Oração: Senhor Deus, cuja infinita bondade guia com
sabedoria os rumos da História, tirando sempre o Bem ainda que dos maiores
erros humanos, concedei-nos por intercessão de Santa Catarina de Sena a graça
de Vos deixar agir em nós conforme Vos agrada, para podermos ser estigma de
caridade na vida dos irmãos. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e
Nossa Senhora. Amém.
Evangelho (Jo 14,21-26)
«Quem acolhe e observa os meus mandamentos, esse me
ama. Ora, quem me ama será amado por meu Pai, e eu o amarei e me manifestarei a
ele». Judas, não o Iscariotes, perguntou-lhe: «Senhor, como se explica que tu
te manifestarás a nós e não ao mundo?». Jesus respondeu-lhe: «Se alguém me ama,
guardará a minha palavra; meu Pai o amará, e nós viremos e faremos nele a nossa
morada. Quem não me ama, não guarda as minhas palavras. E a palavra que ouvis
não é minha, mas do Pai que me enviou. Eu vos tenho dito estas coisas enquanto
estou convosco. Mas o Defensor, o Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome,
ele vos ensinará tudo e vos recordará tudo o que eu vos tenho dito».
«Mas o Defensor, o Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome, ele vos ensinará tudo e vos recordará tudo o que eu vos tenho dito» - Rev. D. Norbert ESTARRIOL i Seseras(Lleida, Espanha)
Hoje, Jesus mostra-nos o seu imenso desejo de que
participemos da sua plenitude. Incorporados nele, estamos na fonte da vida
divina que é a Santíssima Trindade. «Deus está contigo. Na tua alma habita, em
graça, a Beatíssima Trindade. —Por isso, tu, apesar das tuas misérias, podes e
deves estar em continuo diálogo com o Senhor» (São Josemaria).
Jesus assegura que estará presente em nós pela graça divina que habita na alma.
Assim, os cristãos já não somos órfãos. Já que nos ama tanto, apesar de não
necessitar de nós, não quer prescindir de nós.
«Quem acolhe e observa os meus mandamentos, esse me ama. Ora, quem me ama será
amado por meu Pai, e eu o amarei e me manifestarei a ele» (Jo 14,21). Este
pensamento ajuda-nos a ter presença de Deus. Então, não têm lugar outros
desejos ou pensamentos que, pelo menos, às vezes, nos fazem perder o tempo e
nos impedem de cumprir a vontade divina. Eis uma recomendação de São Gregório
Magno: «Que não nos seduza o elogio da prosperidade, porque é um caminhante
tonto aquele que vê, durante o seu caminho, prados deliciosos e se esquece para
onde queria ir».
A presença de Deus no coração nos ajudará a descobrir e realizar neste mundo os
planos que a Providencia nos tenha atribuído. O Espírito do Senhor suscitará no
nosso coração iniciativas para situá-las no vértice de todas as atividades
humanas e tornar presente, assim, Cristo no alto da terra. Se tivermos esta
intimidade com Jesus chegaremos a ser bons filhos de Deus e nos sentiremos seus
amigos em todos os lugares e momentos: na rua, no meio do trabalho quotidiano,
na vida familiar.
Toda a luz e o fogo da vida divina se derramarão sobre cada um dos fiéis que
estejam dispostos a receber o dom do interior. A Mãe de Deus intercederá —como
nossa mãe que é — para que penetremos neste tratado com a Santíssima Trindade.
Catarina Benincasa nasceu na cidade de Siena (Sena), Itália, 24ª filha de 25 irmãos, em 1347. De família pobre, sua infância foi difícil, com desenvolvimento frágil e doenças recorrentes, sem poder estudar. Mas com sete anos já falava das visões que tinha nos momentos de oração, e fazia rigorosas penitências, desaprovadas pelos pais; quis consagrar sua virgindade a Deus. Aos 15 anos entrou como irmã leiga na Ordem Terceira de Dominicana, continuando a ter êxtases durante as orações contemplativas, o que levou à conversão de centenas de pessoas. Era a época do chamado “exílio de Avignon” (1305-1376), quando o Papado estava sediado nesta cidade francesa, e não em Roma. Esta situação levou à interferência do governo francês na Igreja, e por fim ao Grande Cisma do Ocidente, que a partir de 1378 produziu dois antipapas, Clemente VII e Bento XII, em oposição ao legítimo pontífice Urbano VI. Catarina apoiava o verdadeiro Papa, mas inconformada com a triste situação da Igreja e inspirada por Deus, iniciou um movimento para que a vida eclesiástica voltasse à normalidade. Viajou por toda a Itália e outros países, pregando vigorosamente, e, como não sabia escrever, ditava cartas que eram endereçadas a reis, príncipes, governantes católicos, bispos e cardeais. Seu tema principal era a volta do Papado para Roma, mas também a pacificação da Itália, a necessidade de Cruzadas, a reforma da Igreja e a pureza de costumes dos membros do clero, lembrando a estes sua dignidade de “ministros do sangue de Cristo”. Por fim, em 1376 foi a Avignon e conseguiu que o Papa, então Gregório XI, antecessor imediato de Urbano VI, voltasse para Roma, em 1377. Catarina cuidou também dos enfermos da peste, que chegou a matar um terço de toda a população europeia. Suas pregações eram ouvidas por grandes teólogos que viajavam para receber a profundidade dos seus ensinamentos. Fundou um mosteiro; e ditou muitas e importantes obras, incluindo cartas (das quais se conservam aproximadamente 400), orações e o livro "Diálogo sobre a Divina Providência", uma conversa entre uma alma em ascensão a Deus e o próprio Deus. Seus escritos têm enorme valor místico, teológico e histórico. Desde 1375, Catarina portava os estigmas, incruentos, de Cristo, e segundo testemunhas revivia semanalmente a Paixão do Senhor. Santa Catarina faleceu em 29 de abril de 1380, em consequência de um derrame. É Doutora da Igreja e patrona da Itália com São Francisco de Assis. E também padroeira da Europa, junto com São Bento, os irmãos Santos Cirilo e Metódio, Santa Brígida da Suécia e Santa Teresa Benedita da Cruz (Edith Stein, judia convertida, morta no campo de concentração de Auschwitz em 1942).(Colaboração: José Duarte de Barros Filho)
Reflexão:
A verdadeira sabedoria vem de Deus, e por isso entre os Doutores da
Igreja temos intelectuais do porte de São Tomás de Aquino mas também Santa
Catarina de Sena, que pouco estudou e não sabia escrever. Algumas obras se
tornam mais destacadas por causa da fragilidade de quem as pratica; assim, não
chama tanto a atenção como cruzado São Luís, rei de França, na guerra contra os
muçulmanos, quanto a jovem Joana d’Arc comandando os exércitos franceses na
Guerra dos Cem Anos. Deus escolhe o que é fraco no mundo para confundir os
fortes (cf. 1Cor 27,29)… e deixar claro que é o Seu poder que conduz o mundo. A
extraordinária atividade de Santa Catarina de Sena, quando os grandes da época
se debatiam, perdidos em controvérsia, é um grito do Senhor contra a prepotência
humana. Neste sentido, particularmente ao clero – como hoje – foi fundamental a
advertência para a retomada da pureza dos costumes e da consciência da sua alta
vocação. Santa Catarina acreditava que a saúde do rebanho dependia da conversão
e do bom exemplo dos pastores, o que vale para todas as fases da História.
Somos todos chamados à grandeza da vida em Cristo e com Cristo, e por isso ela
proclamava: “Não nos contentemos com as coisas pequenas. Deus quer coisas
grandes! Se vocês fossem o que deveriam ser, incendiariam toda a Itália!”, isto
é, com o fogo do Espírito Santo, com o assumirmos a nossa identidade de Imagem
e Semelhança de Deus. Não fomos criados para a mediocridade, particularmente a
espiritual, nem para os mesquinhos interesses mundanos. Somos filhos do Rei dos
reis, e nossa grandeza está exatamente em servi-Lo no amor e cuidado ao próximo
– seja isto efetivado no doar de um pão ou na admoestação a um Papa.
FONTE: ACIDIGITAL.COM – EVANGELHOQUOTIDIANO.ORG – EVANGELI.NET – A12.COM
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