O Cardeal Koch acessa a Basílica de São Paulo Fora dos Muros. Foto: Daniel Ibáñez / ACI Prensa Vaticano, 25 jan. 21 / 03:11 pm (ACI).- A Basílica de São Paulo Fora dos Muros, em Roma, acolheu a celebração das segundas Vésperas da Solenidade da conversão do Apóstolo São Paulo. Devido às dores causadas pela ciática, o Papa Francisco não pôde presidir a cerimônia, mas em vez disso, o Cardeal Kurt Koch, Presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, leu a homilia preparada pelo Pontífice. A seguir, o texto completo da homilia do Papa Francisco: «Permanecei no meu amor» (Jo 15, 9). Jesus associa este pedido à imagem da videira e dos ramos, a última que nos dá nos Evangelhos. O próprio Senhor é a videira, a videira «verdadeira» (15, 1), que não atraiçoa as expetativas, mas permanece fiel no amor e nunca falha, apesar dos nossos pecados e divisões. Nesta videira que é Ele, estamos enxertados como ramos todos nós, batizados: quer dizer que só unidos a Jesus é que podemos crescer e dar fruto. Nesta tarde, contemplemos esta unidade indispensável, que tem vários níveis. Pensando na videira, poderíamos imaginar a unidade formada por três círculos concêntricos, como os dum tronco. O primeiro círculo, o mais interno, é o permanecer em Jesus. Daqui parte o caminho de cada um rumo à unidade. Na realidade mutável e complexa de hoje, arrastados daqui e dali, é fácil perder a linha. Muitos sentem-se intimamente divididos, incapazes de encontrar um ponto firme, uma estrutura estável nas circunstâncias variáveis da vida. Jesus indica-nos o segredo da estabilidade: permanecer n’Ele. No texto que escutamos, repete sete vezes este conceito (cf. 15, 4-7.9-10). Sabe que, sem Ele, nada podemos fazer (cf. 15, 5). E mostrou-nos também como fazer, dando-nos o exemplo: cada dia retirava-Se em lugares desertos para orar. Precisamos da oração, como de água, para viver. A oração pessoal, o estar com Jesus, a adoração, é o essencial deste permanecer n’Ele. É o meio para colocar no coração do Senhor tudo aquilo que povoa o nosso coração: esperanças e temores, alegrias e dores. Mas sobretudo, centrados em Jesus na oração, experimentamos o seu amor. E daí recebe vida a nossa existência, como o ramo que toma a seiva do tronco. Esta é a primeira unidade, a nossa integridade pessoal, obra da graça que recebemos permanecendo em Jesus. O segundo círculo é o da unidade com os cristãos. Somos ramos da mesma videira, somos vasos comunicantes: o bem e o mal que realiza cada um reverte-se sobre os outros. Além disso, na vida espiritual, vigora uma espécie da «lei da dinâmica»: na medida em que permanecemos em Deus, aproximamo-nos dos outros e, na medida em que nos aproximamos dos outros, permanecemos em Deus. Significa que, se invocarmos Deus em espírito e verdade, daí brota a exigência de amar os outros e, vice-versa, «se nos amarmos uns aos outros, Deus permanece em nós» (1 Jo 4, 12). A oração só pode levar ao amor, caso contrário é vão ritualismo. Com efeito, não é possível encontrar Jesus sem o seu Corpo, composto de muitos membros, tantos quantos são os batizados. Se a nossa adoração for genuína, cresceremos no amor por todos aqueles que seguem Jesus, independentemente da comunhão cristã a que pertençam, porque, mesmo se não são «dos nossos», são d’Ele. Constatamos, porém, que amar os irmãos não é fácil, porque apresentam-se imediatamente os seus defeitos e as suas faltas, e voltam à mente as feridas do passado. Aqui vem em nosso auxílio a ação do Pai que, como sábio agricultor (cf. Jo 15, 1), sabe bem o que fazer: «Ele corta todo o ramo que não dá fruto em Mim e poda o que dá fruto, para que dê mais fruto ainda» (Jo 15, 2). O Pai corta e poda. Porquê? Porque, para amar, precisamos de ser despojados daquilo que nos extravia e nos faz debruçar sobre nós mesmos, impedindo-nos de dar fruto. Por isso peçamos ao Pai para cortar em nós os preconceitos contra os outros e os apegos mundanos que impedem a plena unidade com todos os seus filhos. Assim, purificados no amor, saberemos colocar em segundo plano os empecilhos terrenos e os obstáculos doutrora, que hoje nos desviam do Evangelho. O terceiro círculo da unidade, o mais largo, é a humanidade inteira. Neste âmbito, podemos refletir sobre a ação do Espírito Santo. Na videira que é Cristo, Ele é a seiva que chega a todas as partes. Mas o Espírito sopra onde quer, e por todo o lado quer reconduzir à unidade. Leva-nos a amar não só àqueles que nos amam e pensam como nós, mas a todos, como Jesus nos ensinou. Torna-nos capazes de perdoar aos inimigos, e as injustiças sofridas. Impele-nos a ser ativos e criativos no amor. Lembra-nos que o próximo não é só quem partilha os nossos valores e ideias, mas que somos chamados a fazer-nos próximo de todos, bons Samaritanos duma humanidade vulnerável, pobre e sofredora – hoje, tão sofredora –, que jaz por terra nas estradas do mundo e que Deus, na sua compaixão, deseja levantar. O Espírito Santo, autor da graça, ajuda-nos a viver na gratuidade, a amar mesmo quem não nos retribui, porque é no amor puro e desinteressado que o Evangelho dá fruto. É pelos frutos que se reconhece a árvore: pelo amor gratuito, se reconhece se pertencemos à videira de Jesus. O Espírito Santo ensina-nos, assim, o amor concreto por todos os irmãos e irmãs com quem partilhamos a mesma humanidade, aquela humanidade que Cristo uniu inseparavelmente a Si, dizendo-nos que O encontraremos sempre nos mais pobres e necessitados (cf. Mt 25, 31-45). Servindo-os juntos, descobrir-nos-emos irmãos e cresceremos na unidade. O Espírito, que renova a face da terra, exorta-nos também a cuidar da nossa casa comum, a fazer opções ousadas no modo como vivemos e consumimos, porque o contrário de dar fruto é a exploração, e é indigno desperdiçar os preciosos recursos de que muitos estão privados. Nesta tarde o próprio Espírito, artífice do caminho ecuménico, levou-nos a rezar juntos. E ao mesmo tempo que experimentamos a unidade que deriva de nos dirigirmos a Deus com uma só voz, desejo agradecer a todos aqueles que rezaram nesta Semana e continuarão a rezar pela unidade dos cristãos. Dirijo a minha saudação fraterna aos representantes das Igrejas e Comunidades eclesiais aqui reunidos: aos jovens ortodoxos e ortodoxos orientais que estudam em Roma com o apoio do Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos; aos professores e alunos do Instituto Ecuménico de Bossey, que deveriam ter vindo a Roma como nos anos anteriores, mas não puderam por causa da pandemia e acompanham-nos através dos mass-media. Queridos irmãos e irmãs, permaneçamos unidos em Cristo! Que o Espírito Santo, derramado nos nossos corações, nos faça sentir filhos do Pai, irmãos e irmãs entre nós, irmãos e irmãs na única família humana. Que a Santíssima Trindade, comunhão de amor, nos faça crescer na unidade.
Nisso chegaram a mãe e
os irmãos de Jesus. Ficaram do lado de fora e mandaram chamá-lo. Ao seu redor
estava sentada muita gente. Disseram-lhe: «Tua mãe e teus irmãos e irmãs estão
lá fora e te procuram». Ele respondeu: «Quem é minha mãe? Quem são meus
irmãos?». E passando o olhar sobre os que estavam sentados ao seu redor, disse:
«Eis minha mãe e meus irmãos! Quem faz a vontade de Deus, esse é meu irmão,
minha irmã e minha mãe». Palavras
de vida eterna.
«Eis minha mãe e meus irmãos! Quem faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe» - Rev. D. Josep GASSÓ i Lécera(Ripollet, Barcelona, Espanha)
Hoje contemplamos Jesus —numa
cena muito especial e, também, comprometedora— ao seu redor havia uma multidão
de pessoas do povoado. Os familiares mais próximos de Jesus chegaram desde
Nazaré a Cafarnaum. Mas, quando viram tanta quantidade de gente, permaneceram
do lado de fora e mandaram chamá-lo. Disseram-lhe: «Tua mãe e teus irmãos e
irmãs estão lá fora e te procuram» (Mc 3,32).
Na resposta de Jesus, como veremos, não há nenhum motivo para rechaçar os seus
familiares. Jesus tinha se afastado deles para seguir o chamado divino e mostra
agora que também internamente renunciou a eles: não por frialdade de
sentimentos ou por menosprezo dos vínculos familiares, senão porque pertence
completamente a Deus Pai. Jesus Cristo fez Ele mesmo, pessoalmente, aquilo que
justamente pede aos seus discípulos.
Em vez da sua família da terra, Jesus escolheu uma família espiritual. Passando
um olhar sobre os que estavam sentados ao seu redor, disse-lhes: «Eis minha mãe
e meus irmãos. Quem faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha
mãe». (Mc 3, 34-35). São Marcos, em outros lugares do seu Evangelho, refere
outro dos olhares de Jesus ao seu redor.
Será que Jesus quer nos dizer que só são seus parentes os que escutam com
atenção sua palavra? Não! Não são seus parentes aqueles que escutam sua
palavra, senão aqueles que escutam e cumprem a vontade de Deus: esses são seu
irmão, sua irmã, sua mãe.
Jesus faz uma exortação a aqueles que estão ali sentados —e a todos— a entrar
em comunhão com Ele através do cumprimento da vontade divina. Mas, vemos,
também, na suas palavras uma louvação a sua mãe, Maria, a sempre bem-aventurada
por ter acreditado.
Depois de celebrar a memória da conversão de São Paulo, a Igreja honra Timóteo, missionário que percorreu muitas comunidades junto com o grande apóstolo cristão. Timóteo era o "braço direito" do apóstolo Paulo, seu grande amigo e companheiro, sendo considerado, ao lado do mestre, como o primeiro e corajoso pregador do cristianismo. Era tão querido por Paulo que este confiava missões exclusivas a ele, mandando-o como seu representante. Timóteo nasceu em Listra, Ásia. Seu pai era grego e pagão, a mãe se chamava Eunice e era judia. Foi educado dentro do judaísmo. Converteu-se aos vinte anos e nunca mais abandonou a fé cristã e a vida missionária. Fiel colaborador de Paulo, o acompanhou em suas viagens a Filipos, Tessalônica, Atenas, Corinto, Éfeso e Roma. Às vezes ia sozinho, como para Corinto, sendo recomendado por Paulo: "Estou lhes mandando Timóteo, meu filho dileto e fiel no Senhor: manterá em suas memórias os caminhos que lhes ensinei". Por volta do ano 66, Timóteo era o bispo de Éfeso e, com este cargo, foi nomeado pelo apóstolo para liderar a Igreja da Ásia Menor. Faleceu no ano 97. -Colaboração: Padre Evaldo César de Souza, CSsR
Reflexão: Ser apóstolo é dedicar a vida, palavras e ações,
para espalhar a palavra de Jesus a todas as pessoas. Que Deus inspire-nos para
o apostolado fecundo e que nosso testemunho seja motivação para que mais
pessoas reconheçam a graça de Deus atuando em nossas vidas.
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