Minha Mãe dolorosa, não vos quero deixar sozinho a chorar, não; eu quero
acompanhar-vos também com as minhas lágrimas. Esta graça vos peço hoje;
alcançai-me uma contínua lembrança e uma devoção terna à paixão de Jesus e à
vossa, a fim de que todos os dias que me restam de vida, me sirvam somente para
chorar as vossas dores, e as do meu Redentor. Elas me alcançarão o perdão, a
perseverança, o céu, onde espero depois recrear-me em vós e cantar as
misericórdias infinitas de Jesus, por toda a eternidade. Amém. (Frei Gilson)
Oração:
Ó, Deus, que pelo bispo São Ruperto fizeste crescer a vossa Igreja com a
pregação do Evangelho e com a fundação de mosteiros e escolas, concedei-nos,
por sua intercessão, perseverar na fé e no amor, para que, seguindo seu
exemplo, possamos servir-vos com fidelidade e generosidade. Por nosso Senhor
Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.
Evangelho (Jo 18,1—19,42)
Dito isso, Jesus saiu com seus discípulos para o
outro lado da torrente do Cedron. Lá havia um jardim, no qual ele entrou com os
seus discípulos. Também Judas, o traidor, conhecia o lugar, porque Jesus muitas
vezes ali se reunia com seus discípulos. Judas, pois, levou o batalhão romano e
os guardas dos sumos sacerdotes e dos fariseus, com lanternas, tochas e armas,
e chegou ali. Jesus, então, sabendo tudo o que ia acontecer com ele, saiu e
disse: «A quem procurais?» — «A Jesus de Nazaré!», responderam. Ele disse: «Sou
eu». Judas, o traidor, estava com eles. Quando Jesus disse «Sou eu», eles
recuaram e caíram por terra. De novo perguntou-lhes: «A quem procurais?»
Responderam: «A Jesus de Nazaré», Jesus retomou: «Já vos disse que sou eu. Se é
a mim que procurais, deixai que estes aqui se retirem». Assim se cumpria a
palavra que ele tinha dito: «Não perdi nenhum daqueles que me deste». Simão
Pedro, que tinha uma espada, puxou-a e feriu o servo do sumo sacerdote,
cortando-lhe a ponta da orelha direita. O nome do servo era Malco. Jesus disse
a Pedro: «Guarda a tua espada na bainha. Será que não vou beber o cálice que o
Pai me deu?».
O batalhão, o comandante e os guardas dos judeus prenderam Jesus e o amarraram.
Primeiro, conduziram-no a Anás, sogro de Caifás, o sumo sacerdote daquele ano.
Caifás é quem tinha aconselhado aos judeus: «É conveniente que um só homem
morra pelo povo». Simão Pedro e um outro discípulo seguiam Jesus. Este
discípulo era conhecido do sumo sacerdote. Ele entrou com Jesus no pátio do
sumo sacerdote. Pedro ficou do lado de fora, perto da porta. O outro discípulo,
que era conhecido do sumo sacerdote, saiu, conversou com a empregada da porta e
levou Pedro para dentro. A criada da porta disse a Pedro: «Não pertences tu
também aos discípulos desse homem?». Ele respondeu: «Não». Os servos e os
guardas tinham feito um fogo, porque fazia frio; estavam se aquecendo, e Pedro
estava com eles para se aquecer. O sumo sacerdote interrogou Jesus a respeito
dos seus discípulos e do seu ensinamento. Jesus respondeu: «Eu falei
abertamente ao mundo. Eu sempre ensinei nas sinagogas e no templo, onde os
judeus se reúnem. Nada falei às escondidas. Por que me interrogas? Pergunta aos
que ouviram o que eu falei; eles sabem o que eu disse». Quando assim falou, um
dos guardas que ali estavam deu uma bofetada em Jesus, dizendo: «É assim que
respondes ao sumo sacerdote?». Jesus replicou-lhe: «Se falei mal, mostra em que
falei mal; e se falei certo, por que me bates?». Anás, então, mandou-o,
amarrado, a Caifás. Simão Pedro continuava lá, aquecendo-se. Disseram-lhe: «Não
és tu, também, um dos discípulos dele?». Pedro negou: «Não». Então um dos servos
do sumo sacerdote, parente daquele a quem Pedro tinha cortado a orelha, disse:
«Será que não te vi no jardim com ele?». Pedro negou de novo, e na mesma hora o
galo cantou.
De Caifás, levaram Jesus ao palácio do governador. Era de madrugada. Eles
mesmos não entraram no palácio, para não se contaminarem e poderem comer a
páscoa. Pilatos saiu ao encontro deles e disse: «Que acusação apresentais
contra este homem?». Eles responderam: «Se não fosse um malfeitor, não o
teríamos entregue a ti!». Pilatos disse: «Tomai-o vós mesmos e julgai-o segundo
vossa lei». Os judeus responderam: «Não nos é permitido matar ninguém». Assim
se realizava o que Jesus tinha dito, indicando de que morte havia de morrer.
Pilatos entrou, de volta, no palácio, chamou Jesus e perguntou-lhe: «Tu és o
Rei dos Judeus?». Jesus respondeu: «Estás dizendo isto por ti mesmo, ou outros
te disseram isso de mim?». Pilatos respondeu: «Acaso sou eu judeu? Teu povo e os
sumos sacerdotes te entregaram a mim. Que fizeste?». Jesus respondeu: «O meu
reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus guardas
lutariam para que eu não fosse entregue aos judeus. Mas, o meu reino não é
daqui». Pilatos disse: «Então, tu és rei?». Jesus respondeu: «Tu dizes que eu
sou rei. Eu nasci e vim ao mundo para isto: para dar testemunho da verdade.
Todo aquele que é da verdade escuta a minha voz». Pilatos lhe disse: «Que é a
verdade?». Dito isso, saiu ao encontro dos judeus e declarou: «Eu não encontro
nele nenhum motivo de condenação. Mas existe entre vós um costume de que, por
ocasião da Páscoa, eu vos solte um preso. Quereis que eu vos solte o Rei dos
Judeus?». Eles, então, se puseram a gritar: «Este não, mas Barrabás!». Ora,
Barrabás era um assaltante.
Pilatos, então, mandou açoitar Jesus. Os soldados trançaram uma coroa de
espinhos, a puseram na cabeça de Jesus e o vestiram com um manto de púrpura.
Aproximavam-se dele e diziam: «Viva o Rei dos Judeus!».; e batiam nele. Pilatos
saiu outra vez e disse aos judeus: «Olhai! Eu o trago aqui fora, diante de vós,
para que saibais que eu não encontro nele nenhum motivo de condenação».. Então,
Jesus veio para fora, trazendo a coroa de espinhos e o manto de púrpura. Ele
disse-lhes: «Eis o homem».! Quando o viram, os sumos sacerdotes e seus guardas
começaram a gritar: «Crucifica-o! Crucifica-o!».Pilatos respondeu: «Levai-o,
vós mesmos, para o crucificar, porque eu não encontro nele nenhum motivo de
condenação».. Os judeus responderam-lhe: «Nós temos uma Lei, e segundo esta Lei
ele deve morrer, porque se fez Filho de Deus». Quando Pilatos ouviu isso, ficou
com mais medo ainda. Entrou no palácio outra vez e perguntou a Jesus: «De onde
és tu?». Jesus ficou calado. Então Pilatos disse-lhe: «Não me respondes? Não
sabes que tenho poder para te soltar e poder para te crucificar?». Jesus
respondeu: «Tu não terias poder algum sobre mim, se não te fosse dado do alto.
Por isso, quem me entregou a ti tem maior pecado». Por causa disso, Pilatos
procurava soltar Jesus. Mas os judeus continuavam gritando: «Se soltas este
homem, não és amigo de César. Todo aquele que se faz rei, declara-se contra
César». Ouvindo estas palavras, Pilatos trouxe Jesus para fora e sentou-se no
tribunal, no lugar conhecido como Pavimento ( em hebraico: Gábata). Era o dia
da preparação da páscoa, por volta do meio-dia. Pilatos disse aos judeus: «Eis
o vosso rei». Eles, porém, gritavam: «Fora! Fora! Crucifica-o!». Pilatos disse:
«Vou crucificar o vosso rei?». Os sumos sacerdotes responderam: «Não temos rei
senão César». Pilatos, então, lhes entregou Jesus para ser crucificado. Eles
tomaram conta de Jesus.
Carregando a sua cruz, ele saiu para o lugar chamado Calvário (em hebraico:
Gólgota). Lá, eles o crucificaram com outros dois, um de cada lado, ficando
Jesus no meio. Pilatos tinha mandado escrever e afixar na cruz um letreiro;
estava escrito assim: «Jesus de Nazaré, o Rei dos Judeus». Muitos judeus leram
o letreiro, porque o lugar onde Jesus foi crucificado era perto da cidade; e
estava escrito em hebraico, em latim e em grego. Os sumos sacerdotes disseram
então a Pilatos: «Não escrevas: ‘O Rei dos Judeus’, e sim: ‘Ele disse: Eu sou o
Rei dos Judeus’. Pilatos respondeu: «O que escrevi, escrevi». Depois que
crucificaram Jesus, os soldados pegaram suas vestes e as dividiram em quatro
partes, uma para cada soldado. A túnica era feita sem costura, uma peça só de
cima em baixo. Eles combinaram: «Não vamos rasgar a túnica. Vamos tirar sorte
para ver de quem será». Assim cumpriu-se a Escritura: «Repartiram entre as
minhas vestes e tiraram a sorte sobre minha túnica». Foi isso que os soldados
fizeram. Junto à cruz de Jesus estavam de pé sua mãe e a irmã de sua mãe, Maria
de Cléofas, e Maria Madalena. Jesus, ao ver sua mãe e, ao lado dela, o
discípulo que ele amava, disse à mãe: «Mulher, eis o teu filho!». Depois disse
ao discípulo: «Eis a tua mãe!». A partir daquela hora, o discípulo a acolheu no
que era seu.
Depois disso, sabendo Jesus que tudo estava consumado, e para que se cumprisse
a Escritura até o fim, disse: «Tenho sed!». Havia ali uma jarra cheia de
vinagre. Amarraram num ramo de hissopo uma esponja embebida de vinagre e a
levaram à sua boca. Ele tomou o vinagre e disse: “Está consumado”. E,
inclinando a cabeça, entregou o espírito.
Era o dia de preparação do sábado, e este seria solene. Para que os corpos não
ficassem na cruz no sábado, os judeus pediram a Pilatos que mandasse quebrar as
pernas dos crucificados e os tirasse da cruz. Os soldados foram e quebraram as
pernas, primeiro a um dos crucificados com ele e depois ao outro. Chegando a
Jesus viram que já estava morto. Por isso, não lhe quebraram as pernas, mas um
soldado golpeou-lhe o lado com uma lança, e imediatamente saiu sangue e água.
(Aquele que viu dá testemunho, e o seu testemunho é verdadeiro; ele sabe que
fala a verdade, para que vós, também, acrediteis.) Isto aconteceu para que se
cumprisse a Escritura que diz: «Não quebrarão nenhum dos seus ossos». E um
outro texto da Escritura diz: «Olharão para aquele que traspassaram».
Depois disso, José de Arimatéia pediu a Pilatos para retirar o corpo de Jesus;
ele era discípulo de Jesus às escondidas, por medo dos judeus. Pilatos o
permitiu. José veio e retirou o corpo. Veio também Nicodemos, aquele que
anteriormente tinha ido a Jesus de noite; ele trouxe uns trinta quilos de
perfume feito de mirra e de aloés. Eles pegaram o corpo de Jesus e o
envolveram, com os perfumes, em faixas de linho, do modo como os judeus
costumam sepultar. No lugar onde Jesus foi crucificado havia um jardim e, no
jardim, um túmulo novo, onde ninguém tinha sido ainda sepultado. Por ser dia de
preparação para os judeus, e como o túmulo estava perto, foi lá que eles
colocaram Jesus.
«Ele tomou o vinagre e disse: “Está consumado”. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito» - Rev. D. Francesc CATARINEU i Vilageliu(Sabadell, Barcelona, Espanha)
Hoje celebramos o primeiro dia do Tríduo Pascal.
Por tanto é o dia da Cruz vitoriosa, desde donde Jesus nos deixou o melhor de
Ele mesmo: Maria como mãe, o perdão —também os verdugos— e a confiança total em
Deus Pai.
Escutamos na leitura da Paixão que nos transmite o testemunho de São João,
presente no Calvário com Maria, a Mãe do Senhor e as mulheres. É um relato rico
em simbologia, onde cada pequeno detalhe tem sentido. Mas também o silêncio e a
austeridade da Igreja, hoje nos ajudam a viver num clima de oração, atentos ao
dom que celebramos.
Diante deste mistério tão grande, estamos chamados —mais que tudo— a ver. A fé
cristã não é a relação reverencial a um Deus que está longe e abstrato que
desconhecemos, senão a adesão a uma Pessoa, verdadeiro homem como nós e também
verdadeiro Deus. O “Invisível” fez-se carne da nossa carne, e assumiu ser homem
até a morte e morte de cruz. Foi uma morte aceitada como resgate por todos,
morte redentora, morte que nos dá vida. Aqueles que estavam aí e o viram, nos
transmitiram os fatos e ao mesmo tempo, nos descobrem o sentido daquela morte.
Ante isto, sentimo-nos agradecidos e admirados. Conhecemos o preço do amor:
«Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida por seus amigos» (Jo
15,13). A oração cristã não é só pedir, senão— e principalmente— admirar
agradecidos.
Para nós, Jesus é modelo que temos que imitar, quer dizer, reproduzir em nós as
suas atitudes. Temos que ser pessoas que amam até darmo-nos e que confiamos no
Pai em toda adversidade.
Isto contrasta com a atmosfera indiferente da nossa sociedade; por isso o nosso
testemunho tem que ser mais valente do que nunca, já que o dom é para todos.
Como diz Melitão de Sardes, «Ele nos fez passar da escravidão à liberdade, das
trevas à luz, da morte à vida. Ele é a Páscoa da nossa salvação».
São Ruperto, também conhecido como Ruprecht, foi um influente bispo do século VII e fundador da diocese de Salzburgo, na atual Áustria. Nascido em uma família nobre da França, ele dedicou sua vida ao serviço religioso e à propagação da fé cristã na região dos Alpes. Sua obra missionária foi crucial para a disseminação do cristianismo entre os povos germânicos que habitavam aquela área. Como bispo, São Ruperto enfrentou numerosos desafios, incluindo a hostilidade de tribos pagãs locais e a oposição de líderes políticos. No entanto, sua determinação e fervor espiritual foram fundamentais para estabelecer uma base sólida para a fé cristã na região. Ele foi um exemplo de liderança e coragem, inspirando tanto os fiéis como seus contemporâneos. Além de suas atividades missionárias, São Ruperto é lembrado por sua contribuição para o desenvolvimento cultural e educacional da região. Ele fundou várias escolas e mosteiros, onde a educação e a espiritualidade eram cultivadas. Seu legado perdura até os dias de hoje, influenciando não apenas a vida religiosa, mas também a história e a cultura da Áustria e da Baviera. São Ruperto é venerado como um santo não apenas pela Igreja Católica, mas também por outras denominações cristãs. Sua festa é celebrada em 27 de março, o dia de sua morte, e ele é invocado como padroeiro de Salzburgo, dos padeiros e dos fazendeiros. Sua vida e obra continuam a inspirar milhões de pessoas em todo o mundo, lembrando-nos da importância da fé, da perseverança e do serviço aos outros.
Reflexão: Em uma reflexão sobre a vida de São Ruperto, podemos aprender valiosas lições sobre dedicação, humildade e confiança na providência divina. Seu exemplo nos lembra que, mesmo diante das adversidades, é possível fazer a diferença e deixar um legado significativo através do serviço desinteressado e do amor ao próximo.
TJL – A12.COM – EVANGELI.NET – VATICANNEWS.VA
Nenhum comentário:
Postar um comentário