BOM DIA EVANGELHO
Dia Litúrgico: Quinta-feira depois de CinzaSantos
Papa Francisco durante a Missa. Foto: Captura de
Youtube
Vaticano, 06 Mar.
19 / 01:28 pm (ACI).- O Papa Francisco presidiu nesta
quarta-feira, 6 de março, a Missa de Quarta-feira de Cinzas, com a
imposição e bênção das cinzas, na Basílica romana de Santa Sabina.
Em sua homilia, o
Santo Padre convidou a se libertar “dos tentáculos do consumismo e dos laços do
egoísmo” e viver a Quaresma como um momento propício para a
conversão.
“A Quaresma é o
tempo para nos libertarmos da ilusão de viver correndo atrás de pó. A Quaresma
é descobrir que somos feitos para o fogo que arde sempre, não para a cinza que
imediatamente se some; para Deus, não para o mundo; para a eternidade do Céu,
não para o engano da terra; para a liberdade dos filhos, não para a escravidão
das coisas. Hoje podemos interrogar-nos: De que parte estou? Vivo para o fogo
ou para as cinzas?”.
A seguir, o texto
completo da homilia pronunciada pelo Papa Francisco:
«Tocai a trombeta
em Sião, ordenai um jejum» (Jl 2, 15): diz o profeta na primeira Leitura. A
Quaresma abre-se com um som estridente: o som duma trombeta que não afaga os
ouvidos, mas proclama um jejum. É um som intenso, que pretende abrandar o ritmo
da nossa vida, sempre dominada pela pressa, mas muitas
vezes não sabe bem para onde vai. É um apelo a deter-se para ir ao essencial, a
jejuar do supérfluo que distrai. É um despertador da alma.
Ao som deste
despertador segue-se a mensagem que o Senhor transmite pela boca do profeta,
uma mensagem breve e veemente: «Voltai para Mim» (2, 15). Voltar. Se devemos
voltar, isso quer dizer que a direção seguida não era justa. A Quaresma é o tempo
para reencontrar a rota da vida. Com efeito, no caminho da vida – como em todos
os caminhos –, aquilo que verdadeiramente conta é não perder de vista a meta.
Pelo contrário, quando o que interessa na viagem é ver a paisagem ou parar a
comer, não se vai longe. Cada um de nós pode interrogar-se: no caminho da vida,
procuro a rota? Ou contento-me de viver o dia a dia, pensando apenas em
sentir-me bem, resolver alguns problemas e divertir-me um pouco? Qual é a rota?
Talvez a busca da saúde, que hoje muitos dizem vir em primeiro lugar, mas mais
cedo ou mais tarde faltará? Porventura a riqueza e o bem-estar? Mas não é para
isso que estamos no mundo. Voltai para Mim, diz o Senhor. Para
Mim: o Senhor é a meta da nossa viagem no mundo. A rota deve ser ajustada
na direção d’Ele.
Hoje, para
encontrar a rota, é-nos oferecido um sinal: cinzas na cabeça. É um sinal que
nos faz pensar naquilo que trazemos na cabeça. Frequentemente, os nossos
pensamentos seguem coisas passageiras, coisas que vão e vêm. Os grãos de cinza que
receberemos pretendem dizer-nos, com delicadeza e verdade: de tantas coisas que
trazes na cabeça, atrás das quais corres e te afadigas diariamente, nada
restará. Por mais que te afadigues, não levarás contigo qualquer riqueza da
vida. As realidades terrenas dissipam-se como poeira ao vento. Os bens são
provisórios, o poder passa, o sucesso declina. A cultura da aparência,
hoje dominante e que induz a viver para as coisas que passam, é um grande
engano. Pois é como uma fogueira: uma vez apagada, ficam apenas cinzas. A
Quaresma é o tempo para nos libertarmos da ilusão de viver correndo atrás de
pó. A Quaresma é descobrir que somos feitos para o fogo que arde sempre, não
para a cinza que imediatamente se some; para Deus, não para o mundo; para a
eternidade do Céu, não para o engano da terra; para a liberdade dos filhos, não
para a escravidão das coisas. Hoje podemos interrogar-nos: De que parte estou?
Vivo para o fogo ou para as cinzas?
Nesta viagem de
regresso ao essencial que é a Quaresma, o Evangelho propõe três etapas, que o
Senhor pede para percorrer sem hipocrisia nem ficção: a esmola, a oração, o
jejum. Para que servem? A esmola, a oração e o jejum reconduzem-nos às únicas
três realidades que não se dissipam. A oração liga-nos a Deus; a caridade, ao próximo;
o jejum, a nós mesmos. Deus, os irmãos, a minha vida: tais são as realidades,
que não acabam em nada e sobre as quais é preciso investir. Eis para onde nos
convida a olhar a Quaresma: para o Alto, com a oração, que liberta
duma vida horizontal e rastejante, onde se encontra tempo para si próprio, mas
se esquece de Deus. E depois para o outro, com a caridade, que
liberta da nulidade do ter, de pensar que as coisas estão bem se para mim
correm bem. Por último, convida-nos a olhar para dentro de nós
mesmos, com o jejum, que liberta do apego às coisas, do mundanismo que
anestesia o coração. Oração, caridade, jejum: três investimentos num tesouro
que dura.
Jesus disse: «Onde
estiver o teu tesouro, aí estará também o teu coração» (Mt 6, 21). O nosso
coração aponta sempre para uma direção: é como uma bússola que sempre procura a
orientação. Podemos também compará-lo a um imã: precisa de se apegar a qualquer
coisa. Mas, quando se apega só às coisas terrenas, mais cedo ou mais tarde
torna-se escravo delas: as coisas de que nos servimos passam a coisas às quais
servimos. O aspeto exterior, o dinheiro, a carreira, os passatempos: se
vivermos para eles, tornar-se-ão ídolos que nos usam, sereias que nos encantam
e, em seguida, nos deixam à deriva. Ao contrário, se o coração se apega ao que
não passa, encontramo-nos a nós mesmos e tornamo-nos livres. Quaresma é tempo
de graça para libertar o coração das nulidades; é tempo de cura de dependências
que nos seduzem; é tempo de fixar o olhar naquilo que resta.
Então onde devemos
fixar o olhar ao longo do caminho da Quaresma? No Crucificado. Jesus na cruz é
a bússola da vida, que nos orienta para o Céu. A pobreza do lenho, o silêncio
do Senhor, a sua nudez por amor mostram-nos a necessidade duma vida mais
simples, livre da azáfama excessiva pelas coisas. Da cruz, Jesus ensina-nos a
coragem esforçada da renúncia. Pois, carregados com pesos embaraçantes, nunca
iremos para diante. Precisamos de nos libertar dos tentáculos do consumismo e
dos laços do egoísmo, de querer sempre mais, de não nos contentarmos jamais, do
coração fechado às necessidades do pobre. Jesus, abrasado de amor no lenho
cruz, chama-nos a uma vida inflamada por Ele, que não se perde entre as cinzas
do mundo; uma vida que arde de caridade, e não se apaga na mediocridade. É
difícil viver como Ele pede? Sim, mas conduz à meta. No-lo mostra a Quaresma.
Esta começa com as cinzas, mas leva-nos no final ao fogo da noite da Vigília
Pascal, a descobrir que, no sepulcro, a carne de Jesus não se torna cinza, mas
ressuscita gloriosa. O mesmo vale para nós, que somos pó: se voltarmos ao
Senhor com as nossas fragilidades, se tomarmos o caminho do amor, abraçaremos a
vida que não tem ocaso. E viveremos na alegria.
ORAÇÃO
Deus todo-poderoso, que destes às mártires Santas Perpétua e Felicidade
a graça de sofrer pelo Cristo, ajudai também a nossa fraqueza, para que
possamos viver firmes em nossa fé, como elas não hesitaram em morrer por vosso
amor. Por Cristo nosso Senhor. Amém!
Evangelho (Lc 9,22-25)
Dizendo: «É
necessário que o Filho do homem padeça muitas coisas, e seja rejeitado dos
anciãos e dos escribas, e seja morto, e ressuscite ao terceiro dia. E dizia a
todos: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua
cruz, e siga-me. Porque, qualquer que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas
qualquer que, por amor de mim, perder a sua vida, a salvará. Porque, que
aproveita ao homem granjear o mundo todo, perdendo-se ou prejudicando-se a si
mesmo?».
Palavra da
Salvação. Glória a vós,
Senhor.
«Se alguém quer vir
após mim, negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-me»
Fray
Josep Mª MASSANA i Mola OFM (Barcelona, Espanha)
Hoje é a primeira quinta-feira da Quaresma. Ainda
temos fresca as cinzas que a Igreja nos punha ontem sobre a testa, e que nos
introduzia neste tempo santo, que é uma trajetória de quarenta dias. Jesus, no
Evangelho, nos ensina duas rotas: o Via Crucis que Ele deve recorrer, e nosso
caminho em seu seguimento.
Sua senda é o Caminho da Cruz e da morte, mas também o de sua glorificação: «E acrescentou: «O Filho do Homem deve sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos chefes dos sacerdotes e doutores da Lei, deve ser morto, e ressuscitar no terceiro dia» (Lc 9,22). Nossa senda, não é essencialmente diferente da de Jesus, e nos assinala qual é a maneira de seguí-lo: «Depois Jesus disse a todos: «Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome cada dia a sua cruz, e me siga» (Lc 9,23).
Abraçado a sua Cruz, Jesus seguia a Vontade do Pai; nós, carregando a nossa sobre os ombros, o acompanhamos em sua Via Crucis.
O caminho de Jesus se resume em três palavras: sofrimento, morte, ressurreição. Nosso Sendero também é constituído por três aspectos (duas atitudes e a essência da vocação cristã): negarmos a nós mesmos, tomar cada dia a cruz e acompanhar a Jesus.
Se alguém não se nega a si mesmo e não toma a cruz, quer afirmar-se e ser o mesmo, quer «salvar sua vida», como diz Jesus. Mas, querendo salvá-la, a perderá. Em compensação, quem não se esforça por evitar o sofrimento e a cruz, por causa de Jesus, salvará sua vida. É o paradoxo do seguimento de Jesus: «De fato, que adianta um homem ganhar o mundo inteiro, se perde e destrói a si mesmo?» (Lc 9,25).
Esta palavra do Senhor, que encerra o Evangelho de hoje, agitou o coração de Santo Inácio e provocou sua conversão: «Que aconteceria se eu fizesse o que fez São Francisco e isso que fez Santo Domingo?». Tomara que nesta Quaresma a mesma palavra nos ajude também a converter-nos!
Sua senda é o Caminho da Cruz e da morte, mas também o de sua glorificação: «E acrescentou: «O Filho do Homem deve sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos chefes dos sacerdotes e doutores da Lei, deve ser morto, e ressuscitar no terceiro dia» (Lc 9,22). Nossa senda, não é essencialmente diferente da de Jesus, e nos assinala qual é a maneira de seguí-lo: «Depois Jesus disse a todos: «Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome cada dia a sua cruz, e me siga» (Lc 9,23).
Abraçado a sua Cruz, Jesus seguia a Vontade do Pai; nós, carregando a nossa sobre os ombros, o acompanhamos em sua Via Crucis.
O caminho de Jesus se resume em três palavras: sofrimento, morte, ressurreição. Nosso Sendero também é constituído por três aspectos (duas atitudes e a essência da vocação cristã): negarmos a nós mesmos, tomar cada dia a cruz e acompanhar a Jesus.
Se alguém não se nega a si mesmo e não toma a cruz, quer afirmar-se e ser o mesmo, quer «salvar sua vida», como diz Jesus. Mas, querendo salvá-la, a perderá. Em compensação, quem não se esforça por evitar o sofrimento e a cruz, por causa de Jesus, salvará sua vida. É o paradoxo do seguimento de Jesus: «De fato, que adianta um homem ganhar o mundo inteiro, se perde e destrói a si mesmo?» (Lc 9,25).
Esta palavra do Senhor, que encerra o Evangelho de hoje, agitou o coração de Santo Inácio e provocou sua conversão: «Que aconteceria se eu fizesse o que fez São Francisco e isso que fez Santo Domingo?». Tomara que nesta Quaresma a mesma palavra nos ajude também a converter-nos!
SANTO DO DIA
SANTA
PERPÉTUA E SANTA FELICIDADE
Neste dia a Igreja entra em comunhão com os Santos do Céu rezando:
"Ó Deus, pelo vosso amor, as mártires Perpétua e Felicidade resistiram aos
perseguidores e superaram as torturas do martírio". No ano 202 o imperador
Severo mandou matar os cristãos que não quisessem adorar os falsos deuses.
Perpétua estava celebrando uma reunião religiosa em sua casa de Cartago quando
chegou os guardas do imperador e a levou prisioneira, junto com sua escrava Felicidade.
Perpétua era uma jovem mãe, de 22 anos que tinha um bebê de poucos meses.
Pertencia a uma família rica e muito estimada por toda a população. Enquanto
estava na prisão, a pedido de seus companheiros mártires, foi escrevendo um
diário de tudo o que ia acontecendo. Felicidade era uma escrava de Perpétua.
Era também muito jovem e na prisão deu à luz uma menina, que depois os cristãos
se encarregaram de criar muito bem. Na prisão escreveu Perpétua: "Fiquei
horrorizada, nunca tinha experimentado tal sensação de escuridão. O calor era
insuportável e éramos muitas pessoas em um subterrâneo muito estreito. Parecia
que ia morrer de calor e de asfixia e sofria por não poder ter junto a mim o
meu filho que era de tão poucos meses e que necessitava muito de mim. O que eu
mais pedia a Deus era que nos concedesse a graça de sofrer e lutar por nossa
fé". Então chegou seu pai, o único da família que não era cristão, e de
joelhos lhe rogava e lhe suplicava que não persistisse em chamar-se cristã. Que
aceitasse a religião do imperador. Que o fizesse por amor a seu pai e a seu
filhinho. Ela se comovia intensamente, mas terminou dizendo-lhe: “Pai, como se
chama esta vasilha que há aí na frente?” "Uma bandeja", respondeu o
pai. “Pois bem, essa vasilha deve ser chamada de bandeja, e não de pote ou
colher, porque é uma bandeja. E eu que sou cristã, não posso me chamar pagã,
nem de nenhuma outra religião, porque sou cristã e o quero ser para
sempre". E acrescenta o diário escrito por Perpétua: "Meu pai era o
único da minha família que não se alegrava porque nós íamos ser mártires por
Cristo". Felicidade grávida alcançou a graça que pedia, já que seu filho
nasceu antes do martírio. Um carcereiro debochava dizendo: "Agora se
queixa pelas dores do parto. E quando chegarem as dores do martírio o que fará?
Ela respondeu-lhe: "Agora sou fraca porque sofre a minha pobre natureza.
Mas quando chegar o martírio a graça de Deus me acompanhará, e me encherá de
força". E encheu-se de júbilo por poder sofrer o martírio juntamente com
seus companheiros. Batizadas na prisão, Santas Perpétua e Felicidade, foram
condenadas pela firmeza da fé, foram lançadas na arena, onde uma vaca furiosa
as feriu. Ao ver a jovem mãe atirada de um lugar para outro, e o leite
gotejando de seus seios, o povo horrorizou-se, pedindo o fim do espetáculo.
Depois disso foram degoladas. O ano era 203.(Colaboração: Padre Evaldo César
de Souza, CSsR)
REFLEXÃO : O que nos
ensinam estas duas mulheres, uma rica e instruída e a outra humilde e simples
serva, jovens esposas e mães, que na flor da vida preferiram renunciar às
alegrias de um lar, com desejo de permanecerem fiéis a fé em Jesus Cristo? Nos
ensinam que o maior valor do mundo é a nossa fé e confiança no amor de Deus. A
coragem dessas mulheres serve de inspiração para nossa vida cristã. Será que
estamos sendo coerentes com a vivência de nossa religião?
Tjl
– acidigital.com –a12.com – evangeli.net
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