segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Segunda, 14 de dezembro de 2009São João da Cruz, Presbítero e Doutor, 2ª do Saltério (Livro II), Cor Litúrgica Branca
(PresbDr, Pf. Adv. I ou Pastores, Cor Branca)
São João da Cruz está entre os grandes mestres da experiência mística. Tendo entrado para o Carmelo, teve boa formação teológica e humanística. Compartilhou com Santa Teresa de Ávila o projeto de reforma da Ordem Carmelitana, o que realizou e viveu com exemplar coerência. Esse empreendimento, no entanto, não deixou de trazer-lhe aborrecimentos e incompreensões. Foi, porém, guia sábio de gerações de almas para a contemplação e a união com Deus. Nasceu no ano de 1542 e morreu no ano de 1591.


Santos:
Esperidião (bispo de Tremithus, Séc. IV), Nicácio (bispo de Reims, e seus companheiros, mártires, 451), Venâncio Fortunato (bispo de Poitiers, 605), Beato Bartolomeu de San Gimignano, 1300), Beato Conrado de Offida, 1306), Beato Boaventura Buonaccorsi, 1315), Beato Nicolau Artista, 1583)

Oração:
Ó Deus, que inspirastes ao presbítero São João da Cruz extraordinário amor pelo Cristo e total desapego de si mesmo, fazei que, imitando sempre o seu exemplo, cheguemos à contemplação da vossa glória. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Evangelho: Mateus (Mt 21, 23-27)
Donde vinha o batismo de João?


Naquele tempo, 23Jesus voltou ao Templo. Enquanto ensinava, os sumos sacerdotes e os anciãos do povo aproximaram-se dele e perguntaram: "Com que autoridade fazes estas coisas? Quem te deu tal autoridade?"

24Jesus respondeu-lhes: "Também eu vos farei uma pergunta. Se vós me responderdes, também eu vos direi com que autoridade faço estas coisas. 25Donde vinha o batismo de João? Do céu ou dos homens?" Eles refletiam entre si: "Se dissermos: 'Do céu', ele nos dirá: 'Por que não acreditastes nele?' 26Se dissermos: 'Dos homens', temos medo do povo, pois todos têm João Batista na conta de profeta". 27Eles então responderam a Jesus: "Não sabemos". Ao que Jesus também respondeu: "Eu também não vos direi com que autoridade faço estas coisas". Palavra da Salvação!.

Comentando o Evangelho
A consciência da vocação


A maneira incisiva como Jesus falava e a força de suas palavras deixavam confusas as autoridades religiosas da época. Humanamente falando, ele não possuía títulos que pudessem garantir a autoridade de suas palavras. Não pertencia a uma família sacerdotal ou da aristocracia da capital. Não se tinha noticia de ter ele freqüentado a escola de algum rabi famoso. Nem constava que tivesse feito estudos especiais que explicassem a origem de seu saber. Por isso, os sumos sacerdotes e os anciãos do povo faziam pairar sobre ele uma espessa sombra de suspeita.

Jesus não teria nenhuma dificuldade de dizer, abertamente, que a fonte de sua autoridade era o Pai. Mas único problema era que seus interlocutores não estavam preparados para receber uma explicação deste calibre. A mentalidade deles era estreita demais para poderem compreender isto. Por conseguinte, ficaram sem resposta.

A situação de Jesus assemelhou-se à dos antigos profetas de Israel. Estes não tinham outra credencial para justificar seu ministério, além da consciência de terem sido chamados por Deus e recebido dele o mandato específico de pregar. Como este tipo de argumento era insuficiente para convencer seus opositores, acabaram sendo perseguidos e, até mesmo, assassinados. Como eles, Jesus não conseguiu convencer seus adversários. [O EVANGELHO NOSSO DE CADA DIA,Pe. Jaldemir Vitório, ©Paulinas, 1997]

A igreja celebra hoje:
São João da Cruz

São João da Cruz é conhecido como doutor místico devido aos seus escritos de alta espiritualidade e ao mesmo tempo é considerado como o grande reformador da Ordem Carmelita.

Juan de Yepes, seu nome de batismo, foi mudado para João da Cruz quando tomou o hábito de carmelita. Nasceu na província de Ávila, na Espanha, em 1542. Quando criança, perdeu o pai; e a família sofreu pobreza. Sua mãe, à procura de trabalho para sustentar os filhos, mudou-se para Medina, onde João quis experimentar várias profissões, como empregando-se como ajudante num hospital e tomando lições de gramática à noite, no colégio jesuíta.

Com 21 anos entrou na Ordem Carmelita. Foi enviado para a Universidade de Salamanca a fim de cursar filosofia e teologia. Já então João demonstrava especial inclinação para a vida austera, penitenciando-se severamente como meio de ascética espiritual. Nos tempos livres, gostava de visitar os doentes nos hospitais, prestando-lhes serviços de enfermeiro.

Com 25 anos foi ordenado padre. A disciplina nos conventos carmelitas não o satisfazia e acalentou o desejo de entrar numa Ordem mais austera, como a dos Trapistas.

Providencialmente, neste tempo, encontrou-se com a grande reformadora dos Carmelos Santa Teresa de Ávila que promovia na Espanha a fundação de conventos reformados, dentro da Ordem. Ela, que tinha autorização do superior geral para fundar também conventos reformados masculinos, conseguiu entusiasmar João da Cruz a que, em vez de sair da Ordem, se incumbisse da reforma da disciplina regular. João apresentou este plano a Deus nas orações, aconselhou-se também com seu confessor e chegou à conclusão que, de fato, esta era a vontade de Deus.

Na qualidade de mestre dos noviços e depois reitor de uma casa de formação e de estudos, João da Cruz, em pouco tempo, conseguiu pela graça de Deus reformar alguns conventos da Ordem.

Reformar é muito mais difícil do que fundar, pois uma obra de reforma esbarra necessariamente contra a suscetibilidade de elementos tradicionais que levam a mal toda modificação. Só Deus conhece os sofrimentos, perseguições, calúnias de que o reformador foi alvo no cumprimento da nobre missão. João não procurava a honra própria; o amor e a glória de Deus eram a única força motriz que o impelia a trabalhar e sofrer. Em sua fé profunda, João abraçou a cruz dos sofrimentos e contrariedades, dos quais fez um itinerário de ascensão mística para Deus. Retido por nove meses na prisão de um dos conventos que se opunham à reforma, João teve a oportunidade de temperar sua alma no seguimento do Senhor crucificado. Fugindo do cárcere, continuou com persistência sua obra renovadora.

Eram três as coisas que ele pedia insistentemente a Deus: primeiro, dar-lhe força para trabalhar e sofrer muito; segundo, não o fazer sair deste mundo como superior duma comunidade; e terceiro, deixá-lo morrer desprezado e escarnecido pelos homens. De fato, ele conseguiu estes três objetivos tão contrários à nossa sensibilidade.

O desejo de ser desprezado era fruto da meditação constante da sagrada paixão e morte de Jesus Cristo. Em suas pregações João recomendava as devoções ao Salvador crucificado, à Santíssima Trindade, e ao Santíssimo Sacramento. Muitos pecadores não resistiam à eloqüência e ao zelo do fervoroso carmelita.

João da Cruz foi uma alma profundamente mística. Purificado pelas mortificações e acrisolado pelos sofrimentos, João elevou-se a um altíssimo grau de santidade, gozando, inclusive, de êxtases e visões. Foi escritor fecundo de livros ascéticos e místicos que o colocaram ao lado de Santa Teresa como máximo representante da escola mística espanhola. Seus escritos constituem uma das expressões perenes do pensamento místico universal.

João da Cruz ocupa um lugar de honra também entre os poetas do seu tempo; sua poesia lírica é uma das mais expressivas da literatura espanhola. Pouco antes de sua morte, João da Cruz teve mais outros graves dissabores, devido a incompreensões e calúnias: foi exonerado de todos os cargos da comunidade passando os últimos meses na solidão e no abandono. Faleceu após uma penosíssima enfermidade em dezembro de 1591, com 49 anos de idade. O Papa Pio XI lhe conferiu o título de Doutor da Igreja. [O SANTO DO DIA, Dom Servilio Conti, ©Vozes, 1997]

Sem o amor nada são todas as obras reunidas. (S.João da Cruz)


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