Oração:
Senhor Deus, que por Vossa
Palavra inspirastes os escritos de São Marcos, concedei-nos a sua mesma
proximidade com a mensagem de Jesus, e por sua intercessão fazei também da
nossa casa um centro cristão, onde, através da perseverança na missão, como ele
sirvamos a Pedro, isto é, à Igreja, comunicando a todos a Boa Nova. Por Nosso
Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.
Evangelho
segundo São Marcos 16,15-20.
Naquele tempo, Jesus apareceu aos Onze e disse-lhes: «Ide por todo o
mundo e pregai o Evangelho a toda a criatura.
Quem acreditar e for batizado será salvo; mas quem não acreditar será
condenado.
Eis os milagres que acompanharão os que acreditarem: expulsarão os demónios em
meu nome; falarão novas línguas;
se pegarem em serpentes ou beberem veneno, não sofrerão nenhum mal; e quando
impuserem as mãos sobre os doentes, eles ficarão curados».
E assim o Senhor Jesus, depois de ter falado com eles, foi elevado ao Céu e
sentou-Se à direita de Deus.
Eles partiram a pregar por toda a parte, e o Senhor cooperava com eles,
confirmando a sua palavra com os milagres que a acompanhavam.(Tradução litúrgica da Bíblia)
«Pregai o Evangelho a toda a criatura»
Quando Nosso Senhor ressuscitou dos mortos e os
apóstolos foram revestido com a força do alto pela vinda do Espírito Santo (cf
Lc 24,49), ficaram cheios de certezas sobre tudo e receberam o conhecimento
perfeito. Possuidores do Evangelho, foram, pois, até aos confins da Terra (cf
Sl 18,5) proclamar a Boa Nova que nos vem de Deus e anunciar aos homens a paz
do Céu. Assim, Mateus publicou no meio dos hebreus e na sua própria língua uma
forma escrita do Evangelho, enquanto Pedro e Paulo evangelizavam Roma e aí
fundavam a Igreja. Após a morte destes dois apóstolos, Marcos, discípulo de
Pedro e seu intérprete (cf 1Pe 5,19), transmitiu-nos por escrito a pregação de
Pedro. Por seu lado, Lucas, companheiro de Paulo, consignou num livro o
Evangelho pregado por este. Por fim, João, o discípulo do Senhor, o mesmo que
tinha repousado sobre o seu peito, também publicou um Evangelho durante a sua
estadia em Éfeso. [...] Marcos, intérprete e companheiro de Pedro, declarou o
seguinte no início da sua redação do Evangelho: «Princípio do evangelho de
Jesus, Cristo, Filho de Deus. Tal como está escrito no profeta Isaías – eis que
envio o meu mensageiro à tua frente, que há de preparar o teu caminho». [...]
Como se vê, Marcos faz das palavras dos santos profetas o início do Evangelho,
e põe logo a abrir, como Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, Aquele que os
profetas proclamaram como Deus e Senhor. [...] No fim do Evangelho, Marcos diz:
«E o Senhor Jesus, depois de ter falado com eles, foi elevado ao Céu e
sentou-Se à direita de Deus». É a confirmação da palavra do profeta: «Oráculo
do Senhor ao meu senhor: Senta-Te à minha direita e eu farei dos teus inimigos
escabelo para os teus pés» (Sl 109,1).
João Marcos era judeu da tribo de Levi, e sua mãe, já viúva, com boas condições materiais, ajudou os primeiros cristãos em sua casa, para onde dirigiu-se São Pedro ao ser milagrosamente liberto da prisão, em Jerusalém (cf. At 12,12). Por isso ela é conhecida como Maria, mãe de João Marcos, ou Maria de Jerusalém, numa das primeiras famílias cristãs da cidade. Neste episódio, Marcos ainda era uma criança. Segundo a Tradição, foi batizado por São Pedro, e certamente conheceu Jesus e todos os Apóstolos. Marcos era primo de São Barnabé, amigo de São Paulo, e em 44 ambos o seguiram na sua primeira viagem apostólica. Mas depois de Chipre, Marcos não conseguiu prosseguir, voltando para Jerusalém. Por este motivo, São Paulo não quis sua companhia na segunda viagem missionária, separando-se de Barnabé, que levou o primo consigo. Mas posteriormente Marcos auxiliou São Paulo em Roma, quando este foi preso pela primeira vez, e em 66, novamente preso, Paulo escreve a Timóteo pedindo que lhe envie Marcos, por este lhe ser muito útil no apostolado: assim vê-se que São Paulo reconhecera o valor deste evangelista, perdoando-o da primeira fraqueza. Também em Roma, Marcos trabalhou com São Pedro, que o chamava de “meu filho” (cf. 1Pd 5,13). Provavelmente ali escreveu seu Evangelho, o mais antigo e curto dos quatro e baseado nos relatos de São Pedro, no ano 67 ou 68, dirigindo-se primariamente aos cristãos latinos convertidos do paganismo. A Tradição diz que São Marcos foi pregar em Chipre após as mortes de São Pedro e São Paulo. A seguir viajou para a Ásia Menor e Egito, fundando em Alexandria uma das igrejas que mais se desenvolveram. Teria sido martirizado entre 68 e 72, enquanto celebrava uma Missa de Páscoa, de acordo com um documento do século IV chamado Atos de Marcos. Seu corpo foi posteriormente levado para Veneza, sendo depositado na sua famosa catedral. Outras relíquias suas estão no Cairo, no Egito, na igualmente denominada Catedral de São Marcos, sede do patriarcado copta-ortodoxo. São Marcos é venerado como santo na Igreja Católica, na Igreja Ortodoxa e na Igreja Copta, sendo padroeiro de Veneza.(Colaboração: José Duarte de Barros Filho)
Reflexão: São Marcos teve a vivência única de acompanhar desde a infância a origem da
Igreja, tendo a casa da sua própria família se tornado um centro do
Cristianismo. Também marcantes são as suas experiências missionárias, com e sem
São Paulo, e o serviço que prestou a São Pedro, em Roma. Foi escolhido e
inspirado por Deus para escrever o, cronologicamente, primeiro Evangelho,
ditado diretamente por São Pedro (em datas estimadas que variam entre os anos
44 e 67-68, segundo diferentes fontes), mais curto que os demais, e base para
os outros Evangelhos sinópticos (“que têm a mesma visão”, no caso, muitos
elementos em comum, referindo-se aos Evangelhos de São Mateus e São Lucas). Foi
escrito em Grego, uma das línguas mais faladas da época, num estilo simples,
espontâneo e com muita vivacidade, destacando os fatos (Mateus, por exemplo,
tem mais discursos) e oferecendo muitos pormenores. Pode-se identificar duas
grandes partes na obra; a primeira (até Mc 9,27-29) apresenta, gradualmente,
Jesus como o Filho de Deus, o Messias poderoso e inequívoco, por isso o
destaque dado aos milagres de Cristo. E a segunda destaca o Messias como
sofredor. É preciso conhecer, viver e divulgar o Evangelho. Para isso foi
escrito. Não se trata de uma consulta breve e ocasional, ou cultura
superficial: disso depende a nossa salvação. A representação tradicional de São
Marcos por um leão remete ao início do seu Evangelho, com a missão de São João
Batista. Este é apresentado como “a voz que grita no deserto”, analogamente ao
poderoso rugido de um leão. Há dois leões que combatem por nossa alma: o da
tribo de Judá, Jesus, e aquele citado por São Pedro (1Pd 5,8), que deseja nos
devorar, o diabo. O primeiro é livre e vem espontaneamente nos proteger, o
segundo, amarrado (cf. Santo Agostinho, “O demônio é como um cão preso na
coleira, Cristo o prendeu; só morde quem dele se aproxima”) só nos morderá se
dele, também livremente, nos aproximarmos...
Fonte: a12.com – evangeli.net – evangelhoquotidiano.org
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