Bom dia evangelho
Terça-feira, 23 de fevereiro de 2010
Primeira Semana da Quaresma - 1ª Semana do Saltério (Livro III) - cor Litúrgica Roxa
Hoje: Dia Nacional do Rotary e Comemoração Facultativa de São Policarpo (Bispo e Mártir)
Antífona: Vós fostes, Senhor, o refúgio para nós de geração em geração: desde sempre e para sempre e para sempre vós sois Deus. (Sl 89, 1-2)
Oração
Espírito do Pai, leva-me a transformar em vida a minha oração, e a descobrir, na oração, o sentido da minha vida.
Evangelho
Mt 6,7-15 - Um Pai e muitos irmãos
A verdadeira oração, o Pai-nosso
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 7"Quando orardes, não useis muitas palavras, como fazem os pagãos. Eles pensam que serão ouvidos por força das muitas palavras. 8Não sejais como eles, pois vosso Pai sabe do que precisais, muito antes que vós o peçais.
9Vós deveis rezar assim: Pai nosso que estás nos céus, santificado seja o teu nome; 10venha o teu reino; seja feita a tua vontade, assim na terra como nos céus. 11O pão nosso de cada dia dá-nos hoje. 12Perdoa as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido. 13E não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal.
14De fato, se vós perdoardes aos homens as faltas que eles cometeram, vosso Pai que está nos céus também vos perdoará. 15Mas, se vós não perdoardes aos homens, vosso Pai também não perdoará as faltas que vós cometestes". Palavra da Salvação!
Contexto desta leitura: Esmola, oração e jejum (Mt 6), com paralelismo em Lc 11, 2-4.
O trecho de hoje é também visto no XI Semana do Tempo Comum (anos Par e Impar)
Comentário o Evangelho
Rezar com simplicidade
Os discípulos de Jesus foram orientados a não rezar como os gentios que pensavam poder convencer Deus e atrair seus favores, à custa de muito falar. Existia, também, os que se dirigiam a Deus em altos brados, como forma de se fazerem ouvir. Apesar de o Mestre ter atribuído esta forma de rezar aos pagãos, o que ele estava condenando, agora, era a forma acintosa de rezar, praticada por certos fariseus. Quem se vangloriava da própria prática religiosa, estava longe de rezar de maneira conveniente. Faltava-lhes rezar com simplicidade.
A oração que Jesus colocou nos lábios dos discípulos pode ser definida como a oração dos simples. Por um lado, ela é calcada na absoluta confiança no Pai, de quem se espera tudo, por saber ser ele a fonte de todos os bens. Por outro lado, suas palavras correspondem ao que é essencial na relação do ser humano com Deus, com o próximo e com os bens da criação, de modo especial, o pão cotidiano.Seria um erro fatal confundir a oração ensinada por Jesus como escola de conformismo e alienação. O que o discípulo orante fala ao Pai é o que busca colocar em prática no seu dia-a-dia. Ele deve ser o primeiro a santificar o nome de Deus, a empenhar-se para que seu Reino aconteça, a fazer a vontade divina. Será sempre o primeiro a partilhar, a perdoar e a esforçar-se para não ser levado pelo espírito do mal. [O EVANGELHO DO DIA, Ano B. Jaldemir Vitório. ©Paulinas, 1996]
Para sua reflexão:
O que está sendo questionado, sobre a oração, não é a frequência ou a assiduidade, mas a qualidade e a seriedade perante Deus. Jesus não veio para abolir a oração de Israel, mas para levá-la à sua plena perfeição, cf. Mt 5, 17. Jesus Cristo ora em nós e por nós, e nós oramos a ele. O Pai-nosso contém uma invocação e sete pedidos, três em honra de Deus, quatro a favor do homem. Como tenho trabalhado a qualidade, a frequência e a perseverança das minhas orações?
A igreja celebra hoje:
Santos: Alexandre Akimetes (abade), Boisil de Melrose (abade), Dositeu de Gaza (monge), Félix de Bréscia (bispo), Florêncio de Sevilha (leigo), Lázaro, o Pintor (monge de Constantinopla), Marta de Astorga (virgem, mártir), Meraldo de Vendôme (abade), Milburga de Wenlock (abadessa), Milo de Benevento (bispo), Ordônio de Sahagún (monge, bispo), Policarpo de Roma (presbítero, mártir), Romana de Todi (virgem), Sereno de Billom (mártir), Willigis de Mainz (bispo), Zebino da Síria (eremita), Nicolau da Prússia (monge, bem-aventurado), Rafaela de Ibarra (bem-aventurada).
São Policarpo
Temos hoje a memória obrigatória de São Policarpo, que com Clemente Romano, Inácio de Antioquia, Papias, pertence ao grupo dos assim chamados "Padres Apostólicos", porque, em sua vida e em seus escritos, testemunhou a fé recebida diretamente dos apóstolos. Estes Padres Apostólicos foram o elo entre a Igreja primitiva e a Igreja do mundo greco-romano, na passagem do primeiro para o segundo século.
Conhecemos esta grande figura através das notícias de seu discípulo, Santo Irineu, e de uma carta escrita pelo próprio Policarpo aos fiéis de Filipos.
Irineu evoca com grata comoção a memória de seu mestre, dizendo: "Recordo as coisas de então melhor do que as recentes. Poderia assinalar o lugar em que sentava Policarpo para ensinar... seu modo de vida, os traços de sua fisionomia e as palavras que dirigia à multidão. Poderia reproduzir o que nos contava de seu trato com São João apóstolo e os demais que tinham visto o Senhor e como repetia suas mesmas Palavras...”
O mesmo Irineu testemunha que Policarpo "enviava cartas às comunidades vizinhas e a alguns irmãos em particular para ensiná-los e admoestá-los". E afirma especificamente: "E belíssima a carta que ele enviou aos filipenses". Esta é a única que nos foi conservada. Nela exorta os filipenses à constância e integridade da fé, e procura incutir em cada um a lembrança de suas obrigações particulares. Policarpo foi colocado como bispo de Esmirna pelo próprio São João apóstolo e, pela retidão de seu caráter, pelo alto saber, pelo amor à Igreja e zelo pela ortodoxia da fé, era considerado e estimado em todo o Oriente.
Como líder da comunidade, vemo-lo, em meados do século II, viajando para Roma a fim de tratar com o Papa Aniceto das divergências entre as duas comunidades, a do Oriente e do Ocidente, a respeito da data da celebração da Páscoa. Mesmo sem chegar a um acordo, os dois bispos celebraram juntos a Eucaristia, significando que uma questão meramente disciplinar não devia lesar a união eclesial. O mais que sabemos sobre Policarpo refere-se ao seu martírio, descrito numa carta autêntica que os fiéis de Esmirna enviaram a seus irmãos de Filomélio, na Frígia. Na época de seu martírio, Policarpo era respeitável ancião de oitenta e seis anos. Contra o procedimento temerário de alguns cristãos que se apresentavam ao martírio, o velho bispo preferiu manter-se oculto por algum tempo e assim animar suas ovelhas. Mas acabou sendo delatado e preso como chefe dos cristãos.
O governador da província exortou-o a que jurasse pela fortuna de César e que insultasse a Cristo, ao que o venerável ancião respondeu: "Há oitenta e seis anos sirvo a Cristo e nenhum mal tenho recebido dele. Como poderei rejeitar aquele a quem prestei culto e reconheço como meu Salvador?"
Foi condenado à morte pelo fogo. O povo pagão, instigado por diversos grupos, encarregou-se de erguer o mais depressa possível a fogueira que consumiu o corpo do bispo, no estádio da cidade. Policarpo recusou ser amarrado e subiu sozinho à fogueira, pronunciando esta prece: "Sede bendito para sempre, ó Senhor; que o vosso nome adorável seja glorificado por todos os séculos".
O relato de seu martírio termina com uma preciosa notícia sobre o culto litúrgico. Os judeus queriam impedir que os cristãos recolhessem as relíquias do mártir, para que, diziam, "não aconteça que comecem a adorar Policarpo como fazem com Cristo". Mas os cristãos atestaram: "Nós só adoramos a Cristo, ao passo que recolhemos seus ossos como ouro e pérolas preciosas, e lhes damos honrosa sepultura. A seguir celebramos alegremente a nossa reunião eucarística, como mandou o Senhor, para comemorar o natalício do seu mártir". Sofreu o martírio pelo ano de 155. [O SANTO DO DIA, Dom Servilio Conti, pg.90 ©Vozes, 1997]
Quando Deus quer uma obra, as dificuldades são meios. (Pe. Clevelier)
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