A Solenidade de
Todos os Santos é um momento especial na vida da Igreja, onde fazemos memória
não apenas dos santos canonizados, mas também de todos os que, em sua vida,
buscaram viver a santidade e a fidelidade a Deus. Esta celebração nos convida a
refletir sobre a universalidade da santidade, a comunhão dos santos e a
intercessão deles por nós, que nos inspira a seguir o exemplo de vida cristã
autêntica, além de recorrermos a eles em nossas dificuldades. A Liturgia deste
dia é rica em significados e nos oferece uma oportunidade de renovação
espiritual, para não perdermos de vista o chamado que Deus nos faz para a
santidade de vida. (Dom Antonio Carlos Rossi Keller - Bispo de
Frederico Westphalen (RS)
Oração: Deus de amor e de bondade, dai-nos a alegria de
celebrar, numa única festa, os méritos e a glória de todos os Santos. Favorecei
vosso povo com a intercessão dos Vossos santos e santas e guia-nos sempre nos
caminhos da paz. Por Cristo, Nosso Senhor. Amém.
Evangelho
segundo São Mateus 5,1-12a.
Naquele
tempo, ao ver as multidões, Jesus subiu ao monte e sentou-Se. Rodearam-no os
discípulos,
e Ele começou a ensiná-los, dizendo:
«Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos Céus.
Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados.
Bem-aventurados os humildes, porque possuirão a Terra.
Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados.
Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.
Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus.
Bem-aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus.
Bem-aventurados os que sofrem perseguição por amor da justiça, porque deles é o
Reino dos Céus.
Bem-aventurados sereis quando, por minha causa, vos insultarem, vos perseguirem
e, mentindo, disserem todo o mal contra vós.
Alegrai-vos e exultai, porque é grande nos Céus a vossa recompensa».(Tradução litúrgica da Bíblia)
São João-Maria
Vianney (1786-1859) - presbítero, Cura de Ars - Temos de ser santos ou
réprobos - O cristão
deve ser santo
«Sede
santos, porque Eu sou santo» (Lv 19,2), diz-nos o Senhor. Porque é que Deus nos
dá este mandamento? Porque somos seus filhos e, se o Pai é santo, os filhos
também devem ser santos. Só os santos podem ter a esperança de ir gozar da
presença de Deus, que é a própria santidade. De facto, ser cristão e viver em
pecado é uma contradição monstruosa. O cristão deve ser santo. Sim, esta é a
verdade que a Igreja não cessa de nos repetir; e, a fim de a gravar no nosso
coração, apresenta-nos um Deus infinitamente santo santificando uma multidão
infinita de santos, que parecem dizer-nos: «Lembrai-vos, cristãos, de que
estais destinados a ver Deus e a possuí-lo; mas só tereis esta felicidade na
medida em que tiverdes reconstituído em vós, durante a vossa vida mortal, a sua
imagem, as suas perfeições e, sobretudo, a sua santidade, sem a qual ninguém O
verá». E, se a santidade de Deus parece estar acima das nossas forças,
consideremos as almas bem-aventuradas, a multidão de criaturas de todas as
idades, sexos e condições que foram submetidas às mesmas misérias que nós,
expostas aos mesmos perigos, sujeitas aos mesmos pecados, atacadas pelos mesmos
inimigos, cercadas pelos mesmos obstáculos. O que elas fizeram, também nós
podemos fazê-lo; não temos desculpa para nos dispensarmos de trabalhar para a
nossa salvação, isto é, para sermos santos [...]. Concluamos dizendo que, se
quisermos, podemos ser santos, porque Deus nunca nos recusará a sua graça para
nos ajudar a sê-lo. Ele é nosso Pai, nosso Salvador e nosso amigo. Ele deseja
ver-nos livres dos males desta vida e quer encher-nos de toda a espécie de
bens, depois de nos ter dado, já neste mundo, imensas consolações, que são um
antegosto das do Céu, que vos desejo.
Todos os santos
"Vi uma grande
multidão que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas.
Estavam de pé diante do Trono e diante do Cordeiro, de vestes brancas e palmas
na mão" (Ap
7,9). A visão narrada por são João Evangelista, no Apocalipse, fala dos
santos aos quais é dedicado o dia de hoje.
Na festa de “todos os santos” a Igreja não pretende lembrar somente dos santos conhecidos e oficialmente canonizados, mas de todos aqueles que estão nos Céus, de todos aqueles que só Deus conhece a santidade (as almas do Purgatório ainda não participam desta glória). A Igreja nesse dia comemora todos os homens e mulheres que já alcançaram a glória eterna e por isso mesmo intercedem por nós a todo o momento. De fato, todos os homens e mulheres que durante a vida serviram a Deus e foram obedientes ao ensinamento de Jesus Cristo são santos diante de Deus, ainda que seus nomes não sejam oficialmente coletados em listas canônicas. Lembremo-nos de que entre eles estão crianças, jovens, adultos, anciãos; religiosos e leigos; reis e mendigos; doutos e ignorantes; ricos e pobres… ou seja, não há qualquer situação humana que impeça a santidade, por isso é possível – e mais que desejável! – que nos esforcemos para alcançar a santificação que Deus nos propõe. A celebração começou no século III na Igreja do Oriente e ocorria no dia 13 de maio. A festa de Todos os Santos ocorreu pela primeira vez em Roma, no dia 13 de maio de 609 quando o Papa Bonifácio IV transformou o templo de Partenon, dedicado a todos os deuses pagãos do Olimpo, em uma igreja em honra à Virgem Maria e a todos os Santos. Oficialmente a mudança do dia da festa de Todos os Santos, de 13 de maio para o dia primeiro de novembro, só foi decretada em 1475, pelo do Papa Xisto IV. Mas o importante é que a solenidade de todos os Santos enche de sentido a homenagem de todos os finados, que ocorre no dia seguinte.(Colaboração: Padre Evaldo César de Souza, C.Ss.R. - Revisão e acréscimos: José Duarte de Barros Filho)
Reflexão: Nós também podemos ser santos. Quando trabalhamos
com ânimo no dia a dia. Quando suportamos com espírito forte as dores e os
problemas de nossa vida, entregando tudo às mãos da Providência divina. Quando
rezamos com amor e devoção de forma regular e cotidiana. É necessário que
peçamos a Deus o dom da santidade! Finalmente, devemos ter aquele grande amor
pelas coisas de Deus, por Cristo, por Maria e pelos homens.
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