Oração: Senhor, que por pura bondade distribuís para
nós as Vossas riquezas infinitas, concedei-nos pela intercessão de Santa Lídia
jamais comerciar com as graças que recebemos no nosso Batismo e ao longo da
vida, mas nos tornemos ricos na humildade de sempre Vos receber na casa da
nossa alma, e assim, Convosco, podermos tingir nossas vidas com a cor das boas
obras, para recebermos do Vosso amor a púrpura da realeza celeste. Por Nosso
Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.
Evangelho segundo São Mateus 26,14-25.
Naquele tempo, um dos Doze, chamado Judas Iscariotes, foi ter com os
príncipes dos sacerdotes
e disse-lhes: «Que estais dispostos a dar-me para vos entregar Jesus?». Eles
garantiram-lhe trinta moedas de prata.
E a partir de então, Judas procurava uma oportunidade para O entregar.
No primeiro dia dos Ázimos, os discípulos foram ter com Jesus e
perguntaram-Lhe: «Onde queres que façamos os preparativos para comer a
Páscoa?».
Ele respondeu: «Ide à cidade, a casa de tal pessoa, e dizei-lhe: "O Mestre
manda dizer: o meu tempo está próximo. É em tua casa que Eu quero celebrar a
Páscoa com os meus discípulos"».
Os discípulos fizeram como Jesus lhes tinha mandado e prepararam a Páscoa.
Ao cair da noite, sentou-Se à mesa com os Doze.
Enquanto comiam, declarou: «Em verdade vos digo: um de vós há de entregar-Me».
Profundamente entristecidos, começou cada um a perguntar-Lhe: «Serei eu,
Senhor?».
Jesus respondeu: «Aquele que meteu comigo a mão no prato é que há de
entregar-Me.
O Filho do homem vai partir, como está escrito acerca dele. Mas ai daquele por
quem o Filho do homem vai ser entregue! Melhor seria para esse homem não ter
nascido».
Judas, que O ia entregar, tomou a palavra e perguntou: «Serei eu, Mestre?».
Respondeu Jesus: «Tu o disseste». ++ Tradução litúrgica da Bíblia
Santa Teresa de Calcutá (1910-1997) - fundadora das Irmãs Missionárias da Caridade «Jesus, a Palavra», cap. 8 - «Aquele que meteu comigo a mão no prato é que há de entregar-Me»
Vede que compaixão Cristo tem com Judas, o homem
que recebeu tanto amor e que, contudo, traiu o próprio Mestre; esse Mestre que
manteve o silêncio sagrado, não o atraiçoando perante os companheiros. Com
efeito, Jesus poderia muito bem ter falado abertamente, revelando aos outros as
intenções ocultas e os atos de Judas; mas não o fez. Preferiu ser
misericordioso e compassivo: em vez de o condenar, chamou-lhe amigo (cf Mt
26,50). Se Judas tivesse olhado para Jesus de frente, como fez Pedro (cf Lc
22,61), teria sido amigo da misericórdia de Deus. Jesus foi sempre
misericordioso.
Santa Lídia, comerciante de púrpura
O que se sabe sobre Santa Lídia está no livro dos Atos dos Apóstolos 16, 14-40. Morava em Filipos, a principal cidade da Macedônia, um porto no Mar Egeu e uma colônia romana. Mas nascera em Tiatira, uma cidade da região chamada Lídia, na parte ocidental da Grécia. Por isso, alguns crêem que Lídia não seria o seu nome, mas um apelido recebido dos filipenses – "a lídia" (como "a samaritana", por exemplo). Era prosélita, ou seja, pagã (não judaica) que tinha se convertido ao judaísmo. Isto indica que já buscava a Verdade, ao deixar as crenças gregas politeístas e abraçando o judaísmo monoteísta. E, ao ouvir a pregação de São Paulo, converteu-se ao Catolicismo. Tiatira era conhecida pela lucrativa indústria de tingimento e comércio de púrpura, no século I. A existência de fabricantes de corante tanto em Tiatira como em Filipos é comprovada por inscrições de descobertas arqueológicas. É possível que Lídia tivesse mudado para Filipos, onde conheceu Paulo, por causa do seu trabalho com púrpura. Pela descrição de São Lucas, que a conheceu pessoalmente, Lídia era uma mulher rica por ser comerciante de púrpura, dona do próprio comércio e chefe de família, algo incomum para as mulheres da época (aparentemente, ela dirigia a própria casa, e portanto possivelmente era viúva ou solteira. Sua família incluiria parentes e provavelmente escravos ou servos). Entende-se que Lídia era rica porque roupas na cor púrpura eram usadas somente por reis, rainhas e pessoas da nobreza. O corante é extraído de várias fontes, a mais cara sendo os moluscos marinhos do gênero Murex e abundantes no Mar Mediterrâneo. Segundo Marcial, poeta romano do século I, um manto da mais fina púrpura de Tiro, outro centro fabricante dessa substância, chegava a custar 10.000 sestércios, ou 2.500 denários, o equivalente ao salário de 2.500 dias de um trabalhador. Entre os anos 50 e 53, os apóstolos Paulo, Silas, Timóteo e Lucas foram a Filipos como missionários. Esperaram o sábado para irem à procura de judeus que provavelmente se reuniriam para ler a Escritura. Saíram da cidade, na qual provavelmente não havia muitas sinagogas, já que o imperador Cláudio estabelecera a política de expulsar os judeus. Encontraram Lídia com outras mulheres próximo a um rio, onde eles pensaram haver um lugar de oração (cf. At 16,13). Depois de batizada, junto com os da sua casa, Lídia pediu veementemente aos Apóstolos que se hospedassem com ela, durante a sua estadia na cidade. E, após serem presos, e milagrosamente libertos pela ação de um terremoto, Paulo e Silas voltaram ainda à sua residência. Depois de confortar os que ali estavam, ou seja, os que formariam a comunidade cristã de Filipos, para a qual São Paulo escreveria mais tarde a Carta aos Filipenses, os Apóstolos foram para a Tessalônica. Santa Lídia ajudou decisivamente São Paulo e seus companheiros na missão em Filipos. Foi a primeira mulher a se fazer cristã na Europa, e é uma das primeiras veneradas como santas desde o início do cristianismo. Parece que sua casa tornou-se a primeira Igreja da Europa, e que depois do contato com os Apóstolos abandonou as riquezas e recolheu-se a um lugar de oração. Seu nome aparece em inscrições nas catacumbas. É a padroeira dos tintureiros e comerciantes. (Colaboração: José Duarte de Barros Filho)
Reflexão:
Santa Lídia priorizou a riqueza da alma sobre a da matéria, ao acolher
prontamente e com alegria a Boa Nova e os seus missionários, como também nós
devemos fazer em todos os tempos e lugares. Não era obrigatório que abandonasse
seus bens, mas sim que sua vida, transformada pelo Batismo, ficasse mais
recolhida em oração – assim como também nós devemos fazer em todos os tempos e
lugares. Pois só assim poderemos hospedar Cristo na nossa alma, e efetivar
nossos lares como as igrejas domésticas que eles devem ser. Como fez Santa
Lídia, a seu tempo e no seu lugar.
TJL –
EVANGELHOQUOTIDIANO.ORG – A12.COM -EVANGELI.NET
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