-Imagem ilustrativa de Frei Fábio Melo Vasconcelos
Oração:
Senhor
Deus e Pai, vossa bondade supera todas nossas expectativas. Sua graça nos
concede muito mais do que precisamos. Fica sempre conosco e dai-nos, pela
intercessão de santa Balbina, a coragem de enfrentar todas as adversidades do
dia-a-dia. Por Cristo nosso Senhor. Amém!
Evangelho (Mt 26,14-25):
Um dos doze, chamado Judas Iscariotes, foi
ter com os sumos sacerdotes e disse: «Que me dareis se eu vos entregar Jesus?».
Combinaram trinta moedas de prata. E daí em diante, ele procurava uma
oportunidade para entregá-lo.
No primeiro dia dos Pães sem fermento, os discípulos aproximaram-se de Jesus e
perguntaram: «Onde queres que façamos os preparativos para comeres a páscoa?».
Jesus respondeu: «Ide à cidade, procurai certo homem e dizei-lhe: ‘O Mestre
manda dizer: o meu tempo está próximo, vou celebrar a ceia pascal em tua casa,
junto com meus discípulos’». Os discípulos fizeram como Jesus mandou e
prepararam a ceia pascal.
Ao anoitecer, Jesus se pôs à mesa com os Doze. Enquanto comiam, ele disse: «Em
verdade vos digo, um de vós me vai entregar». Eles ficaram muito tristes e, um
por um, começaram a perguntar-lhe: «Acaso sou eu, Senhor?». Ele respondeu:
«Aquele que se serviu comigo do prato é que vai me entregar. O Filho do Homem
se vai, conforme está escrito a seu respeito. Ai, porém, daquele por quem o
Filho do Homem é entregue! Melhor seria que tal homem nunca tivesse nascido!».
Então Judas, o traidor, perguntou: «Mestre, serei eu?». Jesus lhe respondeu:
«Tu o dizes».
«Em verdade vos digo, um de vós me vai entregar» - P. Raimondo M. SORGIA Mannai OP(San Domenico di Fiesole, Florencia, Italia)
Hoje, o Evangelho nos propõe —pelo menos— três
considerações. A primeira é que, quando o amor ao Senhor se esfria, então a
vontade cede a outros reclamos, onde a voluptuosidade parece oferecer-nos os
pratos mais saborosos mas, na realidade, condimentados por degradantes e
inquietantes venenos. Dada a nossa nativa fragilidade, não devemos permitir que
o fogo do fervor diminua, que, se não sensível, pelo menos mental, nos une a
Aquele que nos tem amado ao ponto de oferecer sua vida por nós.
A segunda consideração refere-se à misteriosa escolha do lugar donde Jesus quer
consumir sua ceia Pascal. «Jesus respondeu: “Ide à cidade, procurai certo homem
e dizei-lhe: ‘O Mestre manda dizer: o meu tempo está próximo, vou celebrar a
ceia Pascal em tua casa, junto com meus discípulos’» (Mt 26,18). O dono da
casa, talvez, não fosse um dos amigos declarados do Senhor; mas devia ter o
ouvido atento para escutar o chamado “interior”. O Senhor lhe teria falado intimamente
—como freqüentemente nos fala—, a través de mil incentivos para que lhe abrisse
a porta. Sua fantasia e sua onipotência, suportes do amor infinito com o qual
nos ama, não conhecem fronteiras e se expressam de modo sempre apto a cada
situação pessoal. Quando escutemos o chamado devemos “render-nos”, deixando à
parte as sutilezas e aceitando com alegria esse “mensageiro libertador”. É como
se alguém estivesse se apresentado à porta do cárcere e nos convida a segui-lo,
como fez o Anjo com Pedro dizendo-lhe: « Levanta-te depressa! As correntes
caíram-lhe das mãos» (Ats 12,7).
O terceiro motivo de meditação nos oferece o traidor que tenta esconder seu
crime ante a presença examinadora do Onisciente. O próprio Adão já tinha
tentado, depois, seu filho fratricida Caim, embora, inutilmente. Antes de ser
nosso perfeito Juiz, Deus se apresenta como pai e mãe, que não se rende ante a
idéia de perder a um filho. A Jesus lhe dói o coração não tanto por ter sido
traído, mas por ver a um filho distanciar-se irremediavelmente Dele.
Apesar de poucas certezas sobre a vida de Santa Balbina, seu nome é venerado em uma antiquíssima igreja na via Ápia, nas proximidades de Roma. Também temos um cemitério que leva seu nome, supostamente o local onde Balbina foi enterrada. É venerada como mártir, mas destaca-se sua consagração a Deus pela virgindade e sua perseverança de servir a Cristo. Diz a história que Balbina, filha do militar Quirino, foi curada milagrosamente pelo papa e mártir são Adriano, que estava na prisão. Este fato levou a família de Balbina à conversão e todos foram batizados. Balbina, por sua vez, ofereceu a Deus virgindade perpétua. Seu pai, Quirino, também recebeu a coroa do martírio. Sua vida era muito representada no teatro medieval, o que causa certa confusão histórica, uma vez que a arte mistura muito realidade e ficção. Mas é pelo teatro que ficamos sabendo do martírio de Balbina e de sua consagração. Dizem as histórias sobre santa Balbina, que muitos jovens quiseram desposá-la, mas sua firmeza de caráter a manteve fiel ao seu voto de castidade. Balbina sofreu o martírio sob o imperador Adriano II. Viveu santamente e recebeu a glória de ter o nome marcado na história da igreja. - Colaboração: Padre Evaldo César de Souza, CSsR.
Reflexão:
A vida cristã é marcada pelo compromisso com a
pregação do Reino de Deus. Jesus nos convidou a falar do Reino, mas também
exigiu que testemunhássemos, através de obras concretas, nossa fé neste Reino
vindouro. A vida de santa Balbina entrou para a história porque ela soube
conjugar fé e obras, chegando ao extremo gesto de confiança em Cristo pelo
testemunho do martírio. Sua consagração a Deus foi plena e vivida em total
liberdade. Muitas vezes somos inconstantes em assumir nossa vocação,
desconfiando do amor de Deus e de que Ele nos concede as forças necessárias
para bem viver. Que tal confiar mais na providência de Deus?
O novo rosto de Deus(José Antonio Pagola)
Os discípulos de Jesus já não são mais os mesmos. O encontro com
Jesus, cheio de vida, depois de sua execução, transformou-os totalmente. Eles
começaram a vê-lo de maneira nova. Deus era o ressuscitador de Jesus. De pronto
tiraram as consequências.
Deus é amigo da vida. Agora não restava mais nenhuma dúvida. O
que Jesus havia dito era verdade: “Deus não é um Deus dos mortos, mas dos
vivos”. Os humanos poderão destruir a vida de mil maneiras, mas, se Deus
ressuscitou Jesus, isto significa que Ele só quer a vida para seus filhos. Não
estamos sós nem perdidos diante da morte. Podemos contar com um Pai que, acima
de tudo, inclusive acima da morte, quer ver-nos cheios de vida. Daí em diante
só há uma maneira cristã de viver que assim se resume: trazer vida onde outros
trazem morte.
Deus é dos pobres. Jesus o havia dito de muitas maneiras, mas
não era fácil acreditar nele. Agora é diferente. Se Deus ressuscitou Jesus,
quer dizer que é verdade: “Felizes os pobres, porque têm a Deus”. A última
palavra não é de Tibério nem de Pilatos, a última decisão não é de Caifás nem
de Anás. Deus é o último defensor dos que não interessam a ninguém. Só existe
uma maneira de parecer-se com Ele: defender os pequenos e indefesos.
Deus ressuscita os crucificados. Deus reagiu diante da injustiça
criminal daqueles que crucificaram Jesus. Se Ele o ressuscitou, é porque quer
introduzir justiça diante de tanto abuso e crueldade que se comete no mundo.
Deus não está do lado dos que crucificam, está com os crucificados. Só há uma
maneira de imitá-lo: estar sempre junto dos que sofrem, lutar sempre contra os
que fazem sofrer.
Deus secará nossas lágrimas. Deus ressuscitou Jesus. O rejeitado
por todos foi acolhido por Deus. O desprezado foi glorificado. O morto está
mais vivo do que nunca. Agora sabemos como é Deus. Um dia Ele “enxugará todas
as nossas lágrimas, e não haverá mais morte, não haverá gritos nem fadigas.
Tudo isto terá passado”.
TJL – ACIDIGITAL.COM – A12.COM – EVANGELI.NET
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