Oração:
Pai Santo e eterno, que nos
amais e desejais infinitamente na Vossa alegria, concedei-nos por intercessão
de São Francisco de Paula viver a humildade que convence os maus do Bem, e não
nos permite abusar do que é santo e sagrado – ocasiões, objetos, Vossa
presença, também na Eucaristia e nos irmãos – de modo a não Vos ofender e a
edificar as almas. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora.
Amém.
Evangelho (Jo 20,11-18)
Maria tinha ficado perto do túmulo, do lado de
fora, chorando. Enquanto chorava, inclinou-se para olhar dentro do túmulo. Ela
enxergou dois anjos, vestidos de branco, sentados onde tinha sido posto o corpo
de Jesus, um à cabeceira e outro aos pés. Os anjos perguntaram: «Mulher, por
que choras». Ela respondeu: «Levaram o meu Senhor e não sei onde o colocaram».
Dizendo isto, Maria virou-se para trás e enxergou Jesus, de pé, mas ela não
sabia que era Jesus. Jesus perguntou-lhe: «Mulher, por que choras? Quem procuras?».
Pensando que fosse o jardineiro, ela disse: «Senhor, se foste tu que o levaste,
dize-me onde o colocaste, e eu irei buscá-lo». Então, Jesus falou: «Maria!».
Ela voltou-se e exclamou, em hebraico: «Rabûni!»( que quer dizer: Mestre ).
Jesus disse: «Não me segures, pois ainda não subi para junto do Pai. Mas vai
dizer aos meus irmãos: subo para junto do meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso
Deus». Então, Maria Madalena foi anunciar aos discípulos: «Eu vi o Senhor», e
contou o que ele lhe tinha dito.
«Maria Madalena foi anunciar aos discípulos: ‘Eu vi o Senhor’» - Rev. D. Antoni ORIOL i Tataret(Vic, Barcelona, Espanha)
Hoje, na figura de Maria Madalena, podemos
contemplar dois níveis de aceitação de nosso Salvador: imperfeito, o primeiro;
completo, o segundo. Desde o primeiro, Maria se nos apresenta como uma sincera
discípula de Jesus. Ela o segue, mestre incomparável; está heroicamente ligada,
crucificado por amor; o busca, mais além da morte, sepultado e desaparecido.
Quão impregnadas de admirável entrega ao seu “Senhor” são as duas exclamações
que nos conservou, como pérolas incomparáveis, o evangelista João: «Levaram o
meu Senhor e não sei onde o colocaram!» (Jo 20,13); «Senhor, se foste tu que o
levaste, diz-me onde o colocaste, e eu irei buscá-lo»(Jo 20,15). Poucos
discípulos contemplaram a historia, tão carinhosos e leais como a Madalena.
No entanto, a boa noticia de hoje, desta terça-feira, oitava de Páscoa, supera
infinitamente toda bondade ética e toda fé religiosa em um Jesus admirável,
mas, em último término, morto; e nos traslada ao âmbito da fé no Ressuscitado.
Aquele Jesus que, em um primeiro momento, deixando-a no nível da fé imperfeita,
se dirige à Madalena perguntando-lhe: «Mulher, por que você está chorando» (Jo
20,15) e à qual ela, com olhos míopes, responde como corresponde a um hortelão
que se interessa pelo seu sentimento; aquele Jesus, agora, em um segundo
momento, definitivo, a interpelou com seu nome: «Maria!» e a comove até o ponto
estremecê-la de ressurreição e de vida, isto é, Dele mesmo, o Ressuscitado, o
Vivente por sempre. Resultado? Madalena crente e Madalena apóstolo: «Então
Maria Madalena foi e anunciou aos seus discípulos: eu vi o senhor» e contou o
que Jesus tinha dito (Jo 20,18).
Hoje não deixa de ser frequente o caso dos cristãos que não veem claro o mais
além desta vida, assim, que duvidam da ressurreição de Jesus. Estarei entre
eles? De modo semelhante são numerosos os cristãos que têm suficiente fé como
para seguir-lhe privadamente, mas que temem proclamar apostólicamente. Faço
parte desse grupo? Se assim for, como Maria Madalena, digamos-lhe: —Mestre!,
abracemo-nos aos seus pés e vamos encontrar os nossos irmãos para dizer-lhes:
—O Senhor ressuscitou e eu o vi.
Francisco nasceu no ano de 1416 em Paola (Paula), hoje província de Cosenza, na Calábria, reino de Nápoles, Itália. Seus pais, simples e muito religiosos, haviam pedido a intercessão de São Francisco de Assis – ou para ter um filho, ou para a cura de um abscesso no olho, dependendo da fonte – e prometendo-o à Igreja (permanentemente ou não, dependendo da fonte); daí o seu nome. Desde pequeno, estimulado pelo cuidado dos pais, demonstrou amor pela oração, retiro e mortificação. Entre os 11 e 15 anos, Francisco passou um ano no convento franciscano de São Marcos Argentano, em Cosenza. Mesmo não tendo feito profissão, seguia exemplarmente a regra de São Francisco, aumentando inclusive o seu rigor, tornando-se modelo para os frades. Depois deste tempo, pediu aos pais que o acompanhassem em várias peregrinações: Assis, Montecassino, Roma, Loreto e Monte Luco. Voltando a Paola, fez uma experiência eremítica numa gruta das montanhas próximas, e por cinco anos só se alimentou de frutas, ervas silvestres e água, dormindo no chão e usando uma pedra como travesseiro. Com o tempo, foi sendo procurado para conselhos, e outros mais o seguiram no exemplo de vida, buscando abrigo nas proximidades. Assim, aos 19 anos, havia ao seu redor um grupo que seria o núcleo da futura Congregação dos Mínimos de São Francisco de Paula (Ordem dos Eremitas de São Francisco de Paula). Por volta de 1453, com a devida permissão episcopal, e com a ajuda de muitas pessoas (incluindo nobres que se voluntariavam como operários), construiu um mosteiro e uma igreja. Consta que neste período fez muitos milagres, como a recuperação da saúde num caso de doença incurável. No mosteiro, estabeleceu uma normatização para os discípulos, mas para si mesmo não diminuiu as austeridades (só aceitou dormir numa esteira quando idoso; dormia o mínimo necessário, fazia apenas uma refeição por dia, geralmente pão e água, e especialmente nas vésperas das grandes festas litúrgicas, ficava dois dias sem comer). Em 1474, o Papa Sisto IV oficializou a nova Ordem, a Congregação Paulina dos Eremitas de São Francisco de Assis (o reconhecimento da Regra, com o nome atual da Ordem dos Mínimos, é de Alexandre VI, 1492-1503), fazendo de Francisco o superior geral, chamado de corregedor, e com a obrigação de se lembrar de servir a todos. O lema era Charitas (Caridade), associada à austeridade pessoal e ao apostolado; na prática, devia-se viver a "Quaresma perpétua", ou seja, durante o ano todo, o mesmo rigor da penitência, jejum e oração do período quaresmal, mais a caridade para com todos. Francisco inclusive fez deste ponto, em relação ao jejum, um quarto voto, como reparação dos excessos dos católicos durante a Quaresma, e como exemplo catequético. Fundou ainda quatro novas casas, em Paterno, Spezza, na Sicília e em Corogliano. Embora o religioso fosse amado e respeitado também pela nobreza em geral, Frederico, terceiro filho do rei de Nápoles e príncipe de Taranto, alegou que Francisco construíra mosteiros em seu território, sem consentimento – uma desculpa para perseguir o santo por conselhos que dera ao seu pai e irmãos. Enviou um capitão para prendê-lo em Paterno, mas o oficial, diante da humildade do frade, não teve coragem, e voltando ao príncipe convenceu-o a deixar Francisco livre. A humildade de Francisco era notória, e também seus milagres e o dom da profecia, e por isso o Papa Paulo II enviou um emissário para verificar esta fama em 1467, que não só a confirmou como aderiu à comunidade. Tendo adoecido, o rei da França, Luís XI, pediu ao Papa que lhe enviasse Francisco; o rei se converteu e o nomeou diretor espiritual do filho, futuro rei Carlos VIII. Na França, Francisco fundou novos mosteiros. Em 1506, como a Congregação havia já se tornado cenobítica e não mais eremítica, foram fundadas a Ordem Terceira Secular e o ramo feminino, com as respectivas regras. Avisado milagrosamente da sua morte, preparou-se para ela passando três meses na cela, sem qualquer comunicação externa. Faleceu por causa de uma febre, com cerca de 90 anos, entre 1505 e 1508, em Tours, França. Seu corpo, ainda incorrupto em 1562, foi queimado por calvinistas. É o padroeiro da região da Calábria, na Itália, e da cidade de Pelotas, no Brasil.(Colaboração: José Duarte de Barros Filho)
Reflexão:
Se a maioria de nós,
católicos, não tem a vocação conventual de Quaresma Perpétua de São Francisco
de Paula, devemos imitá-la ao menos em espírito, fugindo da índole mundana para
o qual este santo foi uma resposta na época renascentista, e que atormenta igualmente
os dias atuais. Imitemo-lo também nas suas devoções, que resumem os pontos
principais e imutáveis da nossa Fé, sendo fontes necessárias para quem de fato
quer progredir na vida católica: o Mistério da Santíssima Trindade, a
Anunciação à Virgem (e consequente Encarnação do Verbo), a Paixão de Nosso
Senhor, e os Santíssimos Nomes de Jesus e Maria. A meditação destas verdades
nos leva ao sentido correto da vida e indica o que devemos nela fazer, em
função do nosso fim último.
Tjl – a12.com – evangeli.net – vaticannews.va
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