Oração: Senhor Deus, que apascentas o Vosso rebanho com plena solicitude, concedei-nos por intercessão de Santo Antônio Maria Zaccaria realizar a sua proposta para a pastoral familiar, levando o Bom Pastor ao núcleo das sociedades: as famílias constituídas como Vos as criastes, de modo a reformar todo o orbe para vossa Adoração infinita num único povo. Por Nosso Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora. Amém.
Evangelho (Mt 9,9-13):
Ao passar,
Jesus viu um homem chamado Mateus, sentado na coletoria de impostos, e
disse-lhe: «Segue-me!». Ele se levantou e seguiu-o. Depois, enquanto estava à
mesa na casa de Mateus, vieram muitos publicanos e pecadores e sentaram-se à
mesa, junto com Jesus e seus discípulos. Alguns fariseus viram isso e disseram
aos discípulos: «Por que vosso mestre come com os publicanos e pecadores?».
Tendo ouvido a pergunta, Jesus disse: «Não são as pessoas com saúde que
precisam de médico, mas as doentes. Ide, pois, aprender o que significa:
‘Misericórdia eu quero, não sacrifícios. De fato, não é a justos que vim
chamar, mas a pecadores».
«Segue-me» - Rev. D. Pere CAMPANYÀ i Ribó(Barcelona, Espanha)
Hoje, o
Evangelho nos fala da vocação do publicano Mateus. Jesus está preparando o
pequeno grupo de discípulos que continuarão sua obra de salvação. Ele escolhe a
quem quer: serão pescadores, ou de uma humilde profissão. Inclusive, chama a
que lhe siga um cobrador de impostos, profissão desprezada pelos judeus —que se
consideravam perfeitos observantes da lei—, porque a viam como muito próxima a
ter uma vida pecadora, já que cobravam impostos em nome do governador romano, a
quem não queriam submeter-se.
É suficiente com o convite de Jesus: «Segue-me!» (Mt 9,9). Com uma palavra do
Mestre, Mateus deixa sua profissão e muito contente o convida a sua casa para
celebrar ali um banquete de agradecimento. Era natural que Mateus tivesse um
grupo de bons amigos, do mesmo “ramo profissional”, para que o acompanharam a
participar de aquele convite. Segundo os fariseus, todas aquelas pessoas eram
pecadores reconhecidos publicamente como tais.
Os fariseus não podem calar e comentam com alguns discípulos de Jesus: «Depois,
enquanto estava à mesa na casa de Mateus, vieram muitos publicanos e pecadores
e sentaram-se à mesa, junto com Jesus e seus discípulos» (Mt 9,10). A resposta
de Jesus é imediata: «Tendo ouvido a pergunta, Jesus disse: “Não são as pessoas
com saúde que precisam de médico, mas as doentes» (Mt 9,12). A comparação é
perfeita: «De fato, não é a justos que vim chamar, mas a pecadores» (Mt 9,13).
As palavras deste Evangelho são de atualidade. Jesus continua convidando a
segui-lo, cada um segundo seu estado e profissão. E seguir Jesus, com
frequência, supõe deixar paixões desordenadas, mau comportamento familiar,
perda de tempo, para dedicar momentos à oração, ao banquete eucarístico, à
pastoral missioneira. Em fim, que «um cristão não é dono de si mesmo, e sim que
está entregue ao serviço de Deus» (Santo Inácio de Antioquia).
Com certeza, Jesus me pede uma mudança de vida e, assim, me pergunto: de que
grupo formo parte, da pessoa perfeita ou da que se reconhece sinceramente
defeituosa? É verdade que posso melhorar?
Localização: ItáliaAntônio Maria nasceu em 1502 em Cremona, Itália, na nobre família Zaccaria. Seu pai faleceu quando tinha dois anos, e sua mãe recusou outros casamentos para se dedicar totalmente a ele. Desde pequeno era muito inteligente, e caridoso, sendo comum voltar do colégio sem seu manto de lã, que dera a algum mendigo. Com 18 anos, decidiu deixar tudo o que seria sua herança com a própria mãe (que por toda a vida aceitou a solidão de modo a não atrapalhar a vocação do filho), indo estudar Filosofia em Pávia, e posteriormente Medicina em Pádua, onde se doutorou. Durante este tempo levou vida austera, simples e humilde, afastando-se das turbulências comuns à vida universitária. Já formado e tendo abandonado as roupas luxuosas, trocadas por vestes simples, dedicou-se a tratar principalmente dos mais necessitados, curando as doenças físicas mas também oferecendo conforto e esperança com a palavra de Deus. Por fim, em 1528, decidiu tornar-se sacerdote, mudando-se para Milão. Fundou nesta cidade, com o auxílio de Tiago Morigia e Bartolomeu Ferrari, a Congregação dos Clérigos Regulares de São Paulo, cujos membros ficaram conhecidos como “barnabitas”, porque a primeira Casa da Ordem foi construída ao lado da igreja de São Barnabé. Posteriormente, fundou a Congregação Feminina das Angélicas de São Paulo, auxiliado pela condessa de Guastalla, Ludovica Torelli, e o Grupo de Casais para os leigos. A ideia destas fundações era a verdadeira reforma dos religiosos e leigos, naquele momento em grande decadência moral, em oposição à mal denominada “Reforma” protestante do herético Lutero (este não fez qualquer reforma no Catolicismo, pois uma reforma mantém as bases e corrige os erros; Lutero simplesmente criou outra religião, na medida em que pretendeu mudar ou eliminar, não reformar, os próprios fundamentos do Catolicismo, como a Eucaristia e demais Sacramentos, o entendimento da Bíblia, a noção de santidade, etc.). Antônio foi assim um dos líderes da chamada (também inadequadamente) Contrarreforma, que uniu vários santos da Igreja no preparo do famosíssimo Concílio de Trento (1545-1563), fundamental para o esclarecimento dos erros dos protestantes e da afirmação das verdades da Doutrina e da Liturgia Católica. Outra dificuldade da época combatida por Antônio foi a ideia de incompatibilidade entre Fé e ciência, atualmente também em voga e de novo refutada pela Igreja (por exemplo na Encíclica de São João Paulo II Fides e Ratio, “Fé e Razão”: tanto a Fé quanto a Razão, e por consequência a Ciência que dela se desenvolve, vêm de Deus, e não podem por isso estar em oposição, pois Deus não age contra Si mesmo). Foi um grande promotor da devoção eucarística, e por isso instituiu as hoje muito conhecidas 40 horas de Adoração ao Santíssimo Sacramento como eficaz exercício espiritual. Propunha-se igualmente a tocar os sinos da igreja diariamente às 15h00, em homenagem e recordação ao momento da morte de Jesus na Sua Paixão. Em 1539, contraiu uma epidemia numa das suas numerosas missões de pregação e oração, e sendo médico, soube que não resistiria a ela. Voltou então para a casa materna, onde nascera, para aí nascer para a vida definitiva no Paraíso. Faleceu com menos de 37 anos nos braços da sua mãe terrena, despertando nos braços da Mãe do Céu. Santo Antônio Maria Zaccaria é considerado o pioneiro da Pastoral Familiar na Igreja Católica. - Colaboração: José Duarte de Barros Filho
Reflexão: O resumo de toda a obra de
Santo Antônio Maria Zaccaria é a reforma, verdadeira reforma, que corrige sem
mudar a essência, do comportamento do clero e dos leigos, reaproximando-os dos
legítimos preceitos cristãos. Nada mais atual. No seu caso, ele o fez pelo
exemplo de vida, pelo ensino da sã Doutrina e pelo esclarecimento dos erros.
Para nós, nada mais atual… Ele teve boa fé e razão de protestar contra as
heresias, nós vemos hoje a heresia de se protestar sem razão contra a fé boa. É
hora de tocarmos os sinos das nossas consciências e nos braços de Nossa Senhora
acordarmos para os seus avisos em Fátima, 1917. Se o luteranismo deu início a
uma inaudita fragmentação dos cristãos, em grupos cada vez mais numerosos e com
cada vez menos seguidores ao longo do tempo, as ideias materialistas e ateístas
das quais a Virgem Maria nos preveniu na Cova da Iria estão com mais seguidores
em menos grupos cada vez mais unificados, e tais propostas, massificas na
cultura em geral, exigem dos católicos o movimento de concílio de forças
espirituais na santidade, para que seja sim reformada a realidade para a
Verdade de Deus. Como bom médico, do corpo e da alma, Santo Antônio sabia
identificar doenças e buscar a cura. A patologia mundana universal precisa,
ontem, hoje e sempre, do divino Cura, em proporção católica. Busquemo-Lo com
confiança, na certeza do Seu poder e bondade, pois “Eu venci o mundo” (Jo
16,33). E vamos encontrá-Lo na Adoração, meio eficaz daquela boa reforma
individual e social, a medicação espiritual de quarentena (40, o número bíblico
indicativo de preparação – 40 anos no deserto antes da chegada à Terra
Prometida, 40 dias de oração antes da manifestação pública de Jesus…) em face
da enfermidade materialista. Disse Santo Antônio Maria que “É próprio dos grandes
corações dispor-se ao serviço dos outros e, sem recompensa, combater não em
vista do pagamento”. Não apenas ele se pôs a serviço; sua mãe, em grande união
de alma e coração com ele, aceitou uma vida de solidão para não atrapalhar sua
vocação, o que foi para ela uma proposta de vida também santificante. “Quem ama
seu pai ou sua mãe mais do que a Mim não é digno de Mim; quem ama seu filho ou
sua filha mais do que a Mim não é digno de Mim; e quem não toma a sua cruz e
vem após Mim não é digno de Mim” (Mt 10,37). O peso desta cruz materna foi a
densidade de um ambiente vazio. Porém rico de amor ao próximo, e por isso pleno
de Deus. Apoiar os caminhos que o Senhor indica aos demais, mesmo que com ônus
pessoal, é grande obra de caridade.
TJL@
-A12.COM – EVANGELI.NET – VATICANNEWS.VA
Nenhum comentário:
Postar um comentário