Oração: Deus de amor infinito, que por nós tendes
entranhas de mãe, concedei-nos por intercessão de Santa Mônica aceitarmos sem
revolta as dificuldades, mas delas buscar em Vós as soluções, e embarcados na
Nau de Pedro nunca desistirmos de fazer o bem ao próximo, para nela aportarmos
no Paraíso. Por Nosso Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora. Amém.
Evangelho (Mt 23,23-26):
Naquele tempo, disse Jesus: «Ai de vós, escribas e
fariseus hipócritas! Pagais o dízimo da hortelã, da erva-doce e do cominho, e
deixais de lado os ensinamentos mais importantes da Lei, como o direito, a
misericórdia e a fidelidade. Isto é que deveríeis praticar, sem contudo deixar
aquilo. Guias cegos, filtrais o mosquito, mas engolis o camelo! Ai de vós,
escribas e fariseus hipócritas! Limpais o copo e o prato por fora, mas por
dentro estais cheios de roubo e cobiça. Fariseu cego! Limpa primeiro o copo por
dentro, que também por fora ficará limpo».
«Limpa primeiro o copo por
dentro, que também por fora ficará limpo»
Fr. Austin NORRIS(Mumbai,
India)
Hoje, temos a impressão de “pilhagem” a Jesus em um
arrebato de mau humor, realmente alguém o tem feito se sentir molestado e
irritado. Jesus Cristo se sente incomodado com a falsa religiosidade, as
petições pomposas e a piedade egoísta. Ele tem notado um vazio de amor, a
saber, esta em falta “a justiça, a misericórdia e a fé” (Mt 23,23) com as ações
superficiais, as quais tratam de cumprir a Lei. Jesus encarna essas qualidades
em sua pessoa e ministério. Ele era a justiça e a misericórdia. Suas ações, milagres,
curas e palavras escorriam estes verdadeiros fundamentos, que fluem de seu
coração amoroso. Para Jesus Cristo não se tratava de uma questão de “Lei”, mais
sim, de um assunto de coração...
Inclusive nas palavras de castigo, vemos em Deus um toque de amor, importante
para quem quer voltar ao básico “Foi indicado, homem, que é bom e que exige de
ti o Senhor: nada mais que praticar a justiça, amar a fidelidade e caminhar
humildemente com teu Deus” (Miq 6,8). O Papa Francisco disse: “Um pouco de
misericórdia faz o mundo menos frio e mais justo”. Necessitamos compreender bem
esta misericórdia de Deus, este Padre misericordioso que tem tanta paciência...
Recordemos ao profeta Isaias, quando afirma que, embora nossos pecados sejam
escarlates, o amor de Deus os transformará em brancos como a neve. É
harmonioso, isto da misericórdia”.
“Purifica primeiro por dentro da taça, para que também fique pura por fora” (Mt
23,26). Quanto é certo para cada um de nós! Sabemos como a limpeza pessoal nos
faz sentir frescos e vibrantes por dentro e por fora. Mas mesmo no âmbito
espiritual e moral de nosso interior, nosso espírito, se está limpo e são,
brilhará em boas obras e ações que honrem a Deus e lhe rendam uma verdadeira
homenagem (cf. Jn 5,23). Fixemo-nos no marco maior do amor, da justiça e da fé
e nos perdemos em ninharias que consomem nosso tempo, nos apequenamos e que nos
fazem exigente. Mergulhemos no vasto oceano do amor de Deus e não nos
conformemos com riachos e mesquinharias!
Mônica nasceu em Tagaste, antiga cidade da Numídia. atual Argélia no
norte da África, no ano de 332. Desde cedo dedicava-se ao
cuidado dos pobres, que visitava frequentemente. Seus pais a casaram
com Patrício, um pagão trabalhador mas colérico, infiel e dado ao jogo.
A sua sogra, também colérica, muito interferiu na vida do casal,
tornando ainda mais infeliz a vida de Mônica, que tudo suportava pacientemente
em Deus, pedindo em oração a conversão do esposo. Este, embora
criticasse a caridade da esposa para com os necessitados, e a sua dedicação à oração, não a impedia, porém, de fazê-lo.
Com grande sabedoria, Mônica usou no seu casamento o que depois ficou
conhecido num ditado popular: “quando um não quer, dois não
brigam”; se ele estava de mau humor, ela procurava manter o
bom humor; se ele gritava, ela se calava. Tal procedimento até hoje é receita
para a manutenção da paz no lar. Assim evitava que o marido
batesse nela, como era normal acontecer na época com outras mulheres.
Em 371, Patrício, após as muitas orações e sacrifícios de Mônica,
converteu-se e se fez batizar, e também sua mãe. Um ano
depois, ele morreu.
O casal tinha três filhos, Agostinho, Navígio e Perpétua, que veio a ser
religiosa. Agostinho demonstrara desde a infância uma extraordinária
inteligência, e por isso fôra enviado aos 16 para estudar Filosofia, Retórica e
Literatura em Cartago. Quando Patrício morreu, Agostinho
tinha 17 anos, e, por ter forte temperamento e nenhum apoio do pai para o lado
religioso, que Mônica muito se esforçara para desenvolver, caíra já
numa vida de vícios: jogo, mulheres, e adoção de uma seita maniqueísta. Mônica
sofria muito com esta situação, chorava amargamente pelo filho no caminho da
perdição eterna. Por ele, aumentava sempre mais as orações e penitências.
Em Cartago, Agostinho progredia como brilhante professor de Retórica.
Incomodava-o porém as admoestações da mãe, e por isso, enganando-a, embarcou
primeiro para Roma e depois para Milão, onde continuou seu trabalho docente.
Mônica não desistiu, e foi encontrá-lo naquela cidade. Por este tempo, Agostinho já vivia numa união irresponsável com
uma mulher e tinha um filho, Adeodato.
Querendo aperfeiçoar-se na arte da Retórica, Agostinho passou a ouvir os
sermões de Santo Ambrósio. Este bispo, em conversa com Mônica, lhe
dissera: “Continue a rezar, pois é impossível que se
perca um filho de tantas lágrimas”. E, tocado pelas
pregações de Ambrósio, Agostinho acabou por se converter ao Catolicismo da sua
infância, sendo batizado, com Adeodato, na Páscoa de 387. Ele viria a ser um
dos maiores santos do período Patrístico da Igreja.
Estava assim realizada a maior obra de Mônica, a conversão e salvação do
filho. Reconciliados, e tendo Agostinho abandonado sua vida mundana, os dois,
com Navígio, resolveram voltar para Tagaste. No porto de Óstia, perto de Roma,
conversavam à espera do embarque, enlevados pelo pensamento da vida no Paraíso
Celeste, quando Mônica comentou: “E a mim, o que mais pode me
amarrar à Terra? Já obtive meu grande desejo, o ver-te cristão. Tudo o que
desejava consegui de Deus”. Pouco depois foi acometida por
uma febre que, agravando-se rapidamente, levou ao seu falecimento, em 27 de
agosto de 387, com 56 anos. Antes, pediu aos dois filhos que não deixassem de
rezar pela sua alma.
Santa
Mônica é padroeira das Mães Cristãs, que a invocam para a conversão de esposos
e filhos.(Colaboração: José Duarte de Barros Filho)
Reflexão: Orações, choro, abnegação, sacrifício e
penitência perseverantes – as manifestações da máxima caridade devem começar a
partir da própria família, o que não impede outras ajudas, como provou Santa
Mônica desde antes de se casar e durante o difícil casamento. Mas muitos querem
“salvar o mundo” sem cuidar dos cônjuges, dos filhos, dos pais, dos avós, de
parentes doentes… Grandes provas de amor não precisam ser por obras grandiosas,
mas precisam ser, obrigatoriamente, a partir das obrigações de estado, e do próximo
mais próximo. Embora a conversão de Santo Agostinho tenha sido a maior
conquista de sua mãe, antes ela já havia conseguido a do esposo e da sogra,
familiares que por natureza são anteriores aos filhos. Afirmou Santa Mônica que
“Tudo o que desejava consegui de Deus”, o que já é em si admirável, mas
consequente, pois o que for verdadeiramente bom Deus concederá certamente, se
confiarmos; por isso esta declaração já é uma prova de santidade… mas, é
preciso cuidado com o que desejamos. Deus também nos concederá a Sua ausência
infinita, se o quisermos de modo consciente e definitivo. O inferno é a
situação que Ele permite aos que desejam irrevogavelmente rejeitá-Lo, ao ponto de recusarem até o Seu perdão, como os demônios.
TJL – A12.COM – EVANGELI.NET – ACIDIGITAL.COM
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