Oração:
Ó Senhor, Todo-Poderoso, infinitamente bom, e
infinitamente justo: concedei-nos pela intercessão e exemplo de São João
Gabriel Perboyre a graça de não nos sobrecarregarmos com as cadeias do pecado,
da apostasia, de não trairmos Cristo e os irmãos, mas protegei os Vossos
filhos, livrando-os dos males da alma e do mundo, sustentando-nos nas boas
obras e na coragem de rezar e agir pelo Vosso Reino. Por Nosso Senhor Jesus
Cristo e Nossa Senhora. Amém.
Evangelho (Lc 6,20-26):
Naquele
tempo, Jesus levantou o olhar para os seus discípulos e disse-lhes: «Felizes
vós, os pobres, porque vosso é o Reino de Deus! Felizes vós que agora passais
fome, porque sereis saciados! Felizes vós que agora estais chorando, porque
haveis de rir! Felizes sereis quando os homens vos odiarem, expulsarem,
insultarem e amaldiçoarem o vosso nome por causa do Filho do Homem.
Alegrai-vos, nesse dia, e exultai, porque será grande a vossa recompensa no
céu, pois era assim que os seus antepassados tratavam os profetas.
»Mas, ai de vós, ricos, porque já tendes vossa consolação! Ai de vós que agora
estais fartos, porque passareis fome! Ai de vós que agora estais rindo, porque
ficareis de luto e chorareis! Ai de vós quando todos falarem bem de vós, pois
era assim que seus antepassados tratavam os falsos profetas».
«Felizes vós, os pobres (...). Ai de vós, ricos!» - Rev. D. Joaquim MESEGUER García(Rubí, Barcelona, Espanha)
Hoje, Jesus
mostra-nos onde está a verdadeira felicidade. Na versão de São Lucas, as
bem-aventuranças são acompanhadas de dolorosas imprecações por aqueles que não
aceitam a mensagem de salvação, fechando-se numa vida auto-suficiente e
egoísta. Com as bem-aventuranças e as imprecações, Jesus faz uma aplicação da
doutrina dos dois caminhos: o caminho da vida e o caminho da morte. Não há uma
terceira possibilidade, neutra: quem não segue o caminho da vida encaminha-se
para a morte; quem não segue a luz, vive nas trevas.
«Felizes vós, os pobres, porque vosso é o Reino de Deus» (Lc 6,20). Esta
bem-aventurança é a base de todas as outras, pois quem é pobre será capaz de
receber o Reino de Deus como um dom. Quem é pobre sabe de que coisas deve ter
fome e sede: não de bens materiais, mas da Palavra de Deus; não de poder, mas
de justiça e de amor. Quem é pobre sabe chorar perante o sofrimento do mundo.
Quem é pobre sabe que Deus é toda a sua riqueza e que, por isso, sofrerá
incompreensões e perseguições.
«Mas, ai de vós, ricos, porque já tendes vossa consolação» (Lc 6,24). Esta
imprecação é também o fundamento de todas as que se seguem, pois quem é rico e
auto-suficiente, quem não sabe pôr as suas riquezas ao serviço dos outros,
encerra-se no seu egoísmo e constrói a sua própria desgraça. Que Deus nos livre
do afã de riquezas, de correr atrás das promessas do mundo e de pôr o nosso
coração nos bens materiais; que Deus não permita que fiquemos satisfeitos com
os louvores e adulações humanas, já que isso significaria ter posto o coração
na glória do mundo e não na de Jesus Cristo. Será de grande proveito lembrar o
que diz São Basilio: «Quem ama o próximo como a si mesmo não acumula coisas
desnecessárias que possam ser indispensáveis para os outros».
João
Gabriel Perboyre nasceu no ano de 1802, em Mongesty, diocese de
Cahors, França, de uma numerosa família de agricultores profundamente cristã. Primeiro dos oito filhos do casal, foi educado para seguir a
profissão do pai. Porém, desde cedo demonstrava vocação
religiosa, e na adolescência, juntamente a dois dos seus irmãos, ingressou no
seminário da Congregação de São Vicente de Paulo (lazaristas). Três
de suas irmãs também se fizeram religiosas, e um seu tio já era sacerdote.
Foi ordenado padre em 1826, ficando alguns
anos em Paris, onde foi professor e diretor de seminários vicentinos. Mas aspirava ser missionário na China, numa casa vicentina; neste país,
por esta época havia sido martirizado um outro padre.
Em 1832 um dos seus irmãos,
também sacerdote, foi enviado ao povo sino, mas faleceu durante a viagem
marítima. João pediu para ser seu substituto, seguindo em 1835 primeiro para
Macau (possessão portuguesa até 1999). Ali aprendeu os costumes e o idioma chinês,
bem como a apresentar-se como um nativo, pois a entrada de estrangeiros era
proibida. Seguiu então para as regiões de Ho-Nan, e depois Hou-Pé. Encontrou um quadro de muitas apostasias, pois a perseguição aos
católicos era grande e vários fraquejavam. Mas consolou-os e os incentivou à
Fé, e realizou batismos, evangelizando em diversas aldeias.
Antes da celebração de uma Missa dominical em
1839, soldados chineses o quiseram prender, mas ele fugiu e se escondeu num
bambuzal. Um rapaz recém-batizado o traiu, indicando o lugar aos perseguidores,
que o capturaram. Foi imediatamente
espancado. Durante este procedimento, era pressionado a revelar onde estavam
outros padres; depois, foi levado a “julgamento”. Na prisão, ficou um ano sendo
cruelmente torturado, em três cadeias diferentes. Sofreu mais de 20 interrogatórios,
sob deboches, pancadas e torturas, com a intenção de que revelasse a
localização de outros sacerdotes que deveriam ser mortos. Numa dessas ocasiões, foi-lhe oferecida a liberdade, se pisasse
num crucifixo: recusando veementemente, foi punido com 110 chicotadas. Os
tormentos incluíram sobrecarregá-lo com correntes, esmagar seus pés num torno,
açoitá-lo com bambus, chicoteamento até a desfiguração, obrigá-lo a beber
sangue de cachorro, insultar seu pudor. João Gabriel apenas dizia, “melhor
morrer do que pecar.”
Foi por fim condenado à morte.
Em 11 de setembro de 1839, amarrado a uma cruz em forma de “X”, foi espancado,
escarrado, e teve os cabelos arrancados; enquanto o estrangulavam, ainda lhe
davam pontapés na barriga. São João Gabriel Perboyre foi o
primeiro missionário da China canonizado pela Igreja.(Colaboração:
José Duarte de Barros Filho)
TJL – A12.COM
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