Na consagração ao Imaculado Coração de Maria a
esperança da paz
A 25 de março de 2022, foi em ligação especial com o Santuário de Fátima que, em Roma, na Basílica de S. Pedro, o Papa consagrou a humanidade ao Imaculado Coração de Maria. Recordamos todas as palavras de Francisco.(Rui Saraiva – Portugal) No Santuário de Fátima, em representação do Papa Francisco, esteve o cardeal Konrad Krajewski para um momento especial de oração mundial. No regresso da guerra à Europa na invasão da Rússia à Ucrânia, o Santo Padre consagrou estes países e toda a humanidade ao Imaculado Coração de Maria. Passado um ano recordamos aqui todas as palavras de Francisco em jeito de prece contínua na esperança da paz.
Oração:
Senhor Deus, Pai que educais e salvais,
providenciando sempre a direção da Vossa Igreja, concedei-nos por intercessão
de São Turíbio de Mongrovejo a graça da firmeza no Vosso serviço, vencendo pela
caridade e verdadeiro interesse pelo Bem do próximo quaisquer terrenos desta
nossa viagem temporária de peregrinação e missão, e que, especialmente, o seu
santo exemplo de conquistar novos continentes para Cristo seja seguido por todo
o clero, a começar do episcopado no mundo inteiro. Por Nosso Senhor Jesus
Cristo, Vosso Filho Rei do mundo, e Nossa Senhora de Guadalupe, Padroeira das
Américas. Amém.
Evangelho (Jo 5,31-47):
«Se eu dou testemunho de mim mesmo, o meu
testemunho não é verdadeiro. Um outro é quem dá testemunho de mim, e eu sei que
o testemunho que ele dá de mim é verdadeiro. Vós mandastes perguntar a João, e
ele deu testemunho da verdade. Ora, eu não recebo testemunho da parte de um ser
humano, mas digo isso para a vossa salvação. João era a lâmpada que iluminava
com sua chama ardente, e vós gostastes, por um tempo, de alegrar-vos com a sua
luz. Mas eu tenho um testemunho maior que o de João: as obras que o Pai me
concedeu realizar. As obras que eu faço dão testemunho de mim, pois mostram que
o Pai me enviou. Sim, o Pai que me enviou dá testemunho a meu favor. Mas vós
nunca ouvistes a sua voz, nem vistes a sua face, e não tendes a sua palavra
morando em vós, pois não acreditais naquele que ele enviou.
»Examinais as Escrituras, pensando ter nelas a vida eterna, e são elas que dão testemunho
de mim. Vós, porém, não quereis vir a mim para terdes a vida! Eu não recebo
glória que venha dos homens. Pelo contrário, eu vos conheço: não tendes em vós
o amor de Deus.
»Eu vim em nome do meu Pai, e vós não me recebeis. Mas, se um outro viesse em
seu próprio nome, a esse receberíeis. Como podereis acreditar, vós que recebeis
glória uns dos outros e não buscais a glória que vem do Deus único? Não penseis
que eu vos acusarei diante do Pai. Há alguém que vos acusa: Moisés, no qual
colocais a vossa esperança. Se acreditásseis em Moisés, também acreditaríeis em
mim, pois foi a meu respeito que ele escreveu. Mas, se não acreditais nos seus
escritos, como podereis crer nas minhas palavras?».
«Se eu dou testemunho de mim mesmo, o meu testemunho não é verdadeiro» - Rev. D. Miquel MASATS i Roca(Girona, Espanha)
Hoje, o Evangelho ensina-nos como Jesus enfrenta a
seguinte objeção: segundo a lei em Dt 19,15, para que um testemunho tivesse
valor, era necessário que fosse corroborado por duas ou três testemunhas. Jesus
alega a seu favor o testemunho de São João Batista, o testemunho do Pai —que se
manifesta nos milagres operados por Ele— e, finalmente, o testemunho das
Escrituras.
Jesus Cristo repreende os que O escutam, denunciando três impedimentos ao Seu
reconhecimento como o Messias Filho de Deus: a falta de amor a Deus; a ausência
de reta intenção —buscam só a gloria humana— e a interpretação interesseira das
Escrituras.
O Santo Padre João Paulo II escreveu-nos: «À contemplação do rosto de Cristo,
só se pode chegar escutando no Espírito a voz do Pai, ninguém conhece o Filho,
senão o Pai, e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho o
quiser revelar. (cf. Mt 11,27). Assim, portanto, é necessária a revelação do
Altíssimo. Mas, para acolhê-la, é indispensável colocar-se em atitude de
escuta».
Portanto há que ter em conta que, para confessar Jesus Cristo como verdadeiro
Filho de Deus, não bastam as provas externas que nos sejam propostas; é muito
importante a retidão da vontade, ou seja, as boas disposições.
Neste tempo de Quaresma, intensificando as obras de penitência que facilitam a
renovação interior, melhoremos as nossas disposições para contemplar o
verdadeiro rosto de Cristo. Por isso, São Josemaria diz-nos: «Esse Cristo, que
tu vês, não é Jesus. —Será, contudo, a triste imagem que os teus olhos turvos
podem formar...—Purifica-te. Torna claro o teu olhar, com a humildade e com a
penitência. Então... não te faltarão as luzes limpas do Amor. E terás uma visão
perfeita. A tua imagem será então, realmente, a Sua: Ele!»
Turíbio Alfonso de Mongrovejo nasceu em Maiorca, Espanha, em 1538, numa nobre e rica família. Estudou em várias cidades, Valadolid, Santiago de Compostela, Salamanca, Oviedo, e na Universidade de Coimbra. Advogado e doutor em Direito Canônico, foi nomeado juiz supremo do Tribunal da Santa Inquisição em Granada. Lecionava na Universidade de Salamanca, quando Felipe II, rei da Espanha, ciente das suas qualidades, solicitou ao Papa Gregório XIII que o nomeasse arcebispo da América Espanhola – na época, a escolha para o episcopado era diferente do modo atual. Turíbio, após um discernimento, aceitou, e recebeu de uma vez todas as ordens eclesiásticas, para em 1581, aos 41 anos, ser enviado para a Ciudad de los Reyes, atual Lima, capital do Peru. Turíbio lá encontrou uma situação de miséria espiritual, moral, cultural, material e humana dos povos indígenas, pois os descendentes dos conquistadores, abusando dos seus privilégios e governando de fato ao invés do Vice-Rei, exploravam as populações locais; ao mesmo tempo, o clero era fraco e submisso a eles. O bispo então iniciou um trabalho de recuperação do clero, dando o exemplo de rica vida espiritual com oração e meditação, restaurando a disciplina e obrigando os sacerdotes a se instruírem. Também nisto deu exemplo, aprendendo as línguas locais, Quéchua e Aymara, de modo a comunicar a Igreja com os índios. Com isso, em tempo foi possível publicar o Catecismo da Igreja Católica nas línguas indígenas, o primeiro na América do Sul, além do Espanhol. Construiu igrejas e escolas, e em 1591 fundou o primeiro Seminário da América Latina. Enfrentou a arbitrariedade dos colonizadores, defendendo os índios, que passaram a venerá-lo. Dos 25 anos de episcopado, 17 foram dedicados a viagens missionárias a pé ou a cavalo num vastíssimo território, até mesmo além das fronteiras peruanas, por cerca de 40 mil quilômetros, numa das geografias mais acidentadas do mundo, desde as neves dos Andes até os desertos à beira do Pacífico. Segundo seus próprios cálculos, Turíbio chegou a crismar pessoalmente 90 mil fiéis, incluindo três futuros Santos: São Martinho de Porres, São Francisco Solano e Santa Rosa de Lima. Acudiu os peruanos quando a peste se abateu sobre o país. São Turíbio criou também centenas de paróquias, e organizou 13 sínodos entre diocesanos e provinciais, e um Concílio pan-americano. Estes encontros formaram a estrutura legal e organizacional da Igreja Católica da América Espanhola, que dura até hoje. O Sínodo Provincial de Lima em 1582 se destacou historicamente, sendo comparado em importância ao Concílio de Trento. Conta-se que nesta ocasião o bispo desafiou os colonizadores, que se presumiam muito inteligentes, a aprenderem a língua indígena, ao que todos eles se calaram. A necessária implantação das diretrizes do Concílio de Trento o colocaram seguidamente em confronto com vice-reis, com o Conselho das Índias e com o próprio rei, aferrados às ingerências do poder civil na Igreja. Adoentado, com 68 anos, faleceu na cidade de Sanã, deixando seus pertences e tudo o mais que possuía, incluindo as roupas do corpo, para os pobres e os que trabalhavam para ele. Fez questão de receber o viático, isto é, a última Eucaristia em preparação para a morte, numa Capelinha indígena. Faleceu no dia 23 de março de 1606, numa Quinta-Feira Santa. São Turíbio de Mongrovejo é um dos maiores apóstolos da América Latina e da história da Igreja. Apóstolo e Padroeiro do Peru, é igualmente padroeiro do episcopado latino-americano.(Colaboração: José Duarte de Barros Filho)
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