Oração: Glorioso São José, modelo de todos os que se dedicam ao trabalho,
obtende-me a graça de trabalhar com espírito de penitência para expiação de
meus numerosos pecados; De trabalhar com consciência, pondo o dever acima de
minhas inclinações; De trabalhar com recolhimento e alegria, olhando como uma
honra empregar e desenvolver pelo trabalho os dons recebidos de Deus; De
trabalhar com ordem, paz, moderação e paciência, sem nunca recuar perante o
cansaço e as dificuldades; De trabalhar, sobretudo com pureza de intenção e com
desapego de mim mesmo, tendo sempre diante dos olhos a morte e a conta que
deverei dar do tempo perdido, dos talentos inutilizados, do bem omitido e da vã
complacência nos sucessos, tão funesta à obra de Deus! Tudo por Jesus, tudo por
Maria, tudo à vossa imitação, oh! Patriarca São José! Tal será a minha divisa
na vida e na morte. Amém. São José Operário, rogai por nós!
Evangelho (Jo 15,1-8):
«Eu sou a
videira verdadeira e meu Pai é o agricultor. Todo ramo que não dá fruto em mim,
ele corta; e todo ramo que dá fruto, ele limpa, para que dê mais fruto ainda.
Vós já estais limpos por causa da palavra que vos falei. Permanecei em mim, e
eu permanecerei em vós. Como o ramo não pode dar fruto por si mesmo, se não
permanecer na videira, assim também vós não podereis dar fruto se não
permanecerdes em mim. Eu sou a videira e vós, os ramos. Aquele que permanece em
mim, como eu nele, esse dá muito fruto; pois sem mim, nada podeis fazer. Quem
não permanecer em mim será lançado fora, como um ramo, e secará. Tais ramos são
apanhados, lançados ao fogo e queimados. Se permanecerdes em mim, e minhas
palavras permanecerem em vós, pedi o que quiserdes, e vos será dado. Nisto meu
Pai é glorificado: que deis muito fruto e vos torneis meus discípulos».
«Permanecei em mim, e eu permanecerei em vós» - Rev. D. Antoni CAROL i Hostench(Sant Cugat del Vallès, Barcelona, Espanha)
Hoje,
contemplamos novamente Jesus rodeado dos Apóstolos, em um clima de especial
intimidade. Ele confia-lhes o que poderíamos considerar como as últimas
recomendações: aquilo que se diz no último momento, justo na despedida, e que
tem uma força especial, como se de um postremo testamento se tratasse.
Nos imaginamo-los no cenáculo. Ali, Jesus lhes tem lavado os pés, tem lhes
anunciado novamente que tem que partir, tem lhes transmitido o mandamento do
amor fraterno e os tem consolado com o dom da Eucaristia e a promessa do
Espírito Santo (cf. Jo 14). Introduzidos já no capítulo décimo quinto deste
Evangelho, achamos agora a exortação à unidade na caridade.
O Senhor não esconde aos discípulos os perigos e dificuldades que deverão
afrontar no futuro: «Se me perseguiram, também vos hão de perseguir» (Jo
15,20). Mas eles não se acovardarão nem se abaterão ante o ódio do mundo: Jesus
renova a promessa do envio do Defensor, garante-lhes a assistência em tudo
aquilo que eles lhe peçam e, enfim, o Senhor roga ao Pai por eles —por nós
todos—durante a sua oração sacerdotal (cf. Jo 17).
Nosso perigo não vem de fora: a pior ameaça pode surgir de nós mesmos ao faltar
ao amor fraterno entre os membros do Corpo Místico de Cristo e ao faltar à
unidade com a Cabeça deste Corpo. A recomendação é clara: «Eu sou a videira e
vós, os ramos. Aquele que permanece em mim, como eu nele, esse dá muito fruto;
pois sem mim, nada podeis fazer» (Jo 15,5).
As primeiras gerações de cristãos conservaram uma consciência muito viva da
necessidade de permanecer unidos pela caridade: Temos aqui o testemunho de um
Padre da Igreja, Santo Inácio da Antioquia: «Correis todos a uma como a um só
templo de Deus, como a um só altar, a um só Jesus Cristo que procede de um só
Pai». Tem aqui também a indicação de Santa Maria, Mãe dos cristãos: «Fazei o
que ele vos disser» (Jo 2,5).
São José Operário
São José é modelo de inúmeras virtudes, e sempre vale a pena conhecê-lo melhor. Mas esta data específica nos remete a um aspecto particular da sua vida, aquele voltado para a santificação do trabalho. Desde o princípio, Deus quis que o Homem cooperasse na Sua obra – “E Deus criou o Homem à Sua imagem; à imagem de Deus Ele o criou; homem e mulher Ele os criou. Deus os abençoou dizendo: ‘Sede fecundos e multiplicai-vos, enchei a Terra e submetei-a; dominai sobre os peixes do mar, as aves do céu e todos os animais que rastejam sobre a Terra’” (Gn 1,27-28); “Javé Deus tomou o Homem e colocou-o no jardim paradisíaco do Éden de delícias para o cultivar e o guardar” (Gn 2,15). Mesmo após o Pecado Original, o trabalho foi santificado, ainda que, nesta nova realidade, haja o sacrifício e as dificuldades a ele inerente (“Com trabalho penoso dela [da Terra] tirarás o sustento todos os dias de tua vida” (Gn 3,17). Por outro lado, este modo de “carregar a sua cruz” todos os dias (cf. por exemplo Mt 16,24) é, agora, um meio de santificação, da escolha de seguir a Deus que, nesta vida, nos conduz para o Paraíso Celeste. São José é o modelo perfeito do trabalhador que, com suma humildade, caridade, honestidade e competência, sustentou Jesus e Maria, e ensinou o Cristo a fazer o mesmo. O Dia do Trabalhador, a 1º de maio, foi originalmente instituído como uma comemoração ideológica do comunismo, para ser o símbolo da “luta de classes” que incentiva o ódio entre os patrões e empregados. Ao contrário, São Paulo nos ensina que “Os servos obedeçam em tudo aos patrões desta terra; não só enquanto são vigiados, nem por bajulação, mas com sinceridade, por temor de Deus. Em tudo o que fizerdes, procurai trabalhar com ânimo, como quem serve a Deus e não aos homens. Pois sabeis que o Senhor vos recompensará com a herança eterna. De fato, Cristo é o Senhor: estais a Seu serviço. Pois quem comete injustiça recebe o pagamento da injustiça na mesma medida, sem distinção de pessoas. Patrões, tratai vossos trabalhadores com justiça e equidade, sabendo que vós também tendes um Senhor no Céu” (Cl 3,22-25; 4,1). Verdadeiramente, Deus abençoa o trabalho humano, que é digno e necessário, e por isso a Igreja, ressaltando o valor salvífico, cooperativo com Deus, e da dignidade do trabalho não apenas em si mesmo mas como forma de bom relacionamento de amor e serviço entre os seres humanos, desmistificou esta depravação ideológica destacando a obra e a figura de São José, que com seu labor santificou a vida ao oferecê-lo para Deus e para os irmãos, a começar no sustento de Jesus e Maria. Assim agiu também a Igreja no Natal, a 25 de dezembro, trocando o significado pagão da data comemorativa do “deus sol” para o acolhimento da verdadeira Luz, Cristo Jesus que Se fez homem na Encarnação e nasce da Virgem Maria para nos resgatar da culpa do Pecado Original e nos obter a possibilidade da Salvação: ou seja, todas as realidades humanas estão submetidas à obra salvífica de Cristo, e por isso têm dignidade e implicações de infinito. Assim, em 1955 o Papa Pio XII instituiu a festa de São José Operário, que, nas suas próprias palavras, é “uma festa cristã, um dia de júbilo para o triunfo concreto e progressivo dos ideais cristãos da grande família do trabalho”, de modo a dignificar os frutos laborais humanos. E o Papa Leão XIII deixa claro que os operários têm o direito de recorrer a São José, e de procurar imitá-lo, no seu serviço e santidade. Deste modo, a Igreja evidencia que a pretensa busca de “justiça” materialista, por meio de trabalhadores revoltados e não responsáveis e fiéis, sem a perspectiva cristã do serviço – fonte de serenidade e merecimentos – é algo ofensivo a Deus e prejudicial à sociedade. São José Operário é o padroeiro dos trabalhadores, e o melhor exemplo da santidade possível a um ser humano, uma vez que a santidade perfeita de Cristo, que também é Deus, e de Nossa Senhora, criada sem Pecado Original, está acima da possibilidade de qualquer outro. Certamente não chegaremos jamais a ter a sua dignidade de pai adotivo de Jesus, mas sem dúvida devemos imitá-lo e invocá-lo na vida de serviço a Deus e ao próximo, o labor próprio da vida neste caminho de salvação!(Colaboração: José Duarte de Barros Filho)
Reflexão:
Adverte São Paulo, “...quem não quer trabalhar, não coma” (2Ts 3,10).
Quem não quer empregar o seu tempo no trabalho da própria salvação,
santificando a sua vida, não poderá comer do Pão Eucarístico, isto é, da
Comunhão com Deus, nesta vida e especialmente na futura e infinita. Os ofícios
humanos são dignos e necessários, aproveite-mo-los como meio de salvação, mas
não só eles: tudo o que fazemos deve servir a Deus e ao próximo na caridade,
como ensina o Primeiro Mandamento.
FONTE: A12.COM – EVANGELI.NET –
EVANGELHOQUOTIDIANO.ORG