segunda-feira, 21 de março de 2022

BOM DIA EVANGELHO - 23. MARÇO. 022

 

BOM DIA EVANGELHO


22.MARÇO. 2022-Terça-feira da 3ª semana da Quaresma

O Papa: o gasto com armas é um escândalo, suja o coração, suja a humanidade

Em seu discurso aos membros da organização italiana de voluntariado "Eu tive sede", Francisco sublinhou que "o acesso à água, especialmente água potável e limpa, é agora um ponto crítico para o presente e o futuro próximo da família humana. É uma questão prioritária para a vida do planeta e para a paz entre os povos". O Pap disse também que o gasto com armas é um escândalo e que é preciso "criar a consciência de que gastar em armas, suja a alma, suja o coração, suja a humanidade".

Mariangela Jaguraba - Vatican News

O Papa Francisco recebeu em audiência, nesta segunda-feira (21/03), na Sala Clementina, no Vaticano, sessenta membros da organização italiana de voluntariado "Eu tive sede", que completa este ano dez anos de fundação.

Fundada em 2012, em Modena, a organização realiza projetos humanitários em várias áreas do mundo e eventos culturais e sociais de conscientização no território italiano.

Depois de agradecer as palavras do presidente do organismo, o Papa recordou o objetivo claro e urgente da organização "Eu tive sede": levar água potável a quem não tem. Essas palavras de Jesus, "tornaram-se o seu nome e o seu lema", sublinhou Francisco.

O acesso à água, especialmente água potável e limpa, é agora um ponto crítico para o presente e o futuro próximo da família humana. É uma questão prioritária para a vida do planeta e para a paz entre os povos. Isso diz respeito a todos. No entanto, no mundo, especialmente na África, existem populações que sofrem mais do que outras com a falta de acesso a esse bem primário. Por isso, vocês realizaram seus projetos humanitários na África, em muitos países, em diferentes regiões do continente. Isso é muito bonito. Também é algo muito bonito que os trabalhos sejam sempre realizados com trabalhadores locais e em colaboração com os missionários e as comunidades eclesiais do território.

A seguir, o Papa sublinhou que "a sede não faz sentir mal quando existe abundância de água para beber", mas nós "sabemos que se faltar água, e faltar por muito tempo, a sede pode se tornar insuportável". "A vida na Terra depende da água, e também nós, seres humanos. Todos precisamos da irmã água para viver", disse ainda Francisco.

"Por que entrar em guerra por causa de conflitos que devemos resolver conversando como homens? Por que não unir nossas forças e nossos recursos para combater juntos as verdadeiras batalhas da civilização: a luta contra a fome e a sede; a luta contra doenças e epidemias; a luta contra a pobreza e a escravidão de hoje. Por quê?", perguntou Francisco, afirmando que gastar com armas significa tirar de quem precisa.

Isso é um escândalo: os gastos com armas. Quanto se gasta em armas: é terrível! Não sei qual porcentagem do PIB, não sei, não tenho o valor exato, mas é uma porcentagem alta. Gasta-se com armas para fazer guerras, não só esta que é gravíssima e estamos vivendo agora, e a sentimos mais porque está mais perto, mas na África, no Oriente Médio, na Ásia, as guerras continuam. Isso é grave. É grave. Criar a consciência de que gastar em armas, suja a alma, suja o coração, suja a humanidade.

"Para que serve comprometermo-nos todos juntos, solenemente, a nível internacional, nas campanhas contra a pobreza, contra a fome, contra a degradação do planeta, se voltamos então ao velho vício da guerra, à velha estratégia do poder dos armamentos, que leva tudo e todos para trás?", perguntou ainda Francisco. "A guerra é um retrocesso. Caminha-se para trás e tem de começar tudo de novo", sublinhou.

A seguir, o Papa disse que foi para ele uma surpresa encontrar na Itália um voluntariado tão forte. "Esta é sua herança cultural, italiana, que vocês devem preservar bem", concluiu Francisco.

Oração: Senhor Jesus, vós nos disseste: "Eu vim para servir e não para ser servido". Rogamos, pelo exemplo de Santa Léia, que embora fosse superiora colocou-se como escrava das outras religiosas, saibamos também nós encontrar alegria em servir e sempre exercer a verdadeira caridade. Amém!

Evangelho (Mt 18,21-35)

 Pedro dirigiu-se a Jesus perguntando: «Senhor, quantas vezes devo perdoar, se meu irmão pecar contra mim? Até sete vezes?» Jesus respondeu: «Digo-te, não até sete vezes, mas até setenta vezes sete vezes.
»O Reino dos Céus é, portanto, como um rei que resolveu ajustar contas com seus servos. Quando começou o ajuste, trouxeram-lhe um que lhe devia uma fortuna inimaginável. Como o servo não tivesse com que pagar, o senhor mandou que fosse vendido como escravo, junto com a mulher, os filhos e tudo o que possuía, para pagar a dívida. O servo, porém, prostrou-se diante dele pedindo: ‘Tem paciência comigo, e eu te pagarei tudo’. Diante disso, o senhor teve compaixão, soltou o servo e perdoou-lhe a dívida.
»Ao sair dali, aquele servo encontrou um dos seus companheiros que lhe devia uma quantia irrisória. Ele o agarrou e começou a sufocá-lo, dizendo: ‘Paga o que me deves’. O companheiro, caindo aos pés dele, suplicava: ‘Tem paciência comigo, e eu te pagarei'. Mas o servo não quis saber. Saiu e mandou jogá-lo na prisão, até que pagasse o que estava devendo. Quando viram o que havia acontecido, os outros servos ficaram muito sentidos, procuraram o senhor e lhe contaram tudo. Então o senhor mandou chamar aquele servo e lhe disse: ‘Servo malvado, eu te perdoei toda a tua dívida, porque me suplicaste. Não devias tu também ter compaixão do teu companheiro, como eu tive compaixão de ti? O senhor se irritou e mandou entregar aquele servo aos carrascos, até que pagasse toda a sua dívida. É assim que o meu Pai que está nos céus fará convosco, se cada um não perdoar de coração ao seu irmão».

«O senhor teve compaixão, (…) perdoou-lhe a dívida»Rev. D. Enric PRAT i Jordana(Sort, Lleida, Espanha)

Hoje, o Evangelho de Mateus convida-nos a uma reflexão sobre o mistério do perdão, propondo um paralelismo entre o estilo de Deus e o nosso na hora de perdoar.
O homem atreve-se a medir e a levar em conta a sua magnanimidade perdoadora: «Senhor, quantas vezes devo perdoar, se meu irmão pecar contra mim? Até sete vezes?» (Mt 18,21). A Pedro parece-lhe que sete vezes já é muito e que é, talvez, o máximo que podemos suportar. Bem visto, Pedro continua esplêndido, se o compararmos com o homem da parábola que, quando encontrou um companheiro seu que lhe devia cem denários, «Ele o agarrou e começou a sufocá-lo, dizendo: ‘Paga o que me deves’» (Mt 18,28), negando-se a escutar a sua súplica e a promessa de pagamento.
Fechadas as contas, o homem, ou se nega a perdoar, ou mede estritamente a medida do seu perdão. Verdadeiramente ninguém diria que receberíamos da parte de Deus um perdão infinitamente reiterado e sem limites. A parábola diz: «o senhor teve compaixão, soltou o servo e perdoou-lhe a dívida» (Mt 18,27). E a divida era muito grande.
Mas a parábola que comentamos põe acento no estilo de Deus na hora de outorgar o perdão. Depois de chamar à ordem o seu devedor em atraso e de o fazer ver a gravidade da situação, deixou-se enternecer repentinamente pelo seu pedido contrito e humilde: «‘Tem paciência comigo, e eu te pagarei tudo’. Diante disso, o senhor teve compaixão…» (Mt 18, 26-27). Este episódio põe à vista aquilo que cada um de nós conhece por experiência própria e com profundo agradecimento: que Deus perdoa sem limites ao arrependido e convertido. O final negativo e triste da parábola, contudo, faz honras de justiça e manifesta a veracidade daquela outra sentença de Jesus em Lc 6,38: «Com a medida com que medirdes sereis medidos».

Pensamentos para o Evangelho de hoje: «Aquele que perdoa e aquele que é perdoado, encontram-se num ponto essencial, na dignidade» (São João Paulo II) «O perdão é o instrumento, posto nas nossas frágeis mãos, para alcançarmos a serenidade de coração» (Francisco) «Não há nenhuma falta, por mais grave que seja, que a santa Igreja não possa perdoar. «Nem há pessoa, por muito má e culpável que seja, a quem não deva ser proposta a esperança certa do perdão, desde que se arrependa verdadeiramente dos seus erros». Cristo, que morreu por todos os homens, quer que na sua Igreja as portas do perdão estejam sempre abertas a todo aquele que se afastar do pecado (cf. Mt 18,21-22)» (Catecismo da Igreja Católica, nº 982)

Santo do Dia: Santa Léia

Muito poucos são os registros sobre Santa Léia. Era uma jovem viúva cristã, recusou-se contrair segundas núpcias com um rico nobre romano, desistindo de uma vida de luxo e riqueza para aderir às primeiras comunidades cristãs.

São Jerônimo, organizador das comunidades desta época, foi acusado de atrair Léia e outras viúvas para o cristianismo. Exilou-se então em Bélem.

Ao saber da morte de Léia, Jerônimo escreveu uma carta sobre a vida desta viúva, e este é o único documento que temos sobre ela.

Segundo São Jerônimo, Léia consagrou-se à vida religiosa, tornou-se madre superiora, e com seu exemplo de humildade, oração e serviço, testemunhou seu amor a Cristo.

Passou a vida envolta em vestes simples e gastava horas em profunda oração. Nunca fez nada que lhe servisse de vanglória ou que lhe trouxesse benefícios pessoais.

Sua vida era em seu quarto, pequeno no espaço, mas grande como local de louvor a Deus. Ali ela tinha tudo o que precisava. Nada lhe faltou por ter trocado uma rica mansão pela singeleza de um monastério. Ao contrário, sua grande riqueza foi a coroa da santidade, que perpetua até hoje sua memória entre nós.

Santa Léia morreu em Roma no ano de 384.(Colaboração: Padre Evaldo César de Souza, CSsR)

Reflexão: O silêncio nos permite recolhermo-nos para orar a Deus em segredo. Ele nos permite viver em solidão no meio dos irmãos. De certa forma, ele nos separa uns dos outros. Ele nos força a nos desprendermos das afeições naturais que seriam obstáculos, das presenças que nos tornariam menos disponíveis para escutar a voz do Espírito que está em nós. Aprendamos de Santa Léia o cultivo do silêncio como forma de alimentar nosso maior contato com o amor de Deus.

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