Oração: Senhor Deus, que nos proporcionais inúmeros e
acessíveis caminhos para chegar a Vós, concedei-nos por intercessão de Santa
Brígida a graça de obter de Vós um período de paz, da Vossa paz, para o mundo,
fortalecendo o Papa para que esteja sempre em santidade, que é o seu lugar
próprio, e que como ela combatamos com a oração e o exemplo para a moralização
dos costumes no nosso tempo, de modo a que a última viagem desta nossa
peregrinação terrena seja para Terra Santa celestial. Por Nosso Senhor Jesus
Cristo e Nossa Senhora. Amém.
Evangelho segundo São João 15,1-8.
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Eu sou a verdadeira
vide e meu Pai é o agricultor.
Ele corta todo o ramo que está em Mim e não dá fruto e limpa todo aquele que dá
fruto, para que dê ainda mais fruto.
Vós já estais limpos, por causa da palavra que vos anunciei.
Permanecei em Mim e Eu permanecerei em vós. Como o ramo não pode dar fruto por
si mesmo, se não permanecer na videira, assim também vós, se não permanecerdes
em Mim.
Eu sou a videira, vós sois os ramos. Se alguém permanece em Mim e Eu nele, esse
dá muito fruto, porque sem Mim nada podeis fazer.
Se alguém não permanece em Mim, será lançado fora, como o ramo, e secará. Esses
ramos, apanham-nos, lançam-nos ao fogo e eles ardem.
Se permanecerdes em Mim e as minhas palavras permanecerem em vós, pedireis o
que quiserdes e ser-vos-á concedido.
A glória de meu Pai é que deis muito fruto. Então vos tornareis meus
discípulos».(tradução litúrgica da Bíblia)
Santa Catarina de Sena (1347-1380) terceira dominicana, doutora da Igreja, copadroeira da Europa O dom do Verbo encarnado, cap. VII, n.º 23
Participais
na substância da vinha!
[Santa
Catarina ouviu Deus dizer-lhe:] «Eu sou a vide, meu Pai é o agricultor e vós
sois os ramos» (cf Jo 15,1.5). Esta é a verdade: Eu sou o agricultor, porque
tudo o que tem o ser veio e vem de Mim. O meu poder é inabarcável e, com esse
poder e virtude, governo todo o Universo, de modo que nada é feito ou ordenado
fora de Mim. Sim, Eu sou o agriculto; fui Eu que plantei a verdadeira vide do
meu Filho único no solo da vossa humanidade, para que vós, os ramos, unidos a
esta vide, possais dar fruto. Quem não produzir o fruto de obras boas e santas
será cortado da vide e secará; porque, separado da cepa, perde a vida da graça
e é lançado no fogo eterno, tal como o ramo que não dá fruto é cortado e
lançado ao fogo, porque já não serve para mais nada. É o que acontece com estas
pessoas: separadas da vide por sua vontade, se permanecerem em pecado mortal, a
justiça divina não pode deixar de as lançar no fogo que arde eternamente. [...]
Não assim os meus servos, e vós deveis fazer como eles, permanecendo unidos a esta
vide e nela enxertados; então, produzireis frutos abundantes, porque
participareis da seiva da vide. Permanecendo no meu Filho, o Verbo,
permanecereis em Mim, porque Eu sou um com Ele e Ele comigo. Permanecendo nele,
seguireis os seus ensinamentos; seguindo os seus ensinamentos, participareis da
substância deste Verbo, isto é, participareis da minha Divindade eterna, unida
à humanidade, e dela retirareis o amor divino em que a alma se embriaga. Foi
por isso que vos disse que participareis da substância da vide.
Santa Brígida
Brígida nasceu no ano de 1303 em Finsta, Suécia, de pais muito nobres e piedosos, com parentesco na família real. Com 18 anos de idade, Brígida se casou com o nobre Ulf Gudmarsson, governador de um importante distrito do Reino e também um cristão fervoroso. Brígida e Ulf tiveram quatro filhos e quatro filhas, uma delas Santa Catarina da Suécia. O casal, especialmente Brígida, cuidava esmeradamente da educação moral, formal e religiosa dos filhos. Guiada por um erudito religioso, estudou a Bíblia, a ponto de ser apreciada por sua pedagogia, e por isso, a chamado do rei, Magnus, acompanhou sua jovem esposa Bianca de Namur (Bélgica), para que a formasse na cultura sueca. Junto com seu marido adotou a Regra das Terciárias Franciscanas e fundou um pequeno hospital. Quando um dos filhos morreu, fizeram uma peregrinação até o Santuário de Santiago de Compostela, na Espanha. Na volta, em 1341, Ulf adoeceu gravemente; recuperou-se, e logo depois foi viver num mosteiro, de acordo com o plano que fizeram de viver em continência. Ele faleceu em 1344. Viúva, Brígida despojou-se dos seus bens e se fez monja cisterciense em Alvastra. Ali começaram as revelações divinas, que a acompanharam durante o resto da sua vida. Essas foram ditadas por Brígida a seus secretários-confessores, que as traduziram do sueco para o italiano em uma edição de oito livros, intitulados Revelationes (Revelações), com um suplemento, Revelationes Extravagantes (Revelações Suplementares). Tais obras, de conteúdo e estilo muito variado, ainda hoje são consultadas por teólogos, historiadores e fiéis. “Não há dúvida que a Igreja, ao reconhecer a santidade de Brígida, mesmo sem se pronunciar sobre cada uma das revelações, acolheu a autenticidade do conjunto da sua experiência interior” – São João Paulo II. Mas o ponto central da sua experiência de Fé foram a Paixão de Cristo e a Virgem Maria. Testemunhas disso foram o “Rosário Brigidino” e as orações, ligadas às graças particulares prometidas por Jesus a ela, para quem os praticasse. Em 1349, Brígida deixou para sempre a Suécia e foi em peregrinação a Roma acompanhada pela filha Catarina. Queria participar do Jubileu de 1350, mas principalmente conseguir do Papa a aprovação da Regra de uma Ordem Religiosa que chegou a fundar, a Ordem do Santo Salvador, composta por monges e monjas sob a autoridade da abadessa e da regra de vida de Santo Agostinho (na Idade Média, existiam fundações monásticas com um ramo masculino e um ramo feminino, mas com a prática da mesma regra monástica, que previa a direção da abadessa). Decidiu estabelecer-se na Cidade Eterna, em uma casa na Praça Farnese, que ainda hoje é sede da Cúria Geral das Brigidinas. Nesta residência, recebeu a maior parte das suas revelações, mas também em diferentes igrejas de Roma. Ela, que era nobre, vivia na pobreza, a ponto de pedir esmolas nas portas das igrejas. Apoiada por Catarina, Brígida dedicou-se a uma vida de caridade, intenso apostolado e oração pela moralização dos costumes resultante da degradação generalizada da cidade. Neste período, por divisões dentro da Igreja, os Papas moravam em Avignon, na França, e Brígida dirigiu-se severamente a eles, a fim de que voltassem à sé romana de Pedro; em 1367, o Papa Urbano V chegou a voltar, porém só por breve tempo. Finalmente Gregório XI estabeleceu-se, definitivamente, em Roma, mas alguns anos depois da morte de Brígida. Outra linha de ação de Brígida era a paz na Europa, intercedendo para que terminasse a Guerra dos Cem Anos entre a França e a Inglaterra. De Roma, peregrinou a diversos santuários italianos, em particular Assis, pois tinha grande devoção a São Francisco. Em 1371 foi à Terra Santa, seu maior desejo, já com quase 70 anos, em companhia de um grupo dos seus filhos espirituais. Santa Brígida faleceu em Roma, a 23 de julho de 1373. No ano seguinte, seus filhos Birger e Catarina a transladaram à Suécia, para o mosteiro de Vadstena, sede da Ordem religiosa por ela fundada e agora dirigida por Santa Catarina, e que teve uma notável expansão. Santa Brígida é a padroeira da Suécia, e copadroeira da Europa com São Bento, São Cirilo, São Metódio, Santa Catarina de Sena e Santa Teresa Benedita da Cruz. = Colaboração: Padre Evaldo César de Souza, CSsR
Reflexão:
Orientada pela Igreja e iniciando em família, Santa Brígida desenvolveu
uma eficaz pedagogia de apostolado. Então foi evangelizar a corte. Assim sempre
deveria ser, o santo ensinando ao rei, isto é, a Igreja ensinando os valores
que os governos devem seguir, e levar a eles, se não a conhecem, a cultura
pátria, da Pátria Celeste. Infelizmente, as similaridades da época conturbada
em que viveu a santa com os nossos conturbados tempos, de crises secularistas e
materialistas na Igreja e no mundo, também no mundo católico, não incluem este
aspecto educacional, tão necessário, mas também não impossível. Santa Brígida é
mais uma das almas canonizadas que tinham por especial devoção a Virgem Maria e
a Paixão de Cristo, incluindo naturalmente a Eucaristia. Nunca será demais
enfatizar este caminho de santificação para o povo de Deus, de maior excelência
e eficácia que vários outros (obviamente não desprezíveis, pois Deus oferece
muitos caminhos). Mas como só por Maria se chega a Cristo, e a Comunhão é o
cerne da vida católica, é mais do que justifica e desejável que tenham destaque
as devoções a elas, e como prova estão os muitos santos que as praticaram, além
da recomendação explícita da Igreja. A pureza e a castidade são também marcas
típicas da santidade, e por isso, ainda que legitimamente casados, Brígida e
Ulf livremente escolheram a continência como amadurecimento da vida em comum.
Grande lição para o atual mundo hedonista e erotizado, e sério alerta para os
católicos nas suas decisões. Da mesma forma, do luxo legítimo para a pobreza,
que chegou em casos à mendicância, foi livre a escolha de Brígida, como fruto
de coerência no processo de elevação espiritual. Porém muito mais importante do
que estas duas decisões, que dependem claramente de missão e vocação individual,
foi a vivência da caridade, manifesta ao longo de toda a sua vida, em qualquer
condição social e estado de vida. A caridade, esta sim é fundamental para se
chegar à santidade, ao Céu. Brígida foi agraciada com revelações místicas, mas
igualmente não depende disso a santidade. A oração e o apostolado, formas
essenciais da caridade, são possíveis a qualquer católico.
TJL = A12.COM – EVANGELI.NET –
EVANGELHOQUOTIDIANO.ORG
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