Oração:
Senhor, Pai de infinita
misericórdia, por intercessão de São Dimas, concedei-nos a graça de
participarmos desde cedo da Vossa crucifixão, estando ao Vosso lado no combate
ao pecado, na defesa da Vossa presença, realeza e divindade, expiando nossos
erros com o reconhecimento e aceitação da Vossa bondade e caridade, sem deixar
passar oportunidade de humildemente Vos pedir confiadamente as graças
necessárias para realizar as boas obras e estar Convosco no Paraíso. Por Nosso
Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora. Amém.
Evangelho (Jo 12,1-11):
Seis
dias antes da Páscoa, Jesus foi a Betânia, onde morava Lázaro, que ele tinha
ressuscitado dos mortos. Lá, ofereceram-lhe um jantar. Marta servia, e Lázaro
era um dos que estavam à mesa com ele.
Maria, então, tomando meio litro de perfume de nardo puro e muito caro, ungiu
os pés de Jesus e os enxugou com os cabelos. A casa inteira encheu-se do aroma
do perfume. Judas Iscariotes, um dos discípulos, aquele que entregaria Jesus,
falou assim:«Por que este perfume não foi vendido por trezentos denários para
se dar aos pobres?». Falou assim, não porque se preocupasse com os pobres, mas,
porque era ladrão: ele guardava a bolsa e roubava o que nela se depositava.
Jesus, porém, disse: «Deixa-a! que ela o guarde em vista do meu sepultamento.
Os pobres, sempre os tendes convosco. A mim, no entanto, nem sempre tereis».
Muitos judeus souberam que ele estava em Betânia e foram para lá, não só por
causa dele, mas também porque queriam ver Lázaro, que Jesus tinha ressuscitado
dos mortos. Os sumos sacerdotes, então, decidiram matar também Lázaro, pois por
causa dele muitos se afastavam dos judeus e começaram a crer em Jesus».
«Ungiu os pés de Jesus e os enxugou com os cabelos» - Rev. D. Jordi POU i Sabater(Sant Jordi Desvalls, Girona, Espanha)
Hoje, no
Evangelho, apresentam-se-nos duas atitudes sobre Deus, Jesus Cristo e a própria
vida. Perante a unção que Maria faz ao seu Senhor, Judas protesta: «Judas
Iscariotes, um dos discípulos, aquele que entregaria Jesus, falou assim: «Por
que este perfume não foi vendido por trezentos denários para se dar aos
pobres?» (Jo 12,4-5). O que disse não é nenhuma barbaridade, estava de acordo
com a doutrina de Jesus É muito fácil protestar perante o que os outros fazem,
mesmo quando não se têm segundas intenções como no caso de Judas.
Qualquer protesto deve ser um ato de responsabilidade: ao protestar devemos
pensar como seria se nós o tivéssemos feito, o que estamos dispostos a fazer.
Caso contrário o protesto pode ser apenas —como neste caso— a queixa dos que
atuam mal perante os que procuram fazer as coisas o melhor que conseguem.
Maria unge os pés de Jesus e seca-os com os seus cabelos, porque acredita ser o
que deve fazer. É uma ação pintada de excelente magnanimidade: fê-lo tomando
meio litro de perfume de nardo puro e muito caro» (Jo 12,3). É um ato de amor
e, como todo o ato de amor, difícil de entender pelos que não o partilham.
Creio que a partir daquele momento, Maria entendeu o que séculos mais tarde
Santo Agostinho escreveria: «provavelmente, nesta terra, os pés do Senhor ainda
estejam necessitados. Pois, quem, fora dos seus membros, disse: “Tudo o que
fizerdes a um destes mais pequenos… é a mim que o fazeis? Vós gastais aquilo
que vos sobra, mas fizestes o que é de agradecer aos meus pés».
O protesto de Judas não tem nenhuma utilidade, apenas leva à traição. A ação de
Maria leva-a a amar mais ao seu Senhor e, como consequência, a amar mais os
“pés” de Cristo que existem neste mundo.
Informações diretas a respeito deste santo nos dão apenas os Evangelhos sinóticos, e neles não está incluído o seu verdadeiro nome. O certo, portanto, é que foi um dos dois outros crucificados com Jesus. O relato a seu respeito é suficientemente sucinto para ser reproduzido: inicialmente, como o outro condenado, insulta Jesus (Mt 27,44; Mc 15,32); depois, certamente pela graça de Deus e talvez por observar o comportamento de Cristo, partilhando da Sua situação, muda de atitude: “Um dos malfeitores crucificados O insultava: ‘Não és Tu o Cristo? Salva-Te, então, a Ti mesmo, e a nós também!’ Mas o outro o repreendia: ‘Tu, que sofres a mesma pena, não temes a Deus? Para nós, o castigo é justo: pagamos nossos crimes. Mas Este não fez nenhum mal!’ E continuou: ‘Jesus, lembra-Te de mim quando entrares no Teu reino!’ Jesus lhe respondeu: ‘Eu te asseguro: hoje mesmo estarás Comigo no Paraíso!’” (Lc 23,39-43). A Tradição nos lega o seu nome como Dimas, “o bom ladrão” por causa do seu arrependimento, e o do “mau ladrão”, Simas, que até o fim insulta Jesus. (“Dismas” aparece no século IV, no Evangelho apócrifo de Nicodemos, ou Atos de Pilatos). Também, pela Tradição, conta-se que, durante a fuga da Sagrada Família para o Egito, ela teria sido atacada por ladrões, mas defendida por um outro – Dimas, egípcio e não judeu –, honrando um código de conduta de bandidos segundo o qual eles sempre poupariam crianças, mulheres e idosos. Este seria, assim, o motivo da graça do seu arrependimento de última hora, mas há também outras histórias sobre a sua vida para esta justificativa. Estes dados contudo não podem ser considerados absolutamente seguros, e não são necessariamente dignos de aceitação. Quanto ao nome (assim como por exemplo os dos pais de Nossa Senhora, Joaquim e Ana, também oriundos de escritos apócrifos), tem muito menor importância, e não há mal em que a Igreja o adote. Dimas com certeza vivera praticando crimes graves, pois a morte de cruz era reservada principalmente aos piores criminosos e escravos, e ele mesmo admite a sua culpa e reconhece a justiça da punição; é inclusive provável que a colocação de Jesus entre dois tão reconhecidos e execrados malfeitores fosse um adendo ao escárnio que quiseram infligir ao Senhor. Faleceu depois de Jesus (cf. Jo 19,31-33), na mesma tarde, e pela promessa do Cristo (Lc 23,43) sabemos com segurança que foi diretamente para o Céu. São Dimas é o protetor das casas contra roubos, e padroeiro dos prisioneiros, dos condenados, dos arrependidos de última hora, dos agonizantes, e da boa morte. A Igreja comemora sua festa a 25 de março pois é a data tida como o dia da crucificação do Senhor.(Colaboração: José Duarte de Barros Filho)
Reflexão:
São Dimas foi a primeira
conquista de Jesus e Maria no calvário; o primeiro santo a entrar no Céu
("Ainda hoje estarás Comigo no Paraíso" (Lc 23,43). Sua atitude de
sincero arrependimento evidencia e exalta a infinita misericórdia do Senhor, que
nos dá a oportunidade da salvação até o último instante nesta vida. Pelo seu
relativamente curto, mas intenso, tempo de penitência, na cruz, não passou pelo
Purgatório. É um caso único e privilegiado de santidade, pois foi canonizado
ainda em vida, pelo próprio Cristo (de fato, os santos foram reconhecidos
oficialmente pela Igreja – ainda que desde sempre Maria e os apóstolos, por
exemplo, fossem venerados de modo imediato – apenas a partir do ano 999, e em
muitos casos num processo com séculos de duração). Este mérito lhe é devido,
pois enquanto o mau ladrão blasfemava, São Dimas reconheceu e confessou a
própria culpa, aceitando a punição; demonstra claramente a sua Fé, pois pede a
Jesus a salvação, reconhecendo Nele a divindade e realeza; e foi o único a
defender Jesus no calvário, ao recriminar o outro condenado que O insultava.
Fica evidente que, apesar da sua perversa vida pretérita, em algum momento
Dimas ouvira falar de Jesus, e a Sua proximidade física e de condenação na cruz
lhe valeu um exame de consciência. Nós temos intimidade muito maior com o
Senhor, na Igreja e nos Sacramentos, particularmente na Eucaristia. Seria de
esperar que tivéssemos ao menos um igual exame de consciência, e de preferência
não à última hora. Afinal, temos muito mais tempo para defender a Cristo,
também no Seu Corpo Místico que é a Igreja, e que continua sendo crucificado no
nosso século. “Dimas”, aliás originalmente “Dismas”, significa “aquele que
nasceu ao pôr do sol”; sua vida começou quando findavam seus dias; nós porém
renascemos cedo, no Batismo, e fomos chamados a trabalhar desde as primeiras
horas na vinha do Senhor (cf. Mt 20,1-16).
Tjl – a12.com – evangeli.net
– vaticannews.va
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