Francisco aos Teatinos: somos pedras vivas da
Igreja
“Quinhentos anos atrás, seus
fundadores não consagraram suas vidas a um canteiro de obras de tijolos e
mármore, mas de pedras vivas, à Igreja com “I” maiúsculo, a esposa de Cristo, o
povo de Deus e o corpo místico do Senhor”. Palavras do Papa neste sábado,
14/09, durante o encontro na Basílica de São Pedro com os peregrinos da Ordem
dos Clérigos Regulares Teatinos por ocasião dos 500 anos de fundação. Vatican News
Oração:
Senhor
Deus, que de tal modo quereis que estejamos unidos a Vós, a ponto de enviar o
Vosso Filho para pagar os nossos pecados, concedei-nos por intercessão de São
Cornélio e São Cipriano a firmeza da unidade na Fé, Esperança e Caridade, para
que, apoiando-nos mutuamente na Verdade, possamos dar graças a Vós ao decapitar
o pecado das nossas vidas. Por Nosso Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora. Amém.
Evangelho (Lc 7,1-10):
Quando
terminou de falar estas palavras ao povo que o escutava, Jesus entrou em
Cafarnaum. Havia um centurião que tinha um servo a quem estimava muito. Estava
doente, à beira da morte. Tendo ouvido falar de Jesus, o centurião mandou
alguns anciãos dos judeus pedir-lhe que viesse curar o seu servo. Quando eles
chegaram a Jesus, recomendaram com insistência: «Ele merece este favor, porque
ama o nosso povo. Ele até construiu uma sinagoga para nós».
Jesus foi com eles. Quando já estava perto da casa, o centurião mandou alguns
amigos dizer-lhe: «Senhor, não te incomodes, pois não sou digno de que entres
em minha casa. Por isso, nem fui pessoalmente ao teu encontro. Mas dize uma
palavra, e meu servo ficará curado. Pois eu, mesmo na posição de subalterno,
tenho soldados sob as minhas ordens, e se ordeno a um: ‘Vai!’, ele vai; e a
outro: ‘Vem!’, ele vem; e se digo a meu escravo: ‘Faze isto!’, ele faz».
Ao ouvir isso, Jesus ficou admirado. Voltou-se para a multidão que o seguia e
disse: «Eu vos digo que nem mesmo em Israel encontrei uma fé tão grande».
Aqueles que tinham sido enviados voltaram para a casa do centurião e
encontraram o servo em perfeita saúde.
«Eu vos digo que nem mesmo em
Israel encontrei uma fé tão grande»
Hoje somos Fr. John A. SISTARE(Cumberland,
Rhode Island, Estados Unidos)
confrontados
com uma questão interessante. Porque o Centurião do Evangelho não foi
pessoalmente ter com Jesus, mas preferiu mandar mensageiros com o pedido de
cura para seu servo? O Centurião nos responde essa pergunta na passagem do
Evangelho. «[...] nem fui pessoalmente ao teu encontro. Mas dize uma palavra, e
meu servo ficará curado». (Lc 7,7).
O Centurião possuía a virtude da fé, acreditava que Jesus poderia fazer esse
milagre se estivesse de acordo com sua divina vontade. A fé permitiu ao
Centurião acreditar que onde quer que Jesus esteja, ele poderia curar o servo
doente. O Centurião acreditava que nenhuma distância poderia impedir ou deter o
Cristo de fazer sua obra de salvação.
Em nossas próprias vidas, somos chamados a ter esse mesmo tipo de fé. Há
momentos em que somos tentados a pensar que Jesus está distante e não ouve
nossas orações. Entretanto, a fé ilumina nossas mentes e corações, para que
acreditemos que Jesus está sempre ao nosso lado para nos ajudar. Em verdade, a
presença curativa de Jesus na Eucaristia é um lembrete de que Jesus está sempre
conosco. Santo Agostinho, com os olhos da fé, acreditava nesta realidade: «O
que vemos é o pão e o cálice; isso é o que nossos olhos nos mostram. Mas o que
nossa fé nos obriga a aceitar é que o pão é o Corpo de Cristo e o cálice é o
Sangue de Cristo».
A Fé ilumina nossas mentes para que possamos enxergar a presença de Cristo em
nosso meio. Como o Centurião, dizemos, «Não sou digno de que entreis em minha
morada» (Lc 7,6). Da mesma forma, nos humilhamos diante de Nosso Senhor e
Salvador e Ele ainda se aproxima para nos curar. Deixemos Jesus entrar em nossa
alma, em nossa morada, para curar e fortalecer nossa fé para que possamos
continuar nosso caminho em direção à Vida Eterna.
Cornélio, Papa, e Cipriano, bispo, foram contemporâneos no século III, martirizados no mesmo dia do mês (14 de setembro, atualmente festa da Exaltação da Santa Cruz; dia 15 é a festa de Nossa Senhora das Dores, então a festa destes santos passou para o dia 16), mas com diferença de cinco anos. Cornélio, de origem romana, foi eleito Papa em 251, após 22 meses de vacância do cargo, por causa da violenta perseguição do imperador Décio aos cristãos (não havia possibilidade de reunião do clero para se fazer uma eleição). Seus dois anos de pontificado foram tumultuados também por problemas internos na Igreja. Realmente, Novato, um mau presbítero africano, fugiu de Cartago para Roma, onde fez amizade com outro sacerdote, e médico, Novaciano, igualmente orgulhoso e interesseiro; Novato enganou três bispos estrangeiros e os convenceu a eleger Novaciano “papa”, opondo-se a Cornélio e provocando um cisma. Este antipapa fomentou uma heresia segundo a qual só pertenciam à Igreja os “puros” (ói kátaroi), negando o perdão para os pecados graves e as segundas núpcias para as pessoas viúvas. Em paralelo, Cipriano, nascido no ano de 210 em Cartago, norte da África, de família rica e nobre, hábil advogado e retórico, convertido ao Catolicismo em 246, foi logo ordenado sacerdote e consagrado bispo em 249, mesmo ano em que teve que fugir de Cartago por causa da perseguição de Décio. Apoiou a eleição e autoridade do Papa Cornélio, deixando escritos nos quais ressalta suas virtudes e o seu excelente governo na Cátedra de Pedro. A heresia do novacianismo condenava em especial os numerosos cristãos que, por fraqueza, haviam negado a Fé durante a crudelíssima perseguição de Décio, os chamados lapsi, “caídos”, muitos dos quais, porém, se arrependeram. Verdade é que alguns pretendiam voltar à Igreja sem as devidas penitências, apresentando apenas um certificado de reconciliação conseguido com algum suposto confessor. Mas Cornélio e Cipriano defenderam o direito de plena reconciliação eclesiástica para aqueles que sinceramente se arrependessem e fizessem as penitências devidas, num sínodo convocado em 251, no qual foi reafirmada a eleição de Cornélio, excomungado Novaciano e anatemizada a sua heresia. Cipriano teve ainda que se opor, com o apoio do Papa Cornélio, a um diácono de Cartago chamado Felicíssimo, que havia conspirado para a eleição de um anti-bispo, Fortunato. Assim Cornélio e Cipriano se apoiavam mutuamente contra o cisma e a heresia, que tanto em Cartago como em Roma os perseguiam, e à Igreja. Externamente, o novo imperador Galo iniciou a 8a perseguição aos cristãos em 252, durante a qual Cornélio foi exilado em Centumcellae (atual Civitavecchia), aonde foi decapitado em 253. Mais tarde, em 258, na perseguição promovida agora pelo imperador Valeriano, Cipriano foi preso e condenado quando retornou clandestinamente a Cartago; ao receber a sentença de morte por decapitação com espada, respondeu: Deo Gratias (“Graças a Deus”). São Cipriano deixou numerosos escritos doutrinais, sobre dogma, moral, ascetismo e disciplina eclesiástica, além de 81 cartas, estas obras-primas da literatura latina e importante fonte de informações sobre a vida da Igreja na época.(Colaboração: José Duarte de Barros Filho)
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