinianos de Ischia. Ali, quando por motivo de estudo tinha que se juntar a outros jovens, evitava as más companhias, querendo preservar a inocência, bem como combatia a vaidade, a mentira e a superficialidade. Admirador de São Francisco de Assis, quis imitá-lo, e em 1671 entrou para a Ordem dos Franciscanos Descalços, conhecidos como “Alcantarinos” (porque eram oriundos da Reforma de São Pedro de Alcântara), no convento de Santa Luzia no Monte, em Nápoles. Adotou então o nome de João José da Cruz. Identificou-se com a maior austeridade destas regras, e por isso decidiu ficar sempre descalço. Havia, então, uma divisão entre os alcantarinos da Espanha e da Itália. Em 1671 foi enviado com 11 irmãos para Piedimonte d'Alife, a construir o primeiro convento da Ordem. Eram muitas as dificuldades. João José começou a construção sozinho, juntando pedras com as próprias mãos e trabalhando com a enxada, cal, madeira, até fazer os alicerces. Inicialmente pensaram que estava louco, mas depois os outros religiosos e o povo o ajudaram, e o convento foi erigido em tempo recorde. Construiu-se também um pequeno eremitério, ainda hoje meta de peregrinações, chamado "A Solidão". Em 1677 foi ordenado sacerdote, logo depois mestre dos noviços e, aos 24 anos, guardião da Ordem do convento de Piedimonte. Construiu um outro local para retiro, chamado “ermo”, num local isolado na encosta do bosque. E também o convento do Granelo em Portici em Nápoles. Foi nomeado em 1702 vigário provincial e geral da Ordem Franciscana de Nápoles, seguidores da reforma alcantarina, o que o permitiu abrir várias casas religiosas. Com isso a ordem cresceu, também em santidade, em toda a Itália. Esta fama chegou à Santa Sé, e, com o peso dos seus 20 anos de trabalho, os alcantarinos da Espanha e da Itália se reunificaram. Isto lhe custou muitas injustiças e calúnias, ao que respondia com voto de silêncio, dizendo: "Tudo o que Deus permite, permite para o nosso bem." De volta a Santa Luzia, o arcebispo Francisco Pignatelli o convocou para dirigir 73 mosteiros e retiros na região de Nápoles, onde restaurou a disciplina religiosa. Por isso recebeu a mesma incumbência para a diocese de Aversa. Recebeu de Deus a graça se realizar bilocações, profecias, perscrutar corações, levitações, curas milagrosas e até uma ressurreição. Vivia em grande austeridade. Seu quarto continha apenas um crucifixo, uma imagem da Virgem, de quem era profundo devoto, um livro de orações e um “leito” – dois pedaços de couro e uma coberta de lã. Usou por 65 anos, até a morte, um único hábito de pano grosseiro, sempre remendado, e por isso era chamado de "frade dos cem remendos". Comia pouco, uma vez ao dia; dormia pouco, acordando à meia-noite para rezar. São Francisco de Jerônimo e Santo Afonso Maria de Ligório o conheceram e lhe pediam conselhos. Faleceu aos 84 anos em Piedimonte d'Alife e foi sepultado no convento de Santa Luzia. É padroeiro de Ischia, juntamente com Santa Restituta.(Colaboração: José Duarte de Barros Filho)
Reflexão: Muitos são os bons exemplos de São João José da Cruz. A busca constante
do silêncio para estar a sós com Deus, o desapego das coisas materiais, a
austeridade de vida, levados a graus heroicos, mas que todos devem seguir na
própria medida. Desta autodisciplina, pôde, com a constante devoção a Nossa
Senhora – característica de inúmeros santos – orientar e disciplinar os demais,
inclusive outros santos. Sobretudo, devemos imitar a sua busca de união
espiritual, a começar pelos irmãos de fé e na fé, e o constante remendar das
nossas faltas: a túnica de Cristo, inconsútil (e feita por Maria), é o nosso
ideal, mas não sendo perfeitos como Ele, devemos, como São João José, consertar
sem desânimo os rasgos da nossa veste espiritual, na oração, confissão e
Eucaristia, pois são inevitáveis as nossas quedas ao carregar a Cruz, seja
circunstancialmente no nome, seja certamente na vida.
Tjl – acidigital.com – evangeli.net – a12.com
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