Romaria de Nosso Senhor dos
Passos em 2020. Fotos: Arquidiocese de Aracaju.
Aracaju, 10 Fev. 23 / 02:23 pm (ACI).-
A Romaria do Senhor dos Passos, que acontece há mais de 200 anos em São
Cristóvão (SE), volta com suas festividades e devoções de 3 a 5 de março, após
dois anos com restrições devido às medidas impostas contra a pandemia de
covid-19.
Oração: Senhor, que dispusestes os membros da Vossa Igreja sob o comando e a
vontade da sua Cabeça, que é Cristo, e que desejais esta mesma Igreja
missionária, concedei-nos pelos méritos, exemplos e orações dos santos Metódio
e Cirilo o correto obrar na evangelização, a começar pela pessoal, e a proteção
contra os desvios nos métodos e ações da Santa Igreja, de modo que seja
unificado o rebanho na Verdade, e não disperso por falsos profetas. Por Nosso
Senhor Jesus Cristo, que Convosco vive e reina, e Nossa Senhora, Mãe e
Protetora do Corpo Místico que é a Igreja. Amém.
Evangelho (Mc 8,14-21):
Os
discípulos se esqueceram de levar pães; tinham apenas um pão consigo no barco.
Jesus os advertia, dizendo: «Atenção! Cuidado com o fermento dos fariseus e com
o fermento de Herodes». Os discípulos começaram então a discutir entre si,
porque não tinham pães. Percebendo, Jesus perguntou-lhes: «Por que discutis
sobre o fato de não terdes pães? Ainda não entendeis, nem compreendeis? Vosso
coração continua incapaz de entender? Tendo olhos, não enxergais, e tendo
ouvidos, não ouvis? Não vos lembrais? Quando reparti cinco pães para cinco mil
pessoas, quantos cestos recolhestes, cheios de pedaços?» — «Doze», responderam
eles. «E quando reparti sete pães com quatro mil pessoas, quantos cestos
recolhestes, cheios de pedaços?» —«Sete», responderam. Jesus então lhes disse:
«E ainda não entendeis?».
«Cuidado com o fermento dos fariseus» -Rev. Pe. Juan Carlos CLAVIJO Cifuentes(Bogotá, Colombia)
Hoje -uma
vez mais- vemos a sagacidade do Senhor Jesus. Seu agir é surpreendente, já que
se sai do comum da gente, é original. Ele vem de realizar uns milagres e
está-se trasladando a outro setor onde a Graça de Deus também deve chegar. Nesse
contexto de milagres, ante um novo grupo de pessoas que o espera, é quando lhes
adverte: «Atenção! Cuidado com o fermento dos fariseus e com o fermento de
Herodes» (Mc 8,15), pois eles —os fariseus e os de Herodes— não querem que a
Graça de Deus seja conhecida, e mais bem eles propagam no mundo o mau fermento,
semeando discórdia.
A fé não depende das obras, pois «uma fé que nós mesmos podemos determinar, não
é em absoluto uma fé» (Bento XVI). Pelo contrário, são as obras as que dependem
da fé. Ter uma autêntica e verdadeira fé implica uma fé ativa e dinâmica; não
uma fé condicionada e que só fica-se no externo, nas aparências, na teoria e
não na pratica. A nossa deve ser uma fé real. Temos que ver com os olhos de
Deus e não com os do homem pecador: «Ainda não entendeis, nem compreendeis?
Vosso coração continua incapaz de entender?» (Mc 8,17).
O Reino de Deus se estende no mundo como quando se coloca uma medida de
fermento na massa, ela cresce sem que se saiba como. Assim deve ser a autêntica
fé, que cresce no amor de Deus. Portanto que nada nem ninguém nos distraiam do
verdadeiro encontro com o Senhor e de sua mensagem Salvadora. O Senhor não
perde ocasião para ensinar e isso segue fazendo hoje em dia: «Temos que nos
liberar da falsa ideia de que a fé já não tem nada que dizer aos Homens de
hoje» (Bento XVI).
Metódio e Cirilo nasceram na Macedônia e foram irmãos unidos pelo sangue, pela fé e pela vocação apostólica. Metódio nasceu em 815 e Cirilo em 826. Metódio, ainda jovem, foi nomeado governador da província da Macedônia Inferior, onde estavam estabelecidos os eslavos. Cirilo, também ainda jovem, foi levado a estudar em Constantinopla, capital do então Império Bizantino, onde se formou. Mais tarde, lecionou filosofia e foi diplomata junto aos árabes. Com 38 anos, Metódio abandonou a carreira política e se tornou monge no mosteiro de Bósforo. Poucos anos depois seu irmão Cirilo também entrou para o mesmo mosteiro. A atividade missionária dos dois irmãos começou em 861, quando foram enviados numa viagem para a conversão dos povos eslavos. Foram escolhidos porque haviam aprendido a língua daquela região com imigrantes, durante a juventude. São Cirilo criou um novo alfabeto eslavo (conhecido atualmente como o alfabeto cirílico, utilizado na Rússia e outros países próximos) e nele traduziu a Bíblia, a Missa, os rituais e ensinamentos cristãos. Isto permitiu o acesso do povo local aos conteúdos evangélicos; também a adaptação de ritos à cultura eslava foi providenciada pelos irmãos. Contudo, na época, a Igreja utilizava oficialmente apenas os textos sagrados em Grego ou Latim, na ideia de que havia risco da unidade eclesial ser rompida se outras línguas fossem usadas. Assim, muitos religiosos ficaram contra o trabalho de Metódio e Cirilo. Os dois foram então chamados a Roma, onde receberam o apoio do Papa Adriano II, que abençoou pessoalmente os livros litúrgicos escritos em língua eslava. Cirilo seria ordenado bispo, mas, doente, faleceu em Roma, aos 42 anos. Metódio foi ordenado sacerdote e voltou para a missão com os títulos de “missionário apostólico eslavo” e “legado pontifício”. Em 869 foi nomeado arcebispo de Sírmio, e dez anos depois voltou a Roma para novamente defender-se dos acusadores dos seus métodos; outra vez o Papa os aprovou. Faleceu em 885. Ambos foram proclamados patronos da Europa, ao lado de São Bento, pelo Papa João Paulo II em 1980.(Colaboração: Padre Evaldo César de Souza, C.Ss.R. - revisão e acréscimos: José Duarte de Barros Filho)
Reflexão:
Não há dúvida de que a Igreja
deve saber aproximar-se das pessoas para transmitir a Boa Nova, e neste empenho
são muitas vezes necessárias adaptações para as diferentes realidades culturais
que existem. Contudo, o essencial da Fé, também no diz respeito à Liturgia por
exemplo, e a todos os demais conteúdos eclesiais, não pode em hipótese alguma,
a título de “inculturação”, denegrir o verdadeiro conteúdo da religião
católica: isto inclui, entre muitos outros aspectos, a devida reverência e
respeito a Deus, na Liturgia, nos comportamentos e posturas de clérigos e
fiéis, no decoro das vestimentas, etc. Se por um lado são boas e necessárias as
traduções para os diferentes vernáculos, e algumas adaptações litúrgicas e
rituais superficiais (de fato, há mais de 20 ritos para a Santa Missa
reconhecidos pela Igreja), nem por isso pode-se desvirtuar as noções de
exatidão, propriedade e reverência ao Altíssimo. Infelizmente, abusos e
escândalos são atualmente frequentes no trato das coisas sacras,
principalmente, talvez, na Santa Missa. Não se pode confundir o empenho de
evangelizar com propostas de “a qualquer preço” tornar “popular” a Igreja: esta
vive da Verdade, não de subserviência a respeitos humanos, particulares ou
culturais. O Santo trabalho de Cirilo e Metódio não pode ser invocado
equivocadamente como “exemplo” para tentativas iníquas de falsa inculturação
pela Igreja de Cristo.
TJL – A12.COM – EVANGELI.NET – ACIDIGITAL.COM
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