As
relíquias da cruz de Jesus, uma peregrinação de séculos entre fé e arqueologia
Entre as relíquias da Paixão não
é raro encontrar as dos fragmentos da Cruz. A descoberta de Elena, mãe de
Constantino, suscitou enorme ressonância na época, contada por fontes
hagiográficas e pela arte. A cruz foi dividida em três pedaços que foram levados
às cidades mais importantes: Jerusalém, Constantinopla e Roma, sendo mais tarde
subdividida para a adoração dos fiéis de todo o mundo cristão.
Evangelho
segundo São Mateus 21,33-43.45-46.
Naquele tempo, disse Jesus aos
príncipes dos sacerdotes e aos anciãos do povo: «Ouvi outra parábola. Havia um
proprietário que plantou uma vinha, cercou-a com uma sebe, cavou nela um lagar
e levantou uma torre; depois, arrendou-a a uns vinhateiros e partiu para longe.
Quando chegou a época das colheitas, mandou os seus servos aos vinhateiros para
receber os frutos.
Os vinhateiros, porém, lançando mão dos servos, espancaram um, mataram outro, e
a outro apedrejaram-no.
Tornou ele a mandar outros servos, em maior número que os primeiros, e eles
trataram-nos do mesmo modo.
Por fim, mandou-lhes o seu próprio filho, pensando: "Respeitarão o meu
filho".
Mas os vinhateiros, ao verem o filho, disseram entre si: "Este é o
herdeiro; vamos matá-lo e ficaremos com a sua herança".
Agarraram-no, levaram-no para fora da vinha e mataram-no.
Quando vier o dono da vinha, que fará àqueles vinhateiros?».
Os príncipes dos sacerdotes e os anciãos do povo responderam-Lhe: «Mandará
matar sem piedade esses malvados e arrendará a vinha a outros vinhateiros, que
lhe entreguem os frutos a seu tempo».
Disse-lhes Jesus: «Nunca lestes na Escritura: "A pedra rejeitada pelos
construtores tornou-se a pedra angular; tudo isto veio do Senhor e é admirável
aos nossos olhos"?
Por isso vos digo: ser-vos-á tirado o Reino de Deus e dado a um povo que
produza os seus frutos».
Ao ouvirem as parábolas de Jesus, os príncipes dos sacerdotes e os fariseus
compreenderam que falava deles
e queriam prendê-lo; mas tiveram medo do povo, que O considerava profeta. (Tradução
litúrgica da Bíblia)
São Boaventura (1221-1274) - franciscano, doutor da Igreja - A videira mística, cap. 3.º, §§ 5-10
«Agarraram-no,
levaram-no para fora da vinha e mataram-no»
«Eu sou a videira verdadeira», diz
Jesus (Jo 15,1). […] Cavamos trincheiras ao redor desta vinha, cavamos
armadilhas secretas. Ao conspirar para fazer alguém cair numa armadilha, é como
se abríssemos um buraco na sua frente. Por isso, Ele lamenta-Se: «Cavaram uma
cova diante de mim» (Sl 56,7). […] Eis um exemplo dessas armadilhas: «Trouxeram
uma mulher apanhada em adultério» ao Senhor Jesus, «dizendo: “Moisés mandou-nos
apedrejar tais mulheres. E Tu, que dizes?”» (Jo 8,3ss). […] E outro: «É lícito
ou não pagar tributo a César?» (Mt 22,17) […] Mas descobriram que estas ciladas
não eram prejudiciais à videira; pelo contrário, cavando tais covas, foram eles
próprios que caíram dentro delas (cf Sl 56,7). […] Então, avançaram mais um
passo: não só Lhe prenderam as mãos e os pés (cf Sl 21,17), como Lhe perfuraram
o lado com uma lança (cf Jo 19,34), pondo a descoberto o interior desse coração
santíssimo, que já tinha sido ferido pela lança do amor. No seu cântico de
amor, o Esposo diz: «Feriste-me o coração, irmã, minha esposa» (Cant 4,9 Vulg).
Senhor Jesus, o teu coração foi ferido de amor pela tua esposa, tua amiga, tua
irmã. Era necessário que fosses ainda ferido pelos teus inimigos? O que fazeis
vós, inimigos? […] Não sabeis que esse coração do Senhor Jesus já está morto,
já foi aberto, já não pode ser sofrer mais? O coração do Esposo, do Senhor
Jesus, já recebeu a ferida do amor, a morte do amor. Que outra morte poderia
ele sofrer? […] Os mártires também se riem quando são ameaçados, alegram-se
quando são atingidos, triunfam quando são mortos. Porquê? Porque já estão
mortos de amor em seu coração, «mortos para o pecado» (Rom 6,2) e para o mundo.
[…] O coração de Jesus foi portanto ferido e morto por nós […]; a morte física
triunfou por momentos, mas para ser vencida para sempre. Foi destruída quando
Cristo ressuscitou dos mortos, porque «a morte já não tem domínio sobre Ele»
(Rom 6,9).
O Santo deste dia foi um excelente Papa da Igreja Católica, num período difícil da história da Igreja, pois ocorria a queda do Império Romano. São Simplício liderou o rebanho de Cristo do ano de 468 a 483. Simplício viveu num período em que toda a Roma e toda a Itália foram invadidas por vários povos bárbaros: visigodos, hunos, vândalos. Nosso santo foi elevado à Cátedra de Pedro e como Papa viu a ruína do Império, mas experimentou a assistência do Espírito Santo contra as heresias que invadiam o mundo cristão: Nestorianismo, que dizia ser o Cristo Homem diferente do Cristo Deus e o Monofisismo, que pregava duas naturezas do Cristo, onde a divina suprimia a humana. Com a queda do Império Romano em 476, Roma tornou-se a cidade dos Papas. Em meio aos conflitos dos bárbaros por causa do poder, foram os Papas as autoridades máximas no campo moral e jurídico, promovendo a paz e a justiça. Por fim, São Simplício faleceu no ano de 483, na cidade de Roma. Ele soube conciliar a luta diária no interno e externo da Igreja militante e entrou vitorioso na Igreja Triunfante.(Colaboração: Padre Evaldo César de Souza, C.Ss.R.)
Reflexão: Nos momentos de dificuldades nós sentimos de perto o quanto é importante
a união com Jesus Cristo. São Simplício viveu num momento histórico conturbado,
mas nunca perdeu a esperança de que as coisas seriam melhores. Manteve uma fé
firme e procurou realizar em tudo o desejo de Cristo, promovendo a paz e a
reconciliação dos povos. Que Deus atenda os nossos pedidos nos momentos de
dificuldades, e que, quando estivermos em paz saibamos elevar a voz e o coração
em agradecimento.
TJL – A12.COM – EVANGELI.NET – ACIDIGITAL.COM
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