terça-feira, 3 de setembro de 2024

BOM DIA EVANGELHO - 04 DE SETEMBRO DE 2024

 

BOM DIA EVANGELHO

04 DE SSETEMBRO DE 2024 - Quarta-feira da 22ª semana do Tempo Comum

Oração: Senhor Deus, rochedo sólido de amor que sustenta o barro e o pó que somos nós, concedei-nos por intercessão de São Marino a sua mesma humildade e trabalho de caridade constantes, de modo a conseguirmos total independência dos poderes mundanos e das falsas doutrinas, mas sendo veríssimos na pureza do desejo de Vos seguir, alcançarmos a vida felicíssima no Paraíso. Por Nosso Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora. Amém.

Evangelho (Lc 4,38-44)

 Naquele tempo, Jesus saiu da sinagoga e entrou na casa de Simão. A sogra de Simão estava sofrendo, com muita febre. Intercederam a Jesus por ela. Então, Jesus se inclinou sobre ela e, com autoridade, mandou que a febre a deixasse. A febre a deixou, e ela, imediatamente, se levantou e pôs-se a servi-los. Ao pôr-do-sol, todos os que tinham doentes, com diversas enfermidades, os levavam a Jesus. E ele impunha as mãos sobre cada um deles e os curava. De muitas pessoas saíam demônios, gritando: «Tu és o Filho de Deus!». Ele os repreendia, proibindo que falassem, pois sabiam que ele era o Cristo.
De manhã, bem cedo, Jesus saiu e foi para um lugar deserto. As multidões o procuravam e, tendo-o encontrado, tentavam impedir que ele as deixasse. Mas ele disse-lhes: «Eu devo anunciar a Boa Nova do Reino de Deus também a outras cidades, pois é para isso que fui enviado». E ele ia proclamando pelas sinagogas da Judéia.

«Ele impunha as mãos sobre cada um deles e os curava. De muitas pessoas saíam demônios, gritando» - Rev. D. Antoni CAROL i Hostench(Sant Cugat del Vallès, Barcelona, Espanha)

Hoje, nos encontramos ante um claro contraste: as pessoas que procuram Jesus e Ele que cura toda “doença” (começando pela sogra de Simão Pedro); à vez, «de muitas pessoas saíam demônios, gritando» (Lc 4,41). Quer dizer: bem e paz, por um lado; mal e desespero, pelo outro.
Não é a primeira ocasião que aparece o demônio “saindo”, isto é, fugindo da presença de Deus entre gritos e exclamações. Lembremos também o endemoninhado de Gerasa (cf. Lc 8,26-39). Surpreende que o próprio demônio “reconheça” a Jesus e que, como no caso daquele de Gerasa, é ele mesmo quem sai ao encontro de Jesus (isso sim, muito raivoso e incomodado porque a presença de Deus incomodava a sua vergonhosa tranqüilidade).
Tantas vezes nós também pensamos que encontrar-nos com Jesus nos atrapalha! Atrapalha-nos ter que ir à Missa no domingo; perturba-nos pensar que faz muito que não dedicamos um tempo à oração; sentimos vergonha dos nossos erros, em lugar de ir ao Médico da nossa alma para pedir-lhe simplesmente perdão... Pensemos se não é o Senhor quem tem que vir a nos encontrar, pois nós mesmos nos fazemos rogar para deixar a nossa pequena “caverna” e sair ao encontro de quem é o Pastor das nossas vidas! Isto se chama, simplesmente, tibieza.
Tem um diagnóstico para isto: atonia, falta de tensão na alma, angustia, curiosidade desordenada, hiperatividade, preguiça intelectual com as coisas da fé, pusilanimidade, vontade de estar só consigo mesmo... E existe também um antídoto: deixar de se olhar a sim mesmo e se por mãos à obra. Fazer o pequeno compromisso de dedicar um momento cada dia a olhar e escutar a Jesus (o que se entende por oração): Jesus o fazia, pois «de manhã, bem cedo, Jesus saiu e foi para um lugar deserto» (Lc 4,42). Fazer o pequeno compromisso de vencer o egoísmo numa pequena coisa cada dia pelo bem dos outros (isto se chama amar). Fazer o pequeno-grande compromisso de viver cada dia em coerência com nossa vida Cristã.

São Marino

Há uma certa confusão de dados reais e lendários sobre a vida de São Marino, inclusive se viveu no século III ou entre os anos 500 e 700. Certo é que Marino (Marinho, ou Marinus – “do mar”) era cristão, originário da ilha de Arba ou Arbe, da Dalmácia (hoje ilha de Rab, Croácia, no mar Adriático), e pedreiro de profissão. Viajou com um amigo chamado Leão para Rimini, na Itália, para aí trabalhar. Se fugindo da perseguição do imperador Dioclesiano ou convocado por este com arquitetos e pedreiros de todo o império para reconstruir a cidade costeira de Arímino, a atual Rimini (neste caso no século III, em 275), é discutível. Mas lá encontraram muitos cristãos, mesmo nobres, obrigados a trabalhos forçados por serem cristãos. Parece que os dois amigos estiveram no monte Titano, mais no interior, para a extração de rochas. Depois de aproximadamente 13 anos, desenvolvendo intenso apostolado além do serviço nas construções, seja por perseguição ou o término do trabalho, separaram-se, indo Leão para Montefeltro (hoje San Leo) e Marino voltando para Rimini. O Bispo desta diocese, São Gaudêncio, os ordenou diáconos como reconhecimento da sua profícua evangelização, e para que assim melhor pudessem exercê-la. A reputação das virtudes de Marino cresceu e se espalhou, chegando inclusive à Dalmácia, do outro lado do mar Adriático. (A referência ao bispo São Gaudêncio de Bréscia, falecido em 410, situaria a vida de São Marino no século V). O diabo, irritado com as conversões conseguidas por Marino, instigou uma mulher da sua terra natal a se apresentar em Rimini como sua esposa legítima e abandonada, para humilhá-lo e desmerecer a sua boa fama. Foi rejeitada firmemente pelo santo, e ela então recorreu ao governador para que lhe fosse feita “justiça”. Marino então refugiou-se numa caverna do monte Titano, mas ainda assim ela o encontrou. Como ele se recusasse a recebê-la, depois de vários dias naquele lugar inacessível e isolado, ela desistiu; voltou para a cidade e confessou a sua culpa, vindo a morrer depois. Marino, embora inocentado, decidiu ficar no monte Titano, levando uma vida eremítica. Construiu uma cela para si no cume, e uma igreja, dedicada a São Pedro, dedicando-se à oração. Realizou vários milagres, como a cura de um possesso da Dalmácia. Conta-se também que domesticou um urso que havia matado o seu burro, e que passou portanto a fazer o seu trabalho. Com o tempo e a fama da sua santidade, outros começaram a ir ter com ele, e surgiu assim um início de comunidade monacal sob os cuidados de Marino e Leão. monte Titano ficava num terreno pertencente a uma viúva chamada Felicíssima (ou Felicidade) e ao seu filho Veríssimo, que começaram a exigir que eles fossem embora. Marino e Leão se puseram a rezar, pois havia a ameaça de violência. Inesperadamente Veríssimo ficou paralisado dos braços e das pernas, e sua mãe, em desespero, pediu a Marino que rogasse a Deus pelo filho, oferecendo-lhe o que desejasse para fazer isso. Marino lhe disse que não tinha outro desejo que a conversão dela e dos seus, e um terreno para descansar. Felicíssima aceitou, e logo Veríssimo ficou curado; ela, o filho e mais 53 membros da família receberam o batismo, e o monte Titano foi doado a Marino e aos seus descendentes. Ali foi oficialmente fundado um mosteiro em 301, onde Marino permaneceu até o seu falecimento em 366. As suas últimas palavras aos companheiros teriam sido “Relinquo vos liberos ab utroque homine” (“Eu vos deixo livres de ambos os homens”). Esta frase foi entendida tradicionalmente como uma promessa de autonomia em relação ao poder civil e ao Exarcado Bizantino, isto é, uma divisão administrativa do império romano do Oriente, dos territórios não conquistados pelos lombardos na Itália, no século VI (cf. https://www.a12.com/reze-no-santuario/santo-do-dia?s=sao-gregorio-magno). Ora, o Imperador bizantino Maurício, em 584, repartiu o exarcado em sete distritos, um deles o de Roma, que na prática era regida pelo Papa, gerando conflitos também no aspecto espiritual com o patriarcado religioso de Constantinopla (Bizâncio); por fim, com a expulsão dos lombardos em 756, o exercado de Ravena, onde ficava o monte Titano, foi doado à Igreja como parte do território que depois seria conhecido por Estados Pontifícios. Em resumo, no execrado havia a influência tanto civil quanto religiosa, esta a do patriarcado bizantino que se opunha ao Papa. Portanto a última frase de São Marino garantiu a independência da região, que perdura até hoje, destas duas influências, civil e religiosa não-católica: de forma profética, se ele viveu no século III, ou de maneira concreta, se viveu entre os anos 500 e 700. Da comunidade fundada por São Marino desenvolveu-se a República de San Marino, a mais antiga da Europa. São Marino é reconhecido pela Igreja como fundador e patrono da República de San Marino. A festa desse santo, venerado também pela Igreja Ortodoxa Oriental, e também feriado nacional no país é 3 de setembro – festa obrigatória de São Gregório Magno – e por isso foi deslocada no catolicismo para o dia seguinte. Existem mais sete santos com o nome de Marino, seis mártires dos primeiros séculos cristãos e um monge na Itália falecido em 1170, bem como três santas chamadas Marina.(Colaboração: José Duarte de Barros Filho)

 Reflexão: Sair do isolamento insular do egoísmo, atravessar o mar revolto da vida e alcançar o cume da montanha espiritual, para aí edificar morada: este o programa de vida que nos é exemplificado na prática por São Marino. Mas nunca o conseguiremos sozinhos: para dominar a bestialidade de comportamento, e colocar o seu vigor ursulino no serviço humilde e benéfico, como o dos burricos, é necessário o auxílio do Leão de Judá… e este serviço não é outro que extrair rochas sólidas de espiritualidade dos picos de sabedoria e caridade da Palavra de Deus, e com elas construir para a Igreja. São Marino não foi estadista ou político, militar ou invasor, mas um simples pedreiro, que fundou uma nação a partir das “pedras vivas” (cf. 1Pe 2,5-6) de uma comunidade religiosa. A casa edificada sobre a rocha, não cairá (cf. Mt 7,24): sim, é possível erigir um país sobre a pedra angular (cf. At 4,10-12) sobrenatural do Cristo, cujo Corpo Místico e ao mesmo tempo concreto e encarnado está edificado sobre outra pedra (cf. Mt 16,18), Pedro, o pescador que, como São Marino, navegou em profundidade as águas do Batismo. Construir uma nação a partir de uma vida religiosa verdadeira, em Cristo Jesus: vocação natural no maior país católico do mundo.

TJL – A12.COM – EVANGELI.NET – ACIDIGITAL.COM

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