segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Tenha Uma Santa Semana
As últimas realidades

"O cristianismo é todo ele escatologia; esta não é só um apêndice"; "toda a pregação cristã, toda a existência cristã, e a própria Igreja em seu conjunto, se caracterizam por sua orientação escatológica" (Moltmann). De fato, com a ressurreição de Jesus, o mundo e a história entraram em sua fase final, na plenitude dos tempos. As promessas de Deus se realizam e os céus e terra novos já estão inaugurados. Em Cristo, Deus já disse sua palavra definitiva; já foi lançado em nós o Espírito, semente das realidades futuras.

O cristão constrói o futuro hoje

Compreender isto significa compreender que o cristão é o homem do futuro. Significa não tanto que o cristão é homem que '
São Paulo vê a natureza tendendo para a redenção e ouve seus gemidos, semelhantes aos de mulher em parto (Rm 8,12-22). Todas as coisas tendem para Cristo que "recapitulará em si a criatura" (Ef 1,9). Salvador do homem, Cristo o é também do universo. Neste esforço, nesta tensão, o cristão é chamado a desempenhar um papel insubstituível. É o cristão que, com seu trabalho, com o sacrifício e a oração, "humanizará" este mundo e preparará aquela transformação do universo nos céus novos e na "nova terra" que inaugurará o definitivo reino de Deus. Numa palavra, "o que a alma é no corpo devem ser os cristãos no mundo"

O cristão não caminha só

O cristão é peregrino nesta terra. Não é cidadão; é exilado em marcha para a verdadeira Pátria. Considera a terra não como habitação permanente, mas como a etapa de uma viagem. Por isto, não constrói aqui casa de pedra sólida, mas apenas uma tenda, como o viandante que faz uma pausa no deserto.
Uma interpretação unilateral e injusta das realidades humanas (favorecida, aliás, por certa pregação também unilateral e míope) fez com que muitos homens de nosso tempo encarassem com desconfiança a religião cristã, como se fosse inimiga do mundo, da vida, do progresso, do esforço humano; uma religião de evasão, de descomprometimento, de renúncia passiva e covarde; o ópio que entorpece o homem e dele retira todo interesse pela cidade terrestre, seduzindo-o com a promessa de um além feliz e ilusório.

Mas é muito diferente a missão do cristão no mundo: "O cristão não se caracteriza pela fuga; é, ao contrário, alguém comprometido como pessoa no incremento, no bom êxito, na salvação do mundo. Sabe que o universo inteiro tem um só principio de consistência, de movimento, de fim: Cristo; porque por meio dele todas as coisas foram feitas e nele todas subsistem (Cl 1,16-18). Cristo é, deste modo aquele que congrega, trabalhando no Intimo das almas e das coisas para tudo santificar, tudo unir, tudo consagrar para a glória de Deus. O cristão se engaja voluntariamente neste gigantesco empreendimento, no seu lugar, no seu tempo, com seus recursos. Não trabalha sozinho: colabora... Trabalha com coragem, porque a luta é dura; com fé, porque a tarefa é misteriosa e sem proporção com as forças humanas; trabalha para fazer crescer o universo e despontar a nova criação através da luta caótica e dolorosa, cheia de esperança e de preocupações, luta que não é, porém, a de uma agonia e sim a de um parto" (J. Mouroux). [Missal Dominical, ©Paulus, 1997]

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