Em Anchieta, a literatura brasileira tem seu pontapé
inicial em diversos gêneros. Poesia, prosa e teatro ganham contornos muito
próprios a partir da experiência do jesuíta com o Novo Mundo. Ainda que não
possamos falar de um claro sentimento de brasilidade em seus escritos, a forma
como irá adaptar esses gêneros à realidade da colônia portuguesa na América vai
moldando aos poucos um novo modo de escrever nestas terras a leste da linha de
Tordesilhas. E foi do coração tocado pela fé e pela poesia do Pe. Anchieta que a
Terra de Santa Cruz começou a colocar no papel os mais nobres sentimentos da
alma humana.
Oração: Deus Eterno e Todo-Poderoso, que a Vossos
pastores associastes São Josafá, a quem destes a graça de lutar pela justiça
até a morte, concedei-nos, por sua intercessão, suportar por Vosso amor as
adversidades, sem jamais abrir mão da Verdade, e correr ao encontro de Vós, que
sois a nossa vida. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso filho, na unidade do
Espírito Santo. Amém.
Evangelho (Lc 17,7-10):
Naquele tempo, o Senhor disse: «Se alguém
de vós tem um servo que trabalha a terra ou cuida dos animais, quando ele volta
da roça, lhe dirá: Vem depressa para a mesa. Não dirá antes: Prepara-me o
jantar, arruma-te e serve-me, enquanto eu como e bebo. Depois disso, tu poderás
comer e beber. Será que o senhor vai agradecer o servo porque fez o que lhe
havia mandado. Assim também vós: quando tiverdes feito tudo o que vos mandaram,
dizei: Somos simples servos; fizemos o que devíamos fazer».
«Fizemos o que
devíamos fazer» = Rev. D. Jaume AYMAR i
Ragolta(Badalona, Barcelona, Espanha)
Hoje, a atenção do Evangelho não se
dirige à atitude do senhor, mas à dos servos. Jesus convida os seus apóstolos,
através do exemplo de uma parábola a considerar a atitude de serviço: o servo
tem que cumprir o seu dever sem esperar recompensa: «Será que o senhor vai
agradecer o servo porque fez o que lhe havia mandado?» (Lc 17,9). Não obstante,
esta não é a única lição do Mestre acerca do serviço. Jesus dirá mais adiante
aos seus discípulos: «Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que
faz o seu Senhor. Eu vos chamo amigos, porque vos dei a conhecer tudo o que
ouvi de meu Pai.» (Jo 15,15). Os amigos não passam contas. Se os servos têm que
cumprir o seu dever, muito mais os apóstolos de Jesus, seus amigos, devemos
cumprir com a missão encomendada por Deus, sabendo que o nosso trabalho não
merece nenhuma recompensa, porque o fazemos por gosto e porque tudo quanto
temos e somos é um dom de Deus.
Para o crente tudo é sinal, para o que ama tudo é dom. Trabalhar para o Reino
de Deus é a nossa recompensa; por isso não devemos dizer com tristeza nem
desânimo: «Somos simples servos; fizemos o que devíamos fazer» (Lc 17,19), mas
com a alegria daquele que foi chamado a transmitir o Evangelho.
Nestes dias temos também presente a festa de um grande santo, de um grande
amigo de Jesus, muito popular na Catalunha, São Martinho de Tours, que dedicou
a sua vida ao serviço do Evangelho de Cristo. Dele escreveu Suplicio Severo:
«Homem extraordinário, que não foi dobrado pelo trabalho nem vencido pela
própria morte, não teve preferência por nenhuma das partes, não temeu a morte,
não recusou a vida! Levantados os seus olhos e as suas mãos para o céu, seu
espírito invicto não deixava de orar». Na oração, no diálogo com o Amigo,
encontramos, efetivamente, o segredo e a força do nosso serviço.
São Josafá - Localização: Ucrania
João Kuncewycz nasceu de família cristã ortodoxa da Ucrânia, em 1580. Estudou filosofia e teologia. Aos 20 anos tornou-se monge na Ordem de São Basílio, recebendo o nome de Josafá, e em pouco tempo era nomeado superior do convento. Possuía enorme capacidade intelectual e vivência da caridade cristã. Além disso, São Josafá era um monge exemplar no seguimento das regras monásticas. Com apenas 37 anos assumiu o arcebispado de Polotsk, e dedicou-se imediatamente à formação do clero e à catequização dos fiéis (o que ainda hoje é urgentemente necessário). Na sua época, sentia-se já o grave problema da divisão das igrejas ortodoxas orientais, que haviam se separado de Roma por volta do ano 1000, não reconhecendo a autoridade do Papa. Josafá muito trabalhou para a reconciliação, ao longo da sua vida. Em 1596, o sínodo de Brest reuniu os rutenos com Roma, mas este exemplo não foi seguido por outras igrejas orientais, que se sentiram traídas, tendo os cismáticos passado a perseguir os católicos. Por causa do seu zelo na reunificação, São Josafá foi caluniado e teve que enfrentar muitos contratempos, acabando por se tornar vítima de martírio: numa visita pastoral, a 12 de novembro de 1623, sua comitiva foi atacada e muitos dela covardemente assassinados, matança à qual o santo bispo se opôs perguntando aos agressores: “Meus filhos, por que matais os meus familiares? Se procurais a mim, aqui estou!”. Logo o maltrataram horrivelmente e o mataram. Porém, quase todos os seus assassinos, depois processados e condenados, abjuraram o cisma e se converteram, um fruto da caridade de Deus e, certamente, da firmeza exemplar de São Josafá.(Colaboração: Padre Evaldo César de Souza, CSsR = Revisão e acréscimos: José Duarte de Barros Filho)
Reflexão: O desejo de Cristo de formar um único
rebanho, sob a autoridade de um único pastor, na unidade de uma única Igreja é
algo que não pode ser negligenciado. A separação dos católicos (“diabo”
significa dividir) é um mal para a Igreja e o mundo. São Josafá lutou contra o
Cisma, a ponto de doar a própria vida, e por isso é reconhecido como precursor
do Ecumenismo (movimento que busca a boa convivência entre os diferentes
cristãos e, mais essencialmente, a reunificação dos diversos cismáticos com a
Igreja Católica). Porém, de forma alguma a Verdade pode ser “adaptada” em nome
de uma união baseada em mero consenso de conveniências e interesses; isto seria
uma união de oposição a Deus! O correto senso ecumênico está centrado no
reconhecimento da única Igreja diretamente fundada por Cristo, por meio dos
Apóstolos chefiados por São Pedro, assistida perenemente pelo Espírito Santo e
tendo por legítima Mãe a Virgem Maria – a Igreja Católica (= universal, para
todos os seres humanos, filhos de Deus), Apostólica (confiada diretamente aos
Apóstolos por Jesus mesmo), Romana (referência ao local da morte – entrada na
vida celeste – de São Pedro, chefe inequívoco dos Apóstolos, nas palavras de
Cristo: “Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a Minha Igreja […] Eu te
darei as chaves do reino dos céus […]” (cf. Mt 16, 15-19); e “Apascenta as
Minhas ovehas.” (cf. Jo 21, 17); ora, quem apascenta as ovelhas é o pastor, que
tem sobre elas autoridade…).
TJL – A112.COM - EVANGELI.NET – EVANGELHOQUOTIDIANO.ORG
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