Pe.
Ignacio-María Doñoro com um dos meninos do Lar Nazaré. Crédito: Hogarnazaret.es
Lima, 29 Fev. 20 / 07:00 am (ACI).- Pe. Ignacio-María
Doñoro é um capelão militar espanhol que, desde 2002, luta contra várias formas
de violação dos direitos dos menores, especialmente na América Latina;
atualmente, trabalha na selva peruana, mas uma de suas primeiras experiências
foi em El Salvador, onde enfrentou o tráfico de órgãos.
Pe. Doñoro, estando
em El Salvador como comissário de um projeto de ajuda humanitária, soube que
pais haviam concordado em vender seu filho, que tinha meio corpo paralisado,
aos traficantes de órgãos.
“Quando soube
disso, decidi me passar por um traficante de órgãos, descobrir quanto os pais
cobrariam e pagar mais. A surpresa foi que tinham oferecido a esses pais a
quantia de 25 dólares em troca da vida de Manuel...
Cheguei ao local onde o menino estava, paguei 26 dólares aos pais – um dólar a
mais do que outros lhe ofereceram – e sai correndo com Manuel. Levei-o a uma
clínica, onde o médico me disse que essa doença não era tão importante, que era
um problema comum lá e que em uma semana a criança seria curada”, explicou
à ACI Prensa – agência
em espanhol do Grupo ACI.
Vendido
por seus pais por 25 dólares
Quando o levou ao
médico para que fizesse um reconhecimento, Manuel não acreditou que havia sido
salvo "por mais que eu insistisse que era um sacerdote e lhe repetia
muitas vezes que ia dar a minha vida por ele”. Pe. Doñoro disse que não repetia
esta frase “para que ele me escutasse, mas para eu perceber que tinha o dever
moral de dar minha vida por essa criança, porque nele estava Jesus”.
“Ele olhou para mim
de uma maneira que transpassava tudo, com um olhar tão profundo, tão cheio de
amor e de gratidão, que percebi que não se tratava da vida de Manuel, mas do
próprio Jesus que, aterrorizado, havia aceitado que lhe matassem para ser
esquartejado”, recorda. Foi então que Pe. Ignacio María entendeu que “por trás
de Manuel havia muitos outros 'manuéis', muitas outras crianças a quem,
provavelmente devido a situações desesperadoras, suas próprias famílias as
venderam para o tráfico de órgãos. Porque, se os traficantes foram lá por causa
de uma criança, logicamente devia haver mais...”.
Esse foi o começo
do Hogar de Nazaret (Lar de Nazaré, em português).
“De acordo com o
que era então Bispo de Puerto Maldonado (Peru), Dom Francisco González, vimos
que uma casa poderia ser criada lá, a aproximadamente cem quilômetros da
mineradora ilegal, onde havia uma situação de tráfico de seres humanos. Pouco a
pouco, a casa ficou cheia de crianças”, explicou.
Embora tenham
passado por muitas dificuldades econômicas, Pe. Doñoro conseguiu construir o
Lar de Nazaré em Puerto Maldonado, localizado na selva peruana.
Início
no Peru
Apenas três meses
depois de começar no Peru, Pe. Doñoro recebeu Tareq, um menino de apenas cinco
anos que havia sido abusado. Embora os serviços sociais dissessem que ele só
viria por um dia, porque o levariam a um hospital psiquiátrico, ficou por vários
meses.
“Eu o acompanhava
todos os dias ao jardim de infância onde o havia matriculado. Um dia tive a
ideia de ir andando e dançando e ele gostou tanto que desde então ele me
obrigava a fazer a mesma coisa todos os dias. Vitaminas, remédios para vermes e
muito carinho mudaram sua aparência física; o amor e o carinho que ele recebia
no Lar o mudaram por dentro”, assegurou Pe. Doñoro.
Quando os serviços
sociais voltaram, não podiam acreditar que a criança que viam era a mesma que
tinham pensado em levar a um hospital psiquiátrico. “Estava irreconhecível.
Parecia um menino normal. O médico que o trouxe e o psicólogo do tribunal
choraram ao ver a mudança ocorrida nele. Eles perguntaram se ele queria ficar
ou ir com eles para uma casa mais legal e ele respondeu: E quem vai me levar
para o jardim de infância cantando? Eu tenho que cuidar do Padre Ignacio,
porque essas crianças são muito travessas...”.
Quando o psicólogo
perguntou a Pe. Doñoro o que havia feito para que Tareq estivesse assim tão
bem, ele respondeu que “não havia feito nada, apenas amá-lo”.
Tareq permaneceu um
ano no Lar de Nazaré, até que o juiz concedeu a custódia provisória a uma tia
sua.
No entanto, nem
tudo foi tão simples, Pe. Doñoro sofreu vários ataques com os quais chegou a
pensar que perderia a vida.
Atacado
em várias ocasiões
“Uma noite,
apareceram três homens armados que me deram uma surra tão grande que pensaram
que eu estava morto. Isso foi o que salvou a minha vida. Depois, tentaram me
atacar mais três vezes. Isso causou em mim uma alegria imensa, ainda que possa
parecer um pouco chocante. Se estavam tão irritados a ponto de enviar um grupo
armado, era porque eu tinha tirado muitas crianças das garras da morte e havia
irritado muito os traficantes de pessoas, mas era impossível continuar em
Puerto Maldonado e tive que ir embora de lá para tentar continuar com o projeto
em outro lugar”, explicou.
Por isso, falou com
o Bispo de Moyobamba, Dom Rafael Escudero López-Brea, que aceitou que o
trabalho do Lar de Nazaré fosse realizado na Prelazia de Moyobamba, também na
selva, “e aí comecei do zero, com grande entusiasmo e aprendendo também como
Deus queria que sua casa funcionasse, o Lar de Nazaré”.
Na região de San
Martín, onde está localizada a Prelazia de Moyobamba, não há tráfico de seres
humanos, mas há uma pobreza material extrema.
Atualmente, o Lar
de Nazaré é composto por cinco casas: duas para crianças e adolescentes, onde
também há uma escola de futebol; e duas outras casas, uma para meninas e outra
para adolescentes.
Além de um “Lar dos
nascituros”, onde moram meninas grávidas com dificuldades para ter seus bebês e
cuidar deles sozinhas.
Mais informações
sobre como ajudar o Lar de Nazaré AQUI.
Publicado
originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.
Oração: Deus, nosso Pai, em vosso Filho Jesus nos
revelastes vossa face cheia de misericórdia, de ternura e de amor. Nós vos
agradecemos e vos louvamos por nos ter dado Jesus como nosso irmão,
Deus-conosco para sempre. Exultamos de alegria, porque as vossas promessas se
cumpriram; já experimentamos aqui as alegrias do vosso Reino de justiça e de
paz. Por isso, repetimos as palavras do Apóstolo: “Vede que prova de amor nos
deu o Pai: que sejamos chamados filhos de Deus. E nós o somos”. Santa Inês, que
se consagrou inteiramente a vós e ao serviço dos necessitados, interceda para
que a fraternidade se estabeleça na terra. Por Cristo nosso Senhor. Amém!
Mateus
25,31-46
Salve
Cristo, luz da vida, companheiro na partilha!
Eis o tempo de conversão; eis o dia da salvação (2Cor 6,2).
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus.
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 25 31"Quando o Filho do Homem voltar na sua glória e todos os anjos com ele, sentar-se-á no seu trono glorioso.
32Todas as nações se reunirão diante dele e ele separará uns dos outros, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos.
33Colocará as ovelhas à sua direita e os cabritos à sua esquerda.
34Então o Rei dirá aos que estão à direita: 'Vinde, benditos de meu Pai, tomai posse do Reino que vos está preparado desde a criação do mundo,
35porque tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; era peregrino e me acolhestes;
36nu e me vestistes; enfermo e me visitastes; estava na prisão e viestes a mim'.
37Perguntar-lhe-ão os justos: 'Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer, com sede e te demos de beber?
38Quando foi que te vimos peregrino e te acolhemos, nu e te vestimos?
39Quando foi que te vimos enfermo ou na prisão e te fomos visitar?'
40Responderá o Rei: 'Em verdade eu vos declaro: todas as vezes que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a mim mesmo que o fizestes'.
41Voltar-se-á em seguida para os da sua esquerda e lhes dirá: 'Retirai-vos de mim, malditos! Ide para o fogo eterno destinado ao demônio e aos seus anjos.
42Porque tive fome e não me destes de comer; tive sede e não me destes de beber;
43era peregrino e não me acolhestes; nu e não me vestistes; enfermo e na prisão e não me visitastes'.
44Também estes lhe perguntarão: 'Senhor, quando foi que te vimos com fome, com sede, peregrino, nu, enfermo, ou na prisão e não te socorremos?'
45E ele responderá: 'Em verdade eu vos declaro: todas as vezes que deixastes de fazer isso a um destes pequeninos, foi a mim que o deixastes de fazer.'
46E estes irão para o castigo eterno, e os justos, para a vida eterna".
Palavra da Salvação.
Eis o tempo de conversão; eis o dia da salvação (2Cor 6,2).
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus.
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 25 31"Quando o Filho do Homem voltar na sua glória e todos os anjos com ele, sentar-se-á no seu trono glorioso.
32Todas as nações se reunirão diante dele e ele separará uns dos outros, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos.
33Colocará as ovelhas à sua direita e os cabritos à sua esquerda.
34Então o Rei dirá aos que estão à direita: 'Vinde, benditos de meu Pai, tomai posse do Reino que vos está preparado desde a criação do mundo,
35porque tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; era peregrino e me acolhestes;
36nu e me vestistes; enfermo e me visitastes; estava na prisão e viestes a mim'.
37Perguntar-lhe-ão os justos: 'Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer, com sede e te demos de beber?
38Quando foi que te vimos peregrino e te acolhemos, nu e te vestimos?
39Quando foi que te vimos enfermo ou na prisão e te fomos visitar?'
40Responderá o Rei: 'Em verdade eu vos declaro: todas as vezes que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a mim mesmo que o fizestes'.
41Voltar-se-á em seguida para os da sua esquerda e lhes dirá: 'Retirai-vos de mim, malditos! Ide para o fogo eterno destinado ao demônio e aos seus anjos.
42Porque tive fome e não me destes de comer; tive sede e não me destes de beber;
43era peregrino e não me acolhestes; nu e não me vestistes; enfermo e na prisão e não me visitastes'.
44Também estes lhe perguntarão: 'Senhor, quando foi que te vimos com fome, com sede, peregrino, nu, enfermo, ou na prisão e não te socorremos?'
45E ele responderá: 'Em verdade eu vos declaro: todas as vezes que deixastes de fazer isso a um destes pequeninos, foi a mim que o deixastes de fazer.'
46E estes irão para o castigo eterno, e os justos, para a vida eterna".
Palavra da Salvação.
Comentário
do Evangelho
O ENCONTRO
QUE SALVA
A descrição evangélica do juízo
final é desconcertante. Jesus revolucionou os esquemas humanos ao colocar, como
critério de salvação, o reconhecê-lo na pessoa daqueles cuja existência era
totalmente vulnerável. A salvação, por conseguinte, não dependeria de
experiências místicas elevadas, nem de títulos honoríficos ou funções de
destaque na Igreja ou na sociedade e, muito menos, da nobreza de origem. Pelo
contrário, a ela se chegaria por um caminho aparentemente simples: o encontro
solidário com o irmão sofredor, no qual se reconhece a presença de Jesus.
A salvação, na perspectiva
cristã, tem pressupostos claros. Tudo começa com a saída de si mesmo e do
próprio comodismo, para se deixar interpelar pelo outro. Esta se dá no
confronto com o sofrimento alheio. O sentir-se motivado a ir ao encontro do
outro e a fazer um gesto concreto, que supere a ameaça à vida humana, é fruto
da ação da graça salvífica de Deus no coração humano. Não-salvífico seria ficar
chocado diante da situação e comovido até as lágrimas, ou então, ficar à
procura de quem é o responsável pela situação, sem fazer um gesto concreto em
defesa da vida e da dignidade ameaçadas. Importa, apenas, o gesto de partilhar,
acolher e solidarizar-se. Dele é que decorre a salvação. Este é o caminho que
se apresenta a cada cristão, para quem a salvação é um desafio.
Santo do Dia
Santa Inês da Boêmia
Santa Inês da
Boêmia nasceu em 1208. Pertencia a família real. Otocaro I, seu pai, era rei da
Boêmia. Foi educada por monges. Recusou-se a casar com Frederico II, imperador
da Alemanha.
Foi uma mulher
ativa e preocupada com os problemas de seu tempo. Dedicou-se de corpo e alma ao
serviço dos pobres, fundando para eles um hospital. Estabeleceu ali a pobreza
absoluta, renunciando as rendas e vivendo de esmolas e doações. Incentivou e
apoiou os Franciscanos e as Clarissas e para eles fundou dois mosteiros.
Santa Clara, a quem
devotava grande amizade, escreveu-lhe numerosas cartas e chamava-a de
"metade de minha alma".
Numa das cartas,
Santa Clara dizia à Santa Inês:
“Eu me alegro de
verdade, e ninguém vai poder roubar-me esta alegria, porque já alcancei o que
desejava abaixo do céu: vejo que você, sustentada por maravilhosa sabedoria da
própria boca de Deus, já superou astúcias do esperto inimigo: o orgulho que
perde a natureza humana e a vaidade que torna estultos os corações dos homens.
Vejo que são a humildade, a força da fé e os braços da pobreza que a levaram a
abraçar o tesouro incomparável escondido no campo do mundo e dos corações
humanos, com o qual compra-se aquele por quem tudo foi feito do nada. Eu a
considero, num bom uso das palavras do Apóstolo, auxiliar do próprio Deus,
sustentáculo dos membros vacilantes de seu corpo inefável”.
Santa Inês
ingressou, mais tarde, no convento das Clarissas, por ela própria fundado, onde
foi nomeada abadessa. Morreu no dia 2 de março de 1282 em Praga.(Colaboração:
Padre Evaldo César de Souza, CSsR)
Reflexão: O exemplo de mulheres como Santa
Inês, nos inspira a buscar também a nossa vocação à santidade. Simplicidade,
dedicação e confiança em Deus eram marcas registradas da vida desta grande
mulher. Fica-nos hoje o desejo de encontrar em Cristo o primeiro e maior
inspirador de nossos gestos de caridade para com o próximo. Inspirados pela
vida de Santa Inês, sejamos também nós missionários e missionárias do Evangelho
da Vida.
TJL@- ACIDIGITAL.COM – A12.COM
– DOMTOTAL.COM
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