A
solenidade de Corpus Christi, que os católicos celebramos todos os anos na
primeira quinta-feira após a Oitava de Pentecostes, não existiu na Igreja desde
sempre. O marco de sua instituição é a bula Transiturus de
hoc mundo, do Papa Urbano IV, publicada a 11 de agosto de
1264, e que
pode ser lida com grande interesse no site do Vaticano.
Oração:
Senhor Deus, que sempre
combateis por nós, concedei-nos por intercessão de Santa Joana d’Arc expulsar
de nossas vidas a invasão das tentações e pecados, que de Vós nos afastam, e
pretendem nos dominar com falsas promessas de bens deturpados; pois só Vos ouvindo,
e obedecendo à Palavra que ensinas é que restauraremos Vosso reinado na alma e
poderemos participar da Vossa corte celestial. Por Nosso Senhor Jesus Cristo,
Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.
Evangelho (Mc 14,12-16.22-26):
No primeiro dia dos Pães sem fermento, quando
se sacrificava o cordeiro pascal, os discípulos perguntaram a Jesus: «Onde
queres que façamos os preparativos para comeres a páscoa?» Jesus enviou então
dois dos seus discípulos, dizendo-lhes: «Ide à cidade. Um homem carregando uma
bilha de água virá ao vosso encontro. Segui-o e dizei ao dono da casa em que
ele entrar: ‘O Mestre manda perguntar: Onde está a sala em que posso comer a
ceia pascal com os meus discípulos? ’ Ele, então, vos mostrará, no andar de cima,
uma grande sala, arrumada. Lá fareis os preparativos para nós!» Os discípulos
saíram e foram à cidade. Encontraram tudo como ele tinha dito e prepararam a
ceia pascal.
Enquanto estavam comendo, Jesus tomou o pão, pronunciou a bênção, partiu-o e
lhes deu, dizendo: «Tomai, isto é o meu corpo». Depois, pegou o cálice, deu
graças, passou-o a eles, e todos beberam. E disse-lhes: «Este é o meu sangue da
nova Aliança, que é derramado por muitos. Em verdade, não beberei mais do fruto
da videira até o dia em que beberei o vinho novo no Reino de Deus».
Depois de cantarem o salmo, saíram para o Monte das Oliveiras
«Tomai, isto é o meu corpo. Este é o meu sangue» - Mons. José Ángel SAIZ Meneses, Arcebispo de Sevilha(Sevilla, Espanha)
Hoje, celebramos solenemente a presença eucarística
de Cristo entre nós, o “dom por excelência”: «Durante a refeição, Jesus tomou o
pão e, depois de o benzer, partiu-o e deu-lho, dizendo: Tomai, isto é o meu
corpo. (...). » (Mc 14,22.24). Disponhamo-nos a suscitar na nossa alma o
“assombro eucarístico” (S. João Paulo II).
O povo judeu na sua ceia pascal comemorava a história da salvação, as
maravilhas de Deus para com o seu povo, especialmente a libertação da
escravidão do Egipto. Nesta comemoração, cada família comia o cordeiro pascal.
Jesus Cristo converte-se no novo e definitivo cordeiro pascal sacrificado na
cruz e comido em Pão Eucarístico.
A Eucaristia é sacrifício: é o sacrifício do corpo imolado de Cristo e do seu
sangue derramado por todos nós, antecipado na Última Ceia. Ao longo da história
irá sendo actualizado em cada Eucaristia. Nela temos o alimento: é o novo
alimento que dá vida e força ao cristão enquanto caminha em direcção ao Pai.
A Eucaristia é presença de Cristo entre nós. Cristo ressuscitado e glorioso
permanece entre nós de maneira misteriosa, mas real na Eucaristia. Esta
presença provoca uma atitude de adoração por nossa parte e uma atitude de
comunhão pessoal com Ele. A presença eucarística garante-nos que Ele permanece
entre nós e opera a obra da salvação.
A Eucaristia é mistério de fé. É o centro e a chave da vida da Igreja. É a
fonte e raiz da existência cristã. Sem vivência eucarística a fé cristã ficaria
reduzida a uma filosofia.
Jesus dá-nos o mandamento do amor de caridade na instituição da Eucaristia. Não
se trata da última recomendação do amigo que parte para longe ou do pai que vê
a morte aproximar-se. É a afirmação do dinamismo que Ele nos oferece. Pelo
Baptismo começamos uma vida nova, que é alimentada pela Eucaristia. O dinamismo
desta vida leva a amar os outros, e é um dinamismo em crescimento até dar a
vida: nisto se verá que somos cristãos.
Cristo ama-nos porque recebe a vida do Pai. Nós amaremos recebendo do Pai a
vida, especialmente através do alimento eucarístico.
Joana nasceu no vilarejo de Domrémy, Ducado de Lorena, França, em 1412. Era filha de camponeses, demonstrando desde a infância muita piedade; gostava da contemplação e das celebrações litúrgicas, interessando-se pelo Catecismo e Doutrina Católica, embora analfabeta – assinava o nome com uma cruz. Trabalhava em casa e às vezes com as ovelhas do pai. Aos 13 anos começou a ter experiências místicas, ouvindo as vozes que identificou mais tarde como sendo as do Arcanjo São Miguel, Santa Catarina de Alexandria e Santa Margarida de Antioquia. O anjo dizia que ela deveria socorrer o rei da França. Os pais pensaram que a menina estivesse enlouquecendo. Neste período, a França, um dos maiores países católicos do mundo, mas dividida internamente e sofrendo decadência moral e religiosa, lutava na chamada Guerra dos Cem Anos (1337-1453) contra a invasora Inglaterra, que reivindicava o trono francês. Aos 17 anos, Joana, orientada pelas vozes celestes, entendeu que deveria encontrar o legítimo rei francês, Carlos VII, e trabalhar para a sua coroação (Henrique V da Inglaterra, neste período da guerra, tinha mais comando do país, e seu filho Henrique VI, então ainda um menino, veio a ser coroado rei da Inglaterra em 1429 e rei da França em 1431), bem como liderar os exércitos para combater os ingleses e expulsá-los da França. Obviamente, o processo de uma camponesa iletrada chegar ao rei não foi simples, mas por fim ela o conseguiu em 1429. Para testar o que se dizia dela, que era enviada por Deus, Carlos VII disfarçou-se e um impostor foi colocado em seu lugar, com todo o aparato real. Joana, que nunca tinha visto a face de Carlos, sem se importar com o falso regente procurou e encontrou entre os presentes o legítimo monarca, dirigindo-se a ele e apresentando sua missão divina. Isto impressionou a todos, mas só após muitos testes, e a evidência de que ela conhecia coisas que só lhe poderiam ter sido reveladas por Deus, o rei concordou em seguir as suas orientações. Joana, sempre vestida como um homem, tanto para não chamar a atenção dos adversários como para não provocar o desejo dos combatentes, passou a comandar os exércitos franceses. Sua presença disciplinava os soldados, e ela exigia deles um comportamento digno e orações: as prostitutas que acompanham a soldadesca foram expulsas, o jogo e a bebida proibidos; os soldados passaram a ter acesso aos Sacramentos e à Santa Missa, confessando e comungando antes das batalhas. O carisma sobrenatural de Joana impunha respeito e animava os soldados, que a viam como um ser angelical. Jamais a desrespeitaram. Foi-lhe infundido um conhecimento militar que não possuía, e, montada num cavalo, com um estandarte trazendo as imagens de Jesus e Nossa Senhora em uma mão e uma espada na outra, que entretanto nunca usou, ela não apenas organizava as ações, como participava na vanguarda das batalhas. Sua primeira ação militar foi debelar o cerco que os ingleses faziam na cidade de Orleans. Seguiram-se várias campanhas, nas quais nem sempre os generais a obedeciam totalmente. Ainda assim sucederam-se as vitórias francesas, até que no vale de Loire os ingleses perderam 2.200 soldados e seu comandante foi preso. Isto permitiu a Carlos chegar à cidade de Reims, onde finalmente foi coroado, em julho de 1429. A guerra continuou, sempre a favor da França, na qual restavam ainda poucas regiões invadidas. Mas o rei não foi verdadeiramente grato a Joana. Contrariamente à vontade dela, insistiu para que participasse na reconquista de Paris. No cerco de Compiègne, em 1430, Joana foi capturada à traição pelos borgonheses, colaboradores dos ingleses, que a receberam em troca de dinheiro. Foi então montado um processo iníquo, grotesco e ilegal contra ela, conduzido por Pedro Cauchon, um bispo traidor membro do Conselho Inglês em Rouen, e que agiu como “autoridade” inquisitorial. Sem qualquer auxílio, do rei ou advogados, a que tinha direito e que lhe foi negado, ela enfrentou todo tipo de acusações, sob maus tratos e pressões, num proceder cada vez mais arbitrário e contrário às leis – pois, divinamente inspirada, a tudo respondia com exatidão, de modo que por mais que a tentassem confundir, não conseguiam que desse motivos para nenhuma condenação. Durante quatro semanas, presa numa cadeia de ferro e humilhada constantemente, Joana manteve-se fiel às suas razões e missão divina; por proteção divina, sua virgindade foi mantida. Por fim, sem mais argumentos, foi condenada por usar roupas masculinas – as de quando capturada em batalha – e sob a alegação de bruxaria, por dizer que ouvia vozes divinas na ordem para restaurar o reinado francês: o tribunal “interpretou” tais vozes como demoníacas e a condenou à fogueira. Foi executada a 30 de maio de 1431, com 19 anos, numa praça pública de Rouen, afirmando até o final a veracidade das vozes e da sua missão divina. Depois da sua morte, os ingleses continuaram perdendo a guerra, definida com a derrota em Castillon, 1453. Apenas Calais permaneceu como posse inglesa continental, mas também foi capturada em 1558. O Papa Calisto III, a pedido dos pais de Joana, reviu seu processo 20 anos depois, constatando a sua completa injustiça, e a reabilitando publicamente. Joana d’Arc foi canonizada, reconhecida como Mártir da Pátria e da Fé e proclamada padroeira da França.(Colaboração: José Duarte de Barros Filho)
Fonte: a112.com – evangeli.net – evangelho.quotidiano.org
Nenhum comentário:
Postar um comentário