Oração:
Deus Rei do Universo, cuja Majestade enobrece os Vossos filhos e as
nações, concedei-nos por intercessão de Santa Isabel de Portugal, como Vós
realeza que serve, seguir em espírito este mesmo exemplo, depositando nesta
vida uma coroa de obras de caridade diante do Vosso altar, para, como imagem
benéfica aos irmãos, mantermos a alma incorrupta, exalando o bonus odor Christi
que desejais. Por Nosso Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora. Amém.
Evangelho (Mt 9,1-8):
Naquele tempo, entrando num barco, Jesus
passou para a outra margem do lago e foi para a sua cidade. Apresentaram-lhe,
então, um paralítico, deitado numa maca. Vendo a fé que eles tinham, Jesus
disse ao paralítico: «Coragem, filho, teus pecados estão perdoados!». Então
alguns escribas pensaram: «Esse homem está blasfemando». Mas Jesus, conhecendo
os seus pensamentos, disse-lhes: «Por que tendes esses maus pensamentos em
vossos corações? Que é mais fácil, dizer?: Os teus pecados são perdoados?, ou:
Levanta-te e anda? Pois bem, para que saibais que o Filho do Homem tem na terra
poder para perdoar pecados, disse então ao paralítico: 'Levanta-te, pega a tua
maca e vai para casa'». O paralítico levantou-se e foi para casa. Vendo isso, a
multidão ficou cheia de temor e glorificou a Deus por ter dado tal poder aos
seres humanos.
«Levanta-te, pega a tua maca e vai para casa» - Rev. D. Francesc NICOLAU i Pous(Barcelona, Espanha)
Hoje encontramos uma das muitas manifestações
evangélicas da bondade misericordiosa do Senhor. Todas elas nos mostram
aspectos ricos em detalhes. A compaixão misericordiosamente exercida de Jesus
vai desde a ressurreição de um morto ou a cura da lepra até perdoar uma mulher
pecadora, passando por muitas outras curas de enfermidades e o perdão dos
pecadores arrependidos. Perdão esse, expresso em parábolas como a da ovelha
desgarrada, da moeda perdida e a do filho pródigo.
O Evangelho de hoje nos dá uma mostra da misericórdia do Salvador em dois
aspectos de uma só vez: diante da enfermidade do corpo e da enfermidade da
alma. E, considerando que a alma é mais importante, Jesus começa por ela. Sabe
que o doente está arrependido de seus pecados, vê a sua fé, e a fé daqueles que
o conduzem e diz: «Coragem, filho, teus pecados estão perdoados!» (Mt 9,2).
Por que começa por aí se ninguém Lhe pediu isso? Está claro que Ele lê seus
pensamentos e sabe que é precisamente isto o que mais agradecerá aquele
paralitico, que provavelmente, ao se ver diante da Santidade de Jesus Cristo,
se sentiria confuso e envergonhado de seus próprios pecados, e com certo temor
deles serem um impedimento para receber a graça da cura de sua saúde. O Senhor
quer tranqüilizá-lo. Não se importa com os maus pensamentos do coração dos
escribas, ao contrário, quer mostrar que veio para exercer a misericórdia com
os pecadores e agora a quer proclamar.
É que aqueles que estão cegos pelo orgulho, se acham justos e por isto não
aceitam a chamada de Jesus; ao contrário, O acolhem todos aqueles que
sinceramente se sentem pecadores. Ante estes, Deus se inclina perdoando-os.
Como diz Santo Agostinho, «é uma grande miséria o homem orgulhoso, mas é muito
maior a misericórdia de Deus humilde». E, neste caso a misericórdia divina vai
mais longe: como complemento do perdão, devolve a saúde: «Levanta-te, pega a
tua maca e vai para casa» (Mt 9,6). Jesus quer que a felicidade do pecador
convertido seja completa.
Nossa confiança nele se há de afirmar. Mas, nos sintamos pecadores, a fim de
não nos fecharmos para a graça.
Isabel foi a terceira filha do rei de Aragão (Espanha), Pedro III, nascida em 1271. Foi criada pelo avô, Tiago (ou, Jaime) I, “O Conquistador”, convertido ao cristianismo e levando uma vida voltada para a fé, que a formou santamente. Sua tia-avó foi Santa Isabel da Hungria, e, como ela, era devota de São Francisco de Assis, empenhada em ajudar os pobres e necessitados. Com apenas 12 anos foi pedida em casamento por três príncipes, e seu pai escolheu Dom Diniz, herdeiro do trono de Portugal. Já demonstrava então uma personalidade forte, mas doce, e foi reconhecida como uma das mais belas rainhas de Portugal e Espanha, além de muito inteligente e culta. Soube igualmente ser ótima diplomata. Era sobretudo uma mulher de oração e com a vida centrada na Eucaristia. Teve dois filhos, Constância, futura rainha de Castela (Espanha) e Afonso (IV), futuro rei de Portugal. O esposo lhe era notoriamente infiel, trazendo-lhe grande pesar e humilhação; apesar disso, manteve-se serena e fiel ao seu matrimônio, criando inclusive, com toda a caridade, os filhos ilegítimos do rei. Exerceu sozinha uma maravilhosa atividade pacificadora entre as cortes portuguesa e espanhola da época, onde as brigas pelo poder se multiplicavam; começou, logo no início do casamento, pela conciliação entre o esposo e o seu irmão que lhe disputava a coroa. Também teve que lidar com o comportamento belicoso do filho. Foi caluniada por um cortesão que a desejava mas não foi correspondido, e sofreu muito até que a sua inocência fosse incontestavelmente provada. Mas a sua piedade e vida de oração a tudo venceram. Por sua atividade espiritual, acabou por conquistar paz e benefício para o reino, e o reconhecimento de todos. Diariamente assistia à Missa; recitava o Ofício Divino desde os oito anos, acrescentando depois a recitação diária dos Salmos Penitenciais, bem como outras devoções à Virgem Maria e aos santos. Particularmente destacada era a sua devoção à Nossa Senhora da Conceição, que patrocinou e propagou, de modo que, por meio de Isabel foi celebrada pela primeira vez a Sua festa, em 8 de dezembro de 1320; também Isabel a escolheu como padroeira da nação portuguesa – o que influenciou de forma direta, posteriormente, também a Sua devoção e patronato no Brasil (Nossa Senhora da Conceição Aparecida). Foi rainha e nobre, igualmente e de modo mais importante, na caridade com os pobres. Protegeu todo tipo de necessitados, principalmente com suas posses e no cuidado dos doentes. Tratava pessoalmente dos leprosos mais repugnantes, medicando suas chagas e lavando suas roupas. E não poucos eram os doentes que saíam de sua presença inteiramente curados. Encaminhava para uma vida digna os órfãos e viúvas; providenciava digna sepultura e mandava celebrar Missas em sufrágio das almas dos abandonados. Quando ela saía no paço real, uma multidão de desvalidos lhe pedia ajuda, e todos eram generosamente atendidos. Em 1314 refundou o Mosteiro de Santa Clara de Coimbra. Com suas posses sustentava asilos e creches, hospitais para velhos e doentes. Em 1321 fundou em Santarém o Hospital de Nossa Senhora dos Inocentes, que acolhia crianças abandonadas pelos pais. E em 1324, ficando doente seu esposo, o infiel rei Diniz, cuidou também dele, até sua morte no ano seguinte. Viúva, Isabel abdicou dos seus títulos de nobreza, doou sua fortuna para obras de caridade, depositou sua coroa no altar de São Tiago de Compostela e recebeu o hábito da Ordem Terceira Franciscana no Mosteiro das Clarissas, em Coimbra. Dedicou-se a uma vida de oração, piedade, pobreza, mortificação e cuidado dos pobres e doentes. Em 1336, enferma, saiu do mosteiro para, mais uma vez, encontrar-se com o filho Afonso e conciliar disputas familiares. Faleceu no mesmo ano, em Estremoz, distrito de Évora, Portugal, a quatro de julho, sendo sepultada no seu mosteiro em Coimbra. Seu corpo permaneceu incorrupto, exalando um bálsamo perfumado, e inúmeros milagres foram obtidos junto a ele. Por isso seus descendentes intercediam pelo aceleramento do processo de canonização; mas, já no século XVII, o então Papa Urbano VIII, por prudência, havia estabelecido que ele mesmo jamais haveria de canonizar alguém, de modo a que o tempo e estudos pormenorizados pudessem garantir a verdade em tais processos. Apenas por educação e cortesia, aceitou uma imagem de Isabel, enquanto os fiéis rezavam incessantemente a Deus pela canonização. Mas, ficando gravemente doente, e lembrando-se do que se falava das curas intermediadas por Isabel, encomendou-se a ela. No dia seguinte, acordou curado. Tornou-se assim seu devoto e a canonizou (em 1625), sendo esta a única canonização do seu pontificado de 21 anos. Santa Isabel é padroeira de Portugal e reconhecida como “rainha santa da concórdia e da paz”. - Colaboração: José Duarte de Barros Filho
Reflexão: Santa Isabel de Portugal, esposa, rainha, mãe,
religiosa, serva; cultivou ao longo da vida a oração, conciliação, perdão,
caridade, devoção. Por isso foi esposa da oração, rainha da conciliação, mãe do
perdão, devota da religiosidade e serva da caridade. Em qualquer papel que se
exerça nesta vida, é preciso como ela ter o alimento da Eucaristia, e conceber
Nossa Senhora como Aquela que nos aparece para conduzir na inocência do corpo e
da alma. Assim seguiremos o seu exemplo de sustentar com o que temos o patrocínio
das boas obras, propagar a cura dos males, que é o Cristo, e fundar um edifício
sólido de espiritualidade onde possamos nos recolher definitivamente em Deus.
TJL =
A12.COM – EVANGELI.NET – EVANGELHOQUOTIDIANO.ORG
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