O que a grande maioria das pessoas entende como Igreja Católica é apenas uma dessas
igrejas, a Igreja Latina, à qual mais de 90% dos católicos em
nosso planeta pertencem, e é imediatamente sujeita ao Papa.
Os outros 10% fazem parte de uma realidade muito preciosa: a dos católicos orientais.
Leia MaisGrandes valores da Igreja do OrienteA Igreja no
Império do Oriente
Mesmo que essa diversidade dentro da Igreja Católica possa nos
confundir um pouco a princípio, isso não compromete a unidade
da Igreja. Em certo sentido, é um reflexo do mistério da
Trindade: Assim como Deus é Pai, Filho e Espírito Santo,
a Igreja Católica é entendida como “um Corpo místico de Igrejas”, do
qual participam a Latina e mais 23 Orientais, chamadas de "igrejas rituais autônomas", de acordo com o
Código de Direito Canônico.
Evangelho (Mc 2,23-28)
Certo sábado, Jesus estava
passando pelas plantações de trigo, e os discípulos começaram a abrir caminho,
arrancando espigas. Os fariseus disseram então a Jesus: «Olha! Por que eles
fazem no dia de sábado o que não é permitido?». Ele respondeu: «Nunca lestes o
que fez Davi quando passou necessidade e teve fome, e seus companheiros também?
Ele entrou na casa de Deus, no tempo em que Abiatar era sumo sacerdote, comeu
os pães da oferenda, que só os sacerdotes podem comer, e ainda os deu aos seus
companheiros!». E acrescentou: «O sábado foi feito para o homem, e não o homem
para o sábado. Deste modo, o Filho do Homem é Senhor também do sábado».
«O sábado foi feito para o homem, e não o homem para o sábado.» -Rev. D. Ignasi FABREGAT i Torrents(Terrassa, Barcelona, Espanha)
Hoje como
ontem, Jesus deve se enfrentar com os fariseus, que deformaram a Lei de Moisés,
ficando-se nas pequenices e esquecendo-se do espírito que a informa. Os
fariseus, da fato, acusam, os discípulos de Jesus de violar o sábado (cf. Mc
2,24). Segundo sua casuística agoniante, arrancar espigas, equivale a “segar” e
trilhar significa “bater": essas tarefas de campo — e uma quarentena mais
que poderíamos acrescentar — estavam proibidas no sábado, dia de descanso. Como
já sabemos, os pães da oferenda dos que nos fala o Evangelho, eram doze pães
que colocavam-se cada semana na mesa do santuário, como homenagem das doze
tribos de Israel ao seu Deus e Senhor.
A atitude de Abiatar é a mesma que hoje ensina-nos Jesus: os preceitos da Lei
que tem menos importância cedem diante dos maiores; um preceito cerimonial deve
ceder diante um preceito de lei natural; o preceito do repouso de sábado não
está, então, em cima das elementares necessidades de subsistência. O Concílio
Vaticano II, inspirando-se na perícopa que comentamos e, para recalcar que a
pessoa que está por cima das questões econômicas e sociais, diz: «A ordem
social e seu progressivo desenvolvimento devem subordinar-se em todo momento ao
bem da pessoa, porque a ordem das coisas deve submeter-se à ordem das pessoas
e, não ao contrário. O mesmo Senhor o advertiu quando disse que o sábado tinha
sido feito para o homem e, não o homem para o sábado (cf. Mc 2,24)».
Santo Agostinho disse: «Ama e faz o que queres». O entendemos bem, o ainda a
obsessão por aquilo que é secundário afoga o amor que há de pôr em tudo o que
fazemos? Trabalhar, perdoar, corrigir, ir a missa os domingos, cuidar os
doentes, cumprir os mandamentos..., O fazemos porque devemos ou por amor de
Deus? Tomara que essas considerações ajudem-nos a vivificar todas nossas obras
com o amor que o Senhor pôs nos nossos corações, precisamente para que possamos
lhe amar.
Santo Antonio do Deserto ou Antão do Egito
Antão nasceu em 251 no Egito, em família cristã e abastada. Seus pais morreram quando contava entre 18 e 20 anos, deixando para ele e sua única irmã, bem mais nova, uma certa fortuna material, e outra espiritual muito maior. Entrando numa igreja, ouviu o Evangelho que diz: “Se queres ser perfeito, vende o que tens e dá-o aos pobres, depois vem, segue-me e terás um tesouro no céu” (Mt 19,21). Decidiu então doar os seus bens aos pobres e dedicar-se radicalmente à vida eremítica e ascética, mas reservou algo para garantir o sustento da irmã. Porém, novamente, entrando na igreja, ouviu a passagem: “Não vou preocupeis, pois, com o dia de amanhã. O dia de amanhã terá as suas preocupações próprias. A cada dia basta o seu cuidado”(Mt 6,34). Então doou também esta reserva, e entregou a irmã aos cuidados de virgens conhecidas e de confiança. Era comum aos que procuravam a vida eremítica retirar-se para alguma região isolada próxima da cidade onde habitavam, e assim fez Antão. Procurou contudo aprender sobre este tipo de vida visitando outros ascetas, só voltando para o seu retiro depois de absorver ensinamentos espirituais. Santo Antão foi terrivelmente tentado pelo demônio, que, conforme Santo Atanásio, biógrafo de Antão, não suportava a sua decisão de vida radicalmente santa. Inicialmente o diabo tentou fazê-lo abandonar a vida ascética com a recordação da sua irmã, dos seus bens, da boa mesa e coisas agradáveis da vida, mas nada conseguiu. A seguir foram as tentações do prazer sensual, quando o diabo chegou a aparecer como mulher durante a noite. Antão permaneceu casto, perseverando na oração, jejuns e mortificações; e decidiu mudar-se para os sepulcros de um cemitério próximo à aldeia, numa região, portanto, mais afastada. Ali vários demônios o açoitaram selvagemente numa noite, de modo que Antão ficou no chão, sem fala por causa da dor. Assim o encontrou um parente seu no dia seguinte, ao lhe levar pão, e o transportou para a igreja da aldeia, onde ficou prostrado como morto até a noite seguinte. Antão pediu para ser levado de volta ao sepulcro, e depois de rezar, ainda deitado pela fraqueza, gritou ao diabo que estava de volta, não acovardado com os golpes; os demônios retornaram, agora sob a forma de animais ferozes que o ameaçavam, mas ele debochou deste ataque, afirmando que, se de fato tivessem poder sobre ele, bastaria que viesse um só deles. Então um raio de luz baixou pelo teto sobre Antão, e os demônios sumiram. Antão, já sem dores, levantou-se e rezou, com o corpo mais forte do que antes. Depois disso, ele se retirou para um deserto. Mas sua santidade atraía discípulos, e, muito procurado, internou-se ainda mais no ermo, numa gruta. Ainda assim, formou-se ao seu redor uma comunidade cenobítica, onde cada monge vivia sozinho e isolado, mas em contato e sob a sua direção espiritual. Pela terceira vez, Antão aprofundou-se no deserto, a três dias de caminhada, vivendo completamente só por 18 anos. E novamente vieram discípulos. Então ele compreendeu que a caridade é superior à solidão e à própria oração. De toda a forma, sempre que novos discípulos perguntavam por ele no cenóbio, a resposta era procurar a pessoa mais alegre, sorridente e espontânea do local: austero consigo mesmo, ele era afável com os irmãos. Apesar da busca de vida solitária, Antão nunca deixou de ajudar pessoalmente os demais, quando necessário. Assim, durante a perseguição de Dioclesiano, foi a Alexandria para apoiar a fé dos cristãos e, se necessário, ser martirizado. Aí voltou para combater os arianos, em auxílio do amigo Santo Atanásio, perseguido por estes hereges. Santo Antão faleceu em 17 de janeiro de 356, com 105 anos, e é considerado o pai do monaquismo cristão.(Colaboração: José Duarte de Barros Filho)
Reflexão: Ainda que a vocação particular
de Santo Antão seja incomum, o seu exemplo de radicalidade no seguimento ao
chamado de Deus – qualquer que seja – pode e deve ser seguido. A qualidade de
sua vida é maior do que a quantidade de anos que viveu: se é tão conhecido, e
de fato tem enorme fama no mundo católico, é por causa da virtude da sua
intimidade com Deus, e não por seus escritos, habilidades ou capacidades
pessoais, como afirma Santo Atanásio.
TJL – A12.COM – EVANGELI.NET – ACIDIGITAL.COM
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