BOM DIA EVANGELHO
IMAGEM: Pieta Michelangelo - Saint Peter's Basilica, Rome! @nfalduti
Oração:
Senhor Deus, que concedestes às Santas Irene, Ágape
e Quiônia a plena fraternidade com Vosso Filho, na vivência coerente com o
significado dos seus nomes, dai-nos pelo intermédio delas a mesma coragem de
antes morrer que adorarmos as coisas mundanas, de modo a preservarmos o
registro dos nossos nomes que, em Vossa infinita bondade, desde sempre
escrevestes no Livro da Vida, o Paraíso Celeste. Por Nosso Senhor Jesus Cristo,
Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.
Evangelho
segundo São Lucas 24,13-35.
Dois dos discípulos de Jesus iam a caminho duma povoação chamada Emaús,
que ficava a duas léguas de Jerusalém.
Conversavam entre si sobre tudo o que tinha sucedido.
Enquanto falavam e discutiam, Jesus aproximou-Se deles e pôs-Se com eles a
caminho.
Mas os seus olhos estavam impedidos de O reconhecerem.
Ele perguntou-lhes. «Que palavras são essas que trocais entre vós pelo
caminho?». Pararam, com ar muito triste,
e um deles, chamado Cléofas, respondeu: «Tu és o único habitante de Jerusalém a
ignorar o que lá se passou nestes dias».
E Ele perguntou: «Que foi?». Responderam-Lhe: «O que se refere a Jesus de
Nazaré, profeta poderoso em obras e palavras diante de Deus e de todo o povo;
e como os príncipes dos sacerdotes e os nossos chefes O entregaram para ser
condenado à morte e crucificado.
Nós esperávamos que fosse Ele quem havia de libertar Israel. Mas, afinal, é já
o terceiro dia depois que isto aconteceu.
É verdade que algumas mulheres do nosso grupo nos sobressaltaram: foram de
madrugada ao sepulcro,
não encontraram o corpo de Jesus e vieram dizer que lhes tinham aparecido uns
anjos a anunciar que Ele estava vivo.
Alguns dos nossos foram ao sepulcro e encontraram tudo como as mulheres tinham
dito. Mas a Ele não O viram».
Então Jesus disse-lhes: «Homens sem inteligência e lentos de espírito para
acreditar em tudo o que os profetas anunciaram!
Não tinha o Messias de sofrer tudo isso para entrar na sua glória?».
Depois, começando por Moisés e passando pelos profetas, explicou-lhes em todas
as Escrituras o que Lhe dizia respeito.
Ao chegarem perto da povoação para onde iam, Jesus fez menção de ir para
diante.
Mas eles convenceram-no a ficar, dizendo: «Fica connosco, porque o dia está a
terminar e vem caindo a noite». Jesus entrou e ficou com eles.
E quando Se pôs à mesa, tomou o pão, recitou a bênção, partiu-o e entregou-lho.
Nesse momento abriram-se-lhes os olhos e reconheceram-no. Mas Ele desapareceu
da sua presença.
Disseram então um para o outro: «Não ardia cá dentro o nosso coração, quando
Ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?».
Partiram imediatamente de regresso a Jerusalém e encontraram reunidos os Onze e
os que estavam com eles,
que diziam: «Na verdade, o Senhor ressuscitou e apareceu a Simão».
E eles contaram o que tinha acontecido no caminho e como O tinham reconhecido
ao partir o pão. (Tradução litúrgica da Bíblia)
Santo Agostinho (354-430) - bispo de Hipona (norte de África),
doutor da Igreja - Sermão 235; PL 38, 118-119
O teu conforto está na partilha do pão
Quando foi que o Senhor quis
dar-Se a conhecer? «Ao partir o pão». Podemos ter a certeza de que, quando
partimos o pão, reconhecemos o Senhor. Ele só quis ser reconhecido naquele
momento por nossa causa, porque não já O veríamos em carne e osso, mas comeríamos
a sua carne. Sejas quem fores, crente que não usas o nome de cristão em vão e
que não vais à igreja por nada, tu, que escutas com temor e esperança a palavra
de Deus, o teu conforto está na partilha do pão. A ausência do Senhor não é uma
ausência. Crê somente, e Aquele que não vês estará contigo. Quando Jesus lhes
falava, os discípulos não tinham fé; e, porque não acreditavam que Ele tinha
ressuscitado, não tinham esperança de voltar à vida. Tinham perdido a fé e
tinham perdido a esperança. Caminhavam como mortos ao lado de um vivo;
caminhavam como mortos ao lado da Vida. A Vida caminhava com eles, mas os seus
corações ainda não tinham voltado à vida. Se queres a vida, faz como eles, que
acolheram o estrangeiro, e reconhecerás o Senhor. O Senhor parecia um viajante
que ia para longe e eles souberam retê-lo: «Ao chegarem perto da povoação para
onde iam, Jesus fez menção de ir para diante. Mas eles convenceram-no a ficar,
dizendo: "Fica connosco, porque o dia está a terminar e vem caindo a noite"».
Se queres reconhecer o Salvador, retém o estrangeiro: aquele que tinha sido
perdido pela dúvida foi reencontrado com a hospitalidade. O Senhor fez-Se
presente na partilha do pão.
Irene, Quiônia e Ágape, irmãs, nasceram no final do século III, aparentemente em Tessalônica da Grécia, mas residiam próximo a Aquiléia, cidade do norte da Itália. De família pagã, haviam se convertido ao Cristianismo; órfãs muito cedo, permaneceram juntas, dedicando-se, sem se casarem, a uma vida piedosa. Mantinham em casa vários livros da Sagrada Escritura, e pregavam o Evangelho. Nesta época, o imperador romano Dioclesiano, feroz perseguidor da Igreja, proibiu, além da pregação, a guarda de escritos cristãos. Estes deveriam ser entregues às autoridades para serem queimados, e seus donos teriam que sacrificar aos deuses pagãos ou morrer, em geral queimados junto com os escritos. Tendo sido denunciadas, as três irmãs foram perseguidas, Ágape e Quiônia sendo capturadas primeiro. Interrogadas, testemunharam sua Fé, afirmando que na literatura cristã haviam encontrado o caminho para a vida eterna; recusando as riquezas oferecidas para incensarem os falsos deuses, foram condenadas e queimadas vivas. Irene conseguira fugir para as montanhas, mas, presa no dia do martírio das irmãs, foi interrogada pelo governador da Macedônia, Dulcério. Inicialmente, ele a condenou à humilhação de ser desnuda e levada para ser violada num prostíbulo, mas milagrosamente ninguém ousou tocá-la. De novo interrogada, desta vez pelo imperador, Irene não abjurou sua Fé e foi também queimada viva. As três irmãs sofreram o martírio por volta do ano 304, tendo sido registrado que não temeram as torturas ou a morte. Santa Ágape é padroeira da cidade de Milão, na Itália.(Colaboração: José Duarte de Barros Filho)
Reflexão: É melhor ter a alma ardendo no
fogo eterno do Espírito do que queimar a oportunidade que Deus nos dá, com a
nossa vida, de evitarmos as chamas do inferno, mesmo que ao custo de
transformamos em cinzas os desejos de bem-estar, refrigério, da carne. Estas três
santas irmãs são prova cabal desta livre e sensata escolha, traduzida,
providencial e não coincidentemente, nos seus nomes de origem grega: Irene
significa “paz”, que só pode ser obtida na obediência e fidelidade à Fé; Ágape
é o amor puro, desinteressado e genuíno, típico e exclusivo de Deus e dos Seus
filhos (daí o nome ser usado também, na igreja primitiva, para mencionar o rito
eucarístico. O termo indica algo mais do que o amor “Philia”, amizade profunda,
e amor “Eros”, relativo somente ao aspecto de carinhos físicos); Quiônia, de
Koinonia, é “comunhão”, no catolicismo uma referência evidente do amor
verdadeiro que une Deus com os Homens e estes entre si, particularmente na
Eucaristia. As três irmãs preservaram as almas e “a literatura cristã [onde] haviam
encontrado o caminho para a vida eterna”: atualíssimo alerta de como o que
buscamos na cultura, incluindo o lazer, pode ser uma via para a salvação, ou
uma forma de idolatria aos deuses deste mundo, promovedores da morte. O que
nós, católicos, buscamos para ler, ver e ouvir, nossas preferências e
curiosidades de leituras, filmes, séries, músicas, vídeos…?
TJL – A12.COM – EVANGELI.NET – EVANGELHOQUOTIDIANO.ORG
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