O papa Francisco saúda os fiéis na Audiência Geral / Daniel Ibáñez (ACI
Prensa)
Vaticano, 29 Mar. 23 / 10:24 am (ACI).- “O católico verdadeiro, o cristão verdadeiro é aquele que recebe Jesus dentro, que muda o coração”, disse o papa Francisco na Audiência Geral de hoje (29). “Se um de nós disser: ‘Ah, obrigado Senhor, porque sou uma pessoa bondosa, pratico coisas boas, não cometo grandes pecados...’: este não é um bom caminho, é uma estrada de autossuficiência, é um caminho que não te justifica, faz de ti um católico elegante, mas um católico elegante não é um católico santo, é elegante”, disse Francisco.Diante dos fiéis reunidos na praça de São Pedro, o papa continuou seu ciclo catequético sobre o zelo apostólico e propôs o apóstolo Paulo como exemplo da “paixão pela evangelização”. O papa recordou que são Paulo quis “destruir a Igreja”, mas depois a “construiu”. Segundo Francisco, esta mudança não se deveu a “uma mera ideia ou convicção”, mas “foi o encontro com o Senhor ressuscitado que transformou todo o seu ser”. "Paulo estava apaixonado por Jesus", disse. "A humanidade de Paulo, a sua paixão por Deus e a sua glória não foi aniquilada, mas transformada, ‘convertida’ pelo Espírito Santo". O Espírito Santo é “o único que pode mudar os nossos corações”. "O que muda tudo não é uma ideia, mas a verdadeira vida", disse o papa. Ele citou as palavras de são Paulo: “Se alguém está em Cristo, é uma criação; passou o que era velho; eis que tudo se fez novo” (2 Co 5, 17). A paixão pelo Evangelho, continuou o papa, "não é uma questão de compreensão ou de estudos", mas "significa antes passar por aquela mesma experiência de ‘queda e ressurreição’ que Saulo/Paulo viveu e que está na origem da transfiguração do seu impulso apostólico”. Para o papa, os estudos são importantes, mas é o encontro com Cristo, que muda por dentro, que faz de você "uma nova pessoa". “Tornar-se cristão não é uma maquiagem que te muda o rosto, não! Se fores cristão muda-te o coração, mas se fores cristão de aparência, não está bem... cristão de maquiagem não serve. A verdadeira mudança é do coração”. Francisco exortou os fiéis a se perguntarem: “o que significa Jesus para mim? Deixei-o entrar no coração? Deixei-me mudar por Ele? Ou Jesus é apenas uma ideia, uma teologia que prossegue?” Por último, disse que "quando alguém encontra Jesus sente o fogo e como Paulo deve pregar Jesus, deve falar de Jesus, deve ajudar as pessoas, deve praticar o bem.". “Quando alguém encontra a ideia de Jesus permanece um ideólogo do cristianismo e isto não salva, só Jesus nos salva, se tu o encontraste e lhe abriste a porta do coração. A ideia de Jesus não te salva”, concluiu.
Oração: Senhor, que nos destes os Mandamentos para a salvação, concedei-nos pela intercessão de São João Clímaco seguirmos em profundidade a altura dos Sacramentos, necessários para conseguirmos cumprir as Vossas leis, pois é no paradoxo de imitar o Vosso abaixamento grandioso até nós que seremos elevados à humildade que salva; quem mais dá é quem mais recebe, é rejeitando as riquezas do mundo que teremos um tesouro nos Céus, é servindo que reinaremos, por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.
Evangelho (Jo 8,51-59)
«Em
verdade, em verdade, vos digo: se alguém guardar a minha palavra, nunca verá a
morte». Os judeus então disseram: «Agora estamos certos de que tens um demônio.
Abraão morreu, e os profetas também, e tu dizes: ‘Se alguém guardar a minha
palavra, jamais provará a morte’. Porventura és maior do que nosso pai Abraão,
que morreu? E também os profetas morreram. Quem tens a pretensão de ser?».
Jesus respondeu: «Se eu me glorificasse a mim mesmo, minha glória não valeria
nada. Meu Pai é quem me glorifica, aquele que dizeis ser vosso Deus. No
entanto, vós não o conheceis. Mas eu o conheço; e se dissesse que não o
conheço, eu seria um mentiroso como vós. Mas eu o conheço e observo a sua
palavra. Vosso pai Abraão exultou por ver o meu dia. Ele viu e se alegrou». Os
judeus disseram-lhe então: «Ainda não tens cinquenta anos, e viste Abraão?».
Jesus respondeu: «Em verdade, em verdade, vos digo: antes que Abraão existisse,
Eu Sou». Então, pegaram pedras para o apedrejar; mas Jesus escondeu-se e saiu
do templo.
«Vosso pai Abraão exultou por ver o meu dia. Ele viu e se alegrou»
Rev. D. Enric CASES i Martín(Barcelona, Espanha)
Hoje João
situa-nos diante de uma manifestação de Jesus no Templo. O salvador revela um
fato desconhecido para os judeus: que Abraão viu e se alegrou ao contemplar o
dia de Jesus. Todos sabiam que Deus tinha feito uma aliança com Abraão,
assegurando-lhe grandes promessas de salvação para a sua descendência. No
entanto, desconheciam até que ponto chegava a luz de Deus. Cristo revela-lhes
que Abraão viu o Messias no dia em de Yahvé, ao qual chama meu dia.
Nesta revelação Jesus mostra-se possuindo a visão eterna de Deus. Mas,
sobretudo manifesta-se como alguém preexistente e presente no tempo de Abraão.
Pouco depois, no calor da discussão, quando alegam que ainda nem tem cinquenta
anos, diz-lhes: «Em verdade, em verdade, vos digo: antes que Abraão existisse, eu
sou» (Jo 8,58) É uma declaração notória da sua divindade, podiam entendê-la
perfeitamente, e também tinham podido crer se tivessem conhecido melhor o Pai.
A expressão “Eu sou” é parte do tetragrama santo Yahvé, revelado no monte
Sinai.
O cristianismo é mais que um conjunto de regras morais elevadas como podem ser
o amor perfeito, ou, inclusive, o perdão. O cristianismo é a fé numa pessoa.
Jesus é Deus e homem verdadeiro. «Perfeito Deus e perfeito Homem», diz o
Símbolo Atanasiano. Santo Hilário de Poitiers escreve numa bela oração:
«Dá-nos, pois, um modo de expressão adequado e digno, ilumina a nossa
inteligência, faz também que as nossas palavras sejam expressão da nossa fé,
quer dizer, que nós, que pelos profetas e os Apóstolos te conhecemos a ti, Deus
Pai e ao único Senhor Jesus Cristo, possamos também celebrar-te a ti como Deus,
em quem não há unicidade de pessoa, e confessar a teu Filho, em tudo igual a
ti».
João Clímaco nasceu na Síria, por volta do ano 579. Da rica e nobre família recebeu ótima formação literária e educação religiosa, o que acrescentado à sua grande inteligência lhe prometia um futuro promissor na sociedade. Mas ele renunciou à fortuna da família e aos atrativos de uma boa posição social, escolhendo levar uma vida de oração na austeridade. Aos 16 anos, João foi para o Monte Sinai na Terra Santa, onde vários mosteiros rudimentares surgiram após as perseguições romanas, no século IV, e se tornaram célebres pela hospitalidade para com os peregrinos e pelas bibliotecas que continham manuscritos preciosos, pois os eremitas se dedicavam à transcrição dos códigos e manuscritos antigos relativos à Bíblia e aos escritos dos Santos Padres. Lá buscou o mosteiro de Vatos, o atual Mosteiro (Ortodoxo) de Santa Catarina, um dos mais renomados na época, tornando-se discípulo do já ancião abade Martírio, mestre famoso. João dedicou-se a um cotidiano de orações, estudos, trabalhos pesados e jejum continuado, deixando de comer qualquer tipo de carne. Saía da cela apenas aos domingos, para participar da Eucaristia, quando encontrava os outros monges, e deixava o mosteiro unicamente para colher frutas, raízes e outros alimentos para os eremitas, num vale próximo. Mas após a morte do seu mestre, retirou-se para uma vida mais solitária e ascética, vivendo numa gruta e estudando por 40 anos seguidos a vida dos santos, o que o tornou um dos mais eruditos acadêmicos da Igreja. Mesmo isolado, sua santidade levou a que primeiramente os monges, e depois o povo, buscassem seus conselhos, orientação espiritual e bençãos. Aos 60 anos, foi unanimemente eleito como abade geral dos religiosos da serra do Sinai (hegúmeno, ou guia), e voltou a viver no cenóbio (monges morando solitariamente mas em proximidade geográfica e com algumas atividades em comum). Demonstrou grande sabedoria nesta atividade, organizou melhor a vida dos religiosos, e construiu uma hospedaria para os peregrinos e viajantes. Sua fama chegou até Roma; o Papa São Gregório Magno lhe escreveu, pedindo suas orações, e forneceu auxílios para os religiosos e para a hospedaria. Entre 579 e 586, recebeu o encargo de Vigário do Papa, mantendo correspondência com muitos padres do Sinai. Escreveu muito neste período, destacando-se o livro "Escada do Paraíso", (uma analogia com a Escada de Jacó, cf. Gn 28,10-17). “Klímax” em Grego significa " escada" (e, no caso, a sua ascensão espiritual correspondente), e em função do livro este nome lhe foi acrescentado. Dele é conhecido apenas uma outra obra, "Ao Pastor", provavelmente um curto apêndice da "Escada".A “Escada do Paraíso ou Escada da Ascensão Divina” apresenta, como num manual, a doutrina monástica para monges e noviços (mas também para nós), com 30 diferentes e progressivas etapas necessárias para alcançar a perfeição da vida da alma. Cada capítulo ou “degrau” aborda um tópico específico, mostrando as dificuldades que virão e como superá-las por meio das virtudes ascéticas. Os 30 degraus correspondem aos anos da vida de Cristo até o Seu batismo. Este verdadeiro tratado de vida espiritual se articula em três etapas: a primeira é a ruptura com o mundo e o retorno à infância evangélica, ou seja, o tornar-se criança, em sentido espiritual, mediante a inocência, o jejum e a castidade; a segunda é a luta espiritual contra as paixões: cada degrau corresponde a uma paixão, indica como vencê-la e propõe uma virtude correspondente; e a terceira trata das virtudes maiores na sobriedade do espírito, alimentada pelas virtudes da Fé, da Esperança e da Caridade – correspondendo esta última ao fundamental, à experiência que pode levar a alma ao amor perfeito, mais do que a dura luta contra as paixões. O livro, de fato, termina com a citação de São Paulo: "Agora subsistem estas três coisas: a Fé, a Esperança e a Caridade; mas a maior delas é a Caridade" (1Cor 13,13). Originalmente escrito simplesmente para os monges do mosteiro vizinho, a "Escada" rapidamente se tornou um dos mais lidos e amados livros espirituais do Império Bizantino. Poucos anos depois, João voltou à vida eremítica, e faleceu em 30 de março de 649. É conhecido também como João da Escada, João Escolástico e João Sinaíta.(Colaboração: José Duarte de Barros Filho)
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